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Capítulo 28

    Oi amigos, com saudades? Pois é, demorei de novo. Os motivos são os mesmos de sempre. Muito trabalho e cansaço. Quando conseguia escrever dois parágrafos por dia já era muito srsr. Enfim, finalmente aqui está o tão aguardado capítulo 28! Espero que gostem e não queiram me matar huahauhauhah! Comentem muito, pois cada comentário faz brotar um imenso sorriso nos meus lábios e me faz sempre buscar dar o melhor de mim por vocês todos dias! Convidem os amigos e não se esqueçam de votar! A música desse capítulo é Hand of Sorrow - Within Temptation (mais uma vez kkk) e acho que tem tudo a ver com o Kadrahan. Confiram a tradução no vídeo. Vão concordar comigo! O capítulo é dedicado uma leitora que volta e meia está relendo o livro e fazendo novos comentários ^_^

P.S: O grupo do livro no whats é muito divertido e aqueles fazem parte sempre contam com algumas prévias do próximo capítulo. Quem quiser ser adicionado, é só me dizer por mensagem privada. ^_^ 

P.S 2: Saiu uma resenha incrível do livro feita pela @smribeiro_16 . Confiram no livro dela "Resenhas". Eu amei!!! Além da resenha em si, há imagens dos personagens, playlist do livro e duas surpresas que irão adorar ^_^ 

P.S 3: Capítulo sem revisão. Como estou morrendo de sono, deve haver muito erros, mas voltarei para corrigir amanhã. ;)

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    O que o Príncipe Nars está fazendo aqui? Aliás, como ele conseguiu chegar até aqui tão rápido? E embora seu tom de voz tenha sido de indiferença, ele está claramente tão surpreso em me ver quanto eu.

    Uma dezena de perguntas se passa pela a minha cabeça, mas a minha atenção é desviada quando ouço a voz de Kadrahan chamando o meu nome em pura aflição.

    - Aédris...

    Sigo a direção de sua voz e vejo o exato segundo que o olhar dele desce do meu rosto e pousa no ferimento em minha barriga.

    Epa!

    Mesmo com a iluminação precária da chama de Dras, vejo uma expressão assassina dominar o rosto de Kadrahan. Uma expressão que não queria ter visto tão cedo!

    Ele olha de mim para Nars e com passos que emanam uma fúria aniquiladora avança em nossa direção em uma velocidade impressionante. Sei que tenho apenas segundos para impedi-lo de fazer algo que possa se arrepender, mas antes que eu consiga pensar em algo, o faço esquecer completamente suas intenções assassinas da forma mais degradante possível.

    Vomito todo o meu café da manhã no peito do príncipe.

    E entre assassinar o melhor amigo e socorrer a esposa passando mal, Kadrahan rapidamente restabelece suas prioridades e me ampara enquanto segura o meu cabelo para eu terminar de colocar tudo para fora.

    Khrratz! Khrratz! Khrratz! Poucas coisas me deixam envergonhada e vomitar na frente da minha família e amigos é uma delas! Zarmey! Infelizmente ao que tudo indica o meu mal estar ainda não está perto do fim! Mil vezes khrratz!

     Sinto a mão de Kadrahan sobre o ferimento em minha cintura e a luz que radia de sua mão enquanto ele me cura ilumina o ambiente muito mais que a chama de Dras. E pelo canto do olho, noto que os olhos sagazes do príncipe não estão perdendo nada. Ele tenta aparentar a indiferença de sempre, mas sou capaz de perceber um leve arquear de sua sobrancelha direita.

    Entretanto qualquer análise que ele pudesse estar fazendo é interrompida quando em um piscar de olhos, meu irmão assume o lugar de Kadrahan na função de assassiná-lo e no momento o levanta pelo pescoço usando apenas um de seus enormes braços de marreta!

     - Desgraçado! Irei esmigalhar lentamente cada osso de sua traqueia por ter machucado a minha irmã! –Antúrix urra entre os dentes feito um verdadeiro selvagem!

    Presenciar o meu irmão que tem o coração maior que todas as montanhas juntas do mundo agir como um carrasco impiedoso para me defender, me comove e ao mesmo tempo me assusta. Não quero que Antúrix tire a vida de outro ser humano sem ao menos dar a ele a chance de se defender. Contudo, meu estômago não para de se contrair em espasmos violentos de vômitos me impossibilitando de tentar colocar um pouco de bom senso em meu irmão super protetor.

     O Príncipe Nars tenta em vão se livrar do aperto de rocha de Antúrix, mas se com suas duas mãos já seria difícil, com apenas uma é impossível, já que a outra eu quebrei e pende imóvel ao longo de seu corpo. E o pior, ele está adquirindo um tom alarmante de roxo causado pela asfixia.

    Tov também se coloca a minha frente, mas tomando o cuidado de ficar a uma distancia segura para não se tornar o meu alvo. Leãozinho esperto.

    - Antúrix, não! –Vanshey intervém. – Esse é o meu primo, o Príncipe Nars!

    - Não me interessa quem ele seja! –Antúrix retruca sem afrouxar o aperto. – Ele feriu a minha irmã!

    Desconfiança seguida de compreensão surge no rosto de Vanshey e então ele pergunta:

    - Acha que esse aí pode ser o damera que sequestrou a Rius? –raiva se apodera de Vanshey e tenho certeza que agora é ele quem quer quebrar o pescoço do suposto príncipe.

    - Dameras não podem se transformar em outros seres humanos! –bom saber. – Seja quem for esse aqui, não me importo! Irá morrer pelas minhas mãos! – Antúrix declara ainda com os dedos de aço ao redor do pescoço do príncipe. - E se quer que eu continue me mantendo fora de seu caminho, moleque, é melhor aprender mais sobre dameras!

    Vanshey engole em seco nervoso e tenho certeza que a possibilidade de ter que competir com Antúrix não lhe é nem um pouco agradável.

    - Dameras não, mas bruxas sim! –Niklaus finalmente decide intervir. – E se esse aí for uma certa bruxa conhecida nossa, tenho umas contas a acertar com ela.

    Será mesmo Menélope novamente? E se sim, há grandes chances de ela estar aqui sob minhas ordens. E embora eu tenha certeza que não faça parte de meus planos, ela sempre acaba arranjando um jeito de me ferir e depois alegar que apenas seguiu o meu comando. Bruxa ou príncipe não posso deixar que Antúrix o mate.

    - Antúrix... Solte-o! –peço entre um espasmo e outro.

    Meu irmão parece não ter ouvido o meu pedido, pois me ignora totalmente.

    - Caro amigo Montanha, acredito ter ouvido o meu amor pedindo para soltar o meu suposto colega príncipe.

    Niklaus um dia ainda vai morrer de um modo muito idiota pela mãos de Kadrahan por insistir em continuar me chamando de "amor".

    Antúrix se volta para mim, mas como voltei a ter um novo acesso, busca pela confirmação de Kadrahan que apenas concorda levemente com a cabeça.

    Meu irmão solta o príncipe como se ele fosse um saco de palha e ele cai de joelhos no chão. Sua mão boa vai até a sua garganta e ele está claramente desesperado por ar.

    - Aédris, me dê o punhal. –Kadrahan me pede com autoridade.

    Nem tinha me dado conta que ainda seguro o punhal e com tanta força que faz o talho em minha mão sangrar ainda mais. Entrego o punhal e ele se apressa em curar a minha mão também. Será que esse negócio não funciona para enjoos também?

    - Aédris? Ela já não é mais uma bruxa para você, Kadrahan? – o príncipe indaga com a voz rouca após tossir muito e com certo sarcasmo em seu tom. – Também ficaria feliz em receber os seus cuidados, meu amigo!

    O feito de Kadrahan realmente não passou despercebido por ele e para a minha surpresa o príncipe ostenta um meio sorriso nos lábios.

    Kadrahan ainda sustenta o peso do meu corpo e sinto seus dedos cravando em minha pele com força, embora ele não dê nenhuma resposta ao seu amigo.

    O Príncipe Nars se põe de pé com o braço da mão quebrada esticado ao longo do tórax enquanto a outra mão pressiona a parte inferior de sua costela esquerda. Ele tenta disfarçar uma careta de dor enquanto se levanta, mas sem muito sucesso. Sabia que tinha quebrado alguma outra coisa além da mão mais cedo.

    Por fim o meu acesso de enjoo acaba, afinal a essas alturas não tenho mais nada no meu estomago e mal tenho tempo de me recuperar um pouco quando sinto um jato de água frio sobre mim.

    - Por que raios você fez isso feiticeiro? –Antúrix esbraveja e vejo que além de mim e Kadrahan, ele e o príncipe também foram vítimas da ducha de Niklaus.

    Estou encharcada, gotejando feito um tapete molhado, mas tenho que admitir que a água fria ajudou a trazer uma sensação de bem estar instantâneo.

- Pelo bem de um interrogatório onde não perderemos o foco devido a odores desagradáveis. –é a resposta zombeteira de Niklaus.

    Fico ereta para demonstrar que estou me sentindo melhor, mas Kadrahan evidentemente não se convence, pois continua me amparando com firmeza. Assim como dirige ao amigo um olhar com uma fúria assassina que eu nunca gostaria de ser o alvo.

