Capítulo III.
Antes:
Após ser resgatado do espaço pela nave Prismhelio Mill e conhecer Kloéh, nosso herói é apresentado ao Capitão Faéro e recebe o nome de Kajka que significa "Aquele Que Veio de Fora". Após passar mal, ele é atacado por três estranhas criaturas no banheiro da nave.
Agora:
*
*
Mais tarde eu estava de volta ao meu quarto sentado na cama. Não contei o que aconteceu no banheiro a Kloéh, não sei bem o porquê, talvez devesse ter contado, com certeza agilizaria os acontecimentos. Se bem que, se eu soubesse o que estava por vir, tentaria ao máximo prolongar aquilo, mas enfim... eu tinha pegado a faca que a garota empunhava e percebido que não era exatamente uma faca e sim uma lasca de metal atochada num bolo de massa cinza dura.
Fiz um monte de pequenos cortes nas paredes do quarto e na armação da cama para ver se ela funcionava, quando constatei que sim, espetei a ponta de meu dedo. Senti nada. Pressionei mais e nada. Pressionei com toda a minha força, mas parei rapidamente, pois o metal estava retorcendo. Então, recapitulando: Eu não tinha memória, era superforte, sabia lutar, tinha pensamentos homicidas, era capaz de sobreviver sem proteção no espaço sideral e era invulnerável também, aparentemente.
Fiquei ainda mais zonzo.
Quem eu era? Por que eu era daquele jeito? Seria que havia outros como eu? As pessoas naquela nave não pareciam ter respostas, mas conseguiam se comunicar comigo, logo, deviam ter alguma pista. Fiz uma nota mental de perguntar a Kloéh em qual idioma nós conversávamos. Céus, como não tinha pensando naquilo antes? Depois comecei a pensar no que aconteceu no banheiro. Quem era aquela garota? Por que ela estava tão interessada em saber sobre mim e minha, como dizer, habilidade?
Tantas perguntas.
Me joguei de costas na cama e encarei o teto. Será que alguém estava procurando por mim? Alguém que me amava e estava preocupado? Talvez alguém com as mesmas capacidades que eu?
Minha cabeça doeu.
Será que aquela dor era um sinal de que eu estava lembrando?
Fechei os olhos e me deixei levar. Foi quando ouvi a eletricidade chiando. Faíscas crepitando. Cabos se soltando. Energia se libertando. Quis ir para ela. Ajudá-la. Abri os olhos e tudo estava igual. Então escutei um estrondo que foi perdendo força como se estivesse se afastando, depois o chão tremeu e eu fui arremessado em direção a porta do banheiro, senti a violência do impacto, porém não a dor que deveria acompanhá-lo. Logo depois outro estrondo soou e dessa vez fui jogado contra o teto. Caí de volta na cama cujas pernas quebraram com o choque. Deslizei pelo chão, agora inclinado, até parar batendo de novo na parede que dava para o banheiro.
Depois tudo ficou vermelho, um alarme soou e a porta do quarto abriu.
Caminhei para ela, tonto. No corredor encontrei as outras portas abertas e duas criaturas conversando, soturnas.
― O que tá acontecendo? ― perguntei a que estava mais perto. Um inseto gigante e vermelho com seis patas e dois braços.
Ela me olhou e recuou falando em seu idioma de grunhidos.
― O quê? ― gritei para sobrepor o som do alarme. ― Eu não entendo!
Balancei os braços tentando explicar o melhor possível o que queria dizer. A criatura revirou os olhos (círculos brilhantes em órbitas escarlates) e disse:
― Phsareche que um cabsho de manustchenção da vidja se choutou!
