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Contos de Amor - Parte VII

    Como prometido, aqui estou eu novamente com mais uma parte desse super extra. Amanhã postarei a ultima parte finalmente e logo teremos o capítulo 28! Espero que gostem e comentem muito!!!!!! Não se esqueçam de votar rsrs! Esse capítulo é dedicado a uma leitora que fez aniversário dia 03/08 e este é o meu presente atrasado para ela. Muitas felicidades em todos os dias de sua vida \o/ A música do capítulo é Budaspeste do George Erza e super tem a ver com Karus e Iliah, pois ele realmente desistiria de todas as suas riquezas por ela ^_^ Quem a sugeriu foi a Sherlock @Lady_Fall rsrs

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Iliah

    Pensei que após alguns ciclos de luas eu seria capaz de superar meu amor não correspondido por Karus, mas não foi isso o que aconteceu. Muito pelo contrário. A medida que o tempo passa, mais o sentimento em meu peito cresce tornando a saudade quase insuportável. Será que algum dia serei capaz de superar esse sentimento que só me faz sofrer por não tê-lo ao meu lado?

    A presença de minha amiga tornava mais fácil eu mascarar a minha tristeza através de sorrisos fingidos, mas agora até mesmo Ráahra me deixou.

    Do fundo do meu coração desejo que ela seja feliz com o homem que ama, mas não posso mentir para mim mesma e negar que não preferiria que ela estivesse aqui comigo para que eu pudesse continuar contando com seu ombro amigo para aplacar a minha tristeza.

    Sacudo a minha cabeça com veemência. Não posso deixar-me abater pela dor de não ser amada por aquele que meu coração escolheu. Já lamentei o suficiente por esse amor não correspondido. Chegou a hora de esquecer e seguir em frente de cabeça erguida.

    Resoluta em minha decisão, sigo o labirinto das ruelas de meu povoado com firmeza em meus passos. Hoje está sendo um ótimo dia para as vendas. A notícia que o príncipe herdeiro de Tatris chegará hoje em visita ao nosso pequeno reino, se espalhou mais rápido que folhas ao vento no outono. Todos querem comprar flores para arremessar e formar um tapete de flores durante a passagem da comitiva real pelo nosso povoado rumo ao palácio real.

    Tenho o pressentimento que hoje será o meu dia de sorte. As coisas irão mudar ao meu favor. Certamente conseguirei vender muito e garantir o sustento de minha família por mais um bom tempo. Coloco o meu melhor sorriso no rosto e vou em busca de mais fregueses.




Karus

    Após alguns dias de viagem exaustivos, finalmente estamos em Galariate. Bem mais rápido do que seria se estivéssemos a cavalo, tenho que reconhecer. A parte mais difícil da viagem, foi que depois que os guardas descobriram a minha presença, queriam imediatamente voltar para o palácio. Mesmo com muitos argumentos e tentativa de persuasão de minha pessoa, o que colocou um ponto final na questão foi uma ordem direta de Tratus. Afinal de contas, na ausência de meu pai, ele é a autoridade máxima e a guarda real deve obediência a ele. Por essa razão, apesar de totalmente contrariados, não tiveram escolha a não ser obedecer ao seu comando.

    Agora estamos a poucos minutos do povoado de Iliah e fiz todos pararem para que eu pudesse deixá-los e ir em busca dela sozinho.

     - Alteza, ao menos permita que um dos guardas o acompanhe! –o capitão da guarda implora pela décima vez.

    - Já disse que não. –estou perdendo minutos preciosos discutindo aqui com ele. – Agora tenho que ir! –digo já me afastando deles.

    - Não tão rápido, Karus! –meu irmão usa um tom sério que raramente usa comigo. Não gosto disso. – Só irei permitir que nenhum guarda o acompanhe se Daila for com você!

    Lentamente volto a me virar para eles.

    - O quê? –a leoa pessoal de Tratus o olha com a mesma indignação que devo estar olhando para ela. – Um leão alado irá chamar mais atenção do que dez guardas juntos carregando uma bandeira com o nosso brasão!

    - Essa é a minha condição! É pegar ou largar!

    - Da última vez estive aqui completamente sozinho!

    - Mas foi sem o meu conhecimento. -ele responde com calma. - E então? Só nos deixará se for na companhia de Daila! –ele declara irredutível sem deixar espaço para qualquer argumento.

