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Capítulo 16

4300 palavras

•••

  Bárbara manteve o olhar fixo no rosto assustado de Laura, aos poucos, a líder se aproximou da garota, que para sua surpresa, não se afastou.

— Sim. Eu mandei darem uma surra nele, acha mesmo que alguém vai machucar você e eu não vou fazer nada? — Questionou Bárbara, com aquele sorriso petulante. Laura engoliu em seco e se virou, ficando de costas para ela. Olhou suas mãos e elas tremiam, mas não de medo, no fundo, Laura gostou do que aconteceu com Gabriel e ficou ainda mais feliz com as palavras de Bárbara.

— Não pode fazer isso. — Ela murmurou, sem conseguir encará-la. Sentiu a líder se aproximando dela, os corpos delas se encostaram levemente, causando um arrepio em Laura.

— Você pode se surpreender com as coisas que eu posso fazer nessa cidade. — Bárbara sussurrou, Laura podia ver o sorriso dela.

— Eu deveria temer por estar me envolvendo com você? — Perguntou a loira, apertando a caixa com as maçãs carameladas que comprara anteriormente.

— Não, querida. — Bárbara segurou um ombro da garota, fazendo-a se virar. — Você precisa entender que eu sou desse jeito, esse mundo cruel e sujo é onde eu sobrevivo, jamais arrastaria você pra isso, mas se quer estar comigo, terá que aceitar essas condições. — A líder encostou no rosto dela e encarou os olhos de oceano da garota.

— No dia que te conheci soube quem você era, não posso querer que mude por mim — A loira sorriu, a sinceridade de Bárbara e a preocupação com seu bem-estar fez a garota sentir as borboletas novamente. Assim, a entregou uma maçã caramelada. — E eu gostei do que fez com Gabriel. — Admitiu, rindo.

— Foi uma mulher que bateu nele. — Bárbara sorriu e mordeu a maçã, Laura gargalhou.

— Você é meio sádica, não é? — Questionou a loira, mordendo a maçã.

— Não. — Bárbara respondeu. — Ele mereceu.

  As duas trocaram olhares e desviaram no mesmo instante, em seguida, se acomodaram no banco de pedra. Os visitantes do parque passavam na frente delas animados, crianças correndo e os pais tentando trazê-las para perto, Laura inclinou a cabeça enquanto observava uma família.

— Bárbara? — Chamou a loira, a líder olhou na direção dela. — Tudo bem se fomos amigas? — Questionou Laura, a verdade é que ela não podia idealizar um futuro com Bárbara, e admitir isso estando ao lado dela foi estranho, e triste.

  Bárbara a encarou por alguns segundos, que para Laura, pareceram intermináveis, será que a magoou? Será que ela não gostou dessa pergunta?
  No final, estar com outra pessoa sempre existia dúvidas.

— É claro, podemos ser amigas. — Bárbara sorriu.

— Então eu posso te perguntar sobre algumas coisas? — Questionou Laura, sentindo seu rosto queimar. Bárbara riu.

— Pode. Somos amigas, não é? — Bárbara mordeu a maçã novamente.

— É. — A loira sorriu, terminando sua maçã. — Como você se tornou líder de uma gangue?

  Bárbara deixou seu olhar vagar antes de responder.

— O antigo líder era meu namorado, ele foi assassinado e eu matei o culpado, os superiores da Leviatã me convidaram para assumir o lugar dele, então eu aceitei. — Bárbara explicou calmamente, a dor da perda já havia passado, só sinta falta dele. Laura ouviu a palavra matei e arregalou os olhos, disfarçou seu espanto antes que a líder notasse.

— Sinto muito pelo seu namorado, eu nem sei como deve ser perder alguém assim. Eu nunca perdi alguém que realmente amava. — Laura murmurou, imaginando qual o tamanho da dor que aquela mulher carregava. Não podia julgar porque não conhecia sua história.

— Já faz tempo, têm seis anos que ele morreu. Finalmente eu aceitei a morte dele, mas ainda queria que ele estivesse aqui, nunca é fácil lidar com a morte de alguém. — Bárbara suspirou, cansada. Laura colocou a mão sob a dela, e a segurou.

