Capítulo 8
Então, sem desculpas dessa vez. Enrolei mesmo. Espero que gostem desse capítulo tanto quanto eu gostei de escrevê-lo. Como sempre, peço que votem, comentem e divulguem para os amigos ^_^. Nos capítulos anteriores, postei imagens para ajudar a visualizarem melhor a história. No capítulo 3 temos o fofo do Larcan, no 4 temos Lorde kadrahan e no 5 temos o Príncipe Nars rsrs. Beijos e adoro todos vocês.
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Volto a me deitar. Preciso pensar. Juntar as peças do quebra-cabeça.
Fatos que podem indicar que não sou uma bruxa. Estive em Sadewa, lugar sagrado onde nenhuma bruxa seria capaz de entrar. E o que mais? Bem, isso deveria ser a prova definitiva e encerrar a questão, mas... Há os fatos que indicam que posso ser uma bruxa, como ser alérgica a nascan, ter visões do futuro e agora me curar milagrosamente. Três fatos contra um. Porém se posso me curar tão rápido, por que demorei tanto tempo para me recuperar quando caí do penhasco? Um pensamento que tento ignorar, diz "uma pessoa normal teria morrido ao cair de um penhasco". Khrratz! Zarmey!
Puxo o lençol até cobrir a minha cabeça.
Parando para pensar, desde que Snotra me encontrou não me machuquei de verdade novamente. Mesmo na vez que fui tentar esculpir na madeira, o corte com o canivete não passou de um arranhão que não deixaria cicatriz em ninguém. Então não tenho outra situação para comparar com a atual.
Será que todas as bruxas se curam tão rapidamente? Essa é mais uma característica delas? Nunca me dei ao trabalho de saber mais sobre as bruxas e o que as define como tal. Não quero perguntar a Lorde Kadrahan. Dras o confundiu ao dizer que estive em Sadewa e talvez sem ter certeza de minha natureza, ele passe a me tratar um pouco melhor. E por que quero que ele me trate melhor? Ele tem uma noiva a quem ama. É por ela que estou aqui para começo de conversa. Para ajudar a trazê-la de volta para os braços dele. Khrratz! O que eu...
Com tantas perguntas explodindo na minha cabeça, só noto que alguém entrou na tenda, quando o lençol é puxado de repente de cima de mim.
- Aédris, você está viva!
Vanshey me puxa para um abraço antes mesmo que consiga me cobrir.
- É claro que estou viva! Agora me solta! –tento me livrar de seu abraço, mas ele me aperta ainda mais forte.
- Lorde Kadrahan proibiu a mim e ao Dras de vir lhe ver! E o Tov realmente não me deixou entrar. –ele está falando tão rápido que atropela as palavras. – Só consegui entrar agora porque Dras está distraindo o Tov e o General está ocupado. E quando entrei e vi seu corpo imóvel coberto pelo lençol, achei que ele tinha mentido para mim e você estava... Eu achei que...
Ainda estou tentando empurrá-lo para longe de mim, quando sinto algo molhado no meu pescoço seguido de uma fungada. Ele está chorando? Paro de tentar afastá-lo e ele me aperta com mais força.
Não consigo retribuir o abraço porque sei o que significará para ele. Então apenas dou tapinhas de conforto nas suas costas e digo:
- Eu estou bem, Larcan. Estou bem.
Ele se afasta um pouco. Seus olhos estão marejados e vermelhos.
- É a primeira vez que você diz o meu nome. –seu sorriso de pura alegria me comove.
Então seu olhar desce. Não sei quem fica mais vermelho de vergonha e antes que eu consiga puxar o lençol...
- Estou atrapalhando? –a voz de Lorde Kadrahan soa mais corrosiva que ácido.
- Não é o que parece. –finalmente consigo me cobrir com o lençol.
- Você não precisa se explicar para ele! –Vanshey grita já de pé. –E por que não permitiu que eu a visse antes se ela já está bem?