    - E você não deveria estar me defendo contra ela ao invés do contrário, Kadrahan? –o príncipe continua alheio ao perigo que corre ao insistir em provocar Kadrahan. – Você é o Capitão da Guarda Real. É sua obrigação proteger a mim e a minha família antes de qualquer outro!

    O quê? Ele realmente quer discutir quem tem mais direito a lealdade de Kadrahan? O príncipe não passa de um futuro rei de um único reino. Kadrahan pode até ser seu súdito, mas antes de tudo é um Darätzsalah. E os darätzsalah estão em todos os reinos desse mundo e sou eu a líder deles. Entretanto nada disso importa. Sou a esposa dele. Devo vir em primeiro lugar sempre e ponto final.

    Uma nova contração de enjoo em meu estomago me faz lembrar que meus dias como soberana absoluta no coração de Kadrahan estão contados.

    Outra onda mais forte de enjoo me abala novamente e aperto a mão de Kadrahan com toda a minha força.

    Por todas as luas! Esse enjoo matinal nunca vai acabar? Esse maldito cheiro de enxofre está causando uma revolução no meu estomago.

    Não chego a vomitar outra vez, mas não tenho dúvidas que o fato de eu ter voltado a me curvar é a única coisa que impede Kadrahan de avançar no príncipe.

    - O que está fazendo aqui, Nars? –sua voz sai baixa e pausada, o que significa que ele está se esforçando muito para se controlar. – Aliás, como chegou até aqui tão rápido?

    - Sou eu quem deveria lhe fazer essas perguntas, Kadrahan! Até onde eu sei, dei uma ordem direta ao meu general e a minha tropa para resgatarem a minha irmã! O que vocês estão fazendo aqui? –o príncipe mais uma vez responde com outra pergunta impondo sua autoridade real em cada palavra.

    - Pare de se esquivar, Nars! Responda as perguntas! –Vanshey toma a frente de Antúrix e surpreende a todos com a aspereza atípica em sua voz. – Como chegou aqui tão rápido? Por que atacou Aédris?

    O príncipe levanta as sobrancelhas e dessa vez não faz questão de esconder sua surpresa diante do tom autoritário de Vanshey. Tenho certeza que Vanshey nunca falou assim com ele antes. Ponto para o meu amigo aprendiz de duque!

    - Por que será que tenho a nítida impressão que não importa o que eu diga vocês me condenarão de qualquer modo?

    - Estou perdendo a minha paciência com você, branquelo! –Antúrix ladra entre os dentes raivosos. – Responda de uma vez, pois te garanto que conheço infinitas maneiras de arrancar a verdade de sua maldita goela! E nenhuma delas é indolor!

    Meu irmão volta a se aproximar do príncipe de forma ainda mais ameaçadora e por um breve segundo reconheço medo nos olhos do príncipe. Se Antúrix já é capaz de amedrontar qualquer um pelo simples fato de parecer uma muralha gigante repleta de músculos, quando está furioso em sua autêntica expressão de selvagem ensandecido, seria capaz de causar medo até em mim se não o conhecesse. Talvez.

    - Eu jamais machucaria Lady Aédris de propósito! –o Príncipe enfim responde de forma direta e menos ofensiva. – Estava completamente escuro, não vi que era ela. Estava apenas me defendendo e claramente levei a pior mais uma vez. –ele afirma apontando para seus ossos quebrados. – Assim como acredito que ela estava fazendo o mesmo e não teria me atacado se soubesse que era eu.

    Não tenha tanta certeza disso, principezinho.

    - Ainda faltam mais duas perguntas para responder, caro colega! –Niklaus se junta ao interrogatório com o olhar ávido por novas informações. – Como chegou aqui tão rápido? E o mais importante, por quê?

    - Príncipe Niklaus de Ismirsha, indubitavelmente um feiticeiro, fato que se não tivesse presenciado nunca acreditaria! Sua magia com a água foi impressionante! –como suspeitei, nada passa despercebido pelos olhos vorazes do príncipe. – Estou muito curioso para saber como se envolveu nisso, mas estou muito mais intrigado com a revelação de sua verdadeira natureza! Conheci o falecido Rei Nassan e tenho certeza absoluta que ele não era um feiticeiro! Por favor, apenas mate a minha curiosidade. A Rainha Nira sabe que tem um irmão bastardo?

    O olhar de canalha de Niklaus, sempre debochado ou despreocupado, endurece ao ouvir a palavra bastardo.