    Meu irmão dará um excelente monarca um dia. Não tenho dúvidas quanto a isso.

    Derrotado, faço sinal para que Daila me siga. Uma leoa alada adulta com uma brilhante pelagem marrom me acompanhando. Como vou explicar isso?

    Alguns minutos depois, a comitiva passa a nossa frente deixando um rastro de poeira sobre nós.



     Como eu esperava, Daila chama a atenção por onde passa. Devia ter ficado com o guarda, penso irritado, mas logo mudo de ideia. Terei mais privacidade com Iliah mesmo com a presença de Daila. O que não aconteceria se um guarda estivesse me acompanhando. O que me consola é que ela está visivelmente tão descontente quanto eu.

    A essa hora do dia, Iliah deve estar no centro do povoado vendendo suas belas flores e é onde estou nesse momento. Por sorte o lugar não é muito grande e não devo demorar a encontrá-la.

    Na principal rua do povoado há um extenso tapete de flores variadas certamente por onde meu irmão e toda a comitiva devem ter passado há pouco tempo. E onde há flores, as chances de eu encontrar Iliah são maiores.

    Meus olhos procuram ávidos por todos os lados e quando estou preste a rumar para a casa dela, a encontro a alguns metros de distância de onde estou. E meu coração despenca do meu peito com o que vejo.

    Iliah está conversando alegremente com Berian, o cavalariço que cuida do estábulo do povoado. Seus sorrisos são apenas para ele. Será que durante o tempo que estive ausente algo surgiu entre eles?

    Conheço Berian. Durante o tempo que estive aqui, sempre depois que nos despedíamos de Iliah e Ráahra, Faraahtz fazia questão de convidá-lo para beber conosco na taverna e acabamos os três nos tornando amigos. Ele é um bom sujeito, não sou capaz de encontrar um único defeito nele que me faça acreditar que ele não fará bem a Iliah. Observando os dois juntos, mesmo contra vontade, tenho que admitir que formam um belo casal. Dois corações puros e generosos que se encontraram. Cheguei tarde demais.

    O ciúme me corrói por dentro, mas por amá-la tanto tudo o que quero é que ela seja feliz, mesmo que seja com outra pessoa.

     Com passos trôpegos, começo a caminhar lentamente para trás sem tirar os olhos de Iliah e de Berian, mesmo que isso esteja me matando aos poucos.

    De repente sinto uma pata golpear as minhas costas e vou com a cara de encontro ao chão. Tento me levantar antes de ser visto, mas Daila me mantém firmemente preso ao solo com pata pressionando minhas costelas.

    - Daila, sai de cima de mim! Isso é uma ordem! –ela me ignora descaradamente.

    - Karus? –ouço a voz doce de Iliah me chamando.

    Inclino o meu pescoço o pouco que consigo e vejo que estou literalmente aos pés dela.

    - Iliah, não se aproxime! Essa fera pode atacar você também! - Berian tenta afastá-la, mas ela não parece assustada.

     Daila imediatamente tira a pata de minhas costas e recua alguns passos em uma clara demonstração que não pretende fazer mal a ninguém. Ao não ser talvez a mim, óbvio.

     Com certo receio, Berian me ajuda a ficar de pé enquanto Iliah apenas me observa sem dizer nenhuma palavra.

     - Você está bem, amigo? –Berian pergunta genuinamente preocupado. – A fera machucou você?

    - Estou bem, obrigado. – asseguro tentando espanar a sujeira de minhas roupas. – E Daila não é uma fera, ela é uma boa garota. Na verdade acho que estava apenas tentando ajudar.

    Compreensão surge nos olhos de Berian e ele sorri em minha direção.

    - Iliah, acabei de me lembrar que devo ir até ao armazém comprar umas coisas para a minha mãe. –ele dá uma piscadela cúmplice pelas costas de Iliah. – Depois nos falamos!

    Quando Berian já está distante, Iliah passa diretamente por mim se ao menos se dar ao trabalho de olhar em minha direção.

    Ela se aproxima de Daila que está sentada sobre as patas traseiras e acaricia o pescoço da leoa.

    Feliz com o carinho, Daila começa ronronar e abaixa a cabeça para que Iliah tenha livre acesso a suas orelhas peludas. Mesmo sentada, Daila ainda é mais alta que Iliah.