- Porque ela não está vestida adequadamente. –com ironia, ele completa. -Desculpe-me se não sabia que você tem o hábito de visitá-la quando ela está seminua.
- Já chega! Para fora os dois! –eles não se movem. –AGORA!
Vanshey é o primeiro a se mexer, mas Lorde Kadrahan permanece imóvel feito uma estátua.
- Você não vai sair também? –pergunta Vanshey desconfiado.
- Quem tem que sair é você, moleque! –Lorde kadrahan se move dando passagem a Vanshey. – Eu vou trocar o curativo dela.
Epa!
- Já estou melhor e posso muito bem trocar meu curativo.
- O ferimento estava horrível da última vez que vi. –ele se aproxima e se abaixa ao meu lado. –Mas tudo bem, ele pode ficar, já que obviamente não se importa que a veja assim.
- Não! –o que devo fazer? Quero me livrar dos dois, mas Vanshey claramente é o único que fará o que eu mandar. –Vanshey, por favor...
Ele parece magoado e sai sem dizer nada. Lorde Kadrahan se larga ao meu lado. Com uma perna esticada e outra dobrada onde apoia o braço.
- Prefere me aturar a deixar que ele veja a aberração que você é? –há amargura em sua voz.
- Eu... Ei, você sabe que...
- Que não há nem mesmo uma cicatriz no local do seu ferimento?
- Então por que disse que...
- Suas surpreendentes habilidades de luta te fizeram ganhar o respeito dos soldados. Muitos deles não param de me importunar para saber como você está. –ele suspira resignado. – É melhor continuar fingindo que ainda não se recuperou totalmente. Lembrá-los que é uma bruxa, não seria uma boa ideia.
- Está querendo dizer que as bruxas também podem...
- O que você acha? –ele se levanta. – Suas roupas estão ali, diz apontando para um canto. –Se vista. Iremos partir para o Ducado de Vanshey em quinze minutos. E lembre-se de fingir um pouco de fraqueza.
Ele sai me deixando com muito mais perguntas do que antes.
Dez minutos depois já estou pronta e saio da tenda. Do lado de fora Rius já está selada e com minhas coisas nela. Não tenho dúvidas que foi Vanshey que a deixou preparada para mim. Procuro por ele, mas não o vejo. Precisamos conversar.
Um soldado que nunca nem ao menos se dignou a me olhar e sei ser o segundo em comando, se aproxima de mim.
- Eu as limpei para você, Lady Aédris. –diz me entregando as cimitarras.
- Obrigada. –digo um pouco sem jeito. Nem lembro o nome dele.
- Sou Eres. –responde lendo meus pensamentos. – Bruxa ou não, você se mostrou digna dessas armas. É uma guerreira acima de tudo. Agora é uma de nós, soldado.
Eres não é tão alto quanto Lorde Kadrahan, mas é uma montanha de músculos. Tem a pele morena, olhos escuros e cabelos negros bem curtos.
Estendo a mão para ele.
- Será uma honra lutar ao seu lado, Coronel Eres. –digo sorrindo.
Ele aperta a minha mão também sorrindo.
- Mas da próxima vez, uma visão nos adiantando o que nos aguarda, não seria nada mal. –diz Oris se aproximando e também sorrindo.
Outros soldados também se aproximam. Uns me elogiando, outros fazendo piadas, mas sem a animosidade de antes.
- É impressão minha ou tem alguns rostos faltando, Coronel?
- O General Kadrahan enviou os soldados com ferimentos mais graves na frente para serem tratados no Ducado de Vanshey.
- Ferimentos mais graves? Pensei que...
- A senhorita foi a que sofreu o ferimento mais grave. – diz se antecipando a minha pergunta. – Lorde Kadrahan só quis poupar tempo para que fossem tratados logo.
Ia fazer mais perguntas, mas um barulho desvia a nossa atenção.
Tov está perseguindo Dras que por sua vez está correndo sobre as quatro patas usando suas garras.
- Acho que Tov vê o volun como um rato grande. –diz Oris gargalhando.
