Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 33
Quando adestramos a nossa consciência, ela beija-nos ao mesmo tempo que nos morde.
-Friedrich Nietzsche
Silva teve que ter um autocontrole exorbitante para não sair atrás da garota. Queria poder consolar a mais jovem, dizer que ficaria tudo bem, mas mais do que isso, ele queria poder perguntar quem era aquele garoto que naquele momento jazia sob uma maca e estava pálido como papel.
O sangue do garoto melava as mãos de Silva conforme ele segurava as laterais da ferida para que ficassem juntas enquanto Ben costurava a pele do garoto.
Ele sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Memórias de seus dias de glória junto ao pai de Sky invadiram sua mente embriagando-o com palavras de puro ódio e deboche que Andreas sempre fazia o favor de proferir.
Eles não eram amigos, Silva não concordava nem um pouco com os métodos e nem com a crença inquestionável do rei, o que levava-o uma cegueira. Mas eram companheiros, e Silva se amaldiçoava todos os dias pelo o que fez. Pelo o que destruiu.
Ele respirou fundo e balançou a cabeça, como se tal ato fosse fazer ele voltar à realidade. Ele voltou a sua atenção a Ben que passava a agulha na pele do garoto com agilidade e precisão, como se tivesse feito aquilo a vida inteira. E tinha.
Ben cuidava da maior parte dos feridos além de trabalhar também pesquisando mais sobre os Queimados, fora ele quem descobrira sobre o óleo da flor alaranjada que podia retardar a infeção.
–Certo, terminei a sutura. Agora eu só preciso limpar com sabão e soro fisiológico e colocar uma atadura e começarmos a nos preocupar com "quem é ele".–Concluiu o de camisa xadrez tirando as luvas e observando o trabalho bem feito.
–Vou atrás de Dowling avisar que o garoto está bem.
Ao abrir a porta Silva se deparou com uma rosada agachada abraçando as pernas, com a cabeça entre os joelhos enquanto tremia.
Ele sentiu o coração afundar, queria ser capaz de tirar aquela tristeza dela.
Ele se aproximou a passos leves e se sentou em frente à mesma, que apenas levantou o rosto para encara-lo. Seus olhos estavam cobertos de água, seu nariz estava rosado e ela fungava.
Sem saber o que dizer ele apenas segurou a mão enluvada da garota e sussurrou um "Ele está bem", mas o homem sabia que ela não ficaria aliviada até ver o garoto com os próprios olhos. Até poder ter certeza de que respirava.
Eles ficaram um tempo sentados em silêncio no corredor que levava a estufa apenas de mãos dadas enquanto Nyx tentava acalmar seus pensamentos.
Nota da autora:
Oii.
Como vocês estão?
Como eu disse, eu acabei de enrolando um pouco e estive lendo essas últimas semana.
Me desculpem por não cumprir com minha palavra, mas espero que vocês gostem desse capítulo ao menos.
Obrigada.
<3
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