Capítulo 35
Como prometido, aqui estou eu com mais um capítulo. Espero que gostem. Em breve teremos mais um quiz com brindes exclusivos, então se preparem, prestem muita atenção em tudo e revisem os capítulos anteriores, porque dessa vez será muito mais difícil kkkk. Amanhã vou começar a responder os comentários de todos e comentem muito mais nesse capítulo ^_^ Obrigada por tudo. A música dessa vez foi sugestão da minha primeira Enciclopédia e acho que tem tudo a ver com a história, Fell Invincible do Skillet. Muito obrigada Isa_Lightwood E o capítulo é dedicado a uma leitora que me permitiu usar o seu lindo nome em uma personagem. Muito obrigada, Sisy *_* Amo vocês meus queridos arco-íris ❤❤❤❤
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Depois de me garantir que Kadrahan e os outros já devem estar esperando por nós no salão de jantar, Rius me guia por corredores e mais corredores, escadas e mais escadas, cômodos e mais cômodos por minutos intermináveis. O lugar parece um labirinto sem fim, entretanto o palácio não poderia ser mais lindo. É refinado, mas sem exalar ostentação em cada cômodo. Muito pelo contrário, é um lugar acolhedor e assim como no Castelo de Vanshey, passa a sensação de ser um verdadeiro lar.
- Durmo por algumas horas e você já decorou todos os caminhos desse palácio? –pergunto curiosa.
- É claro que não! Esse lugar é enorme! –ela constata o óbvio. – Estou apenas seguindo o cheiro da comida!
Ter olfato apurado pode ser muito útil afinal.
Chegamos a mais uma escadaria, mas essa é diferente das outras. Ela é especial. É encantadora de tão linda. Toda adornada com belíssimas flores cor de rosa que deixam no ar uma adorável fragrância.
E ela nos leva ao que acredito ser o salão de bailes. Um ambiente gigantesco que facilmente deve acomodar centenas e centenas de pessoas. Inúmeros portais no formato de arcos levam a outros cômodos enquanto grossas colunas sustentam o teto alto repleto de pinturas florais. Aliás, a condessa certamente é apaixonada por flores, já que há vasos com flores coloridas por todos os cantos.
Atravessamos o grande salão e passamos por um dos arcos que nos leva a mais um corredor. O burburinho de vozes somado ao aroma delicioso de comida, que finalmente alcança as minhas narinas, indica que estamos chegando ao salão de jantar. Porém antes de sequer chegarmos ao cômodo adjacente, dou de cara com uma parede.
Uma parede elegantemente vestida. Na verdade não se trata de uma parede e sim de uma muralha. Uma muralha muito familiar, mas ao mesmo tempo completamente desconhecida.
- Antúrix?! –sou incapaz de esconder o meu choque e fico de queixo caído.
Elegantemente vestido em um traje formal de cavalheiro, meu irmão está simplesmente irreconhecível. Seu sobretudo azul marinho destaca seus ombros largos e braços fortes. Já por baixo está usando uma camisa branca engomada que imagino ser de seda pura e um colete em um tom um pouco mais claro que o casaco. A calça que parece feita sob medida é de um tom escuro, mas não preta, e de alguma forma combina perfeitamente com os sapatos lustrosos que substituem as tradicionais botas de couro surrado que meu irmão sempre usa.
Ele até mesmo está usando um lenço no pescoço!
Mas a maior mudança está em seu rosto, se é que possível. Ele fez a barba e deu fim ao seu característico cavanhaque enquanto seus cabelos foram domados em um rabo de cavalo charmoso preso na nuca.
- Quem é você e o que fez com o meu irmão? –demando com as minhas mãos prontas para lançarem chamas a qualquer segundo.
- Náyshilah? É você mesma? –meu irmão está me olhando com uma expressão de choque que deve refletir a minha. – Achei que depois do seu casamento nunca mais te veria usando vestido!
- Olha só quem fala! –exclamo. – Tenho certeza que nunca te vi assim antes!
- E nunca viu mesmo! –Rius se intromete tão chocada quanto eu levando a mão à testa dele. – Você está com febre, Antúrix?
- Seu moleque serviu para alguma coisa, Rius! –Antúrix responde parecendo um pouco constrangido por ter pedido ajuda de Vanshey, o que me deixa ainda mais desconfiada.
O que o meu irmão quer para ter recorrido ao Vanshey?
- Meu amado irmão Montanha, você está bem?
Em resposta a minha pergunta, Antúrix enlaça um dos meus braços no dele e o de Rius no outro enquanto nos guia para o salão de jantar.
- Os homens de vocês estão esperando lá dentro! Espero que eles tenham nos reservados os melhores lugares!