- Chega de conversa! Devemos partir. –comanda Lorde Kadrahan já montado em Ônix.
Seguimos viagem e Vanshey aparece ao meu lado, mas não diz uma palavra. Passamos a correr a toda velocidade deixando os cânions para trás. Dras queria ter vindo comigo, mas Tov o jogou em suas costas e seguiu voando com ele. Algo me diz que Dras não deve estar gostando muito da experiência.
Pouco antes do anoitecer, a paisagem ao nosso redor começa a mudar. Muito verde e árvores enormes começam a surgir. O cheiro de pinho invade minhas narinas e já começo a ficar ansiosa para chegar às terras do Duque.
Chegamos por volta da meia-noite, mas nem parece que é tão tarde, pois aparentemente todas as pessoas que moram no ducado estão nas ruas a nossa espera. O lugar está em festa. As ruas estão bem iluminadas e há música. Posso ver que casas de até três andares ficam a margem de um rio enquanto o castelo do duque fica no alto de uma colina. O lugar parece bem próspero.
Vanshey convida a todos para irem ao castelo, mas a grande maioria prefere a festa das ruas e a companhia de belas mulheres. Isso depois que recebem permissão de Lorde Kadrahan. Nosso pequeno grupo é composto apenas de Lorde Kadrahan, Vanshey, Coronel Eres, Oris e eu. Tov e um Dras muito zonzo também. Mal desço de Rius e pego as minhas coisas e ela sai correndo desaparecendo do alcance de minha vista.
O Duque de Vanshey em pessoa nos aguarda a entrada do castelo. Ele se adianta e corre para abraçar o filho. Quatro meninas nas mais variadas idades estão esperando ansiosas atrás do Duque.
- Filho, fico tão feliz em ver que está bem. –diz o duque visivelmente emocionado. – Os soldados me contaram do ataque que sofreram. Aqueles vermes mascarados estão dando muito trabalho nessa região ultimamente. Matam e saqueiam todos os viajantes dessas bandas.
- Estou bem, pai. –Vanshey sem dúvidas é muito amado pelo pai. – E como estão minhas meninas preferidas no mundo? –ele volta à atenção as garotas e é abraçado por todas ao mesmo tempo.
- O que trouxe de presente? –pergunta a menorzinha de cabelos escuros na altura do queixo. Ela está com uma boneca nos braços e com cara de sono.
- Lena, nosso irmão agora é um guerreiro. –repreende outra de cabelos loiro-escuro e um pouco mais velha que a menor. – Não pode ficar parando no meio de sua missão para nos comprar presentes.
- Por que não, Liz?
- Não precisa ser presentes. Pode ser doces. – diz uma terceira de longos cabelos castanhos claros.
- E onde Larcan arranjaria doces durante uma missão, Lessa? –pergunta a mais velha que deve ser pouca coisa mais nova que Vanshey. Ela é linda e muito parecida com ele.
- Não seja chata, Laashii!
- Tenho algo melhor que presente e doces! –diz Vanshey fazendo suspense.
- O quê? –Lena, a caçula pergunta com os olhinhos brilhando.
- Nascan! Muitas frutas de nascan.
As quatro soltam gritinhos eufóricos e começam a disputar a atenção dele. Enquanto eu sou surpreendida por um abraço do duque. Essa família adora abraços.
- Jovem Aédris, cada dia mais bela. –ele me solta do abraço, mas continua com as mãos em meus ombros. – Soube que foi ferida. Melhor entrarmos para que possa descansar.
Ele finalmente parece se lembrar de seus outros visitantes e se dirige a eles.
- Lorde Kadrahan, Eres, Oris sejam muito bem vindos. –ele aperta a mão de cada um deles. –Pedi que uma ceia fosse preparada para recebê-los. Vamos todos entrar e comer.
- Oris e eu iremos comer depois, Alteza. – Eres informa. –Agradecemos o convite, mas no momento precisamos preparar as provisões que iremos levar, já que partiremos amanhã bem cedo.
