Capítulo 17
4300 palavras
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Anoiteceu na metrópoles, os becos daquela cidade violenta ficaram mais assustadores com a escuridão, de um deles, no distrito Zâmbia, Edgar e Hariel caminhavam recrutando algumas pessoas desesperadas por dinheiro.
— Eu preciso usar — O homem se levantou no chão, passando a mão sob os olhos, a abstinência começou afetar seu organismo. — Por isso vou aceitar, preciso de grana. — Ele tossiu.
— Sabemos disso. — Edgar afirmou. — E queremos que chame mais alguns conhecidos seus para isso. Vamos pagar bem.
— Posso ver quem está interessado, mas o alvo é a Leviatã mesmo? — Questionou o homem, ajeitando o casaco.
— Sim, mas o objetivo é só afastar o Víbora por um tempo, se ele morrer não tem problema, eu pensei bem, talvez seja melhor que ele morra logo. — Concluiu Edgar, desviando o olhar para cima.
— Com ele fora do caminho, será mais fácil se aproximar da líder, nosso informante tentou, mas ele mudou as regras de estar perto dela no mesmo dia. — Respondeu Hariel, entrando na conversa.
— Vocês estão loucos querendo mexer com ele, mas que se foda, eu preciso do dinheiro.
— Não vai se arrepender. — Edgar murmurou, o homem assentiu.
Do outro lado da metrópoles, Bárbara caminhava ao lado de Ian.
A líder usava um sobretudo cinza e botas pretas que chegavam até seus joelhos, Ian usava uma jaqueta branca e uma calça jeans preta. Eles seguiam calmamente, os integrantes da gangue se curvavam enquanto os dois passavam. Bárbara parou no meio do lugar, Ian ficou logo atrás, nisso, Alexa deu um passo para frente, e abaixou a cabeça.
— Senhora. — Reverenciou a latina, Bárbara continuava encarando sua capitã.
— O que aconteceu? — Ela perguntou, deixando as mãos nos bolsos.
— Eu descobri traidores dentro da gangue. — A latina levantou a cabeça, Bárbara ergueu a sobrancelha, seu olhar em Ian, ele assentiu levemente.
— Onde eles estão? — Questionou Bárbara, desviando o olhar do vice.
— Já estão aqui, mais cedo e eu minha divisão os pegamos antes que fugissem. — Alexa explicou, depois fez um sinal para os gângster, que entenderam e arrastaram três homens e duas mulheres amarrados por cordas e com panos cobrindo a boca. Seus rostos estavam cheios de cortes e sangue escorria por suas roupas.
— Então são esses... — Bárbara sussurrou, tirou as mãos dos bolsos e deu alguns passos na direção deles. — Pra quem eles estavam trabalhando? — Perguntou a líder, observando o olhar assustado deles.
— Para os Dragões Brancos, do distrito Akhenaton. — Alexa cruzou os braços.
Bárbara e Ian trocaram olhares, já planejando o que fariam.
A líder colocou a mão no queixo, pensativa. Observou o rosto assustado deles por mais alguns segundos antes de desviar, conformada.
— Tragam os pneus, hora de punir os traidores. — Por fim, ela disse, parando próximo a Ian. Os gângster obedeceram as ordens rapidamente, nisso, a líder e o vice se distanciaram dos outros.
— Dá pra acreditar nessa porra? — Esbravejou Yamaguchi, irritado. — O filho da puta do Nicolas tá na minha mira há muito tempo.
— Desde quando temos problemas com essas organizações? — Bárbara perguntou, nervosa.
— Tá rolando há uns meses, eles querem disputar o controle do distrito Akhenaton com a gente. — Ian contou, e colocou as mãos no bolso.
— Que caralho, odeio ter que me meter com esses ratos, mas ninguém ameaça minha gangue. — Bárbara suspirou, frustrada. Ian concordou com a cabeça.
— Nós vamos direto no filho da puta, cortar o mal pela raiz. — O asiático franziu a testa, a líder assentiu.
— Deixa ele achar que ganhou, vamos nos divertir um pouco, tá bom? Fica calmo. — Bárbara sorriu e tocou no braço dele, Ian riu.