— Ele deve ter sido alguém especial para ser tão difícil de dizer adeus. — A loira continuou segurando a mão dela, Bárbara sorriu.

— Matheus era uma pessoa muito boa, ele fundou a gangue para proteger quem amava, e eu tento fazer isso, aqueles que ainda estão ao nosso lado nós protegemos como uma família. Mas ele era melhor do que eu nisso. — Bárbara, embora sorria, tinha uma expressão triste, Laura notou que a escuridão que aquela mulher carregava era maior do que poderia imaginar ou entender, a loira sentiu, naquele momento, que jamais a compreenderia completamente, nisso, ela entrelaçou seus dedos com os dela.

— Onde ele estiver, o Matheus está orgulhoso da mulher que você é, ele ainda te ama e torce por você. — Laura se levantou do banco, animada e fez Bárbara levantar também. — Posso te pedir uma coisa?

— Claro. — Bárbara sussurrou, sorrindo.

— Posso conhecer o prédio da gangue? — Perguntou ela, envergonhada.

— Vamos agora.

━──────≪✷≫──────━

  Laura teve que olhar para cima, tentando encontrar o final do prédio. Seus olhos se fecharam com a luz do sol, ainda estava cedo.
  O edifício era espelhado nos andares superiores, e algumas poucas janelas nos outros, a cor cinza, o que fazia ele ornar com os prédios da rua.

— Não tem problema mesmo? — Perguntou Laura, virando na direção da líder. Bárbara retirava os óculos escuros.

— Você está comigo, não tem que se preocupar. — A morena adentrou o prédio, Laura correu para alcançar ela.

  A garota olhou em volta, aparentemente, parecia um prédio comum, quem iria imaginar que funcionava uma gangue. As paredes eram brancas, havia um elevador no centro e uma escada do lado direito. Do lado esquerdo, uma porta dupla se abriu lentamente. Um homem loiro com os dois braços repletos de tatuagens, e uma touca vermelha, saiu de lá e parou quando viu Bárbara, a reverenciando.

— Senhora, eu já estava indo, entreguei o que me pediu para o Víbora. — O loiro explicou, Bárbara assentiu.

— Obrigada, Heitor. Achei que mandaria outra pessoa. — Insinuou a líder.

— Yamaguchi mudou as regras, só os capitães podem ter contato com você. — O gângster explicou, Bárbara bufou.

— Ian é exagerado, mas obrigada, qualquer coisa me avisa, não precisa falar com ele. — Bárbara advertiu e passou pelo capitão. — E essa é a Laura. — A loira acenou e correu para junto da líder. Heitor acenou de volta.

— Sim, senhora. — O capitão curvou-se. — Já estou indo.

  Bárbara assentiu e Heitor deixou o prédio, assim as duas foram na direção do elevador, em silêncio.
  Laura observou a líder antes de desviar o olhar novamente quando a morena percebeu.

— Quer me perguntar alguma coisa? — Questionou a líder.
Laura negou com a cabeça. Bárbara sorriu. — Pode me perguntar, não fique com vergonha.

— Eu não quero parecer intrometida, mas por que o seu vice não deixa ninguém chegar perto de você? — Perguntou a loira, curiosa.

— Ian se preocupa com a minha segurança e como vice comandante é o dever dele me manter segura. — contou, observando os andares piscando no painel. — E eu não quero que você pense nisso, estou segura.

— Impossível não pensar que...

— Não, Laura. — Interrompeu Bárbara, encarando a mais nova. — Não pensa nas coisas ruins que não aconteceram.

— Eu...— Sussurrou ela, tímida. Talvez a líder não gostasse de conversar sobre as condições de sua vida. — Desculpa.

— Seja lá o que vamos ter, eu prometo que ficarei ao seu lado. — Bárbara sorriu e nesse momento a porta do elevador abriu, as duas saíram do espaço metálico sorridentes.

— É aqui que você fica? — Questionou Laura, correndo os olhos pelo quinto andar. A líder assentiu.

