Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

13. Olhos por olho


Vagner acordou com a água gelada jogada em seu rosto. Piscou várias vezes para tentar enxergar onde estava, enquanto constatava que as mãos e os pés estavam atados à cadeira em que estava sentado.

— Vamos começar — Leônidas rosnou sentado em um tamborete diante dele. Na mão tinha uma navalha e no rosto um sorriso infausto.

Vagner olhou ao redor em desespero. Estava em uma sala mal iluminada, do que parecia ser um depósito.

— Não fui eu quem matou seu filho! Não fui eu!

— Claro que não foi você.

Leônidas deu a volta ao redor da cadeira e agachou-se, segurando o dedo mínimo do segurança.

— Não, não, por favor, não! — deu um grito animalesco quando a lâmina talhou seu dedo, partindo deu osso dolorosamente. — Seu animal! Já disse que não fui eu! Já disse que não fui eu!

Leônidas voltou a sentar-se em sua frente, segurando o dedo decepado, expressão calma no rosto.

— Quanta dor você acha que meu filho sentiu antes de finalmente morrer?

— Não fui eu quem matou! Não fui eu!

— O que deve ter se passado pela cabeça dele enquanto era torturado? Deve chegar um momento em que você começa a enlouquecer, concorda?

— Por favor, me ouça! Eu só deixei os olhos em sua geladeira, como me mandaram. Não tenho nada a ver com a morte de seu filho!

— Provavelmente não.

— Eu digo quem foi se você me deixar ir!

— Você vai dizer, de uma forma ou de outra.

— Por favor, ouça! Ouça o que tenho a falar!

— Dedo, orelha ou olho?

— O quê?

— Dedo, orelha ou olho?

— Seu maníaco desgraçado! Vai se foder!

— Olho, então.

Leônidas levantou-se.

— Dedo! Dedo!

Leônidas sorriu, deu a volta e arrancou mais um dedo, o médio da mesma mão, enquanto Vagner berrava. Voltou a sentar-se no tamborete, com os dois dedos nas mãos ensanguentadas.

— Eu já disse! Eu conto tudo o que quiser! Mas por favor, pare com isso!

— Comece a falar.

— Foi a Arlequim. Quem matou foi a Arlequim, a dançarina, a stripper da boate.

— Por que ela faria isso? — a voz fria como gelo permanecia ameaçadoramente calma.

— Eu não sei! Eu não sei! Apenas cumpri minhas ordens, que eram de entregar os olhos na sua casa! Ela quem pediu! Eu juro por Deus que não sei por quê!

— Dedo, orelha ou olho?

— Pelo amor de Deus! Calma! Calma! Eu falo tudo o que sei!

Leônidas permaneceu sentado.

— Seu filho não foi o primeiro e nem o último.

O ruivo franziu o cenho.

— Como assim?

— Seu filho foi apenas mais uma vítima dela. Ela é um demônio! É completamente insana!

— Está dizendo que o que ela fez com meu filho também fez com outras pessoas?

— Sim! Com vários. Ela usava torturas diferentes para cada um — ele arfava de dor, respirava aos tropeços.

— E por que não há nenhum caso como o do meu filho nos noticiários?

— Por que ela só quis que o seu filho fosse exposto! Ela fez questão, não só de deixar ele na rua como exigiu que eu deixasse os olhos dele em sua geladeira!

Leônidas bufou.

— Com qual propósito?

— Eu não sei, eu juro! Apenas seguia ordens do meu chefe, que fazia o que ela pedia.

Leônidas fitou-o nos olhos por alguns segundos, a fúria de um animal selvagem no olhar. Vagner sentia que a qualquer momento ele avançaria e o retalharia com a navalha. Mas a besta estava estranhamente contida.

— Ela apenas torturava e matava? Sem motivo?

— Ela não dizia se tinha motivações. Provavelmente é uma serial killer, sei lá. Todos tinham a mesma faixa etária do seu filho, o mesmo perfil...

— Como ela escolhia?

— Ela apenas dizia como encontrar e onde e nós íamos buscá-los pra ela. Mas eu era obrigado, ou meu chefe...

— CALADO! — gritou.

Vagner percebeu que seu algoz usava de força sobre-humana para se controlar. Mas estava prestes a estourar.

— Onde estão os outros corpos? — falou com a voz animalesca.