Mal absorvi aquelas palavras, já estava cambaleando rumo ao corredor principal. Andava automaticamente, movido por uma força desconhecida. Meu peito estava quente com uma sensação inominável. Mas uma coisa estava clara. Kloéh. Precisava vê-la. Protegê-la. Precisava estar com ela. Era algo além de toda a lógica, eu nem sabia onde ela estava nem como chegar lá, mas não importava. Segui pelos corredores idênticos guiado por sabe-se lá o quê. Era como se ouvisse a voz de Kloéh em cada lado que teria de virar até chegar a ela. A nave sacudiu mais algumas vezes enquanto eu andava, no entanto me mantive firme na busca.
E assim a encontrei.
Agitada, ela discutia com um grupo de pessoas num tipo de pavilhão tão cinza e confuso quanto o resto da nave. O capitão Faéro também estava lá. E seus asseclas junto com ele. Outras trinta pessoas/criaturas se espalhavam pelo local. Todos falavam alto no idioma gutural tradicional deles. A luz vermelha iluminando o local não parecia ajudar a acalmar os ânimos. Comecei a caminhar em direção a Kloéh, as pessoas recuavam quando me viam. Quando Kloéh me viu, levou um susto e olhou de mim para Faéro. O capitão parecia neutro, embora todos os outros estivessem claramente com medo.
Ouvi alguém falar algo familiar.
Darrakes.
Guardas.
Kloéh veio até mim, pálida, olhando para os lados e mordendo o lábio inferior.
― Oi! ― falei.
― O-oi! ― gaguejou ela em resposta enquanto tocava em meu peito para que eu não chegasse mais perto. ― Co-mo vo-cê chegou a-aqui? ...
― Eu não sei ― contei. ― Tudo tremeu, eu me assustei, me preocupei com você e acabei vindo para cá.
― Simples assim?
― Eu sei! Loucura, né? ― notei que as pessoas se agrupavam atrás de Faéro deixando o maior espaço possível entre elas e onde Kloéh e eu estávamos. ― Por que eles tão assim?
― Estão com medo ― disse ela, apressada.
― Medo de mim?
― Eu disse que-que eles tinham me-me-do de você, lembra? ― ela parecia realmente assustada. ― Não esperavam ver você aqui, especialmente porque...
― Por que o quê?
Mas antes que ela respondesse um grupo de Darrakes entrou no recinto empunhando suas armas e gritando. Kloéh posicionou-se à minha frente num gesto que parecia de proteção. No mesmo instante meu cérebro entrou em ação. Se as coisas esquentassem eu a jogaria para o mezanino acima de nós, enquanto faria os guardas atirarem conta a multidão numa tentativa de me pegar. Tinha que matar Faéro antes de qualquer coisa. Ele era a autoridade máxima. Eliminá-lo deixaria todos desestabilizados.
Aquela ideia excitava uma parte de meu corpo e gelava outra. Eu precisava ter calma, não queria fazer algo precipitado. Só atacaria se atacassem primeiro. Mas seria auto-sabotagem desejar tanto que atirassem?
Percebi a mulher branca, Nida, sussurrando algo para o capitão que dispensou os Darrakes com um gesto. Surpreso, fiquei sei reação. Faéro veio até mim seguido pela mulher e os outros dois. Seus passos ecoavam no chão metálico, os braços jaziam ocultos pelo corpo e sua expressão era ilegível. Ele se aproximou. Me encarou por alguns instantes e virou-se para o restante das pessoas dizendo coisas em seu idioma.
― Acalme-se! ― sussurrou a mulher para mim. ― Não há com o que se preocupar!
Kloéh virou para mim.
― Ele está dizendo para os outros se acalmarem! ― traduziu.
― Isso é estranho.
― Um pouco! Ele deve ter algum tipo de plano para você, cuidado.
Então Faéro encerrou sua fala, voltou-se para mim e Kloéh e disse:
― Eu disse a eles que não precisam se preocupar! ― sua pronúncia havia melhorado drasticamente desde o jantar. ―Você não deveria ter aparecido aqui, agora, Kajka. Mas talvez isso seja algo auspicioso. Venha...