— Sim, e essa é a minha sala. — Bárbara apontou com a cabeça, Laura notou que alguém usava o computador dentro do escritório. Nisso, a líder adentrou a sala e Laura a seguiu.
— Fala, parceiro. — Bárbara sorriu, Ian levantou o olhar na direção dela.

— Chefe. — Ele sorriu. — Laura, que bom te ver. — O asiático levantou da cadeira.

— É bom te ver também, Ian. — A loira sorriu, ele também.

— Já fez o que eu mandei você fazer? — Perguntou Bárbara, chamando atenção do vice. Ian concordou com a cabeça.

— Acabei de fazer, é só imprimir. — o vice apontou para a impressora atrás de si. — Tenho que resolver uma parada na rua, tô saindo. — O asiático voltou pra mesa e pegou suas chaves. — Se você precisar de algo, a Nefertiti tá no prédio.

— Essas regras novas que você criou são um exagero, Ian. — Bárbara negou com a cabeça. — Não precisa disso.

— Nós já conversamos sobre isso, Bárbara. — Ian cruzou os braços, ela revirou os olhos.

— Tá bom, tá bom — A líder ergueu as mãos, rendida. — Vai resolver esse negócio, anda. — Bárbara ordenou, ele riu.

— Tô indo. — Ian começou a deixar o escritório. — Volte mais vezes, Laura. — Ele acenou, a garota concordou com a cabeça.
  O asiático deixou a sala rapidamente, Bárbara retirou o casaco marrom e o jogou na mesa, pensou em ler os artigos que o vice deixou, mas dificilmente conseguiria se concentrar enquanto Laura estivesse por perto.
  Seus olhos encontraram os da garota, ela sorriu e deu alguns passos na direção do sofá.

— Vem pra cá. — Bárbara bateu no veludo, Laura sentou ao seu lado. — Eu te disse que o prédio não era grande coisa, espero que não esteja decepcionada.

— Não estou. — Ela encostou no sofá. — Obrigada por me trazer.

— Tudo bem. — Bárbara sussurrou, em seguida, ficou em silêncio.
  As duas trocaram olhares, mas a morena desviou, quebrando o contato.
Laura sentia seu coração disparar, estar tão próximo dela não era fácil, mas por que a líder desviava o olhar? Será foi uma má ideia pedir para ir no escritório? Afinal, aquele lugar pertence a Bárbara.
  A verdade é que, as decisões que Laura toma quando se trata da líder nunca estão certas, ou pelo menos ela sente que não. Aqueles poucos minutos em silêncio a fizeram chegar em uma conclusão.

— Bárbara? — Chamou a loira, fazendo a líder olhar na direção dela. — A sua companhia me faz lembrar da época do ensino médio, que não foi nada fácil, mas eu gosto de estar assim, com você. — Laura confessou, Bárbara sorriu fraco.

— Eu menti — A líder segurou no rosto dela, a garota engoliu em seco. — Não posso ser apenas sua amiga. — Bárbara sorriu.

— Você mente tanto assim? — Questionou Laura, segurando o riso. Bárbara desceu o olhar pelo rosto dela, fazendo a loira sorrir ainda mais.

— Não vou mais mentir pra você, então pode me perguntar qualquer coisa. — A líder se afastou, encostando no sofá.

— Por que me fez aquela proposta? — Perguntou Laura, enquanto não entendesse as razões para Bárbara a procurar, jamais estaria convencida que não se machucaria com ela.

  Bárbara franziu a testa, lembrando desse momento.

— Eu sabia que poderia gostar de você, então quis matar essa possibilidade te oferecendo sexo sem compromisso.

— E você ainda quer isso? — Laura murmurou, temendo pela resposta.

— Sexo sem compromisso? — Bárbara perguntou, incrédula. Laura assentiu.

— É, comigo, você só quer me levar para cama? — Questionou a loira, olhando para baixo.

— Não, Laura. — Bárbara sorriu, quebrando a distância entre elas. — Às vezes você é lerda, né? — Riu.

— E você é chata na maior parte do tempo. — Fez uma careta, evitando encará-la. Bárbara gargalhou, ouvindo a risada dela, Laura sorriu e finalmente a encarou de volta.