— Desovados em lugares diferentes. Todos dados como desaparecidos, mas nenhum foi encontrado. Como disse, apenas o do seu filho ela fez questão de expor...

— Quantos ao todo?

— Uns... uns seis ou sete...

— Onde ela torturava as vítimas?

— No Calvário. Um lugar apelidado de Calvário.

Calvário...

— Leve-me até ela.

— A Arlequim? Perdoe, mas ela desapareceu.

— Desapareceu?

— Sim, senhor, ela abandonou a boate.

— Onde ela mora?

— Nós não sabemos...

Leônidas enterrou a navalha na coxa de Vagner, que urrou absurdamente alto.

— Seu desgraçado! Seu filho da puta!

— Quer que eu acredite nessa história fantástica de uma serial killer que magicamente some sem deixar rastros? — gritou bem próximo ao rosto de Vagner, a saliva escapando-lhe da boca como um cão raivoso.

— É verdade! Nós não sabemos onde ela mora. Ela tinha um pacto com nosso chefe. Dançaria todos os sábados e escolheria alguém da plateia pra transar de graça. Isso lotava a boate sempre. Em troca nós daríamos a ela de mão beijada as vítimas que escolhesse! Só isso que eu sei!

— Besteira! Eu vou esfolar você se não me provar o que está dizendo!

— Posso levar você até o Calvário!

— Eu quero que me leve até ela!

— Meu chefe está atrás dela tanto quanto você! Ele precisa dela viva!

Leônidas passou a mão suja se sangue pelos cabelos, enquanto pensava. Respirou fundo.

— Olho ou pênis?

— O quê? Não, eu estou cooperando! Não faz isso! Por favor?

— Olho ou pênis?

— Dedo! Dedo! Por favor, dedo!

— Pênis — inclinou-se para abrir o zíper da calça do segurança, arrancando a lâmina da coxa.

— OLHO! Olho! Caralho! Olho! — começou a chorar convulsivamente.

Leônidas atendeu seu pedido. Com um golpe rápido fez um corte no olho esquerdo de Vagner. Os berreiros estridulosos duraram alguns segundos. O tempo que ele levou para cortar as cordas que imobilizavam os pés e as mãos do segurança. Quando Vagner se levantou, uma arma estava apontada para sua cabeça.

— Leve-me ao tal Calvário.

O carro passou pela fachada onde lia-se "Sítio Morro Velho" e continuou subindo a estrada de terra dentre a vegetação. Vagner comprimia o olho ferido com a mão e não mais chorava de dor, embora gemesse baixinho de forma cadencial e sentisse a febre dominar seu corpo; a mão com os dedos decepados estava enrolada com a camisa para estancar o sangramento. Sabia que ia morrer, mas não queria se entregar a valentias suicidas e apressar o inevitável. Esperaria o momento certo de agir, ou de um milagre salvá-lo daquele psicopata.

— Ali — Vagner apontou.

Leônidas estacionou o veículo em frente ao casarão aparentemente abandonado, repleto de mato à altura dos joelhos ao redor. Ficava no alto da colina, talvez daí o apelido de Calvário, deduziu.

O barbudo desceu do carro com a arma em punho. Vagner o imitou, mancando, indo em direção à porta de entrada.

— É aqui. Eu não tenho a chave.

Leônidas o ignorou. Vistoriou as laterais da casa para ter certeza de que não era uma armadilha. A grande varanda de madeira tinha uma rede armada e uma cadeira de balanço quebrada. Encostou o ouvido na porta, tentou a maçaneta, então deu um pontapé poderoso, seguido de outros dois, escancarando-a.

Uma nuvem de poeira subiu por causa do movimento brusco. Leônidas tossiu e fez um sinal com a arma para que Vagner entrasse primeiro.

Quase não havia móveis nos grandes cômodos. Além do mofo e poeira, apenas teias de aranhas e cupins dominavam o lugar, com raios de sol escapando pelas frestas e goteiras deixando a penumbra interromper a escuridão. Vagner guiou o barbudo até uma escada que levava a um cômodo subterrâneo.

— É lá embaixo.

Sinal com a arma. Vagner desceu na frente. A porta estava selada com um cadeado. Leônidas posicionou a arma e disparou. A porta abriu-se com um rangido.

Os dois taparam os narizes instantaneamente. Era um misto de fezes, urina, vômito e carniça. Vagner ligou o interruptor.