- Fins me adiantou o assunto quando chegou com os feridos. –diz o duque. – Já mandei preparar tudo. Vocês podem comer antes.
- Me sentirei mais tranquilo se puder checar tudo primeiro.
- E nada o fará mudar de ideia, Alteza. –Lorde Kadrahan se pronuncia, pois deve conhecer bem seu segundo em comando.
- Está bem. Como preferir. –o duque faz um sinal e um de seus guardas se aproxima. – Chame mais alguns guardas e ajude o Coronel Eres com tudo o que ele precisar.
Seguimos o duque e seus filhos para dentro. O castelo é feito de pedras, mas mesmo assim não fica muito atrás se tratando de luxo se comparado ao Palácio Real. A diferença é que o lugar parece ser muito mais aconchegante. Aqui com certeza é um lar de uma família de verdade.
As meninas que antes pareciam prestes a desmaiar de sono, agora estão totalmente despertas depois que descobriram Tov e Dras. Três delas ficam com eles em uma sala cheia de sofás e um grande tapete felpudo enquanto nós seguimos para uma enorme sala de jantar.
A mesa está farta com inúmeros pratos apetitosos. O Duque senta-se a ponta da mesa com Vanshey a sua direita e Lorde Kadrahan a sua esquerda. Estou tentando me decidir em qual lugar devo me sentar, quando a garota mais velha corre para ocupar o lugar ao lado de lorde Kadrahan. Sem escolha sento-me ao lado de Vanshey.
Ao meu redor sei que os homens estão falando sobre a missão e estratégias de guerra. Entretanto não consigo prestar atenção neles. Só tenho olhos para a comida a minha frente. Um cordeiro assado com ervas e o que imagino ser molho de suco de laranja. Há também peixe temperado com tomilho. Uma ave recheada de legumes, que pelo tamanho só pode ser um peru. Diversos tipos de pães e saladas. E doces divinos. Torta de limão, bolo de lezus, outro de amoras com morangos e um creme de priss. Há vinho e diversos sabores de suco. Não sei por onde começar.
Lorde Kadrahan ao mesmo tempo em que conversa com o duque, escolhe um dos muitos pães, passa creme de priss nele e me entrega decidindo por mim.
- Eca! Você come assim? Que combinação esquisita! –diz a irmã mais velha de Vanshey, qual é mesmo o nome dela?
Não respondo porque estou com a boca cheia. Hum, que combinação deliciosa. Pão apimentado com cobertura doce de creme de priss.
- Cala a boca, Laashii! –Vanshey repreende a irmã enquanto se serve de suco de maçã.
- Já estou sendo preterida por causa dela? –com um sorriso travesso, ela se dirige a mim. –Sabia que ele não parou de falar de você desde que voltou da casa da curandeira?
Vanshey cuspiu o suco que estava bebendo.
- Já não falei para você calar a boca, Laashii?!
Enfio mais pão com creme de priss na boca para não poder falar nada.
- Os dois se comportem. –o duque nem tenta soar severo com os filhos e como se não estivéssemos presentes, volta a falar com Lorde Kadrahan. – Mas devo admitir. Adoraria ter a jovem Aédris como nora. Não acha que ela dará uma bela duquesa um dia, Lorde Kadrahan?
- Ela não tem os modos necessários para se tornar alguém da realeza. –responde rudemente.
- Nada que não possa ser aprendido. –o duque não se abala.
Me sirvo de suco de lezus e bebo para tentar engolir tudo o que enfiei na boca.
- Alteza, já ouviu falar de uma pedra preciosa com as cores das sete luas? –pergunto desesperada para mudar de assunto.
- Está se referindo a lendária Pedra das Sete Luas? –sua atenção estava totalmente em mim agora.
- Lendária?
- Dizem que quando os deuses criaram o nosso mundo, cada um deles criou uma pedra e colocou parte de seu poder nela. Depois uniram as sete pedras preciosas em uma só, dando a ela um imenso poder e a deixaram sob os cuidados de um eremita.