— Você está diferente, é por causa daquela garota? — Questionou ele, segurando o riso. Bárbara fechou a cara, e soltou o braço dele.
— Não vamos falar disso agora. — Ela ergueu a sobrancelha, fazendo ele sorrir e desviar o olhar.
— Certo, certo. — Ian virou na direção dos gângster, onde eles colocaram os pneus empilhados. Bárbara entrou na frente do vice, caminhando para perto dos traidores novamente.
— Deixem eles ajoelhados. — Ordenou a líder, sem demorar, seus subordinados obedeceram. Bárbara deu alguns passos, dava para ouvir o barulho do salto das botas dela sob o chão. A morena abaixou na frente deles, os encarando seriamente. — É sempre difícil pra mim, sabiam? — Bárbara questionou os traidores, sorrindo. — As pessoas acham que sou fria, mas dói toda vez que alguém morre pelas minhas ordens. — Ela respirou fundo, simulando cansaço.
Bárbara se levantou, arrumando os cabelos. Ela acenou para seus gângster, dando o comando final. Um por um, os corpos dos traidores foram colocados em pé, assim os gângster encaixaram os pneus calmamente.
Bárbara manteve o olhar fixo na situação, depois que os traidores estavam cobertos de pneus, gasolina começou a ser derramada por eles.
A líder levantou a mão, antes que eles acendessem o fósforo, os fazendo parar.
— Eu vou colocar fogo, em respeito a eles. — Bárbara sorriu e se aproximou, Alexa a entregou o fósforo. A líder acendeu o fogo e jogou em cada pilha de pneu, o grito agonizante deles ecoava pelo galpão, o cheiro podre de carne queimada exalava pelo espaço, os gângster observaram em silêncio.
— Esse assunto não vai sair daqui! — Gritou Ian, os subordinados falaram "sim, senhor."
Bárbara cruzou os braços e se aproximou dele novamente.
— Nós vamos resolver isso hoje, não quero perder tempo. — Admitiu Bárbara. O asiático concordou com a cabeça.
— Está na hora da gente ir pra Akhenaton.
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Do outro lado da metrópoles, Nicolas Fernandes realizava a maior festa que aquele distrito já viu, o que ele queria era fazer aqueles que ainda não confiavam nele, confiar também. Há quase uma década, a Leviatã controlava aquela área, sendo assim, o jovem acreditava que apenas tomando o comando daquela lugar poderia crescer, em partes, ele estava certo, porém, desafiar alguém como Bárbara Reis não era uma tarefa fácil, por isso ele mandou infiltrados, mas Nicolas não fazia ideia que eles foram descobertos.
Agora, ele encarava a multidão de cidadãos de Akhenaton enquanto uma festa acontecia, essa era mais uma de suas tentativas para ganhar a população daquele sofrido lugar, nas semanas anteriores, Nicolas distribuiu alimentos e abasteceu os postos de saúde com medicamentos. Ele sabia que, com o apoio deles, ninguém podia tirar seu poder do distrito.
O moreno observou as luzes refletindo no rosto dos jovens, porém, um dos rostos abaixo dele lhe parecia familiar, Nicolas franziu a testa, e tentou encontrar aquela pessoa novamente, mas já a perdera para a multidão. O jovem estranhou, aquela pessoa parecia com o Víbora, vice comandante da Leviatã e seu rival declarado, mas como ele poderia estar por ali? Não, não. Isso só podia ser coisa da sua cabeça, deve ter sido a erva que usou mais cedo.
Assim, ele entrou no camarote, evitando pensar besteira.
Enquanto Nicolas via dançarinas sensuais balançando os quadris na frente dele, a porta da área vip foi derrubada, ele quase caiu do sofá com susto. As meninas correram assustadas pela outra porta, Nicolas se levantou do sofá, irritado.
— Que caralho tá acontecendo aqui? — Ele gritou, tentando identificar quem estava ali.
— Você me viu, não foi? — A voz de Ian adentrou o espaço, o asiático deu alguns passos na direção dele. Nicolas o encarou furioso, sabia que uma hora ou outra eles se encontrariam.
— Como você se atreve a vir aqui, Yamaguchi? — Questionou Nicolas, cruzando os braços.
— Eu vou fazer as perguntas — Ian riu e negou com a cabeça aquela situação. — Você colocou infiltrados na Leviatã? — Questionou o asiático, encarando Nicolas com uma certa fúria. Nicolas sorriu.
— Ah, então você descobriu, não é tão burro como parece. — Respondeu, irônico. Nicolas revirou os olhos, pensou que deveria ter matado Ian como teve chance. — Sim, eu coloquei infiltrados na sua gangue.
— Você achou mesmo que eu não ia descobrir? — Ian questionou, irritado. — Mas ainda bem que você fez isso, agora posso te mandar para o inferno com um motivo.
— Eu vou te mandar pra lá primeiro. — Nicolas gritou, nisso, correu na direção dele, o segurando pela cintura e derrubando Ian no chão. Assim, Nicolas subiu em cima dele e o segurou pelo colarinho, distribuindo socos nele em sequência. Ian o empurrou com as pernas, fazendo Nicolas cair do outro lado, desse momento, o asiático conseguiu subir em cima do seu rival e bater a cabeça dele no chão, em seguida, socar seu rosto com tanta força que Nicolas cuspiu sangue e um dente. Ian se levantou e chutou as costelas dele e depois o rosto, ele não parou com os chutes até sentir cansaço, assim ele segurou Nicolas pelo cabelo, o arrastando para fora do camarote.
Do lado de fora, alguns integrantes da quarta divisão, na qual Alexa era responsável, esperavam por ele.
Os gângster seguraram Nicolas enquanto Ian descia as pequenas escadas para sair dali, o asiático tirou do seu bolso o lenço de seda vermelha e limpou suas mãos.
Ele desviou de algumas pessoas bêbadas, tropeçando na sua frente, o som da música estava tão alto que Ian mal conseguia ouvir seus próprios pensamentos, ele suspirou, cansado. Quando finalmente saiu da aglomeração, Ian avistou Bárbara e os outros gângster o esperando do outro lado da rua.
— Esse é o tal Nicolas? — Questionou a líder, encarando o rosto machucado dele com desdém.
— É esse filho da puta.
— Quando Alexa voltar, nós partimos. Vamos para o Nilo. — Bárbara explicou, depois abriu a porta do carro e sentou no banco do passageiro, mas suas pernas ficaram do lado de fora.
— Pra onde ela foi? — Perguntou Ian, sutilmente, ele deu a ordem para amarrar Nicolas que começou a despertar da surra que levou. Os gângster obedeceram.
— Ela foi atrás de uma testemunha. — Bárbara sorriu, fazendo Ian sorrir também. Alguns minutos depois, Alexa voltou com um garoto mais novo que eles, pela sua aparência, o menino era menor de idade, devia ter treze anos. Quando ele notou quem estava amarrado no chão, tentou correr ou gritar, mas Alexa acertou sua arma da cabeça dele, o fazendo desmaiar.
— Ninguém te seguiu, né? — Questionou o vice, olhando na direção da latina.
— Não, ele estava sozinho quando o encontrei. — Ela contou, depois se abaixou, segurando o garoto pelos ombros e o levantando parcialmente. — Antes de trazê-lo, eu verifiquei se esse realmente era o irmão do tal Nicolas, podem ficar tranquilos.
— Os coloquem no carro, vamos para Nilo, essa noite será longa. — Bárbara advertiu, séria, depois entrou no veículo, fechando a porta. Os seus subordinados assentiram, acatando a ordem.
Meia hora depois, o garoto começou a abrir os olhos. Colocou a mão na cabeça, sentindo uma forte dor, o movimento do carro e o barulho do caminho fez ele concluir que estava perto do oceano, o menino tentou levantar, mas não conseguiu, pois seus músculos não reagiam, mesmo tonto, sua visão conseguiu focar nas pessoas que estavam perto, ao seu lado, a mulher bonita que abordou ele na festa, assim ele recordou que viu seu irmão amarrado e machucado, nisso, ele tentou levantar. A latina, que notou a agitação do menino, colocou a mão na boca dele antes que ele gritasse. Ela o encarou, erguendo a sobrancelha. Ele entendeu e ficou quieto. Pouco tempo se passou e o carro finalmente parou, olhando pela janela, o menino notou que estavam na praia, era uma parte extremamente deserta, com pouca iluminação, o medo do que poderia acontecer com ele e o que aconteceu com seu irmão consumiu todo seu corpo, no momento que a porta abriu, o garoto tentou sair correndo, mas o seguraram assim que ele tentou escapar, frustrado, ele ergueu a cabeça, tentando achar o motivo para isso estar acontecendo. Ele viu uma morena assustadoramente atraente encarando o mar e, ao lado dela, um homem de traços orientais. O menino engoliu em seco.