Os olhos ferozes de Leônidas tornaram-se os de uma criança assustada. Deixou o queixo cair enquanto olhava ao redor.

Era uma sala de tortura.

Nas paredes, correntes com algemas posicionadas de maneira a deixar alguém em formato de X. No chão havia fezes e manchas assustadoramente grandes de sangue coagulado. Uma mesa cirúrgica estava posicionada ali perto, também ensanguentada. Havia algumas caixas empilhadas, uma estante e pedaços de carne apodrecida pelo chão. No centro havia uma poltrona.

— Então é verdade... — a voz de Leônidas saiu num fio, queixo trêmulo, as lágrimas de dor impossíveis de conter transbordando. — Meu filho morreu aqui...

Vagner pensou em aproveitar o momento de choque de seu algoz para atacar, mas debilitado como estava, dificilmente conseguiria dominá-lo, e correr não era uma opção com a coxa ferida. Resolveu apenas observar, temendo o que viria a seguir.

— Vocês a ajudavam? — a voz grotesca tinha o tom casual.

— Não — apressou-se em responder. — Nós apenas trazíamos eles até aqui e prendíamos na parede ou na cama. Ela fazia o resto.

Leônidas virou o rosto para ele, os olhos vermelhos estuprando sua alma.

— Onde meu filho foi colocado? Parede ou cama?

— Eu... Eu não lembro. Eu disse, foram vários...

— Vários...

Vagner engoliu em seco.

— Não temos nenhum envolvimento com as vítimas dela. Só cumpríamos ordens do chefe.

— Vocês sequestravam jovens para serem torturados até a morte. Apenas o trabalho de vocês, não é?

— Já disse, nós...

— Você presenciou alguma tortura?

— Nunca. Não teria estômago pra isso... — sentiu uma pontada no olho cego e gemeu.

— Então ela fazia tudo sozinha?

— Sim. Sozinha.

— Meu filho estava irreconhecível. A perícia mostrou que foi torturado por dias. Dias! Como suportavam tanto tempo?

— Ela os alimentava... Para que... Para que durassem mais. Dava remédios, curava as feridas... E fazia tudo de novo. Às vezes ela chamava a gente pra tirar os corpos de um lugar e colocar no outro — apontou para a parede e para a cama cirúrgica. — Essa cama nós conseguimos para ela. Foi uma exigência... Quando a vítima finalmente morria, ela ligava para desovarmos os corpos. Aliás, ela não tinha contato direto com a gente. Ela ligava para o chefe e ele mandava a gente fazer — dava pausas para gemer de dor, a pontada no globo ocular tornando-se insuportável.

— E por que eu? Por que meu filho? Por que colocar os olhos dele na minha geladeira? O que fiz a essa mulher? O que meu filho fez a ela?

— Não... Não sei, senhor...

Leônidas andou pelo cômodo a passos curtos, lentamente, e por fim sentou-se na poltrona.

— Suponho que ela sentava-se aqui... Para assistir...

— Sim... Eu... Eu não entendo como ela tinha tanto sangue frio... como conseguia...

— Eu entendo.

Vagner calou-se. Leônidas continuou:

— É exatamente o que pretendo fazer com ela. Dar um tiro me frustraria imensuravelmente. Não... Eu a torturaria por dias, semanas, pela eternidade se ela suportasse. E sentaria aqui ouvindo os guinchos dela. Seria música para mim... Não desejo mais nada nessa vida do que ter esse privilégio — olhou para Vagner com um brilho doentio nos olhos. — Eu tenho tantas ideias para tortura... Nisso temos algo em comum, eu e ela... o sadismo! A criatividade para causar a dor até o limite...

— Deixe-me ajuda-lo a encontra-la! Eu juro que farei meu melhor para...

— Você é inútil.

Vagner gelou.

— Eu juro, eu posso ajudar a encontrar aquela vagabunda!

— Onde?

— Eu sei onde ela mora! Posso levar você até lá!

— Você não sabe de nada. Ou teria me dito antes que furasse seu olho. Está desesperado para sair vivo.

— Não! Eu estava guardando a informação, mas... Eu sei quem pode chegar até ela!

Leônidas levantou-se com a arma em punho.

— Você entrou na minha casa e colocou os olhos do meu filho no compartimento de ovos da geladeira... — começou a andar em direção a ele.