    - Mudei de ideia, amigo Montanha! Pode continuar o que estava fazendo! –Niklaus está sorrindo e falando como se estivesse brincando, mas seu humor não chega aos seus olhos. – Se o meu amor tentar te impedir, eu a seguro!

    - Nars, você tem algo a ver com o sequestro de Rius? –Vanshey inquire em um tom claro de alguém que está se esforçando para manter a calma.

    - Rius? O cavalo de Lady Aédris? Eu tenho os melhores cavalos que esse mundo conhece! O que eu iria querer com o cavalo dela? –indignação de repente toma conta do semblante do príncipe. – Vocês desviaram a rota para salvar a minha irmã por causa de um cavalo?

    - Myris está bem e nos aguarda do lado de fora com Eres e os outros soldados da Guarda Real. –Vanshey informa e um sorriso verdadeiro de alívio e alegria resplandece no rosto do belo príncipe.

    - Ela está mesmo bem? Não está ferida? Não a machucaram de algum modo?

     - Myris não sofreu nem mesmo um arranhão nas mãos dos cernis e foi muito bem alimentada.

     É, nenhum arranhão nas mãos do cernis, agora quase ter morrido devido a uma mordida venenosa de uma norantalo é outra estória. Fico satisfeita por Vanshey ter omitido esse detalhe e também o fato de ela estar sendo vigiada pela mesma norantalo em questão nesse momento. Fora ao trauma emocional que seu ex noivo é casado e será pai em breve. Sim, Myris está muito bem.

    Ele realmente parece genuinamente feliz por saber que sua irmã está bem e segurança. Não há dúvidas que ele realmente ama sua irmã.

    - Agora nos diga o que está fazendo aqui Nars e não quero outras perguntas no lugar de respostas diretas! –Vanshey demanda com uma autoridade que deixaria Rius orgulhosa.

    Rius! Estamos perdendo minutos preciosos com esse interrogatório que pode muito bem ficar para depois, é o que quero dizer, mas tenho quase certeza que se eu abrir a minha boca, não serão palavras que sairão dela.

    - Eu... –o príncipe começa, mas é bruscamente interrompido por algo afiado que atravessa o seu corpo de uma extremidade a outra.

     Ele volta a cair de joelhos e sangue começa a escorrer de sua boca. Seus olhos azuis se tornam pétreos e sei que não há mais vida neles.

    Então tudo acontece muito rápido.

    Kadrahan me empurra para o chão no exato segundo que algo pontiagudo atingiria o meu pescoço e em seguida já está fatiando alguma coisa a sua frente com sua espada. Mal tenho tempo de entender o que está acontecendo e tenho que rolar no solo para evitar ser atingida por coisas que lembram lanças. Meus movimentos estão lentos, pois ainda me sinto muito fraca por não ter nada no estomago. Consigo ficar de pé, mas cambaleio ao tentar dar um passo.

     A iluminação da chama de Dras oscila e vejo que meu amiguinho está fugindo de alguma coisa indefinida pelas sombras. Entretanto, seja lá o que for, Tov avança na criatura inimiga e luta ferozmente para defender Dras.

    Ao meu redor todos estão lutando também. Antúrix está usando sua força de monstruosa desferindo golpes e mais golpes com os próprios punhos. Niklaus usa seus poderes de feiticeiro para arremessar as criaturas das sombras pelos ares. Enquanto os demais guerreiros darätzsalah de nosso pequeno grupo se posicionam de modo a manter o perigo longe de mim. Ordens de Kadrahan, sem dúvida.

    Vanshey habilmente luta com sua espada ao lado de Kadrahan contra as misteriosas criaturas, contudo não consigo enxergar muito bem, já que a chama de Dras tremeluz a todo instante. Todavia um segundo é tudo o que preciso para localizar minhas cimitarras e as faço voarem para as minhas mãos. Mesmo ainda fraca e com enjoo, já é hora de eu participar dessa festa.

    Porém antes que eu tenha a chance de fatiar seja lá o que for que se esconde nas sombras, ouço um arquejo de dor a minha esquerda. Mesmo com a luminosidade oscilante, vejo nitidamente uma espécie de lança com espinhos em toda a sua extensão atravessar o peito de Vanshey.

    - NÃO! –o meu grito desesperado emerge das profundezas do meu ser.

    Não! Kadrahan o ampara para impedir que a queda faça um estrago ainda maior no ferimento em seu peito, mas o brilho dos olhos de meu amigo já se apagou. Não! Não pode ser tarde demais, por favor, não!

    Sinto um aperto forte em minha mão ao mesmo tempo em que a voz de Kadrahan chama por mim.

    - Aédris! Aédris! –a voz dele parece muito distante. – Aédris! Volte!