    - Seu nome é Daila, certo? –a leoa ronrona mais alto em resposta. – Fico feliz que você seja uma boa garota. O que acha de passear comigo em um bosque florido perto daqui? Seu amigo pode nos acompanhar se quiser.

     A leoa traidora fica de pé e se inclina para Iliah claramente convidando-a subir em seu lombo.

    - Quer que eu suba em suas costas?

    - Ei, isso pode não ser uma boa ideia!

    - Ótima ideia! Seu amigo pode nos seguir a pé e no chão! –desde quando Iliah se tornou tão imprudente? – Eu nunca voei em toda a minha Daila, por favor, peço que seja cuidadosa comigo!

    - Iliah, estou falando sério! Pode ser perigoso voar em um leão alado! –estou praticamente suplicando para ela não fazer essa idiotice. – Não quero que você corra nenhum perigo e...

    E antes que eu termine a frase, Daila levanta voo com Iliah em suas costas. Os curiosos que já estava nos observando ficam maravilhados com a coragem de Iliah e ouço exclamações de admiração por todos os lados.

    Após alguns minutos as duas desaparecem de vista rumo ao bosque. O que aconteceu com o dever de Daila de me proteger? Supostamente para me proteger ela não deveria sair do meu lado, certo? Esses leões definitivamente não vão com a minha cara.



    Cerca de trinta minutos de caminhada depois, alcanço o bosque e encontro Iliah sentada na grama em nossa colina florida. Daila dorme tranquilamente próxima aos seus pés.

    Com passos incertos, me aproximo cautelosamente de Iliah e me sento ao seu lado.

    Iliah está com as pernas encolhidas e o queixo apoiado em seus joelhos como se tivesse se protegendo de algo. Ela não levanta a cabeça para me olhar. Horrorizado percebo que é de mim que ela está tentando se proteger.

    Eu tinha ensaiado um enorme discurso repleto de lindas palavras românticas, mas atordoado com a possibilidade de tê-la magoado ao ponto de ela querer se proteger de minha presença, disparo de uma vez:

    - Casa comigo!

    Iliah levanta a cabeça de supetão com os olhos arregalados.

    - O que você disse?

     - Desculpe-me! Não era assim que eu pretendia te pedir em casamento. –as palavras se atropelam uma atrás da outra, mas não consigo parar agora que comecei. – Na verdade pretendia me ajoelhar e confessar o meu amor por você com todas as belas palavras que você merece, mas como já está sentada, isso atrapalhou o que tinha ensaiado. E também ainda não tenho um anel para te dar porque mais uma vez fugi de casa e...

    - Sim, Karus! –ela me interrompe.

    - O quê? –agora sou eu que não consigo acreditar em meus ouvidos.

    - Eu disse sim! Aceito me casar com você! –e ela se atira em mim enlaçando os braços em meu pescoço. – Não preciso que você me diga palavras bonitas e nem de um anel! Tudo o que eu preciso saber é se você...

     - Eu te amo Iliah! –confesso sem hesitar. – E não quero passar nem mais um dia longe de você por toda a minha vida!

    Sinto lágrimas em meu pescoço e delicadamente a afasto segurando seu queixo como se ela fosse feita de cristal.

     - Por favor, não chore minha doce Iliah! –odeio ver lágrimas em seus olhos de amêndoa.

     - São lágrimas de alegria! –ela diz entre soluços. – Não sabe o quanto senti a sua falta durante todo esse tempo!

     - Me perdoe por tê-la deixado e por tudo o que eu lhe disse! –imploro.

     - Isso já é passado! O importante é que voltou para mim e está aqui agora! –seu sorriso em meio as lágrimas me aquece mais dos que os dois sóis sobre nossas cabeças. – Eu também amo você, Karus! Como nunca sonhei amar alguém!

     Suas palavras fazem meu peito borbulhar de alegria e a beijo como se não houvesse amanhã.




Iliah

    Ele está aqui! Ele voltou por mim! Ele me ama e quer se casar comigo! Serei sua esposa e ele será meu marido! A alegria que sinto é tanta que parece que meu peito irá explodir! Não consigo conter tanta felicidade dentro de mim! Quero gritar e dizer a todos o quanto estou feliz!