Vagner recuou, trêmulo, o globo ocular com hemorragia, a dor insuportável no músculo partido da coxa.

— Tem um garoto! O último a ver a Arlequim! Se ele souber onde ela está, nós vamos saber! Os amigos dele vão entregar, eles pediram uma grana pra dar a informação, e... O moleque sabe! Eu ligo pra você diretamente, assim que souber! Eu juro!

Leônidas apontou-lhe a arma.

Levantou a cabeça, alerta.

Era o som de carro.

Ágil, Leônidas disparou escadas acima. Vagner, incrédulo, começou a ter um surto de euforia. Adão deveria ter mandado destruir o Calvário, e os homens deram de cara com o carro do barbudo ruivo.

Obrigado, meu Deus! Obrigado!

Leônidas sabia que não teria tempo para correr para o carro, já que o outro estacionara ao lado e não sabia quantos homens havia ou se estavam armados. Resolveu sair pelos fundos. Ouviu o grito estridente vindo do porão.

— Peguem ele! Peguem o barbudo! Peguem esse filho da puta!

Enquanto entrava no matagal, ouviu passos atrás de si, então tiros. Uma saraivada de tiros às suas costas. Correu em ziguezague, abaixando-se periodicamente para evitar que fosse acertado. Correu por cinco minutos ininterruptos e parou para recuperar o fôlego. Apesar do porte, era um homem de meia idade.

Ao seu redor, apenas o coaxar dos sapos e o barulho irritante dos grilos, sinfonia natural da noite. Ao longe ouvia latidos, mas nada de vozes.

— Vou pegar você, sua puta. Nem que tenha que descer ao inferno! — disse de dentes cerrados, um bizarro sorriso doentio nos cantos da boca, os olhos famintos por dor alheia. E ficou repetindo enquanto caminhava pela vegetação escura: — Arlequim... Arlequim... Arlequim...


***********


— Eu preciso de um médico! Por que pararam aqui? Meu olho vai infeccionar!

Estavam à beira do rio, um pouco afastados da estrada. Tinha uma leve neblina pairando no chão.

— Cala a boca, Vagner — ordenou Pajé.

Além do indígena havia um negro e um de gorro. Ambos bem grandes, quase tanto quanto Pajé; ambos companheiros de Vagner, funcionários de Adão. Não estavam de terno, usando casacos e sobretudos.

— Eu preciso de um médico! — insistiu. Ele furou meu olho, arrancou meus dedos!

— Vou arrancar tua língua se não calar a boca — ameaçou o negro.

Um veículo se aproximou. Vagner reconheceu o carro de seu chefe. Adão desceu, caminhando em sua direção com o semblante furioso.

— Quem é ele?

— O pai de uma das vítimas da Arlequim.

— E você levou ele até o Calvário? Levou ele até o lugar onde o filho dele foi trucidado? O que acha que ele vai fazer, seu merda?

— Ele me torturou... Ele... — mostrou a mão com os dedos faltando, retirou a outra mão do olho furado, fazendo com que jorrasse um líquido esbranquiçado e viscoso junto com o sangue. — Eu não tive escolha, senhor! E ele não vai à polícia! Ele quer a Arlequim tanto ou mais que o senhor!

— Como ele é?

— Alto e forte, de barba e cabelos ruivos, na casa dos cinquenta... É o pai do ruivo que a Arlequim pediu pra deixar os olhos na geladeira.

— Aquela puta! — Adão estrondou, as veias ficando à mostra no pescoço. — Eu sabia que ia dar merda! Sabia que essa exposição ia acabar fodendo comigo! Pra que aquela vagabunda exigiu que jogasse o corpo na porra da praça? Pra que essa bizarrice dos olhos? Puta! Maldita puta! Eu juro que mato essa desgraçada!

— Sinto muito, senhor, ele me torturou, e...

— Já ouviu falar de lealdade, Vagner? Vocês falariam sobre o Calvário e levariam o homem lá? — dirigiu-se aos outros três, e todos menearam a cabeça negativamente. — Está vendo? Lealdade, seu imbecil! Lealdade!

Em um movimento rápido sacou a arma e atirou na testa de Vagner, fazendo o corpo despencar de costas.

— Queimem o corpo e joguem o resto no rio — disse dando as costas e indo em direção ao carro.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro