Capítulo 21
4190 palavras
Atenção, aviso de gatilho.
Violência doméstica
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Há dezesseis anos, um garoto bochechudo de traços orientais ajudava sua mãe a recolher o lixo na praia, sua genitora era alta, com um lindo cabelo preto e os olhos parecidos com os de Ian, ele sorria e segurava o saco de lixo enquanto a mulher juntava tudo que pudesse para tirar as impurezas da areia. Vez ou outra, ela levantava o olhar, encontrando seu filho com a mesma expressão angelical de sempre, assim sorria e continuava o que estava fazendo.
— Mamãe? — chamou Ian, recebendo atenção dela em seguida.
— Está com fome?
— Não, quando vamos nadar?
— Filho, hoje vamos cuidar da praia, lembra? — falou, pedindo para que ele a entregasse o saco de lixo, ele fez isso, rápido e seus lábios formaram um bico inconformado, a mais velha riu.
— Depois que a gente limpar, eu posso entrar um pouquinho? — ele juntou as mãos, e sorriu.
— Tudo bem, cinco minutos — respondeu, Ian tirou os tênis e correu pra água, fazendo sua mãe gargalhar. Ela observou seu menino, ele era inteligente, o mais elogiado pela professora, era atento e nada passava despercebido por Ian, o rosto dela enchia de alegria apenas por vê-lo sorrir e brincar na água, mas, enquanto ele pulava as ondas, Catarina teve a visão de seu marido, Gael, embora Ian tivesse a aparência dela, às vezes, quando ele fala e se movimenta, nesse curto período de tempo, era como ver Gael. Ela suspirou, seus esforços para criá-lo parece em vão quando a sombra daquele homem cruel cobria a alegria deles.
Na noite passada, Catarina acordou no meio da madrugada, se levantou afoita e correu na direção do quarto do filho, ele dormia tranquilamente, nisso, ela começou a chorar, acreditando que por sua culpa Ian nunca estaria seguro, fazia meses que fugiu, Gael ficara mais descontrolado e violento, ela temia que machucasse seu menino, então não pensou duas vezes quando levou um tapa no rosto, sentiu o gosto de sangue e continuou com a cabeça baixa até que Gael saísse pra rua, após isso, arrumou uma mochila apressada e fugiu dali com Ian. Entretanto, temia que ele os encontrasse, sempre iria temer.
— Mamãe? — Ian a chamou novamente, ela não notou que os minutos passaram e ele estava ali.
— Outro dia voltamos pra brincar mais, temos que ir — avisou, recolhendo as coisas e segurou a mão dele, Ian, esperto como era, sabia que aquela expressão no rosto dela significava medo, então ficou calado enquanto sua mãe caminhava pra casa. Assim que eles chegaram na cabana perto do mar, ela trancou a porta e fechou todas as cortinas, sentiu seu corpo tremer e respirou fundo, "ele não está aqui", repetia em sua mente.
Ian ficou no quarto enquanto brincava com as conchinhas que achou na areia, ele não demostrava, mas tinha muito medo de Gael, tanto que sonhava com o pai, mas nunca contou pra Catarina, não queria perturba-la.
Mais tarde naquela noite, a mulher de traços orientais acordou, assustada, seu estômago embrulhou, pensou que iria vomitar, mas levantou a cabeça e ouviu um barulho do lado de fora da cabana, Catarina pulou da cama, correndo desesperada pro quarto do Ian, chegando lá, o encontrou dormindo, ela se trancou no quarto com ele e permaneceu ali até o amanhecer.
Aliviada por saber que Gael não estava ali, Catarina destrancou o quarto, nesse instante, ela o viu.
Gael era um homem alto, magro, mas possuía músculos adequados para seu tamanho, tinha tatuagens sem sentido e usava correntes no cinto da calça. Catarina arregalou os olhos e as suas pernas tremeram, sem conseguir se mexer, ela sentiu que o teto foi parar no chão.
— Olá, querida — Gael pronunciou, apático. O olhar dele era sombrio, vazio e frio.
— O qu... — Ela tentou, mas as palavras não saíram, o moreno se aproximou dela lentamente.
— Você está linda — Gael disse, encarando os olhos pretos de Catarina. — Senti sua falta, e do pequeno também, eu quero minha família de volta. Catarina, volta pra casa.
— Gael, o Ian está dormindo, vamos pra cozinha e... — Ela puxou a porta, mas seu marido colocou o pé na frente, impedindo-a.