- Antúrix, não fuja do assunto! –estou seriamente tentada a puxar o rabo-de-cavalodele. – Está parecendo a Rius!
Ganho um olhar rabugento de Rius devido a minha provocação, mas agora sou eu quem a ignoro.
- Irmãzinha, nós Darätzsalah acima de tudo somos excelentes estrategistas e como tal muitas de nossas vitórias se deve ao fato que sabemos escolher a arma adequada para cada combate! –ele me dá uma piscadela acompanhada de um sorriso malandro enquanto acrescenta. – E hoje essas roupas são as armas que preciso!
- Com certeza tem mulher nessa história mal contada! –Rius afirma diante de minha expressão ainda confusa. – Ou melhor, mulheres, no plural, se tratando de Antúrix!
É claro! Para o meu irmão ter se dado ao trabalho de se arrumar tanto, o motivo só pode ser mulher, como sempre!
Por fim adentramos o grande salão de jantar que já está lotado com nossos bravos guerreiros e mais alguns rostos desconhecidos.
O lugar também é imenso e está repleto de mesas redondas por todos os lados.
Só há uma única exceção. A frente do grande salão, em um patamar mais elevado, uma suntuosa mesa retangular muito maior do que as redondas se destaca no recinto e é para lá que Rius nos guia.
Então eu o vejo.
Kadrahan, lindo como há muito tempo não o via. Usando um traje tão elegante quanto Antúrix, quase tudo em preto, a não ser a camisa branca, mas de algum modo às roupas sóbrias e cavalheirescas combinam muito mais com ele do que com o meu irmão. E não poderia ser diferente, apesar de ter me esquecido disso ultimamente, meu marido embora seja um guerreiro excepcional, também é um autêntico lorde.
Ele se levanta para me receber e beija a minha mão. Em resposta ao galanteio, eu me inclino levemente levantando um pouco a saia do vestido e...
Eu fiz o quê? O que acabei de fazer?
- Parece que o tempo que passamos em Ismirsha serviu para alguma coisa! –Rius provoca as minhas costas.
Ela realmente não tem nem um pingo de medo de Kadrahan!
As feições dele endurecem no mesmo segundo a menção de Ismirsha, mas logo ele mascara suas emoções e sorri para mim.
- Brësstza! -"linda", ele diz em Darätzsalah. - Você está linda! –ele me elogia com olhar apreciativo. – Mas...
Mas? O que esse "mas" quer dizer? Não deixei Rius me fazer de boneca para ouvir qualquer tipo de "mas"!
- Esse vestido não está apertando demais para os pequenos? – ele finaliza a frase parecendo realmente preocupado com algo tão tolo.
- Ah, isso! –se eles foram capazes de lidar com a mãe deles lutando corpo a corpo contra cernis, bruxas, damera e deusas, não será uma roupa que irá incomodá-los... – Não, eles estão bem. –garanto sorrindo. – Só estão com fome!
Agora fome sim é um assunto sério para eles e para não irritá-los, corro os olhos pela farta mesa do banquete tentando decidir o que vou comer primeiro para atender os meus fedelhos.
Kadrahan prontamente puxa a cadeira para eu me sentar enquanto pelo canto dos olhos vejo Vanshey fazer o mesmo por Rius. E por mais que eu queira acreditar na boa educação de meu amigo, tenho a nítida impressão que o ato de gentileza foi apenas para fazer Rius desviar o olhar assassino que ela dirigia a princesa. Rius não faz a menor questão de esconder a animosidade que sente pela princesinha e é impossível que Myris não tenha notado o olhar feroz de minha amiga, mas apesar de se encolher quase que imperceptivelmente, ela cumprimenta os dois com um sorriso meigo e amigável.
Mas o meu amigo aprendiz de duque foi muito bem sucedido em distrair Rius, pois no momento ela parece ter olhos só para ele. Vanshey voltou a se vestir como o engomadinho de antes, mas pelo menos agora sei que ele não é um metido esnobe como pensei que fosse. E minha amiga nem se dá ao trabalho de tentar disfarçar o quanto o está achando belo em seu traje de cavalheiro.
E ainda bem que há muito espaço entre uma cadeira e outra, pois esse monte de saias realmente ocupa tudo ao seu redor.
Depois de finalmente conseguir me ajeitar na cadeira, observo os convidados à mesa.
Kadrahan se sentou a minha esquerda com Rius ao seu lado seguida por Vanshey. A cadeira a minha direita ainda permanece vazia e tenho a impressão que é reservada a condessa. Após o assento vazio, o Príncipe Nars ocupa a cadeira seguinte com a sua irmã logo depois. E muito contrariada tenho que reconhecer que ela está linda em seu belo vestido cor de rosa. Um vestido encantador digno de uma princesa. Vestido que por sinal tem mangas de verdade. Mangas rendadas, mas ainda assim mangas realmente uteis e vejo isso como uma afronta pessoal.