    Pisco algumas vezes e finalmente as coisas entram em foco diante de mim.

    Kadrahan ainda me mantém fortemente segura em um de seus braços enquanto o Príncipe Nars me observa com um sorriso maravilhado no belo rosto. Entretanto é por Vanshey que meus olhos procuram com desespero e para o meu completo alívio, apesar da expressão preocupada, ele ainda continua inteiro e vivo.

    - O que você viu, Aédris? –Kadrahan me questiona já com o olhar atento em todas as direções.

    Sim, uma visão. Uma visão de um futuro imediato. Não tenho tempo para explicações.

    - SAIAM DO CAMINHO! TODOS PARA AS PAREDES ATRÁS DE MIM! –grito, mas sem me mover do lugar.

    Todos obedecem ao meu comando e contando com Kadrahan para ser o meu apoio faço submergir todo o poder que sei possuir em meu íntimo.

    Enormes labaredas de fogo surgem das minhas mãos e devoram todo o caminho do túnel do chão ao teto. Vamos ver se as criaturas das sombras gostam de um pouco de luz.

    De fato elas não gostam. Elas amam. Entre as chamas sou capaz de ver contornos disformes caminhando em nossa direção e arremessando suas lanças de espinhos. Uso uma de minhas mãos e as bloqueio no ar, mas as criaturas não param de avançar com suas lanças! Khrratz!

    - Que raios são essas criaturas, Niklaus?

    - Não tenho a menor ideia! –ele grita de volta as minhas costas.

    - Como assim não sabe? Não é você quem leu milhares de livros? –está sendo um tanto difícil conter o avanço das criaturas e bloquear suas lanças nas condições em que estou.

    - São jiakris! –ouço a voz do Príncipe Nars esclarecendo. – São criaturas que se alimentam do fogo! –agora que ele diz isso? –São seres selvagens típicos desse reino!

    Como se eu soubesse em que raios de reino estamos.

    Hora de mudança de estratégia. Feitiços de água ainda não são a minha especialidade, mas é a minha melhor opção no momento.

     Concentro todo o resquício de energia que ainda tenho e lanço um redemoinho de água em direção aos seres sombrios.

    As chamas se apagam e finalmente sou capaz de distinguir as formas das misteriosas criaturas.

    Elas andam sobre oito pares de patas e dois troncos saem de cada extremidade de seu corpo. Troncos fortes e musculosos que lembram de um homem, cada um contendo dois pares de braços, mas ao invés de mãos, no final de cada membro há pelo menos dez garras afiadas. As cabeças de cada tronco possuem apenas um olho enorme com pupilas transversais e várias presas saem dos buracos que devem ser as bocas. E através da pele enegrecida, somos capazes de ver veias saltadas em um tom alaranjado serpenteando todo o corpo dos jiakris e parecem conter lava ao invés de sangue.

    No entanto apesar da aparência medonha dos jiakris, apenas duas coisas chamam a minha atenção.

    A primeira é que de cada tronco musculoso brotam espinhos que crescem e saltam para fora do corpo das criaturas formando as lanças de espinhos que continuam voando incessantemente em nossa direção. Esses espinhos nunca param de brotar?

    A segunda e mais importante é que elas sem sombras de dúvidas não são nem um pouco afetadas pela água e suas garras a mantiveram presas no mesmo lugar ainda muito próximas de onde estamos.

    Minha mente estrategista de darätzsalah só me apresenta uma alternativa diante dessa situação.

    - CORRAM! –grito a plenos pulmões.

    Ninguém espera uma segunda ordem.

    Kadrahan praticamente me arrasta e vejo Antúrix fazer o mesmo com príncipe, porém de modo bem menos cuidadoso.

    Estico as minhas mãos fazendo minhas cimitarras voarem até mim e as devolvo cada uma em sua bainha. Não posso perdê-las de jeito nenhum.

    Dras segue na frente no lombo de Tov iluminando o caminho, porém mesmo com a luz de sua chama, é quase impossível ver alguma coisa diante de nós no labirinto desses túneis. E então o pior acontece. O breu novamente toma conta de tudo.

     Kadrahan e eu paramos de correr no mesmo instante. Ele me pressiona contra a parede mais próxima e se posiciona a minha frente pronto para qualquer ataque. Sua mão esquerda segura a minha com tanta força que quase chega a doer e não tenho dúvidas que a outra segura sua espada em riste.

    - Acha que consegue um pouco de fogo? –ele pergunta em um sussurro.

    Depois de uma enorme labareda de fogo, acho que criar uma pequena chama deve ser fácil.

    E como esperava, sem nenhuma dificuldade faço uma pequena chama incandescente pairar acima de minha mão livre.