— Quero sair com você mais tarde, vamos jantar em um restaurante, você aceita? — Perguntou Bárbara, sorrindo.

— Aceito e prometo não sair correndo do restaurante desta vez.

— Não vou deixar você escapar de novo. — Bárbara piscou, nisso, Laura riu sem graça e colocou a mão sob o rosto, envergonhada.

— Não vou a lugar nenhum. — A loira indagou, ainda vermelha.

  Alguns instantes depois, a líder se levantou do sofá e foi na direção da sua mesa, tirou da gaveta o rádio e discou para Nefertiti.

"Oi, chefe." A voz da capitã ecoou, Laura observou a cena.

— Vou te mandar um e-mail com a lista de clientes novos, investiga os três primeiros e fala pra Alexa investigar os outros três últimos. — Ordenou Bárbara, mexendo no computador.

"Sim, senhora."

— Vê tudo, até antes de serem milionários, pode ter alguma informação útil. Depois me fala. — Bárbara fechou o computador e olhou na direção de Laura. A loira acenou.

"A senhora tem pressa para isso?"

— Não, eu estou ocupada em um outro assunto. Depois você me mostra o que achou, ah, manda o Breno verificar a mercadoria que tá no galpão. — Bárbara advertiu, dando tchauzinho para Laura, a loira riu.

"Certo, como a senhora quiser."

  Bárbara desligou a ligação e guardou o rádio de volta no armário, Laura se levantou do sofá e caminhou rumo à janela, admirando a metrópoles.

— Foi um dos motivos que me fez querer ficar com esse prédio, a vista é linda. — Bárbara pronunciou, quebrando o silêncio. Laura concordou com a cabeça.

— Eu vou pra casa, tenho que me arrumar para o nosso segundo encontro do dia. — A loira sorriu, olhando na direção da porta.

— Então admite que você me chamou para um encontro no parque? — Ironizou Bárbara, fazendo a garota revirar os olhos.

— Admito, era um encontro. — Laura murmurou, Bárbara se aproximou dela, segurando seus ombros. A loira olhou para cima, encontrando o olhar intenso da morena.

— Ainda bem que eu aceitei. — Sussurrou a líder. — Eu te deixo em casa.

— Não precisa, eu vi que o metrô é perto daqui. E você parece ter trabalho para fazer. — Laura sorriu e afastou-se da morena. — Você me busca mais tarde, pode ser?

— Claro, às oito. — Bárbara sorriu fraco, Laura também e a garota deixou o escritório.

━──────≪✷≫──────━

  As últimas horas pareciam não ter fim.

  Laura trocou de roupa tanta vezes que se sentia tonta, ela deitou no tapete só de lingerie, esperando que o look ideal caísse do céu. Infelizmente, isso não aconteceu.

— Que porra, não é possível que eu não tenha uma roupa que preste! — Esbravejou a loira, nervosa.

— Laura? — A menina ouviu a voz de sua mãe atrás da porta. Ela pensou em se levantar, mas ficou com preguiça.

— Entra! — A senhora abriu a porta e arregalou os olhos com a bagunça.

— Que isso, menina? Passou um tornado nesse quarto? — Questionou a mulher, assustada. Laura riu.

— Eu vou arrumar tudo, mãe. Mas descobri que não tenho roupa para sair. — Choramingou a garota, sua mãe negou com a cabeça.

— E você vai pra onde? — Perguntou a senhora, sentando em um pequeno espaço da cama.

— Vou jantar em um restaurante no centro com uma mulher. — Laura respondeu, e se levantou, procurando por um vestido preto, iria com ele e fim de papo.

— Ela é sua namorada? — Questionou ela, desconfiada.

— Não. E nem sei se um dia vai chegar a ser. — Laura confessou, encontrando o vestido sob a pilha de roupas na cama.

— Por que, querida?

— É complicado, mãe. — Laura sorriu. — Mas a senhora pode ficar tranquila porque eu sei me cuidar.