Eres ocupa a cadeira a direita da princesa feito um cão de guarda fiel. Mas Séehlon e Hore também estão ao lado deles para garantir que os nossos reféns se comportem. Érishi está sentada a minha frente e sinto uma enorme afinidade com ela ao notar que ela parece tão desconfortável quanto eu em seu lindo vestido verde-água. A sua esquerda há dois lugares vazios que imagino estar à espera de Niklaus e Menélope. Sem sombras de dúvidas a Condessa já foi informada dos hóspedes extras e realmente não sei se será uma boa ideia ter a bruxa dividindo a mesma mesa com guerreiros que ela já deixou seriamente feridos mesmo que tecnicamente ela esteja do nosso lado...
Oris que está do outro lado de Érishi, está com uma aparência horrível. Seu semblante que sempre foi jovial e alegre, agora apresenta olheiras profundas, uma barba por fazer e cabelos totalmente bagunçados. A perda de seus amigos o deixou extremante abatido e Érishi tenta, sem muito sucesso, confortá-lo contando a ele estórias sobre a Floresta dos Necessitados e seus diversificados moradores. E embora o Príncipe Nars pareça entretido em uma conversa com a irmã, sei que seus ouvidos estão atentos a tudo o que se é dito a mesa. Definitivamente tenho que ficar de olho nesse príncipe.
Aliás, amanhã minha lista de afazeres será longa. Tenho que arrancar algumas verdades de muita gente.
Começando pelo futuro defunto, depois será a vez desse príncipe de mármore, também tenho que ter uma conversa muito séria com o feiticeiro, então tenho que induzir uma confissão de Vanshey e por último tenho que obter mais informações sobre a bruxa sugadora de vida com a bruxa desvairada.
É, terei um longo dia pela frente. Ao menos espero que os guerreiros de nossa tropa possam aproveitar o dia melhor que eu amanhã.
No entanto os guerreiros em questão parecem um tanto distraídos. Lujos, Bulian, Tanris e Encas não param de olhar para todos os lados cochichando e rindo de alguma piada entre eles. Já Goeros, Panlik e Torin estão alertas como se algo catastrófico estivesse prestes a acontecer! Aliás, os homens do bando de meu irmão há muito tempo se enturmaram e se misturam com os outros guerreiros da tropa, que agora sei serem tão darätzsalah quanto eles, então porque hoje curiosamente resolveram se juntar no grupinho deles de novo? Que raios está se passando?
- Levanta daí, Branquelo! –a ordem abrupta de meu irmão interrompe as minhas conjecturas.
- O que você... –o príncipe ainda tenta questionar, mas Antúrix nem sequer o deixa terminar a frase.
- Vai mesmo querer discutir comigo, Branquelo? –meu irmão cruza os braços diante do tórax e tenho certeza que ouvi o barulho de tecido se rasgando.
Nars leva apenas um segundo para se decidir e sem disfarçar a sua insatisfação, contorna a mesa e ocupa o lugar vazio ao lado de Érishi.
Enquanto Antúrix se ajeita no assento, ouço outro barulho de algo sendo descosturado. Esses tecidos não são preparados para a força dos músculos do meu irmão montanha! Só espero que seja a camisa de baixo...
De repente todas as conversas no salão cessam e todos ficam de pé. E mais por curiosidade do que por qualquer outra coisa, também me levanto.
Por uma porta lateral a direita de nossa mesa, uma linda mulher faz a sua entrada majestosa. Usando um esplendoroso vestido dourado com saia sobreposta em um delicado tecido amarelo transparente e pregas laterais, a Condessa de Jimegailees se encaminha até a nossa mesa com o andar de uma rainha. Um colar duplo adornado de pérolas e uma pedra verde que imagino ser uma esmeralda enfeita o pescoço esguio da duquesa e brincos combinando penduram em suas orelhas. Entretanto ela não precisa de nada disso para realçar sua beleza. Ela é simplesmente magnífica com sua beleza natural. Sua pele de ébano dá o contraste perfeito com o dourado de vestido enquanto seu rosto de traços perfeito é emoldurado por minúsculos cachinhos negros que alcançam o meio de suas costas no comprimento.
Ao se aproximar da cadeira reservada a ela em nossa mesa, um dos guardas faz menção de ajudá-la, mas Antúrix o afugenta apenas com um olhar ríspido.
Aceitando a ajuda de meu irmão, a condessa se senta na cadeira que ele puxou para ela enquanto todos os convidados voltam a se sentar também.