— Eu quero ver ele, saí da minha frente, eu devia mandar te prender por fugir com meu filho. — Respondeu, zangado.
— Eu fugi porque você me bateu e estava violento, você acha que eu ia deixar o meu filho exposto dessa maneira? Eu amo mais o Ian do que temo você — Catarina estufou o peito, aquela criança atrás dela era sua vida, seu coração fora do corpo, seu menino inteligente, o que não faria por ele? Daria todo o seu sangue pela vida dele.
— Se você não sair da frente, eu vou te tirar daí. — Ameaçou Gael, irritado.
— Se machucar o meu filho, eu mato você, não toca nele.
O homem a segurou pelo pescoço com brutalidade, apertando-o e sufocando Catarina, ele gostava de causar dor nela, gostava de ver ela chorar, gostava quando ela o perdoava e aceitava as suas desculpas. Mas, pela primeira vez, ela não quis as desculpas e nem o "eu te amo" dele, tudo se resumia ao pequeno, ela deixou de amá-lo e todo o seu amor era do Ian, então Gael nutria uma vontade de acabar com a dor que sua própria família causou nele.
— Não se eu te matar primeiro — sussurrou, então bateu a cabeça dela na porta, depois a jogou no chão, Ian, que acordou com o barulho, pulou da cama, atordoado.
— Mamãe! — ele gritou, abaixando-se e tentando protegê-la, mas Gael o puxou pelo cabelo, com raiva, acreditava que Ian era o responsável por Catarina deixá-lo.
— É você! É tudo porque você nasceu e tomou ela de mim — O homem bateu no rosto de Ian, derrubando-o para dentro do quarto, Catarina se levantou e antes que Gael avançasse em Ian novamente, se jogou em cima dele, os dois caíram no chão.
— Filho, corre! — berrou ela, apertando o pescoço do marido ao redor dos braços, o deixando sem ar, Ian encarou os olhos de sua mãe enquanto a via ter uma força inexplicável para o proteger, lágrimas caíram pelo seu rosto e ele tentava falar, mas as palavras não saíam.
Entretanto, Gael conseguiu se erguer e a puxar pelos cabelos, Catarina o soltou, caindo atrás dele, Ian tentou alcançar a mãe, mas levou um chute tão forte que ficou sem ar e caiu de joelhos, assim Gael segurou no pescoço de Catarina e a arrastou pela casa, ela batia na mão dele, sem sucesso, se debateu, mas de nada adiantou, o que ela poderia fazer contra ele? A única coisa que passou por sua cabeça foi Ian, seu menino inteligente, precisava vê-lo, queria abraçá-lo, queria olhar pra ele e dizer o quanto o amava.
Ian, que se recuperava do chute, levantou a cabeça e sentiu algo queimar no seu peito, não era medo, era diferente, ele sentia tanta vontade de causar dor em Gael que mal enxergava o que estava na sua frente, arrastou-se até sua gaveta e pegou o canivete que ganhara de seu avô, nisso, ele correu para a cozinha, porém, arregalou os olhos quando se deparou com sua mãe sendo esfaqueada e depois empurrada contra a quina da mesa, a cabeça dela sangrou e suas roupas estavam ensanguentadas, o menino viu a cena em câmera lenta, por segundos que duraram a vida inteira dele, sua mãe olhou para ele e o pediu desculpas em um sussurro. Assim, ela caiu no chão, morta.
Ele se lembrava de um zumbido e da sua visão ficar borrada, depois sentiu Gael segurar seu braço, mas Ian enfiou o canivete de seu avô nele e correu, pulou a janela de seu quarto e foi para o porto, depois daquilo, Ian sentia-se despregado da vida, como se o mundo fosse uma coisa na qual ele não podia se aproximar, que não pertencia a ele. E, o pior de tudo, Ian não acreditava que o amor pudesse ser algo bom, ele viu o que aconteceu com sua mãe, aquilo era amor, o amor que Gael sentia por ela, e Ian jurou que jamais amaria.
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A sala de espera de um hospital é um dos lugares mais torturantes do mundo.
Fazia tempo que os médicos levaram Ian para a sala de cirurgia, e nenhuma notícia depois disso. Os três esperavam apreensivos, Laura caminhava de um lado para o outro, descontando no cabelo, os enrolava e soltava repetidas vezes.