    - Onde estão outros? –assim que a chama ilumina ao nosso redor, vejo aflita que não há sinal de nenhum deles. – Onde eles foram parar? –se algo acontecer com qualquer um deles...

    - Todos eles sabem se cuidar perfeitamente. –Kadrahan afirma com confiança. – Aconteça o que acontecer, não solte a minha mão de jeito nenhum! –ele exige em seguida.

    Como se fosse fácil me livrar desse aperto de quebrar os ossos.

    Voltamos a caminhar com passos lentos e cautelosos sempre atentos a qualquer barulho ou movimento súbito.

    Contudo Kadrahan de repente interrompe seu passo e trompo em suas costas. O esbarrão inesperado faz com que eu perca minha concentração e minha chama se apaga. Apresso-me em acendê-la novamente e tento soltar a minha outra mão para pegar a minha cimitarra, mas seria mais fácil arrebentar correntes de aço de uma parede.

    Aponto a minha chama em todas as direções em busca da ameaça que o fez parar subitamente, mas nada encontro. Será que ele apenas ouviu alguma coisa? Permaneço em silêncio tentando ouvir o que ele certamente ouviu, mas tudo o que ouço é a respiração dele.

    - Acha que... Acha que algo pode ter acontecido com o... –ele engole em seco. – Com o...

     Kadrahan com dificuldades de dizer alguma coisa? Ele se volta para mim e aponta rapidamente com o olhar para o meu ventre.

    - Com o bebê? –completo por ele.

    Era essa a palavra que ele estava com tanta dificuldade para falar?

    - Sim. O ferimento em sua barriga... –sua voz soa tensa. – Eu a curei, mas acha que ele está bem?

    - Ele está melhor do que eu se teve a audácia de expulsar tudo de delicioso que comi essa manhã! –essa criança e eu teremos que entrar em acordo sobre as coisas que gostamos de comer. – Escuta aqui, fedelho! Se eu passar fome, você também passa, então é melhor se comportar! –digo muito séria olhando para minha própria barriga.

     Os cantos dos lábios de Kadrahan se elevam um pouco em um quase sorriso, mas ele logo assume a sua expressão séria de sempre e voltamos a seguir pelo túnel escuro.




     Após o que parece minutos intermináveis caminhando pelas entranhas do vulcão, o calor cada vez mais intenso é o indicio que estamos nos aproximando do rio de lava efervescente no centro da cratera. E há algo mais me incomodado. É como se os túneis estivessem vivos e deliberadamente tivessem nos separados. Isso só pode significar uma coisa. Há uma forte magia aqui. Uma magia imensamente poderosa. E o pior. Ela não está do nosso lado.

     Não muito distante vejo a luminosidade ficar intensa tornando desnecessária a luz de minha chama. Aproveito e saco uma das minhas cimitarras da bainha me preparando para a batalha que nos aguarda.

    Enfim o cenário de minha visão se apresenta a nossa frente e ao que tudo indica fiquei de fora da festa na realidade também.

    Porém o que mais me irrita é que absolutamente ninguém está seguindo o plano original.

    Antúrix está lutando sozinho contra pelo menos uma dúzia de jiakris enquanto os demais darätzsalah buscam proteger o Príncipe Nars do ataque letal das criaturas. Ordens do meu irmão com certeza.

     Um pouco mais afastado Niklaus também enfrenta sua própria batalha contra os terríveis seres e seu semblante cansado denuncia o quanto está exausto por usar tantos feitiços em tão curto espaço de tempo. Tov, com Dras em suas costas, usa ataques aéreos para ajudar o feiticeiro, mas sei que também não está sendo fácil para ele.

     Certo. Sendo justa, os túneis vivos não faziam parte dos planos, mas esperávamos que algum tipo de criatura, até mesmo outras dameras estariam a nossa espreita e no plano que cuidadosamente traçamos Vanshey deveria ficar seguro na retaguarda. Mas não, o idiota está fazendo justamente o contrário.

     A uma distância considerável ele enfrenta sozinho o damera que imagino ser o doido que sequestrou Rius. A besta em que o damera se transformou tem pelo menos uns dez metros de altura e toda a estrutura de seu corpo parece ser feita de rocha vulcânica. É bípede e possui dois braços longos que chegam ao chão. É um verdadeiro milagre que a besta ainda não o atingiu com alguma das patas. Sou obrigada a reconhecer que ele está se esquivando de todos os golpes com uma habilidade impressionante, mas ainda assim não deveria estar ali.