- Boa noite a todos! –ela nos cumprimenta. – Sou a Condessa de Jimegailees e quero lhes dizer que são muito bem vindos em minha casa. Sintam-se a vontade e fiquem o tempo que precisarem.
Com um olhar carregado de sinceridade, ela acrescenta:
- Lamento muito por aqueles que perderam! –a condessa levanta sua taça de vinho e abaixa o queixo em sinal de respeito. – Um brinde aos bravos guerreiros que fizeram sua travessia para o outro mundo!
Todos no imenso salão seguem o exemplo da condessa e levantam suas taças em um brinde a honra e a bravura dos amigos que perdemos.
Estou para levar a minha taça aos lábios quando Kadrahan a tira da minha mão e a substitui por um copo de suco de lezus.
- Nada de álcool para você, sah vrätsa.
Por pura força de hábito estou mais do que disposta a contrariá-lo, quando me lembro que ele tem razão. Álcool não é boa ideia para os fedelhos.
- Caro colega, creio que está ocupando o meu lugar ao lado da bela Érishi!
Até que estava demorando para Niklaus dar o ar de sua graça. E como Érishi não se pronuncia e muito menos Nars parece disposto a ceder o seu lugar uma segunda vez, Oris acaba intercedendo.
- Amigo Niklaus, fico feliz que esteja de volta e bem! Por favor, sente-se em meu lugar. –ele oferece gentilmente. – Estava mesmo querendo trocar umas palavrinhas com Lujos!
- Meu am... Hum, quero dizer, querida Aédris, como se sente? Vocês têm muito para me colocar em dia!
- Onde está Menélope? –pergunto.
- Agora que consegui me livrar dela quer que eu saiba onde ela está?
- Responda de uma vez, Niklaus!
Revirando os olhos, ele finalmente decide responder.
- A bruxa mencionou algo sobre sentir uma presença maligna se aproximando e foi criar uma barreira de proteção em torno da cidade!
Presença maligna se aproximando? Será que uns dias de paz é pedir muito?
- E por que você não foi ajudá-la, feiticeiro? –Kadrahan demanda deixando claro que preferia ver Niklaus bem longe.
- Não há um único resquício de magia em mim! Preciso recuperar as minhas forças antes de sequer tentar ajudar em alguma coisa!
Decididamente não posso mais adiar a minha conversa com Niklaus, mas agora não é o momento adequado. Não com tantos ouvidos nos cercando. O jeito é me concentrar na comida. Mas antes que eu consiga me decidir por qual prato começar, um cochicho a minha direita chama a minha atenção.
Com um sorriso sereno e mantendo a pose de rainha, a condessa dispara entre os dentes trincados:
- O que está fazendo aqui, Antúrix? Tenho certeza que mandei reservar um lugar para você no outro lado do salão!
- Minha Flor de Ébano, sabe que não consigo ficar longe de você!
O quê? Meu irmão conhece a condessa?
- Tem certeza que quer ficar perto de mim enquanto eu estiver usando uma faca? Ou já se esqueceu da promessa que te fiz da última vez que nos vimos?
Lujos e Encas não disfarçam as risadas e começam a trocar moedas com certeza fazendo alguma aposta.
- Minha Flor de Ébano, minha adorada preferida, nós dois sabemos que não consegue ficar brava comigo por muito tempo!
- Sua preferida? –posso sentir no ar a fúria em suas palavras. – Por que não vai se sentar com as primas Doneles?
Antúrix de repente fica alarmado.
- Cês e Nieska também estão aqui?
- Fiz questão de convidá-las! Afinal elas não fizeram promessas a nenhum dos deuses de não te machucarem!
- Parece que alguém não perdeu o velho hábito de andar com três mulheres ao mesmo tempo... –escuto Rius murmurar como quem não quer nada.
- Três? –Niklaus exclama. – Meu amigo montanha, você definitivamente terá a minha eterna admiração e respeito! Nem mesmo eu dou conta de tamanha proeza!
Desnecessário mencionar que Niklaus ganhou olhares de reprovação de todas as mulheres à mesa.
Meu irmão ignora Niklaus e continua importunando a condessa.
- Se ainda está tão brava assim comigo, por que aceitou nos receber? –a presunção de meu irmão está começando a me irritar. - Poderia ter dito não.
- Ah, quando me recuperei do desmaio após ver um deus aparecer em pessoa na minha frente, o que esperava que eu fizesse? Quem em sã consciência diz não ao pedido de um deus? Quem em seu juízo normal se atreveria a contrariar um dos sete deuses?
É impressão minha ou todos os olhares da mesa recaem sobre mim?