Catrina chorava no colo de Diogo e ele tentava acalmá-la, mas não estava funcionando.
— Ninguém aparece. — Laura murmurou, imaginando os piores cenários.
— Senta aqui, tenta ficar calma. — Aconselhou seu primo, porém, a garota não o deu ouvidos, continuou andando de um lado para o outro até ver Heitor aparecer, o loiro tinha sangue nas mãos, seu olhar estava assustado.
— Como ele está? — Perguntou ele, apreensivo.
— Não sabemos, ninguém veio aqui desde que ele entrou na sala de cirurgia. — Explicou Laura, ele desviou o olhar, franzindo a testa.
— Eu conheço Ian desde que éramos crianças, sei que ele vai ficar bem. — Concluiu Heitor, sorrindo. Os três jovens concordaram com a cabeça, querendo acreditar naquilo. — Têm alguns gângster preocupados lá fora, vou falar com eles, licença.
— E a minha irmã? — Catrina se levantou, aflita com a ausência de Bárbara. O loiro encarou a mais nova por alguns instantes.
— Ela está chegando.
No local da festa, caminhando pelo jardim da mansão, a líder da gangue tentava entender tudo o que aconteceu. Ela parou de andar e olhou para trás, seus subordinados tinham amarrado Edgar e Hariel juntos, e os homens deles que sobreviveram estavam algemados uns nos outros, Bárbara observou os membros da Leviatã espalhar gasolina em cada canto daquela casa, a morena colocou as mãos no bolso do casaco, fitando a cena costumeira friamente. Um por um, eles deixaram a casa, Breno acendeu o isqueiro, jogando-o dentro da construção. Em pouco tempo, a mansão ficou em chamas, a líder encarou o fogo, se vingando daqueles que conspiravam contra sua gangue e, principalmente, seu vice.
— Nefertiti? — Chamou a líder, a negra caminhou na direção dela. — Tem alguém dentro da gangue que estava do lado deles, um espião, eu quero que descubra pra mim, isso é questão de honra. E essa pessoa terá o mesmo destino de seus amigos. — Bárbara manteve seu olhar nas chamas, irritada. A capitã assentiu, entendendo a gravidade da situação.
— Sim, senhora. — Pronunciou a negra. As duas ficaram em silêncio enquanto a mansão era arruinada pelo fogo. — Vou cuidar disso como sempre fiz, não se preocupe.
— Não é isso que me preocupa. — Respondeu a líder, evitando contato.
— Ele é forte, Bárbara, precisa tomar coragem para ir vê-lo. — Falou a capitã, paciente. Bárbara encarou o chão, segurando o choro.
— Eu já perdi muita gente importante, não posso perder ele também. — Confessou a morena.
— Não vai. — Ela segurou levemente o ombro da líder. — Eu e Alexa vamos cuidar dessa bagunça, vai pro hospital. Ele precisa de você.
— Obrigada. — A líder afastou-se, indo na direção do carro.
Voltando para Laura, a garota estava sentada sob uma cadeira fria do hospital. Ela fechou os olhos, rezando pela vida de Ian.
Laura pensava em Bárbara, tentando encontrar o motivo para que a líder não estivesse ali, talvez ela se machucou, não, isso não. A garota negou com a cabeça, evitando acreditar nessa possibilidade. Ninguém veio falar a situação de Ian, então Laura sentia que devia ter feito mais, o vice comandante podia morrer, qual seria a reação de Bárbara? A garota queria proteger a líder de qualquer dor que ela pudesse sentir, mas o tempo inteiro acreditava que era impotente. Ela suspirou, frustrada. Olhou para a entrada e viu Bárbara entrar. Laura prendeu a respiração, se aproximando a morena, as duas se abraçaram, apoiando-se uma na outra.
— Você está bem? — Questionou a loira. Bárbara segurou os ombros dela, encarando os belos olhos azuis de Laura.
— Estou bem, graças a você. — A morena puxou a loira para perto de si, envolvendo-a em seus braços. — Obrigada.
— Mas o Ian... — Insinuou Laura, segurando as lágrimas. Bárbara segurou o rosto dela com as duas mãos.
— Ele é o homem mais forte que eu conheço, Ian sempre cumpre suas promessas e ele prometeu que íamos dominar essa cidade juntos, ele não vai morrer antes disso. — A líder sorriu, Laura também. As duas deram as mãos, entrelaçando seus dedos. A loira guiou a morena para a sala de espera, onde estava Catrina e Diogo. Quando a baixinha viu sua irmã, levantou rapidamente e correu na direção dela.