    - Eu preciso ir! –digo me separando de seus lábios.

    - O quê? –ele pergunta confuso. – Por quê?

    - Preciso contar a minha família! –me posto de pé tão rápido que quase tropeço em minhas próprias pernas.

    Quero contar a minha família que irei me casar com o homem que amo. Mal consigo conter a minha ansiedade. Quero compartilhar a minha alegria com eles.

     - Iliah, espere! –ele segura o meu braço para impedir os meus passos apressados. – Eu irei com você! Pedirei a sua mão ao seu pai como se deve, mas antes precisamos conversar!

    Sinto a urgência em sua voz, algo o aflige e muito.

    - Estou escutando, Karus. –ele tem toda a minha atenção. – Pode falar.

    - Meus pais, eles... Eles provavelmente não aceitarão bem o nosso casamento e com certeza farão de tudo para me impedir se souberem de minhas intenções antes que o matrimônio seja realizado. –suas palavras são como uma nuvem negra que obscurecem a minha alegria. – Por essa razão quero me casar com você aqui e só depois que estivermos casados levá-la para conhecê-los.

    - Por que seus pais não aceitarão o nosso casamento? –minha garganta começa a se apertar e meus olhos ardem com vontade de chorar. – Por que não poderemos contar com a benção de seus pais em nossa união sagrada? Acha que eles não irão gostar de mim?

     Karus sem sombras de dúvidas notou meus olhos marejados e me puxa para um abraço apertado.

    - Iliah, meu amor, tenho certeza que eles irão amar você. –ele diz com convicção enquanto acaricia os meus cabelos. – Só precisam de tempo para poderem te conhecer. E eles terão todo o tempo do mundo depois que nos casarmos!

    - Mas Karus, por que eles não serão a favor do nosso casamento?

    - Eles... Eles... Eles acham que podem escolher por mim.

     Isso eu posso entender. Quando Sensys começou a me cortejar, eu não tinha nenhum interesse nele, mas como minha família o via com bons olhos, acabei aceitando seu pedido de namoro. Assim como posteriormente me tornei noiva dele simplesmente para agradá-los. Sensys sempre foi a escolha da minha família e não minha.

     Sei que a resposta de Karus é um tanto vaga, mas tenho medo de me aprofundar no assunto. Tenho medo que se eu souber os motivos dos pais dele, eu mesma me obrigarei a não aceitá-lo. Por isso não faço mais perguntas. Apenas aceito a palavra dele que eles me aceitarão com o tempo.

     Me permito ser consolada nos braços de Karus por mais alguns minutos e então me afasto.

    - Agora eu tenho que ir! – me obrigo a colocar um sorriso no rosto.

    Não quero deixar que nada e nem ninguém estrague a minha felicidade.

    - Iliah, eu irei com você!

     - Não, Karus! Quero ir sozinha contar a eles! –tenho que amansar a minha tia primeiro para não correr o risco de ela o colocar para correr assim que ele disser a palavra casamento. – Vamos te esperar para o jantar, assim você pode fazer o pedido oficial após a refeição.

     - Há algo sobre mim que você precisa saber! Eu...

    Coloco a ponto de meus dedos sobre os seus lábios o calando.

    - Depois você me conta! –peço sorrindo. – Hoje quero que sejam apenas alegrias em nosso dia. –tenho certeza que seja lá o que for que ele queira me contar, me trará muitas angustias, por isso o impedi de continuar. – Vamos deixar as preocupações para amanhã.

     Seus olhos refletem um misto de alívio e tensão ao mesmo tempo. Sei que ele está debatendo consigo mesmo, mas por fim assente resignado ao meu pedido.

    Fico na ponta dos pés e dou um beijo suave em seus lábios. Em seguida me viro e afago as orelhas de Daila que mais uma vez ronrona alegremente com o carinho.

    Foi maravilhosa a sensação de voar com ela! Nunca me senti tão livre em toda a minha vida. Seu pelo macio em contato com a minha pele enquanto o vento forte soprava os meus cabelos, foi mágico! Como se o mundo me pertencesse somente a mim!

     Com um olhar sobre o ombro, jogo um beijinho no ar para Karus e saio correndo colina abaixo. E durante o percurso, um pensamento me ocorre. As carruagens da comitiva real de Tatris eram puxadas por leões alados. Todos tão belos quanto Daila. Será comum que todos os habitantes de Tatris possuam esses animais? Deixo o pensamento de lado por enquanto. Karus pode responder essa minha curiosidade depois.