- Minha querida Flor de Ébano, lembra que te falei de minhas irmãs? –ele aponta para mim e Rius. – A ruiva com cara de marrenta é Náyshilah e a especialidade dela é precisamente afrontar os deuses. –marrenta? - A loira que de delicada tem apenas o rosto, é a Rius.
- É um prazer enorme conhecê-las! –ela diz com um sorriso simpático.
- O prazer é nosso. –respondo com sinceridade.
- Tenho certeza que seremos grandes amigas! –Rius garante.
- Já o sujeito com cara de poucos amigos é o meu cunhado Kadrahan e o moleque ao lado de Rius ao que tudo indica será o meu cunhado também em breve!
Kadrahan acena com a cabeça e Vanshey que está mais vermelho que os meus cabelos até tenta sorrir, mas fracassa.
- Náyshilah, soube que um dia deu uma grande surra em seu irmão! –a condessa comenta com sorriso perverso. – Se quiser repetir o feito, estou mais do que disposta a ignorar as regras conservadoras da nobreza e fingir que nada vi. E também ficaria muito grata!
- Realmente estou muito tentada no momento, condessa! –gostei dessa mulher. – E, por favor, me chame de Aédris! –ela perece um pouco confusa, então acrescento. – É assim que meus amigos me chamam!
Ela sorri com evidente contentamento.
- Só se me chamar de Tádia!
- E se for para bater no Antúrix, podem contar comigo também! -Rius se intromete. – Está mais que na hora de ele tomar jeito!
- Ei! Não é para ficarem tão amiguinhas assim não! –Antúrix reclama muito sério.
- Acho que é tarde mais para isso, amigo Montanha. –Niklaus claramente está se divertindo muito já que não é o pescoço dele que está em jogo.
- Minha Flor de Ébano, eu...
- Não me chame assim, Antúrix!
- Eu até mesmo me vesti como um engomadinho para te agradar! –o sorriso que meu irmão a presenteia com certeza deve ser capaz de derreter muitos corações. – Embora eu saiba que você prefira que eu não use na...
- Cala a boca, Antúrix! –vejo a mão da condessa apertar firmemente o cabo o cabo de uma das facas a mesa.
Bem, meu irmão é capaz de se cuidar. Eu preciso urgentemente comer, pois os fedelhos já estão impacientes.
Sirvo uma farta porção de faisão com um molho azul fumegante que me enche os olhos.
Mas antes que eu consiga levar a primeira garfada a minha boca, Kadrahan arranca o garfo da minha mão enquanto os meus dentes abocanham o ar.
- Kadrahan! –não acredito que ele fez isso! - Minha comida! -agora ele tira até mesmo o prato da minha frente.
- Não posso tirar os olhos de você nem mesmo por um minuto?
- Não se tira comida da boca de uma mulher grávida a não ser que queira morrer! –ameaço rangendo os dentes de raiva enquanto tento em vão recuperar o meu prato de faisão.
- O molho azul é feito de nascan! –ele esclarece tirando o prato fora do meu alcance.
Certo, sou alérgica a nascan, mas agora sei que a deusa Mórbida não é capaz de levar a minha alma. O mais provável que pode acontecer é a minha garganta inchar até eu não conseguir mais respirar e perder os sentidos. Devo acabar acordando depois. Ignoro Kadrahan e volto a minha atenção a travessa de faisão ao molho de nascan. Minha boca já está salivando de desejo.
- Feiticeiro, faça essa travessa desaparecer da frente dela!
- É para já! –ainda tento alcançar a travessa, mas Niklaus foi mais rápido em fazê-la desaparecer.
Muito zangada, sussurro no ouvido de meu maridinho:
- Tem alguém que não vai dormir em minha cama essa noite!
Kadrahan suspira audivelmente antes de retrucar com toda a paciência do mundo.
- Sah vrätsa, você pode ser especial, mas não sabemos o quanto de seus dons os nossos pequenos irão puxar!
Epa! Esqueci completamente disso! Se eu ficar sem ar, os fedelhos também ficarão! E o mais provável é que eles não sejam capazes de se recuperar como eu!
Envergonhada, deixo Kadrahan servir um novo prato para mim. Pelo menos ele serve fartas porções de todo o resto antes de colocar o prato a minha frente.
No entanto, mais uma vez antes que eu consiga começar a comer, uma criada aflita se aproxima e cochicha algo no ouvido da condessa.
- O quê? De novo? –agora é a condessa que está aflita. – Desculpem-me, aconteceu uma emergência e preciso me retirar! Com licença.
Antes que a condessa dê dois passos, um alvoroço acima de nossas cabeças desperta a atenção de todos.