- Imenso poder? Que tipo de poder exatamente?
- Ninguém sabe. A história se perdeu ao longo dos milênios.
- E o que aconteceu com a pedra, pai? –pergunta Vanshey.
- Segundo a lenda, o eremita nunca ficava muito tempo no mesmo lugar para garantir a segurança da pedra. –o duque bebe um gole de vinho antes de continuar. – Alguns dizem que ele a escondeu em um dos muitos lugares pelo qual passou. Outros dizem que mercenários o perseguiram e o assassinaram para lhe roubar a pedra. Há quem diga que ele deixou sob os cuidados de alguém de confiança antes de morrer passando de geração em geração.
Preciso ter uma conversa muito séria com Dras. É bem provável que a pedra na minha trouxa seja uma imitação, mas ainda assim preciso descobrir onde ele a encontrou.
- Duvido que essa pedra realmente existiu. –fala Laashii descrente. – Por que os deuses criariam uma pedra com tanto poder e a entregariam para um simples mortal?
Boa pergunta.
- Há uma misteriosa profecia entorno dessa pedra.
- Que profecia? –pergunto ávida.
- Dizem que apenas sete pessoas daquela época, além do eremita, foram escolhidas para saber sobre o teor dessa profecia. E isso nunca foi contado nas lendas.
- Khrratz! –Laashii me olha horrorizada por causa do palavrão dito a mesa. – Desculpe-me, alteza. Escapou. Mas se foi dito para sete pessoas da época da criação do mundo, então o segredo da profecia se perdeu quando elas morreram.
- Talvez elas tenham passado a informação para seus descendentes de geração em geração também. –diz Lorde Kadrahan em um tom como se estivesse pensando em voz alta.
- É apenas uma lenda, por que estão tão interessados? –pergunta o duque. – Se Snotra quer essa pedra em troca para conceder sua mão ao meu filho, garanto que será difícil até mesmo para mim. –ele solta uma gargalhada alta rindo da própria piada.
- Acho que devemos nos apressar em terminar de comer e irmos dormir um pouco. Partiremos assim que o primeiro sol nascer. –Lorde Kadrahan encerra o assunto.
Terminamos a refeição quase sem nenhuma conversa depois disso. Ele consegue fazer que até mesmo o duque siga seus comandos.
Depois Laashii me leva até o quarto onde poderei descansar por algumas horas. Quero que ela me deixe dormir logo, mas ela para a porta e segura minhas mãos nas suas.
- Quero lhe dizer que vou adorar te ter como cunhada e que quero muito ser sua amiga. –diz como se a data do suposto casamento já estivesse marcada.
- Eu... Nós... O seu irmão e eu, nós não... –Zarmey! Por que estou me atrapalhando tanto com as palavras?
- Bobinha, não precisa ficar constrangida. –seu sorriso tão parecido com o do irmão vai de orelha a orelha. – Sei que depois do Príncipe Nars, é com o meu irmão que todas as donzelas sonham em se casar. – ela abaixa a voz para um sussurro. – Mas garanto que ele só tem olhos para você desde a primeira vez que te viu quando estava doente.
Não sei o que dizer. Posso fugir agora?
Ela é mais baixa do que eu e tem que se esticar um pouco para me dar um abraço de boa noite. Família que adora abraços.
Entro no quarto e me escoro na porta. Como vou conseguir dormir com tanto para pensar?
- Será que podemos conversar um pouco antes de você dormir? –meu coração quase salta pela boca ao som da voz de Vanshey.
- Quer me matar de susto, Vanshey! –digo levando a mão ao coração. – Como você chegou aqui antes de nós?
- Peguei um atalho. Conheço esse castelo melhor do que qualquer um.
- Preciso dormir, Vanshey. – a verdade é que estou sem um pingo de sono, já que acordei depois do meio-dia. – Seja o que for que queira dizer, pode ficar para depois.
- Não, não pode. Duvido que terei outra chance de conversar com você a sós depois dessa noite.
