A esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que nada mais têm - ainda a possuem.
-Thales de Mileto

   Thales sentia o reverberar de seu coração, ele ofegava a cada passo, mas o ar parecia ter sido substituído por ondas geladas e sufocantes de água.

   Ele tentava manter seus olhos abertos, ele era um forasteiro em uma terra estranha.

   Ar.

   Ele precisava de ar.

   Ele testou inspirar, mas seu corpo não o respondia. Ele se viu preso entre uma consciência desesperada e um corpo que não respondia a nenhum estímulo, a pesar de escutar e sentir tudo a sua volta.

   Ele sentiu suas costas colidirem com o metal frio. Tinha sido deitado em algum tipo de cama improvisada.

   O garoto tentou abrir os olhos, se mexer falar ou até mesmo gemer alguma coisa, mas nada saia. Ele sentiu o pânico tomar conta de seu corpo.

   Inspirou profundamente mas na lhe vinha aos pulmões.

   Ele sentiu gotículas de água se chocarem contra sua pele e rapidamente se viu submerso.

   Havia água por toda a parte, ele podia sentir, também podia sentir o gosto salgado do mar.

   Ele se debateu, era uma armadilha. Queriam matar ele. Ele sentiu algo segurar seus braços fazendo apenas com que o garoto esperneasse com mais força, enquanto batia a cabeça no metal.

   Confie em mim Thales.

   Ele ouviu a melódica voz de Nyx. Sua pulsação desacelerou a medida que a voz da garota ecoava em sua mente como um sussurro. Uma prece.

   Por favor, acalme-se.

   E o garoto a obedeceu, tentando acalmar as batidas do coração conforme respirava, agora, com menos dificuldade.

   Eu vou ficar do lado de fora.

   Esperando-te.

   E ele soube que ela não o abandonaria.

   Não novamente.

–Sinceramente, deveria haver um hospital nesta escola.-Disse Ben correndo de um lado procurando inúmeros instrumentos.

   Saul se limitou a um sorriso forçado. Era comum de Ben fingir não levar a sério assuntos que poderiam afetar seus filhos ou até ele próprio.

   O garoto que Silva carregava pendia, de olhos fechados e com a pele pele pálida, enquanto ele o deitava em uma mesa de metal usada para alguns experimentos na estufa.

   O garoto parecia convulsionar, o mais velho sem ter muita experiência, segurou os antebraços do menino impedindo que se automutilasse, mas isso apenas fez com que ele se agitasse mais ainda.

   Silva olhou ao redor procurando pelo seu amigo quando seus olhos se encontraram com uma garota de cabelos rosados e olhos brilhantes de lágrimas.

   Ela rapidamente veio em sua direção, enquanto se inclinava e sussurrava algo no ouvido do garoto.

–Pegue aquela mochila e tire algo que possa machucar ele.-Mandou a garota apontando para uma bolsa sobre uma bancada.- Vou colocar por de baixo da cabeça dele. Ele está quase estourando o crânio.–Observou a garota vendo que o metal começava a amassar.

   Saul pôs a bolsa embaixo do menino enquanto a garota acariciava o menino, fazendo Saul se perguntar se eles se conheciam.

–Ele parece estar mais calmo. Vou tirar essa bolsa e eu preciso que você vire ele de lado para que possa respirar.

–Certo.–Concordou enquanto obedecia a jovem. Naquele momento o garoto tinha saliva e sangue escorrendo pela boca e urinava inconscientemente.–Onde está Farah?

–Tentando acalmar os alunos. Onde está Ben?

–Estou aqui.–Respondeu o de camisa xadrez enquanto se aproximava e examina os ferimentos do garoto.–Por mais que aprecie a sua companhia, preciso que saia daqui.–Constatou enquanto observava Nyx.

–Mas...

–Ele ficará bem, tem minha palavra.–Prometeu Saul à garota.

    Ela se abaixou para dizer mais alguma coisa para o garoto e logo se dirigiu à saída limpando as lágrimas dos olhos com as mangas do casaco.

Nota da autora:
Oii.
Tudo bem com vocês?
Desculpa pelo meu sumiço.
Fiquei sem muita criatividade essa última semana e decidi não postar nada, além de estar voltando a ler.
Fazia muito tempo que eu não lia e eu estou voltando aos poucos.
Espero que gostem.
<3