— Se você tiver um filho, vai entender que a preocupação com ele nunca vai acabar, é mais forte do que você. — Ela explicou, arrumando os óculos.

— Tudo bem. — Laura riu. — Mas ela é sincera comigo e se preocupa com meu bem-estar, então vou ficar bem.

— Não controlamos as coisas do coração — Aconselhou a senhora, saindo do quarto. — Se for dormir fora avise, porque não tem nenhuma otária aqui pra ficar te ligando preocupada, entendeu?

— Sim, senhora.

  Alguns minutos depois, Laura desceu as escadas apressada, se olhou no espelho da sala mais uma vez, seu pai acabara de entrar e a encontrou olhando pela janela.

— Está esperando alguém? — Perguntou ele, tirando o casaco.

— Oi, pai. Tô sim, viu algum carro preto no caminho? — Questionou Laura, olhando as horas no celular.

— Não, querida. — O velho disse. — Está namorando?

— Não, só vou sair. — Laura sorriu, seu pai não aceitava muito bem ela ser bissexual, então Laura não conversava sobre isso com ele. Era melhor assim.

— Tudo bem, divirta-se. — O homem sorriu.

  Mais alguns minutos depois, Laura avistou um carro preto se aproximando, sendo assim, ela respirou fundo e caminhou na direção da entrada, antes que Bárbara pudesse tocar a companhia, Laura abriu a porta.

— Nossa, você está perfeita. — Bárbara pronunciou, sem quebrar o contato visual. A líder usava um vestido verde escuro, justo nos seios e solto na saia.

— Obrigada, e você está linda, mas quando você não foi, não é? — Questionou Laura, fazendo a líder rir. Nisso, a loira saiu da casa e fechou a porta atrás de si.

— Está achando que eu caio nesse papo, é? — Ironizou Bárbara, indo na direção do carro. Laura a seguiu.

— Eu tenho certeza que você vai cair no meu papo antes que perceba. — A loira riu, Bárbara negou com a cabeça.

— Muito bem, senhorita irresistível, entre no carro para a melhor noite da sua vida, se bem que todas as noites comigo serão as melhores. — Bárbara gargalhou do próprio comentário, Laura colocou a mão na testa.

  O caminho até o restaurante foi silencioso, as duas trocaram algumas palavras, mas a maioria eram provocações.

  Laura batia o pé apressadamente, talvez estivesse nervosa com o que poderia acontecer essa noite, embora Bárbara não tivesse respondido se ainda queria sexo sem compromisso, ela parecia mais interessada na companhia de Laura. Todas as preocupações fazia a garota nem perceber que balançava a perna de um lado para outro, a líder colocou a mão em cima da sua coxa, a fazendo parar.

— Desculpa. — Disse Laura. Parando de tremer a perna. Bárbara franziu a testa.

— Está se desculpando de que? — Questionou, ainda com a mão sob a coxa dela.

— Eu estou nervosa e isso te incomodou. — Laura murmurou.

— Não me incomodou. Só fica tranquila, vamos jantar e conversar, nada mais que isso, mas se quiser fazer outra coisa... — Sugeriu Bárbara, sorrindo de lado.

— Você não perde uma. — Laura riu, no fundo, gostava dessas provocações. — Onde vamos?

— Em um restaurante do centro perto da praia, você vai gostar. 

  Mesmo querendo perguntar mais sobre o tal lugar, Laura ficou calada, esperando chegar. Os minutos pareciam passar devagar naquele ambiente limitado do carro, Bárbara prestava atenção no caminho, alheia a tensão que a mais nova sentia. Entretanto, resolveu puxar assunto.

— Sua família aceita de boa você ser bissexual? — Questionou Bárbara, Laura olhou na direção dela.

— Não falamos muito sobre isso desde que me assumi, mas minha mãe sempre me acolheu, meu pai que não aceitou muito bem, Diogo foi o primeiro a saber e sempre me apoiou. — Laura explicou, colocando os cabelos para trás. — O que os outros da família pensam não me importa.

— E foi difícil para você aceitar quem realmente era? — Perguntou a líder, ainda encarando o caminho.

— Um pouco. Eu não queria aceitar, fiquei negando por um bom tempo, mas teve uma colega do meu primeiro ano do ensino médio que fez eu quebrar a porta do meu armário. — A loira sorriu, divertida. Bárbara riu. — E como foi pra você? Demorou para se assumir?

— Não. Eu sempre me senti atraída por meninas, e como não fui criada por pessoas rígidas e arcaicas, foi mais fácil. Infelizmente não pude conversar sobre isso com meus pais, mas tive uma segunda mãe que conversava comigo sobre tudo. — Bárbara sorriu, lembrando de Marina, Laura acompanhou o sorriso dela.

— E você acha que seus pais teriam aceitado?

— Meu pai ia me abraçar e chorar dizendo o quanto me ama, já minha mãe, não sei o que ela faria, aquela mulher sempre foi misteriosa. — Bárbara negou com a cabeça, sorrindo. — Talvez com o tempo ela aceitaria.

— E como foi quando contou pra  Catrina? — Laura perguntou, interessada na resposta.

— Ah, ela disse que já sabia, e ficou feliz por eu ter contado pra ela, Cat sempre foi assim, doce. Ela é meu pai toda, chega ser engraçado.

— Então você se parece com sua mãe? — Insinuou a loira, Bárbara assentiu.

— A Marina, que foi minha segunda mãe praticamente, vivia dizendo como éramos parecidas. — Bárbara olhou para Laura por alguns instantes, depois voltou sua atenção para o caminho. — Ela dizia "é como ver a Ana mais nova"  toda vez que eu estava perto.

— Sua mãe devia ser linda.

— Ela era, eu queria ser igual ela quando crescesse, pelo visto consegui. — Bárbara piscou, Laura riu.

  As duas trocaram olhares, o castanho escuro do olhar da líder fazia uma onda eletrizante passar pelo corpo de Laura, ela tentou desviar, mas Bárbara fez isso primeiro.

  Alguns minutos depois, elas se acomodavam nas cadeiras do restaurante. O lugar era amplo e com poucas mesas, no centro, tinha um grupo musical de violinistas, a iluminação parcial dava um ar misterioso.

  O garçom anotou os pedidos e mais uma vez Bárbara teve que ajudar sua acompanhante na escolha do que pedir, pois a loira mal entendia o nome dos pratos.

— Bárbara, eu devia ter comprado um vestido para estar aqui, esse lugar é muito bonito, estou encantada. — Laura murmurou, olhando para as outras pessoas. — A música ao vivo é um grupo de violinistas!

— Seu vestido está ótimo, não diz besteira. — Bárbara a repreendeu. — Sabia que gostaria, é lindo, foi um dos meus favoritos quando comecei a frequentar lugares assim.

— Não sei se conseguiria me acostumar. — Laura afirmou, constrangida.

— Se continuarmos saindo, pode conhecer lugares assim, eu te levo nos meus favoritos. — Bárbara sorriu fraco, Laura também.

— E eu vou gostar de conhecer todos eles.

  O jantar foi diferente do almoço que elas tiveram logo depois que se conheceram, nesse, as duas conversaram para tentar entender mais sobre a outra e mesmo com as provocações, o clima continuou agradável. Bárbara tentava distrair Laura do desconforto por estar em um ambiente sofisticado, ela a fazia rir de alguma história boba do começo da gangue, fazendo a garota imaginar uma versão menos sombria de Bárbara, mais alegre.

— No dia que eu soube que eles tinham fundado uma gangue, pensei que era uma péssima ideia, que seria perigoso, mas eles me mostraram um outro ponto de vista, eu os vi protegendo os amigos, ali, reconheci que a Leviatã foi a melhor decisão naquela época. — Bárbara explicava, tomando um gole de vinho.
— Quando Matheus morreu, pensei que a culpa fosse minha também por deixar ele tornar a Leviatã tão violenta. Mas eu percebi que nós só continuamos vivos por causa disso, talvez fosse o único caminho pra nós, eu não sei. — A líder encostou na cadeira, e passeou com o garfo pela comida. Ela manteve a cabeça baixa por uns instantes, até lembrar que uma loira a encarava.