— Bárbara! — Ela pulou sob a irmã, enrolando seus braços no pescoço dela. A líder a abraçou, durante suas vidas era difícil ficarem separadas. — Você está viva, eu fiquei com tanto medo.
— Fica calma, eu jamais vou deixar você. — Pronunciou a morena, alisando os cabelos de sua irmã.
— Nós não temos nenhuma notícia do Ian. — Chorou a mais nova, colocando as mãos no rosto.
— Cat, ele não nos deixaria assim, você sabe disso.
As horas em que eles esperaram por qualquer esclarecimento sobre o estado de Ian foram dolorosas, os quatro ficaram na pequena sala de espera, a líder observou as cadeiras, distraindo sua mente de pensamentos penosos, Laura não sabia o que fazer, o que diria? Talvez não tivesse que dizer nada, então segurou a mão da líder. Bárbara sorriu fraco, apertando a mão da loira. As duas ficaram caladas de mãos dadas, apenas esperando por notícias.
A porta por onde Ian entrou finalmente abriu, Bárbara foi a primeira a se levantar. O médico encarou o rosto dela, imaginando que ela era a responsável por ele.
— Vocês são parentes do rapaz? — Questionou ele, Bárbara assentiu, tirando do bolso identidades falsas.
— Eu sou a esposa dele, meu nome é Bárbara Sato. Ele é Ian Sato, como ele está? — A líder mostrou a identidade de Ian, fazendo o médico concordar com a cabeça. Laura não quis ser infantil naquela situação, porém, impossível não notar como a morena se identificou, ela até tinha documentos no bolso dizendo que era esposa de Ian. Não, Laura, ciúmes agora não.
— Então, senhora Sato, nós fizemos uma cirurgia às pressas por conta do ferimento, mas seu marido é um homem que se recusa a morrer. O senhor Sato vai ficar bem, reagiu a cirurgia e está se recuperando. — Contou o médico, Bárbara soltou o ar e colocou a mão no peito, atrás dela, Catrina, Laura e Diogo comemoravam abraçados.
— Ele está vivo, ainda bem — a líder falou, suas palavras quase não saíram. — Quando ele vai acordar?
— De manhã, talvez às onze. — Respondeu o homem. — Pode descansar agora, não perdeu seu marido, ele é forte.
Bárbara concordou com a cabeça, vendo o médico entrar na sala novamente. A líder respirou aliviada e virou na direção dos companheiros de espera. Eles comemoravam, a morena os observou, depois tirou o celular do bolso. Evitando contato visual com eles, não querendo demonstrar a vontade de chorar.
— Vou fazer uma ligação, com licença. — Ela correu para fora, fugindo de conversas desconfortáveis.
Laura pensou em ir atrás dela, mas entendia que ela precisava de espaço.
Bárbara viu Heitor na frente do hospital e se escondeu dele, depois avistou um pilar e sentou no chão, com as costas na estrutura, sozinha, ela desatou a chorar, nunca sentiu tanto medo na vida.
— O que eu faria se você morresse, Ian?
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O vice comandante da Leviatã abriu os olhos com dificuldade, seu corpo parecia flutuar, sua visão demorou mais do que ele estava acostumado para focar, assim visualizou a líder na poltrona, Bárbara olhava pela janela, alheia o que acontecia, ela se endireitou, encostando totalmente, como se deitasse. Ian não quis falar nada, acreditando que esse era o único momento desde que ele se machucou em que Bárbara tentava descansar. O asiático fechou os olhos novamente, deixando o efeito do sedativo dominar seu corpo.
Algumas horas depois, Ian acordou. Estava claro e Bárbara segurava sua mão. O asiático apertou levemente a mão dela, fazendo a líder levantar o olhar na direção dele.
— Bárbara... — Ele a chamou, ela sorriu.
— É tão bom te ver acordado — A líder entrelaçou seus dedos com os dele, segurando o choro. Ian levantou a mão na direção dela, fazendo Bárbara deitar no peitoral dele. — Se você me assustar assim de novo, eu te mato. — Ameaçou a morena, Ian riu.
— Desculpa. — Sussurrou ele. — Está todo mundo bem?