Ráahra

    Encontro Iliah correndo afoita do bosque. Ela exala felicidade por cada poro de seu corpo e o sorriso em seu rosto é tão imenso que poderia conter as sete luas.

    Assim que me vê, seu sorriso consegue a façanha de ficar ainda maior e ela se atira em mim com um abraço apertado.

    - Ráahra, minha amiga, você não tem ideia do quanto estou feliz por você ter voltado e estar aqui nesse momento tão especial para mim! –ela diz entre os meus cabelos.

     Sua alegria é contagiante e estou sorrindo com ela.

    - E posso saber qual é esse momento especial? –pergunto fingindo que não sei a que ela se refere.

    - Oh, minha amiga! Você tinha razão o tempo todo! –ela exclama juntando minhas mãos nas suas. – Karus voltou por mim! E ele disse que me ama e me pediu em casamento! Não é maravilhoso?

    - Sim, Iliah! É maravilhoso e não tem ideia do quanto estou feliz por você! –digo com toda a minha sinceridade.

    - Faraahtz veio com você? –seu olhar fica contemplativo por um instante. – Karus e eu ainda não conversamos a respeito, mas acho que iremos morar com a minha família após nos casarmos! Talvez Faraahtz possa nos ajudar a construir um quarto maior!

     - O quê? –ele ainda não contou para ela?

     Tristeza tolda a alegria de segundos atrás e seus lábios tremem ligeiramente.

     - Karus me disse que os pais dele não aprovarão o nosso casamento, por isso acho mais provável que iremos continuar por aqui! – de repente ela balança a cabeça com violência como se estivesse tentando afastar os sentimentos negativos. – Mas iremos viver com a minha família apenas por um tempo! Irei me esforçar para vender mais flores e também irei incentivar Karus a pintar mais! Um dia tenho certeza que ele será um pintor famoso e poderemos ter nossa própria casa!

     Sim, terão sua própria casa! Um lindo e imenso castelo! É o que tenho vontade de responder.

     - E então, onde está Faraahtz? –ela insiste.

     - Ele recebeu um chamado de um amigo, por isso não pôde vir.

     Um chamado de um amigo do Vale Flutuante das Montanhas de Gelo. Um amigo muito misterioso por sinal. Faraahtz se esquivou de todas as minhas perguntas a respeito desse amigo e eu tive que usar toda a minha força de vontade para não espiar. Faraahtz me pediu que não o fizesse e como quero mostrar a ele que pode confiar em mim, estou me comportando.

     - Vocês não brigaram, certo? –minha amiga pergunta aflita por mim.

     - Não se preocupe. Estamos bem! –asseguro sorrindo.

     - Venha, vamos! –ela começa a me arrastar pela mão. – Vou precisar de seu apoio para contar a minha família.



     Alguns minutos depois chegamos a casa de Iliah e como sempre fui recebida por muitos abraços de todos. Vovó Dana logo foi colocando um farto pedaço de pão na minha mão insistindo para que eu comesse. Tenho que me lembrar de parecer um pouco mais saudável da próxima vez que me apresentar dessa forma. Agora, porém já é tarde demais. Se eu ganhar uns quilos de uma hora para hora vai ser muito estranho.

     Depois de enrolar um pouco com uma conversa idiota sobre o clima, Iliah finalmente conta a grande novidade a sua família.

     O silêncio impera por um longo tempo sem que ninguém diga uma única palavra. Por fim, como se era esperado, tia Piane é a primeira a deixar bem claro sua opinião.

     - Por que vocês querem se casar tão rápido? Vocês por um acaso... Você está...

     - É claro que não, tia! –Iliah nega com veemência antes que a tia conclua a insinuação em voz alta.

     Como se ela tivesse deixado espaço na marcação acirrada para eles fazerem alguma coisa. Eles tiveram a minha ajuda em pessoa e até eu tive dificuldade de driblar essa tia!

    - Então você perdeu o juízo, Iliah? –ela esbraveja. – Quer mesmo se casar com um pintor sem futuro? Que nunca nem ao menos vendeu um quadro?