O garoto foi levado a força pelos gângster, eles os seguravam e o deixaram ajoelhado, ele, sem entender tudo aquilo, começou a chorar, implorando aos céus pela vida.
Bárbara e Ian se entreolharam, entendendo o que outro estava pensando. Assim, o vice virou na direção dos gângster.
— Tragam o filho da puta. — Ian ordenou. Os homens abriram o porta-malas e arrastaram Nicolas pela areia da praia, no momento que seus olhos se encontraram com os de seu irmão, ele começou a se debater, desesperado.
— Chris! — Nicolas gritou, o menino começou a tentar se levantar, mas o gângster que segurava seus braços o derrubou no chão, depois pisou nas costas dele. — Saí de perto do meu irmão! — Nicolas, usando uma força que nem mesmo sabia que tinha, conseguiu se soltar e correr na direção do garoto, entretanto, Ian o derrubou no chão com uma rasteira. Ficando frente a frente com seu irmão, Nicolas começou a chorar. — Desculpa.
— Não adianta se desculpar com ele, Nicolas. — Ian se abaixou, encarando seu inimigo, sorrindo — Ele estar nessa situação é culpa sua, você fez isso com ele.
— Se eu sair daqui, seu desgraçado, eu vou colocar fogo em você! — Nicolas esbravejou, porém, levou um soco, o fazendo cuspir sangue.
— Você não está em posição de ameaçar ninguém, ao contrário, eu esperava que implorasse pela vida. — Ian gargalhou, diabólico. Nicolas apertou o punho, enfurecido.
— Eu faço o que você quiser pela vida do meu irmão, me mata, pode me dar o pior dos castigos, mas deixa o Chris ir embora.
— Não é você quem decide isso. — O vice se afastou, quase rindo do desespero dele. — Vamos acabar com isso, peguem o garoto! — Mandou Ian, Nicolas começou a gritar, Alexa levantou o menino, Chris tentou se soltar, mas não conseguiu, seus olhos se encontraram com os do seu irmão, os dois choravam como crianças. Ian tirou sua arma prateada da cintura, engatilhou e apontou na direção de Chris.
— Não! Não faz isso! — Gritava Nicolas, tentando se soltar, em vão.
— Cala a boca! Peças desculpas a ele, isso é sua culpa. — O vice manteve a arma apontada para o menino, entretanto, Bárbara se aproximou da cena.
— Espera — Ela entrou na frente da arma, Ian ergueu a sobrancelha. — Não atira nele. — Bárbara virou, encontrando o olhar assustado do menino. — Olha pra ele, é só uma criança, podemos poupar a vida dele.
Apenas Ian e Bárbara sabiam que aquilo era teatro, os dois levaram o garoto ali para ser a testemunha da crueldade deles, mas a líder não aceitava ser chamada de sanguinária pelo seu futuro dentro da elite, por esse motivo, não sujava suas mãos. Além disso, gostava de ser venerada e adorada por alguém que enganou com seu rosto angelical.
— Tem certeza disso, comandante? — Questionou Ian, pensativo.
— Você deixaria ele viver, Bárbara? — Perguntou Nicolas, segurando o choro.
— O olhar dele me lembrou alguém. — A líder segurou o rosto do menino com as duas mãos, e sorriu. — Você entende que seu irmão tentou me prejudicar, não é? — Perguntou, ele assentiu. — Mas eu não posso punir você também, não consigo, você é uma criança, pode ter uma vida boa.
— Obrigado, Bárbara. — Nicolas abaixou a cabeça, aliviado.
— Se eu fosse você, garoto, faria fazer valer a generosidade da líder. — Ian guardou a arma na cintura, caminhou até o menino e deu alguns tapinhas nas costas dele. — Lembra desse dia, as atitudes do seu irmão quase mataram você, mas uma mulher que você nunca viu salvou sua vida, estranho, não é? — ele se afastou, encarando Nicolas, depois virou sua atenção para seus subordinados. — Estão surdos? Não ouviram a líder poupar o garoto? Levem ele daqui agora! — Ordenou o vice, Alexa segurou o menino pela cintura, o tirando da praia. Quando Chris passou ao lado de Nicolas, evitou contato visual com seu irmão, Nicolas franziu a testa, sentiu a rejeição do mais novo e isso doeu mais que a surra que levou.
— Chris, eu queria ter sido melhor para você. Desculpe. — Nicolas murmurou, abatido.
— Tira logo ele daqui, Alexa. — Ian mandou, impaciente. Chris olhou para seu irmão uma última vez antes de ser levado embora.
Bárbara e o vice se entreolharam, a líder levantou as sobrancelhas, Ian assentiu, aqueles momentos que só eles entendem.
— Tragam o tambor de ferro. — A morena ordenou, caminhando na direção da água, os homens rapidamente acataram, trazendo o tambor e arrastando Nicolas pela areia. Foi preciso três gângster para conseguir colocar Nicolas dentro do tambor, o metal frio parecia machucar a pele ferida dele, Nicolas chorou, mas não pela sua vida ou a perda dela, o motivo era seu irmão, ele morreria sem o perdão de Chris e saber disso doeu mais que qualquer morte terrível que poderiam dar pra ele. Nicolas levantou o olhar na direção de Ian, o asiático sorria, Bárbara encarava a cena entediada.
— Seu irmão é um bom garoto, pena que teve uma péssima influência, mas estou começando a achar que nos livrarmos de você vai ser um favor pra ele. — Ela manteve a mesma expressão séria enquanto falava, Nicolas abaixou a cabeça, no fundo, sempre acreditou naquelas palavras. Seu irmão estaria melhor sem ele.
— É pra você lembrar, eu sempre fui melhor do que você — Ian deu um sinal com a mão, um dos gângster levantaram a tampa, começando a fechar o tambor. — Ninguém ameaça minha gangue, esse foi seu erro.
A tampa foi lacrada, e o tambor foi jogado no mar, por estar com os braços amarrados, Nicolas não teve muito o que fazer, pelos buracos da tampa, a água começou a invadir o pequeno espaço, Nicolas fechou os olhos, voltando ao passado. A imagem de seus pais e seu irmão o esperando para comer o fez sorrir, e ele respirou fundo pela última vez.
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Os comentários sobre o fim de Nicolas correu pelos distritos, alguns reforçaram o poder da Leviatã, alegando como é arriscado se envolver com eles, em outros, depois que Chris contou como Bárbara foi generosa poupando sua vida, chegaram a conclusão que a líder tinha um lado bondoso, a humanizando apesar de terem conhecimento das coisas que ela já fez. E era isso que ela queria, punir aquele que ousou se meter com sua gangue, mas sair de generosa para não manchar sua reputação com a elite.
Na noite seguinte, após esse acontecimento, Bárbara e Ian se encontraram em uma das suítes de hotéis luxuosos comprados pela Leviatã.
— O garoto está dizendo que te deve a vida, e que, quando ele crescer e se você deixar, vai ser um membro da gangue. — Contou o vice, se servindo de um gole de bebida. Bárbara riu e deu um gole no seu copo também.
— Eu sabia, ele é grato a pessoa que mandou matar o irmão dele, pessoas podem ser moldadas a nosso favor, Ian. — A líder ergueu o copo, o vice sorriu e eles brindaram a conquista.
— Bem feito pro Nicolas, já queria matar ele faz tempo, o imbecil só me deu a oportunidade. — Ian se inclinou para frente, deixando a bebida na mesa perto da cama.
— Você parece preocupado. — Observou a líder, também deixando o copo na mesa.