Por que esses irmãos não me deixam fugir?
Ele pega a minha mão e me faz sentar em um sofá perto da enorme cama de dossel.
- Só peço que me deixe falar tudo o que quero antes de dizer qualquer coisa, tudo bem?
Aceno em concordância. Duvido que serei capaz de dizer qualquer coisa mesmo.
- O que minha irmã disse é verdade. Desde que te vi pela primeira vez, não consigo parar de pensar em você. Mesmo doente como estava, você era tudo o que eu conseguia ver. –ele sorri ao se lembrar. –Lembro que você me fazia beber água na marra e a verdade é que quase me afogava todas as vezes. Mas tudo que pensava era o quão bela você é.
Engulo em seco.
- Depois que me recuperei e voltei a te encontrar no Centro de Aprendizagem, tentei me aproximar e ser amigável, mas você passou direto por mim sem me reconhecer.
O que ele esperava? Eu o conheci cheios de erupções nojentas em todo o seu corpo. Demorou um tempo até eu descobrir que o belo rapaz que estudava comigo era o filho do duque.
- Fiquei furioso por você não me reconhecer sendo que eu sonhava com você todos os dias desde que te conheci. –ele desvia o olhar envergonhado. – Por isso passei a implicar com você. Era a única maneira que encontrei de chamar a sua atenção.
Olho para todos os lados. Não consigo encarar a intensidade de seu olhar com tudo o que está me dizendo.
- Sei que a minha mudança súbita de comportamento deve ter assustado você. –ele segura meu rosto entre suas mãos e me obriga a encará-lo. – Mas você não é a única que acha que essa é uma missão suicida. Sei que há um grande risco de morrermos pelo caminho e não queria, ou melhor, não quero desperdiçar minutos preciosos de nossas vidas brigando com você, quando na verdade tudo o que mais quero é...
- Vanshey, eu não...
- Sshhii. –ele coloca dois dedos sobre os meus lábios. – Não quero que me responda nada agora. Quero apenas que pense e me dê uma chance.
Ele se levanta, dá um beijo em minha testa e caminha até a porta. Mas antes de fechar a porta atrás de si, diz:
- Irei provar que sou muito melhor que ele.
E me deixa com um peso enorme em minhas costas. Me jogo de bruços na cama sem ao menos tirar as botas. Por que Vanshey tinha que me dizer essas coisas? Sei que o mais sensato seria dar uma chance a ele e tirar Lorde Kadrahan da cabeça, afinal o coração dele já tem dona, mas simplesmente não consigo. E não seria justo com Vanshey dar esperanças a ele enquanto meu coração está com outro.
Decido pensar nisso tudo depois. Devo me concentrar na Pedra das Sete Luas. Achar Dras e conversar com ele será a primeira coisa que farei pela manhã. Ao contrário do que esperava, adormeço instantaneamente após tomar essa decisão.
Durante o rápido café da manhã, mal levanto a cabeça para evitar encarar Vanshey.
Depois vou atrás de Dras, mas não o encontro em parte alguma e quando ele finalmente aparece com Rius, toda a tropa já está reunida em frente ao castelo pronta para partir.
A paisagem do alto da colina é linda a luz da manhã. Logo abaixo do castelo, é possível ver as ruas e as belas casas do ducado a margem do rio. Estou prestes a subir em Rius quando uma enorme rocha a beira da colina chama a minha atenção e caminho até ela. Sinto que mais de uma pessoa me segue, mas os ignoro.
Há uma inscrição na rocha. "Elairrah Darätzsalah shileirissh hailis. Vrätsaran tarum."
- "Guerreiros Darätzsalah nunca morrem. Vivem para sempre"? –pergunto em voz alta.
- Consegue ler o que está escrito aí? –ouço a voz incrédula de Vanshey a minha esquerda. – Consegue entender esses símbolos? Ninguém nunca foi capaz de decifrar essa inscrição!
Epa!
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Revelações, momento romântico e mais revelações! Curtiram? Não se esqueçam de votar *-*
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