Tov, o especialista em me envergonhar mais do que qualquer um, está fazendo piruetas no ar de um lado a outro do salão. E ele não está sozinho, além de Dras em suas costas, ele também carrega um bebê que não para de soltar gritinhos eufóricos!
- Pelos deuses! Minha Sissy! –a condessa fica pálida e parece a ponto de desmaiar! – Alguém faça aquela fera descer com a minha garotinha antes que ela caia lá de cima!
- Tov, desça já aqui! –fico de pé e imploro para a minha ferinha me obedecer.
- Não se preocupe, minha Flor de Ébano, Tov é um bom garoto e não vai deixar que nada aconteça a criança! -Sa também voa alegremente ao lado deles.
Milagrosamente Tov me obedece e pousa ao nosso lado com o bebê e Dras em suas costas. A condessa corre para pegar a criança em seus braços, mas a pestinha segura forte os pelos de Tov e se recusa a soltar.
- Sissy, meu amor, venha com a mamãe!
- Mamãe? –Antúrix questiona enrugando a testa.
- Não! –o bebê que mal deve ter aprendido a dar os primeiros passos envolve os bracinhos no pescoço de Tov.
- Dras tentar impedir, Mestre Tov e bebê Sissy, mas os dois não escutar Dras, Mestra! –Dras se justifica se escondendo atrás de meu vestido.
- Sissy, me obedeça e venha com a mamãe agora! –a condessa tenta em vão arrancar a filha das costas de Tov, mas aparentemente Sissy tem mais força do que outros bebês da idade dela.
- Não!
Antúrix se aproxima, se abaixa e sorri para a menina que instantaneamente se rende ao sorriso do meu irmão e estende os bracinhos para ele.
Um tanto sem jeito, meu irmão pega o bebê e a segura diante de si o mais longe que seus braços conseguem se esticarem. Tenho certeza que ele está buscando ver o que todos nós já deduzimos.
A bebê Sissy é muito parecida com a mãe. O mesmo tom de pele, os mesmo cachinhos negros, os mesmos olhos escuros, a mesma perfeição nos belos traços do rosto... Só há uma coisa que ela não herdou da mãe. O sorriso. E é um sorriso idêntico ao do meu irmão.
- Tádia, ela é minha, não é?
- Não! –a condessa nega arrancando a filha dos braços de Antúrix! – Meu amor, você está bem? Não se machucou?
- Tov! –Sissy estica os bracinhos na direção da minha ferinha.
- Sissy é apelido de Assiryah, o nome de minha mãe, Tádia!
- E? Isso não quer dizer nada! É apenas um nome bonito!
- Tov! Dras! Saaaa! –Sissy chama pelos seus novos amiguinhos.
- Pensei que você não podia ter filhos... –meu irmão pensa em voz alta.
- Obviamente o problema era com o meu falecido marido e não comigo! –a jovem condessa dispara com o olhar cheio de raiva.
- Isso aqui está melhor que as peças de teatro do meu reino! –Niklaus constata inconveniente como sempre.
- Então ela é mesmo minha?
- Não!
- Tádia, pare de negar o óbvio! –Antúrix está começando a perder a paciência.
- Não vou permitir que você leve a minha filha para viver como uma selvagem!
- É claro que não! –Antúrix parece chocado com a ideia. – Ela é uma menina!
Epa!
Concordo que nenhuma criança deve ser separada da mãe, mas se um dia a pirralhinha quiser se tornar uma guerreira não permitirei que ninguém a impeça simplesmente porque é uma menina!
- Você não vai me separar da minha filha, Antúrix! –a condessa esbraveja feito uma leoa mesmo com lágrimas escorrendo em sua face.
- É claro que não, minha Flor de Ébano, eu prometo! –claramente as lágrimas da mãe defendendo a filha comoveram o meu irmão coração de manteiga. – Eu só quero...
Está na hora de me intrometer.
- Por que vocês dois não vão conversar com calma em um lugar mais privado? –a pirralhinha estica os bracinhos em minha direção e instintivamente estendo os meus para pegá-la.
A condessa me entrega a filha e comenta:
- Sissy normalmente não vai com estranhos, mas acho que ela gostou de você!
- Ela também gostou de mim! -Antúrix declara voltando a se aproximar. - E o fato dela querer ir justamente com a doida da minha irmã prova que ela tem a coragem dos Darätzsalah! -ainda um pouco sem jeito ele acaricia os cachinhos rebeldes da filha.
- Eu... -a condessa hesita sem saber ao certo se quer ou não conversar com o meu irmão e deixar a filha comigo.
- Tádia, converse com o Antúrix. -insisto. - Prometo que não permitirei que ninguém tire a sua filha de você, nem mesmo o meu irmão.