— Ninguém se feriu, não tem que se preocupar, precisa ficar bom logo. — Aconselhou a morena, limpando as lágrimas, disfarçando o choro.
— Foi tudo tão rápido, eu não vi e...
— Eu já resolvi isso e Nefertiti está cuidando do resto, só quero que você melhore para sair daqui. — Ela se levantou, decidida. Ian observou o rosto dela, não estava na sua melhor condição, então assentiu, aceitando que precisava melhorar.
— A Laura está aqui? Queria agradecer ela. — Ian fechou os olhos, sentindo tontura. Talvez fosse cedo para grandes emoções.
— Ela foi embora, amanhã vem te visitar, eu não deixei ninguém te visitar hoje, você precisa dormir mais. — contou a líder, abrindo a porta do quarto. Ian riu, imaginando a cena em que Bárbara mandava todo mundo embora do hospital.
— Você não é minha dona! — Ele franziu a testa, irritado.
— Veremos. — Ela respondeu, fechando a porta do quarto.
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Laura caminhava pela praia pensativa. Por mais que Ian estivesse bem, ela se sentia estranha, a loira não queria admitir, mas vem se questionando sobre que tipo de relação Bárbara e Ian possuíam, estão sempre juntos, são tão próximos, será que é mais que amizade?
Desde que elas começaram a se envolver, Laura não quis perguntar sobre os relacionamentos que a líder teve ou deixou de ter, pois achava que não era da sua conta, mas e se alguém tão próximo como Ian for um antigo relacionamento dela?
A loira suspirou, não sabia o que fazer sobre isso. Sentou na areia da praia, admirando as ondas.
— Laura? — Aquela voz a fez olhar para trás, Bárbara caminhava na sua direção, sorridente, Laura reparou que, presa no pulso da líder, estava a pulseira com a lua minguante que a deu de presente, ela sorriu vendo-a sentar ao seu lado na praia.
— O que faz por aqui? — Perguntou a menina, sentindo o perfume floral da morena invadir suas narinas.
— Eu fui na sua casa, e seu primo disse que estava aqui. — Bárbara murmurou, olhando para as ondas.
— Como está o Ian? — Questionou Laura, sabia que teria que lidar com suas dúvidas uma hora ou outra.
— Melhorando, ele quer ver você. — A morena encarou a loira, que concordou com a cabeça. Mas a líder sentia que sua companheira estava desconfortável.
— Vou visitá-lo hoje. — Ela concluiu, fazendo Bárbara franzir a testa. A líder se aproximou dela, colocando sua mão no rosto de Laura. A menina ficou vermelha, tentou disfarçar olhando para baixo, mas Bárbara levantou a cabeça dela, segurando em seu queixo.
— O que está acontecendo? — perguntou, encarando os olhos oceanos de Laura.
— Nada.
— Você está diferente, o que aconteceu? — Questionou Bárbara, encarando a loira.
— É besteira. — Laura respondeu, desviando o olhar.
— Para com isso — A morena negou com a cabeça, deitando por cima de Laura, fazendo-a rir. Bárbara praticamente sentou nas pernas de Laura, que sorriu, refém da líder. — Você não vai sair daqui até me contar o que aconteceu.
— Você vai rir disso. — Ela colocou o braços em cima dos olhos, constrangida.
— Me conta.
— Acho que eu tenho ciúmes de você com o Ian. — Confessou, tirando o braço dos olhos. Bárbara coçou atrás da cabeça, depois saiu do colo da loira. — Espera, agora você que tá estranha. — Laura a encarou, irritada.
— Até pouco tempo, nós éramos mais que amigos. — Contou a líder, se elas quisessem ter um relacionamento não podia esconder isso, além do que ela e Ian não deixariam de se ver.
— E por que acabou? — Perguntou Laura, com medo da resposta. Bárbara sorriu.
— Porque eu conheci você. — Respondeu ela, Laura riu, e levantou da areia.
— Bárbara, eu não quero ser a ansiosa da relação, mas você gosta de mim?
— Você é o primeiro raio de sol depois do inverno — A morena também se levantou, apertando a cintura dela contra si. Laura arregalou os olhos com aquela declaração. — Eu não ia te pedir assim, mas já que estamos aqui, Laura, quer namorar comigo?
— É sério? — A loira riu, sem saber o que fazer. Bárbara também e aproximou os lábios dos da garota.