     Idiota! Idiota! Idiota! Rius com certeza achará o gesto cavalheiresco muito romântico. Um simples humano enfrentando sozinho uma besta horrenda armado apenas com uma espada e muita coragem. Tudo por ela. Mas não passa de uma grande estupidez. Se o damera não matá-lo, eu o matarei por agir feito um idiota suicida! 

     E Rius me matará se o deixar morrer! 

     Rius!

     Minha amiga está exatamente onde a vi em minha visão. Na ilha no centro do rio de lava. Está tão ferida quanto na visão, mas em seu olhar há uma mistura de fúria e aflição por ver Larcan correndo tanto perigo! Sim, ela vai me matar se o deixar morrer.

    O damera está bloqueando todo o caminho em frente a ponte estreita que nos leva a Rius exatamente como prevíamos que faria e pelo menos essa parte do plano ainda dá para seguir.

    - Kadrahan, você sabe o que tem que fazer! –digo em um sussurro para não atrair a atenção dos jiakris que ainda não nos notaram. – Siga o plano!

    - Não vou sair de perto de você! –ele declara com firmeza.

    - Precisamos seguir o plano...

    - Não fazia parte do plano você estar tão mal. –ele me corta.

    - Já me sinto melhor! –não é bem verdade. – Nada que um javali inteiro não resolva mais tarde.

    - Não! Vamos fazer o que precisa ser feito juntos!

    Como eu consegui me casar com alguém tão teimoso quanto eu? Como não nos matamos? Hora de apelar.

    - Kadrahan, Rius precisa mais de você do que eu agora. –coloco a minha mão livre sobre o seu peito. – Rius é minha irmã e nunca vou me perdoar se algo acontecer a ela... –é a mais pura verdade. – E sei que você realmente se importa com ela também! Ela é uma irmã para você tanto quanto é para mim!

     Sinto um nó apertar a minha garganta e algo molhado escorrendo em minha bochecha. Khrratz! Não era minha intenção apelar tanto assim! Essa gravidez está revirando do avesso mais do que o meu estomago!

    Os olhos verdes que tanto amo me encaram em um grande conflito. Uma batalha está sendo travada entre seu desejo de me proteger acima de tudo e sua evidente preocupação pelo bem estar de Rius.

    - Prometa que irá se cuidar! –ele pede enxugando a minha bochecha com a ponta do polegar.

    - Prometo que não irei fazer nenhuma grande bobagem! –talvez apenas algumas pequenas.

     Ele levanta as sobrancelhas descrente em minhas palavras. Sua falta de crença em mim às vezes é muito irritante.

     Kadrahan beija a minha testa e segue em direção onde Tov está entre jiakris retalhando o maior número possível de criaturas para chamar a atenção sobre si.

     Minha deixa para agir.

     Contrariando o que eu mesma disse, não sigo o plano original. Agir com discrição nunca foi o meu forte mesmo e esse damera cretino está precisando de uma lição que também irá ferir o seu ego! E apesar de ainda estar me sentindo um saco vazio de tanta fraqueza, me obrigo a caminhar com passos firmes.

    - EI, GRANDE BESTA FEDORENTA! –grito no exato momento que um dos enormes braços de rochas passa raspando pela cabeça de Vanshey! – OLHA EU AQUI!

     Mesmo em meio a todo barulho de espadas dilacerando carnes das criaturas e corpos dos guerreiros sendo feridos, tenho a impressão de ouvir claramente o sibilo de frustração de Kadrahan a distância perante o meu ato de insensatez.

    A besta se volta para a minha direção e me encara com olhos inteligentes.

    - Sabe quem eu sou? –ele exibe um sorriso com dentes de pedras no focinho quadrado. – Parece que sim. –constato.

     Na verdade acho que ele não sabe tão bem quanto pensa, senão não estaria me olhando como se eu fosse um inseto que ele pode esmagar com as patas a qualquer momento.

     Pela minha visão periférica, vejo Kadrahan voando com Tov até onde Rius está. Minha ferinha já cresceu o suficiente para ser capaz de carregar um homem com peso de Kadrahan, embora ainda não em suas costas, mas abraçado a ele.

     O damera caminha em minha direção com passos deliberadamente lentos, como se apreciasse a ideia me fazer sentir medo por mais tempo. Tolo!

    - Está tentando me causar medo? Por que eu teria medo de um cretino covarde feito você? –pergunto com um sorriso debochado. – Nem preciso sacar minhas cimitarras para te derrotar!

    Vanshey tenta aproveitar a sua distração e correr para a ponte precária, mas o damera percebe o seu movimento e com uma rapidez incompreensível para uma criatura feita de pedras, usa um de seus enormes membros superiores para arremessá-lo contra uma parede.