Ela olha em meus olhos por longos segundos e deve ter enxergado a força de minha promessa neles, pois assente para Antúrix concordando conversar com ele em particular.
Porém antes de se afastar, ela diz:
- Quando se cansar de ficar com Sissy, entregue-a para Nailare.
Entregar a minha sobrinha para a babá que a perdeu de vista em primeiro lugar? Veremos.
- Shakris. -meu irmão me agradece em Darätzsalah e então segue a condessa para fora do salão.
- Venha, Sissy! -a irresponsável fala tentando pegar a menina de mim. - Já passou a hora de você dormir!
- Não! Não quero dormir, Lare! -a bebê diz determinada se enroscando em mim.
Geniosa, esperta e não obedece a ninguém. Já gosto dela! Possui verdadeiro espírito de guerreira!
- Venha, Sissy! -a babá faz uma nova tentativa, mas ela desiste tão logo percebe o olhar mortal que dirijo a ela e se afasta.
- Oi, Sissy. -digo a pirralhinha. - Sou sua tia Aédris. Repita comigo. Tia Aédris.
A bebê me encara com seus olhos inteligentes por uns segundos e sorri para mim.
- Tia Dris!
- Não, tia Aédris! -repito as sílabas pausadamente. - A - É - DRIS!
- Tia Dris!
- A - É - DRIS! -repito mais uma vez.
- Dris! - ela insiste.
- Está bem, pode me chamar de tia Dris por enquanto. - aceito por fim. - Mas fique sabendo que logo terá que aprender a falar direito. Nós Darätzsalah falamos inúmeros idiomas e todos muito bem.
- Sim, tia Dris.
- O que você quer fazer agora, Sissy?
- Comida! - ela aponta eufórica para a mesa farta.
- Já temos algo em comum! -constato sorrindo para a pirralhinha em meus braços. - É tudo o que eu mais quero também!
Quando me viro para voltar a sentar a mesa encontro Rius e Kadrahan com expressões gêmeas de puro pânico.
- Chega a ser ofensivo a maneira como estão me encarando. -reclamo enquanto me sento com Sissy no colo. - Por um acaso acham que vou deixar a criança cair ou vou colocar uma faca na mão dela e começar a ensiná-la arremessar em alvos?
O silêncio deles diz tudo.
- Não sou tão sem juízo assim! -reviro os olhos e entrego uma coxa de galinha a Sissy que passa a comer com muita vontade lambuzando todo o rostinho. - Qualquer um sabe que facas de mesas são péssimas como armas! Sissy e eu começaremos com punhais de ônix, não é bebê?
Niklaus quase engasga com o vinho que estava bebendo e a princesinha escancara a boca em horror.
- É, tia Dris! -Sissy concorda acompanhando a conversa com muito interesse e volta a devorar a coxa de frango com seus dentinhos minúsculos.
Kadrahan olha na direção do meu ventre, pondera um pouco e então argumenta:
- Sah vrätsa, punhais de ônix não são uma boa ideia para crianças. -seu tom é extremamente sério e taxativo. - Punhais de ossos de bestas são mais leves para o manuseio de crianças pequenas.
- Bem lembrado, sah rätza! -com a mão que não está segurando Sissy, finalmente começo a comer a minha comida.
Hummm. Cordeiro com tempero agridoce é delicioso.
- Da próxima vez que quiser voar, Sissy, peça a mim! -Rius se inclina sorrindo para a bebê. - Esse gatinho aqui é tão desajuizado feito a dona.
Tov está ao lado da mesa devorando algum pedaço de carne que deram para ele e nem se incomoda com o comentário de Rius.
Já Dras se acomodou no lugar de Antúrix e está se servindo muito a vontade.
E Sa... Bem, ela está ondulando de um lado para o outro as costas da princesa em sua característica marcha de vigilância.
- Tia? -Sissy pergunta para mim apontando para Rius.
- Sim, sou sua tia Rius. -a própria Rius responde.
- Tia Rius?
- Isso mesmo! Muito bem, Sissy!
- Ei! Por que o nome dela você fala certo, pirralha?
- Porque o meu nome é mais fácil! - minha amiga mostra a língua para mim me provocando. - Antúrix e você com bebês! Eu também quero bebês, Larcan! O que acha de começarmos com uma ninhada de quatro ou seis filhotes?
Vanshey literalmente cospe toda a comida que estava em sua boca.
Mais tarde, mesmo relutante acabo entregando Sissy aos cuidados da babá irresponsável e todos nos retiramos para dormir.
E mesmo tendo dormido o dia inteiro, apago tão logo a minha cabeça encosta no travesseiro.