     Tia Piane está tão furiosa que ela está literalmente bufando de raiva. Suas bochechas estão vermelhas e os olhos pequenos quase sumiram em meio ao rosto redondo de tanto que sua testa está franzida. Sinceramente ela está parecendo um sapo. Um sapo muito bochechudo. Preciso morder os lábios para não gargalhar diante da imagem que se forma em minha mente.

    - Tia, como já disse antes, tenho certeza que tudo o que ele precisa é de inspiração! –Iliah argumenta entre suspiros. – E pode haver algo mais inspirador do que o amor?

     - Amor não enche barriga e nem te dá um teto para morar, menina desajuizada!

     Cruzo os braços irritada, pois me sinto pessoalmente ofendida. Através do amor, as pessoas podem superar todos os obstáculos na vida. Definitivamente preciso arrumar um novo amor para tia Piane.

     - Eu sei disso, tia. –Iliah diz com sua voz doce e calma de sempre. – Tenho fé que os deuses irão abençoar nossa união! –eu com certeza irei, minha amiga. – Vou orar para que minhas vendas aumentem e que Karus consiga ser um pintor reconhecido. Ele ainda é um rosto novo no povoado, mas ele pode começar a vender seus quadros na feira. Não tenho dúvidas que logo algum comerciante irá se interessar por um de seus quadros e ele...

     - Onde pretendem morar? –tia Piane a corta com rispidez.

     - Bem, por enquanto acho que podemos ficar no meu quarto mesmo. –Iliah baixa o olhar envergonhada. – Depois podemos fazer uma reforma e ampliar um pouco o cômodo. –ela continua sem coragem de encarar seus familiares nos olhos. – Com tempo poderemos construir nossa própria casa.

    - E pretende deixar que sua amiga durma onde? Ao relento?

     Iliah me dirige um olhar culpado enquanto os outros me olham preocupados e só então me dou conta que estão falando de mim.

    - Não se preocupem comigo! –digo negando com as mãos e a cabeça. – Estou apenas de visita! Tenho minha própria casa!

    A expressão de todos, com exceção de tia Piane, se suaviza e sinto minha alma eterna se aquecer com o calor da bondade dessa família.

    - Gosto de continuar tendo a minha neta por perto! –vovó Dana finalmente se manifesta. – E ainda vou ganhar um novo neto! –ela diz animada.

    - O jovem Karus é um bom rapaz! –vovô Angus declara com seu sorriso banguela.

    - Não se preocupe, prima! –Sehro também se intromete na conversa. – Vou ensinar o seu noivo a ser homem e em pouco tempo ele vai aprender a consertar uma cerca de verdade!

     - Não acredito que estão apoiando essa maluquice dela! –Tia Piane está em ponto de ebulição quando ela se volta para Iliah novamente. – E quanto aos pais dele? O que sabe sobre eles? O que fazem da vida?

     Vislumbro uma ponta de tristeza no olhar de minha amiga, mas ela disfarça rapidamente.

     - Depois que nos casarmos, iremos para Tatris para que eu possa conhecer a família dele.

     - Depois? –a voz de tia Piane sai um tanto estridente.

     - Não seria apropriado que eu viajasse sozinha com ele sem sermos casados. –Iliah é rápida em pensar em uma desculpa.

     - A menina está certa, Piane! –vovó Dana intercede novamente e recebe um sorriso grato de Iliah.

     - E se as intenções do rapaz são sérias, por que ele não está aqui me pedindo a sua mão, filha? –o senhor Jules questiona muito sério falando pela primeira vez desde que a conversa teve inicio.

     Com três passos rápidos, Iliah se ajoelha ao lado da cadeira de rodas do pai e pega as mãos dele nas suas.

     - Ele queria ter vindo comigo, papai! Eu que não deixei, pois queria conversar sozinha com vocês primeiro. Mas o convidei para o jantar e ele fará o pedido oficial.

     - Se casar com esse rapaz é o que você realmente quer, minha filha? Acredita que será feliz com ele?

     - Sim, papai! Casar-me com ele é o que mais quero na vida e tenho certeza que seremos muito felizes juntos!

     - Então quando ele vier essa noite, darei minha permissão para o casamento e também a minha benção! –ele concede acariciando os cabelos da filha.