— Eu senti que tinha alguma coisa errada, então mandei Alexa ir atrás disso pra mim, devia ser isso, não é? — Questionou Ian, se jogando na cama. Bárbara suspirou, sabia que algo perturbava os pensamentos dele. Assim, ela deitou ao seu lado, encarando o teto. Ian colocou o braço sob o rosto, fechando os olhos.
— Você sempre teve um instinto, algo que te guia, talvez devemos nos preocupar mais com as coisas que vem de dentro da gangue. — Ela pronunciou, ainda encarando o teto. — Sabe, faz tempo que nós não fazemos uma festa pra eles, só pra animar os gângster, os doze anos da Leviatã é no começo do mês que vem, o que acha? E deixa que eu vejo tudo, só relaxa, você tem trabalhado muito.
— Doze anos... — Ian sussurrou, ainda com o braço em cima do rosto. — Mas vai ser só as pessoas da gangue, não quero um monte de gente estranha na nossa festa. — Ele advertiu, mexendo a mão.
— Mais alguma coisa? — Ironizou a líder, virando o rosto pra ele, Ian tirou o braço do rosto e também virou na direção dela.
— Acho que tem razão, tenho trabalhado feito um louco, talvez devesse descansar. — O vice admitiu, apoiando a cabeça no braço, o fazendo de travesseiro.
— Eu vivo dizendo isso, por que não fica nesse hotel uns dias? Consigo me virar até você voltar. — Ela sorriu, tirando seus cachos do rosto. Ele assentiu. — Vou pedir ajuda pro Breno, ele é melhor nessas coisas de festa. — Bárbara se ajeitou na cama, pensando nos doze anos da gangue.
— Convida a Laura para a festa. — Sugeriu Ian, com um sorrisinho levado nos lábios.
— Achei que você não queria ninguém de fora. — A líder ergueu a sobrancelha, intrigada.
— Vocês já estão mais próximas, não é? — Questionou o asiático.
— É, acho que sim. — Ela fechou os olhos, simulando indiferença. — Vou chamar a Catrina, o namorado dela também.
— Tá ótimo. — Ele se espreguiçou, depois levantou da cama. — Vou tomar um banho, ah, Bárbara, poderia dar uma chance para o que está sentindo, sei que parece que temos muito tempo, mas isso não é verdade. — Assim, Ian foi para o banheiro, deixando sua amiga pensativa.
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Laura terminava uma xícara de café, passou a manhã inteira ajudando sua mãe na loja de roupas que ela tinha no centro do distrito Nilo, a loira observava a rua da janela da cozinha, ontem, enquanto caminhava pelas ruas do comércio, ouviu comentários sobre o que a Leviatã fez no distrito de Akhenaton, ela disfarçou, fingindo que mexia no celular, mas estava concentrada na conversa alheia.
— O corpo de Nicolas foi encontrado na praia daqui, perto dos rochedos, estava dentro de um tambor de ferro. — Comentou um garoto, com os olhos arregalados.
— Mas como eles tem tanta certeza que foi o pessoal da Leviatã? — Perguntou a garota, desconfiada.
— Eles pegaram o Chris também, mas a comandante deixou ele viver, o menino é uma testemunha do que aconteceu. — Ele deu de ombros, a menina franziu a testa.
— O Nicolas estava tentando tomar o controle daquela parte, mas esqueceu que ninguém que mexeu com a Leviatã saiu com vida. — Ao ouvir essas palavras, Laura sentiu seu corpo arrepiar, percebendo que ficou tempo demais parada, saiu andando para casa apressadamente.
Fazia uma semana que ela viu Bárbara, desde o dia que elas tiveram dois encontros em menos de vinte quatro horas, a líder não a procurou, e Laura estava ficando levemente impaciente, entretanto, seu orgulho a impediu de ligar para Bárbara. Talvez a líder estivesse muito ocupada para conseguir falar com ela, Laura não queria atrapalhar a vida movimentada dela, mas, quando ouviu aquela conversa, pensou no que Bárbara realmente estava fazendo, nisso, Laura sentou nos degraus da escada da sua casa e refletiu sobre seus sentimentos confusos pela misteriosa comandante da Leviatã.
Se queria estar ao lado dela, teria que se acostumar com as coisas bizarras que ela faz. Mas o que estava pensando? Nem sabe se a líder a procuraria novamente, então Laura afastou esses pensamentos bobos, negando com a cabeça e entrou em casa.
Agora, ela lavava a louça e imaginava o que aquela mulher poderia estar fazendo. Seu celular vibrou, Laura não se importou e continuou o que estava fazendo, depois que limpou a pia e secou as mãos, a garota seguiu para seu quarto e tirou o celular do bolso, por alguns segundos, seu coração disparou quando ela notou de quem era aquela mensagem.
posso te ver hj?
não quero te atrapalhar
não vai, quero te ver
vem pra cá
tudo bem pro seus pais se eu for?
eles não estão em casa
então tô indo, até mais
até :)
Laura correu para o banheiro, indo pentear o cabelo e trocar de roupa, afinal, não podia estar de qualquer jeito para encontrar Bárbara. Alguns minutos depois, a loira foi até seu quarto, vendo se tudo estava arrumado, depois desceu para a sala, tirando da mesa alguns discos que ela e Diogo espalharam na noite anterior, quando tudo estava aparentemente arrumado, Laura se olhou uma última vez no espelho, nesse momento, alguém bateu na porta, ela respirou fundo e caminhou rumo à entrada calmamente, assim que a abriu, Bárbara sorriu gentilmente pra ela, a líder usava um vestido branco justo no seu corpo, Laura tentou não encarar as partes destacadas dela e voltou sua atenção para os olhos intimidadores da líder.
— Espero não estar incomodando. — Bárbara sussurrou, sorrindo. Laura sorriu de volta.
— Achei que não ia me procurar mais. — Insinuou a loira, encarando o rosto angelical da líder.
— Estava esperando você sentir saudades, temos que deixar um mistério no ar, né? — Bárbara riu, Laura negou com a cabeça. — Mas você pode me procurar também, não precisa esperar por mim.
— É melhor entrar. — Laura murmurou, não podia admitir que pensou em procurar por ela naquela semana, mas que seu orgulho impediu. — Está com fome? Tem bolo.
— Não, depois eu como, primeiro quero conversar um pouco com você. — A líder adentrou a casa, não deixando de reparar na simplicidade do lugar, mas em como ele era confortável. Parecia um abraço quentinho.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Laura, preocupada.
— Não, está tudo bem. Na verdade, tenho um convite pra você. — Bárbara pronunciou, seguindo Laura pela casa, a loira riu e começou a subir as escadas, a líder foi atrás.
— Um convite? — Perguntou Laura, admirada. Bárbara assentiu.
— Sim, é do vice comandante da Leviatã.
— Nunca me senti tão importante. E que convite é esse? — Questionou a loira, virando o corredor, Bárbara a seguiu.
— A festa de doze anos da Leviatã, é uma data importante. — Afirmou a comandante, Laura abriu a porta do seu quarto, dando passagem para que a líder entrasse primeiro.
— E a comandante da Leviatã quer a minha presença? — Insinuou a loira, fechando a porta atrás de si. Bárbara correu os olhos pelo quarto da mais nova, depois voltou sua atenção para a garota a encarando.
— O que você acha? — Ironizou Bárbara, sentou na cama da garota e cruzou as pernas. — Eu quero que você vá, mas não posso te obrigar — respondeu. Laura riu e sentou ao lado dela.
— Vai ser uma honra, mas estou indo porque Ian me convidou e só pela gentileza dele. — Sorriu de lado, fazendo a líder rir.
— Ah, que pena, achei que poderia ter mais um motivo pra você querer ir... — Disse a líder, aproximando seu rosto contra o da jovem. — Eu, por exemplo.
— Você está se achando muito, senhora. — Laura murmurou, imitando a formalidade dos gângster, Bárbara sorriu e segurou o rosto dela com uma mão.
— Quero ver até quando você vai ficar na defensiva. — Sussurrou Bárbara, Laura engoliu em seco, porém, se afastou antes que caísse no charme da líder.
— Preciso te perguntar sobre uma coisa. — A loira colocou os cabelos atrás da orelha, envergonhada. Bárbara franziu a testa, já imaginando o que poderia ser. — Você matou o tal Nicolas de Akhenaton?
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