Entretanto no meio da noite desperto com uma sensação estranha. Uma sensação que estou começando a me familiarizar. Um deles está aqui.
Com todo o cuidado para não acordar Kadrahan, saio da cama na ponta dos pés.
A briga é entre esses deuses idiotas e eu. Não vou permitir que eles usem Kadrahan para me atingir.
Rapidamente e sem fazer barulho, coloco uma camisola de amarrar na cintura e saio do quarto.
Os corredores estão iluminados com poucos castiçais, mas é o suficiente para eu enxergar o meu caminho.
Subo um lance de escadas e sigo por um longo corredor.
Sinto a presença divina cada vez mais próxima e tenho certeza que encontrarei um dos sete deuses atrás da última porta do corredor.
Invoco todo o meu poder e estou pronta para atear fogo em mim mesma quando penso melhor e decido conferir primeiro com qual deles estou lidando antes de agir impulsivamente.
Abro a porta e me deparo com um quarto infantil. O quarto de Sissy.
Viro chamas instantaneamente com a fúria correndo desenfreada por minhas veias em brasa. Se um dos deuses se atreveu a fazer mal a minha sobrinha, será hoje o dia que o primeiro deles será extinto.
Ouço risadinhas alegres no centro do cômodo e corro para lá.
O que encontro me obriga a apagar as minhas chamas no mesmo instante.
Ali, no meio do quarto, Sissy brinca alegremente com outra criança.
Uma criança de cabelos amarelos.
- O que está fazendo aqui, deus Pirralho?
Ele está em uma versão menor do que a última vez que o vi. Certamente para Sissy se sentir mais a vontade com ele e a ajuda empilhar peças coloridas de madeira.
- Brincando, não está vendo?
Será que vou ter que ensinar a esse deus Pirralho a não brincar com a minha paciência?
Minha visão periférica capta a babá irresponsável dormindo tranqüilamente em sua cama quando deveria estar cuidando para estranhos não se aproximar da criança.
- O que fez com a irresponsável? -exijo saber.
- Eu? Nada. -a divindade me responde ainda concentrado nas peças de montar. - Ela é mesmo muito irresponsável. Precisa falar para Tádia arrumar outra babá. Essa aí dorme feito pedra! É assim que Sissy consegue fugir todas as noites!
- Tia Dris! Vem brincar!
Sento-me ao lado dos dois no chão e coloco uma peça sobre a deles. Sissy fica exultante e bate palminhas animadas quando consegue encaixar uma peça sobre a minha.
- Crianças Darätzsalah dão muito trabalho! -o deus Pirralho comenta. - As pobres mães sofrem cuidando sozinhas dessas crianças cheias de energia!
Os meninos quando estão maiores ao menos extravasam toda essa energia com treinamentos. Imagino o que as mães das meninas devem passar para criá-las...
- O que veio fazer aqui, deus Pirralho?
- Nossa! Como você é chata! Já imaginou como vai ser para você ter que cuidar de duas miniaturas Darätzsalah ao mesmo tempo? -esses fedelhos que não se atrevam a me desobedecer. - Ainda mais minis Darätzsalah com sangue divino. Sangue da temperamental Ráahra, misturado com o seu gênio indomável e o calculismo do pai...
Ele está tentando me assustar? Porque está conseguindo.
- Sabia que desde que Iéehruus criou os Darätzsalah há milhares e milhares de éons atrás, nunca nasceu gêmeos antes durante todo esse tempo?
- E qual o problema? Por que eu deveria me preocupar?
- Acho que é apenas algo que vale a pena investigar e ficar atenta.
É muito estranho receber conselhos de uma criança.
- Por que não me diz de uma vez por que está aqui? -estou louca para chamuscar esse cabelinho amarelo.
- Como é que você disse? -o deus da Lua Amarela finalmente tira os olhos das peças de montar e me encara. - "O deus Pirralho não passou de um meio de transporte rápido"?
Ohhh, então magoei os sentimentos de um deus.
Sem pensar duas vezes o levanto pela orelha!
- Ai ai ai! Me solta, sua doida!
Sissy acha graça e bate mais palminhas.
- Fala logo, deus Pirralho!
- Sua mãe! -ele joga a bomba sem aviso prévio. - Esqueceu que me pediu para passar um recado para ela?
O solto no mesmo segundo. Eu pedi ao deus Pirralho para dizer a Deusa da Lua Vermelha que quero me encontrar com ela pessoalmente.
- Eu vim te dizer a resposta de Ráahra.
Será que finalmente me encontrarei com a minha mãe?
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E então? Gostaram do capítulo? O capítulo pode ter parecido simples, mas deixei algumas pistas preciosas nas entrelinhas... kkk Não se esqueçam de votar *_*
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