     Iliah não consegue mais se conter e lágrimas escorrem pela sua face delicada. Só espero que sejam lágrimas de alegria por ter a permissão do pai do que de tristeza por não contar com a benção dos futuros sogros.

     - Jules, você também perdeu o juízo? – agora tia Piane está parecendo um vulcão prestes a entrar em erupção. – Vai mesmo apoiar a sandice da sua filha?

     - Você disse bem, Piane! A filha é minha e sou eu que tomo as decisões com relação a ela. –seu tom autoritário não deixa margem para que tia Piane continue discutindo e o assunto é encerrado.

     Passamos o restante do dia limpando a casa com esmero enquanto vovó Dana fez questão de cozinhar sozinha para seu futuro neto.

     Oito horas da noite e a mesa, presente de Faraahtz e Karus, já está posta forrada com uma bela toalha branca bordada pela própria Iliah. Vovó dana se superou e preparou pratos deliciosos com os ingredientes que encontrou "esquecidos" no fundo do armário.

    Há ensopado de legumes, carne de porco assada, batata doce e pão de aveia. Além de suco de laranja e um vinho que ela não sabia que ainda tinha guardado em seu guarda-roupas.

     Estamos todos esperando em silêncio na pequena sala quando batidas pesadas na porta de madeira ecoam por toda a casa e Iliah dispara para atender com seu enorme sorriso no rosto. 

     Entretanto, seu sorriso murcha quando vê que alguém totalmente inesperado está do outro lado porta.




Karus

    Tomo um banho longo e demorado na estalagem que me hospedei da última vez com Faraahtz. Entretanto dessa vez pude pagar por um quarto melhor que até mesmo tem uma enorme tina de madeira. 

    Pensei que um banho de imersão em água quente ajudaria a relaxar a tensão em meus nervos, mas não fez a menor diferença. Nunca estive tão nervoso antes. Preferia mil vezes dar um dos discursos que Tratus tanto odeia na frente de milhares de pessoas a ter que enfrentar a família de Iliah, mais precisamente a assustadora tia dela.

    Raios! Não deveria ter me acovardado. Deveria ter contado quem realmente sou a Iliah. Não deveria ter deixado ela me calar. Agora será muito pior! Terei que contar toda a verdade a ela na frente de toda a sua família, pois simplesmente não posso continuar mentindo sobre a minha verdadeira origem.

     Tento domar meus cabelos espetados, mas mesmo molhados, eles são um caso perdido e acabado desistindo de fazer eles se assentarem no lugar. Coloco uma camisa branca de linho, calças pretas e um par de botas engraxadas. Quero estar vestido de forma adequada para um pedido formal de casamento, mas não de forma exagerada.

     Pego o relógio em minha corrente que deixei na cômoda para tomar banho e instantaneamente começo a praguejar. Por todas as luas! Estou atrasado como sempre! Meus tutores vivem exacerbando que pontualidade é um requisito básico de um príncipe no qual eu falho miseravelmente. E eles têm toda a razão. Nunca consigo ser pontual em nada!

    Saio apressado de meu quarto e passo pela entrada da estalagem a tempo de ver a comitiva de meu irmão a toda velocidade em uma direção que conheço muito bem.

    Não, não seria possível que... Maldição! Não apenas é perfeitamente possível, como não tenho dúvidas que é para a casa de Iliah que Tratus está indo nesse exato momento! Vou matá-lo!

     Um rugido baixo a minha esquerda chama a minha atenção e me deparo com Daila se inclinando para que eu pegue uma carona com ela.

     - Fico feliz que esteja disposta a me ajudar, Daila! Muito obrigado! –agradeço já subindo em suas costas. – Vamos! Não temos tempo a perder.




Iliah

     Quando abro a porta me deparo com um homem em um pomposo uniforme vermelho com detalhes dourados. Até mesmo luvas brancas ele está usando e não tenho dúvidas que se trata de um guarda real.

     - Boa noite, senhorita! –ele cumprimenta em um tom totalmente formal. – O Príncipe Tratus Orindes Lomanian IV, Príncipe Herdeiro do Reino de Tatris, está aqui em pessoa à procura de uma jovem chamada Iliah! Seria a senhoria a jovem que atende por esse nome?

     O príncipe de Tatris? Em pessoa aqui na minha casa? E como ele sabe o meu nome?

     - Si-sim, sou eu. –gaguejo nervosa de repente.