— Mas você está aqui e o Ian também, vocês que estão mantendo a essência da gangue. — Laura murmurou, preocupada com o rumo dessa conversa. — Eu nunca ouvi falar de outra mulher que se tornou líder de uma gangue tão respeitada como a Leviatã, sei que as pessoas não consideram isso uma conquista, mas você foi longe, e sinto que ainda vai.

— Não é estranho para você se envolver com uma pessoa como eu? — Perguntou Bárbara, olhando na direção dela. Laura prendeu a respiração. O que aquela pergunta significava? A garota desviou o olhar por alguns instantes, tentando mudar seu semblante antes de responder.

— Por que seria estranho? — Laura questionou.

— Sua família é boa, sua vida é tranquila, você teve e tem o que uma pessoa precisa, mas agora se envolver comigo, pode trazer problemas pra você, quer mesmo isso? — Bárbara a perguntou, ainda segurando o garfo. Laura negou com a cabeça, impaciente.

— Eu não consigo evitar, Bárbara. — A loira anunciou, com o rosto corado. — Depois que você me fez aquela proposta, eu jurei que não me envolveria mais com alguém como você, mas eu quebrei a promessa quando te vi novamente. — Laura sorriu, Bárbara acompanhou o sorriso dela e soltou o garfo, sua mão segurou a mão da loira em cima da mesa.

— Você não vai se arrepender de ter me desculpado e nem de se aproximar de mim. Eu prometo. — Bárbara pronunciou, entrelaçando seus dedos com os da mais nova. Laura sentiu que podia flutuar, mas que poderia cair também. Então é assim quando se gosta de alguém?

— Me surpreenda, comandante.

  Ao final da noite, Laura usava o sobretudo de couro preto da líder, pois a temperatura caiu sem aviso prévio.
A casa dela estava cada vez mais próxima, mas Laura não queria que aquele momento acabasse.

  Bárbara ligou o som do carro e cantarolava alguns partes da música, a loira prestou atenção na letra e era tão melancólica que faria qualquer pessoa chorar.

  Laura queria captar tudo que fosse de Bárbara, o som da voz, a risada, o cheiro de flores, a maneira como Bárbara a encarava, tudo isso ficaria na memória dela para sempre.

  Quando chegaram, a expressão decepcionada de ambas ficou visível. Bárbara desligou o carro e virou o rosto na direção da mais nova, que já a olhava antes dela estacionar o veículo.

— Eu te chamaria para entrar, mas fiz uma bagunça no meu quarto tentando encontrar o vestido. — Pronunciou Laura, Bárbara riu.

— Não vão faltar oportunidades. — Ela sorriu. — Me empresta o seu celular?

  Rapidamente, Laura acenou e entregou o aparelho para a líder.
Nisso, Bárbara digitou alguns números e depois a devolveu.

— Pode me ligar nesse número se precisar de mim. — Bárbara manteve o sorriso, Laura assentiu.

— Obrigada. — Laura salvou o número, tentando esconder o sorriso bobinho no rosto. — Espero que não demore pra gente se encontrar de novo.

— Esses dias serão difíceis pra mim, mas assim que eu estiver livre para sair, te ligo, e eu já tenho seu número de celular. — respondeu, atrevida. Laura franziu a testa.

— Nem vou perguntar como você conseguiu. — A loira sorriu, Bárbara também. — É, eu vou entrar, obrigada pela noite.

— Foi um prazer, boa noite.

— Boa noite, Bárbara. — Nisso, Laura se aproximou dela e beijou sua bochecha. A garota saiu do carro com o coração acelerado, nem podia tocar naquela mulher que seu corpo parecia entrar em combustão. Ela entrou em casa e fechou a porta atrás de si, sua respiração estava descompensada, Laura só notou isso quando encostou na porta. Olhou para suas roupas e usava o sobretudo de Bárbara, ela riu.

  Parece que a líder deixou que ela ficasse com ele de propósito.
 Laura conseguiu sentir o perfume dela pelo tecido e suspirou.

"É, Laura, essa mulher é a sua ruína."

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