— Eu não brinco com coisa séria. — A líder roubou um selinho da loira antes de se afastar. — Mas você pode dizer a resposta depois. — Bárbara se virou para ir embora, porém, Laura segurou sua mão.
— É claro que eu quero — ela sussurrou, envergonhada. Bárbara sorriu, virando na direção dela. Laura engoliu em seco, aceitando o que a líder causava em seu coração. A loira sorriu, trazendo a mão de Bárbara para seu peito. — Parece que ele bate por você.
— E o meu bate por você. — Bárbara a puxou pela mão, abraçando-a apertado. — Quer dizer que agora estamos namorando? Você é só minha, Laura. — Sussurrou Bárbara, a loira riu.
— Você é muito possessiva. — A menina segurou no rosto da sua namorada.
— Só estou cuidando do que é meu — A morena beijou os lábios dela novamente. — Laura, eu vou deixar mais um segurança com você. — Bárbara passou o braço pela cintura da sua namorada, caminhando com ela pela praia.
— Mais um? Você está com medo por causa do que aconteceu com o Ian?
— A metrópoles está cada vez mais perigosa. — Ela explicou, observando os banhistas na água. — E você não precisa falar com eles, inclusive, tem um no banco do asfalto e você nem notou. — Apontou Bárbara, o gângster lia um jornal, disfarçando que vigiava a loira. Laura riu, ele nem parecia o mesmo homem que a levou para casa naquele dia.
— Não vou reclamar, entendo sua preocupação, posso ver o Ian? — Perguntou ela, mudando de assunto, depois do que a líder falou, Laura já perdera o ciúmes que sentia do vice, fora que agora elas namoravam, não tinha que ficar paranoica.
— Pode, vamos agora. — Bárbara sorriu, guiando sua namorada para o asfalto.
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O quarto de hospital parecia silencioso demais para Ian, ele suspirou, sentindo falta de conseguir sair da cama. O asiático se levantou, arrumando o travesseiro atrás de si, tentou alcançar seu celular, mas desistiu, pois lembrou que a última ordem de Bárbara foi não contar nada do que está acontecendo na gangue até que ele melhorasse. Ian fechou os olhos, entediado. Ouviu batidas na porta e murmurou um entre, a líder adentrou o espaço, eles trocaram olhares e sorriram.
— Onde você estava? — Questionou o vice, emburrado.
— Trabalhando, Ian, não posso ficar conversando com você o dia inteiro. — Ela disse, sentando na cama.
— Eu podia ajudar.
— Você está machucado, tem que se recuperar primeiro. — Alertou, ele revirou os olhos. — Ah, tem alguém querendo te ver. — Ela sorriu, Ian franziu a testa, não identificando a expressão dela, poucas foram às vezes em que Bárbara parecia realmente feliz. Assim, Ian sorriu, percebendo quem era.
— Oi, Ian. Que bom te ver. — Pronunciou Laura, entrando no quarto. O asiático se ajeitou na cama, contente pela visita.
— Laura, que bom te ver também. — Ele sorriu, ela acompanhou o sorriso dele. — Eu queria te agradecer, senão fosse por você eu estaria morto, obrigado.
— Não tem que agradecer. — Laura se aproximou dele, abraçando Ian com cautela para não machucá-lo. Ele retribuiu, envergonhado. Bárbara riu.
— Ian, você vai ser o primeiro a saber. — Avisou a líder, segurando na mão de Laura. Ele franziu a testa, intrigado. — Nós estamos namorando. — Contou Bárbara, animada. Laura sentiu seu rosto queimar, Ian riu, e segurou a mão da morena.
— Isso é ótimo, Bárbara. — Eles trocaram olhares do tipo que só eles conseguem entender antes do vice desviar para a loira, que os observava sem entender. — Estou feliz por vocês.
— Eu sabia que podia contar com seu apoio. Obrigada. — Pronunciou a líder, encarando o vice.
— Laura, cuide dela, por favor. — Pediu o vice, a loira assentiu.
— Não se preocupe, Ian. Vou cuidar dela e a proteger também. — Laura sorriu.
— Sei que ela vai estar segura com você.
Os três permaneceram no pequeno quarto, onde Ian narrava a como a comida do hospital, no fundo, tentava matar os pacientes com o gosto ruim, Bárbara perguntou o que ele achava que uma pessoa que quase morreu deveria comer enquanto se recuperava. Laura apenas ria observando a conversa dos dois.
Oi, leitores!
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