     - Por favor, peço que todos se curvem em reverência e respeito a presença do futuro monarca de...

     - Isso não é necessário, Henzis! –soa uma voz aveludada atrás do guarda. – Por favor, me dê licença e permita-me falar com a donzela.

     - Alteza, não é apropriado que...

     Entretanto o príncipe não dá ouvidos aos apelos do guarda. Simplesmente passa por ele e se posta a minha frente.

     Não tenho palavras para descrever o rapaz a minha frente, ou melhor, tenho apenas uma. Lindo. Nunca vi rapaz de tamanha beleza antes. E se achei que o guarda estava vestido de forma pomposa, não chega nem perto do luxo que o príncipe está trajando. Calça preta de linho, camisa branca de seda com intricados bordados dourados nas mangas e uma túnica azul escuro com mais desenhos elaborados. O príncipe me olha e me oferece um tímido sorriso de covinhas.

     - Me permitiria entrar em sua casa para que possamos conversar, senhorita Iliah?

     Há algo de familiar no príncipe, mas não sei dizer o que é.

     - É claro que pode entrar alteza, mas receio não ter as acomodações apropriadas para recebê-lo em meu humilde lar. –respondo com toda a educação e formalidade que consigo lembrar.

     - Eu que peço desculpas por vir tão tarde sem ser formalmente convidado, mas o assunto que me traz até aqui é de extrema importância.

     Não me sinto a vontade com a presença do príncipe e meu verdadeiro desejo é que ele e seus guardas partam imediatamente. Contudo, quem sou eu para dizer não a alguém da realeza? E de uma realeza tão importante quanto Tatris?

     Recuo um passo dando passagem ao príncipe que entra em minha casa sem cerimônias. O guarda faz menção de segui-lo, mas o príncipe o freia apenas com um olhar.

     - Me aguardem do lado de fora, por favor.

     - Mas alteza... –outro olhar apenas e o guarda se silencia.

     A porta é fechada pelo mesmo guarda e agora o príncipe está em nossa pequena sala com os olhares atônitos de toda a minha família sobre ele. Apenas Ráahra se mostra indiferente a presença dele.

     - Sehro, levanta já daí! –tia Piane como sempre é a primeira a sair do choque. – Seja educado e deixe o príncipe se sentar!

     Meu primo estava sentado em um caixote que improvisamos para nos servir de banco, mas rapidamente obedece sua mãe e oferece o lugar ao príncipe.

     Subitamente me sinto envergonhada de não ter ao menos uma cadeira mais confortável para oferecer ao rapaz que um dia será rei, mas não pedirei que meus avós idosos desocupem as melhores cadeiras que temos. Embora eles mesmos tenham começado o movimento de se levantarem para ceder lugar ao herdeiro de Tatris, bastou um olhar incisivo de Ráahra, para eles permanecerem quietos onde estão.

     - É muita gentileza de sua parte, rapazinho. –o príncipe agradece, mas não se senta.  - Muito obrigado, mas estou bem de pé.

    Ele se volta para mim, ainda parada próxima a porta e sorri mais uma vez.

     - Já vi tantos retratos seus, que sinto como se a conhecesse há anos.

     Enrugo a testa confusa.

     - Retratos meus? Onde?

     - Mas tenho que dizer. –o príncipe continua como se eu soubesse do que está falando. – Embora ele seja o pintor mais talentoso que conheço, a senhorita é ainda mais bela pessoalmente!

      Antes que eu consiga ao menos formular uma pergunta para entender a que ele se refere, a porta de casa é aberta com um forte estrondo e Karus adentra como se tivesse corrido por um dia inteiro.

      Ele olha para mim com desespero e preocupação estampados em cada traço de seu rosto e em seguida encara o príncipe com fúria no olhar.

      - O que está fazendo aqui, Tratus?

      - Irmãozinho, achou mesmo que eu iria permitir que você se casasse as escondidas?

      Irmão? Se Karus é irmão de um príncipe, isso faz dele... Meu queixo despenca de minha boca!

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     O acharam do príncipe Tratus, futuro rei de Tatris?  Amanhã será a despedida desses personagens. Aproveitem e leiam com muita atenção.  Comentem, comentem e comentem muito rsrrs E Não se esqueçam de clicar na estrelinha! Beijos ^_^

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