    Epa! Deveria ter feito a minha parte antes que algo do tipo acontecesse!

    Em outra ocasião teria me divertido muito derrotando o cretino covarde usando apenas os meus punhos e a minha força darätzsalah, mas devido ao fato que mal estou conseguindo me manter em pé, hoje terei que fazer uso dos meus legados maternos.

     Ajoelho-me e levo ambas as mãos ao chão me concentrando para o que preciso fazer. Trenei algumas vezes antes de deixar a Floresta, mas então eu não estava sem nada no estomago e muito menos tinha acabado de usar dois grandes feitiços de fogo e água. Entretanto me concentro para não falhar. A vida de todos aqui dependem do meu sucesso.

     Um calor familiar começa a me envolver e sinto a magia do sangue divino que corre em minhas veias tomar conta de mim me abraçando como uma segunda pele. Agora tenho toda a certeza do mundo que não irei falhar. Não resisto e sorrio com ironia antes que ele sequer seja capaz de entender o que estou fazendo.

    Seu próximo passo é freado pelas heras vulcânicas que fiz brotar do solo sob os seus pés e seguem enroscando em seus tornozelos até que a besta gigante esteja completa presa pela planta dos pés a cabeça.

    Minhas visões do futuro estão se mostrando um tanto útil ultimamente.

     O damera rapidamente perde a sua forma de besta e começa a encolher até voltar a sua forma humana. Controlo as minhas plantas até elas o envolverem completamente cravando seus espinhos em sua pele e garantirem que ele não se transformará de novo.

    Mesmo fraca como estou, consigo voltar a ficar de pé e caminho sorrindo até o damera.

    - Ainda acha que Rius está do lado perdedor dessa guerra? –ele me olha com um ódio vívido e meu sorriso se amplia ainda mais em meu rosto. – Um conselho para o futuro, jamais diga quais são suas fraquezas em voz alta, pois nunca se sabe se estarei espiando... –ele opta por ficar em silêncio e agora o seu olhar é também um tanto confuso.

     A conversa que ele teve com Rius em minha visão ainda não aconteceu e nem acontecerá, portanto ele não deve ter a menor ideia do que estou falando.

     Um silvo alto e agudo ecoa pela cratera do vulcão me sobressaltando. Ao redor de meus amigos, todos os jiakris pararam de atacá-los. Sigo a direção do que originou o silvo e vejo Kadrahan atravessando a ponte carregando Rius em seus braços como se ela fosse uma criança.

    Ela claramente está fraca demais para caminhar, mas o comando que fez os jiakris pararem de lutar partiu dela e por algum motivo que desconheço agora eles a obedecem.

     Vanshey na velocidade de um raio se recupera e praticamente toma Rius dos braços de Kadrahan para os dele. Um sorriso débil se forma no belo rosto de minha amiga por estar nos braços daquele que ama, mas não dura muito, pois logo seus olhos se fecham e sua cabeça pende para o lado. Ela certamente perdeu os sentidos.

     Eu mesma não sei por mais quanto tempo serei capaz de me manter em pé, mas antes que eu possa descobrir, sinto a firmeza dos braços de Kadrahan me enlaçando.

    - Vou tirá-la daqui! Você precisa descansar! –ele afirma categórico me elevando do chão.

     - Eu preciso é comer, isso sim! –informo em um fio de voz.

     Meus olhos se fecham e não tenho certeza se já estou sonhando ou não, mas vejo fogo e muita fumaça. Algo de imensas proporções está virando cinzas, mas não estou certa se é uma cidade ou uma floresta ou qualquer outra coisa. A única coisa que vejo com nitidez são as costas de uma mulher. Uma mulher de longos cabelos azuis. Cabelos que chegam aos seus pés. E sei quem é essa mulher. É Náahtris, a Deusa da Lua Azul.

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    E aí? Finalmente puderam matar a saudades dessa ruiva teimosa que tanto amamos? O que acharam desse capítulo? Gostaram? Ou querem me matar pelo fato do Príncipe Nars ser tão esquivo em suas respostas quanto seu melhor amigo Kadrahan? huahuahauhau

    Alguma teoria nova surgiu quanto aos motivos dele?

    Novos leitores, sejam muito bem vindos e por favor, não se esqueçam de votar! Vocês tiveram a sorte de encontrarem muitos capítulos disponíveis e para a minha alegria devoram capítulos um atrás da outro. Não tem ideia do quanto me deixam feliz por se viciarem na minha história e não irem dormir rsrs Mas por favor, não esqueçam a estrelinha em cada capítulo! Voltem de trás para frente e por favor, confirmem se não pilaram nenhum na hora da estrelinha ;)

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