Ele esticou a grande mão. Kloéh saiu da frente e eu me aproximei do capitão. Estranha e delicadamente ele passou os braços por meu ombro e levou-me para onde estava antes. A luz voltou a ser branca conforme andávamos. Olhei para Kloéh, mas ela estava de cabeça baixa.
― Saifo, por favor! ― uma figura peluda e branca com manchas pretas onde ficariam os olhos apresentou-se. ― Explique a situação novamente para nosso colega Kajka e na língua dele, antes que me pergunte.
― Pois bem, como quiser, capitão! ― Saifo disse e pigarreou. Sua voz existia em algum lugar entre o rouco e o agudo. ― Olá, Kajka! Eu sou Saifo e sou o que você entende como um engenheiro. Eu cuido dessa nave como se fosse a minha casa e ela é. É muito bom finalmente conhecer você, isso acabaria acontecendo em algum momento, mas estou feliz por...
― Vá ao ponto! ― ralhou Faéro. ― Não temos tempo para seu falatório desnecessário.
― Sim, sim! Perdão, capitão. Isso rima, não rima Kajka?
― Ahnn...
― SAIFO!
― Desculpe de novo. Eu tenho muitas ideias e nem sempre consigo focar! ― ele gesticulava muito mais do que era necessário e se fazia entender com maestria. ― Mas enfim, veja.
Saifo abriu os braços e de repente uma imagem projetou-se no ar. Uma coisa com duas cúpulas interligadas por um grande corredor com uma superfície lisa atravessando-a transversalmente e tubos no espaço adjacente.
― Essa é uma projeção da Prismhélio Mill ― contou Saifo.
― Quer dizer...
― Sim, a nave onde estamos! Na verdade... ― com um movimento rápido de Saifo, a imagem aproximou-se da cúpula da frente. Um "X" vermelho surgiu na parte superior. ―... é aqui que nós estamos. E é aqui... ― a figura moveu-se rapidamente e parou sobre um dos tubos. Um contorno vermelho surgiu no lugar onde o tubo e o encaixe se encontravam. ―... que está o problema.
"Veja bem, Kajka! Esses tubos são os responsáveis pela gravidade artificial e o ar que respiramos. Eles os produzem e conduzem por tooooda a nave. Mas um deles está com defeito. Por algum motivo ele se desprendeu e isso ameaça a todos nós, já que um tubo não é capaz de manter a nave sozinho por muito tempo. Em teoria é possível consertá-lo da Sala de Controle, mas não conseguimos porque, aparentemente, o tubo começou a vazar um gás chamado Inobitabum que inutilizou o conector.
"Outra possibilidade seria fazer isso manualmente, porém o Inobitabum se combinou a radiação cósmica tornando aquela área impossível de acessar. Até nossos trajes de proteção falhariam, portanto teríamos de evacuar a nave, só que isso...
― Askul! ― interrompeu Faéro. ― Já disse o suficiente.
Saifo calou-se e abaixou a cabeça.
― Como vê, Kajka, estamos em perigo! E enquanto todos pensavam em formas de fugir, minha Rhaego'O número um pensou numa forma alternativa de nos salvar.
― Quer que eu vá! ― adivinhei. ― Quer que eu conserte o tal tubo!
― Eu compreendo que é peri...
― Eu aceito! ― disse decidido. ― Me mostrem como fazer e eu faço.
Faéro assentiu.
― Atê ― Kloéh avançou até o meu lado. ―, traskiMi'O hapah ne krê'Na?
― Fale em gardiniano ― advertiu Faéro. ― Kajka deve entender o que está acontecendo.
Gardiniano. Esse era meu idioma?
― Não seria melhor eu fazer alguns testes? ― disse Kloéh. ― Só para garantir que ele...
Então, antes que a doutora acabasse, outro estrondo atravessou a nave. As luzes voltaram a ficar vermelhas. Súbita e violentamente fomos tirados do chão como se a gravidade desaparecesse. Ouvi os outros grunhindo e gemendo desesperados, eles pressionavam o próprio rosto e/ou a garganta, Faéro, seus Rhaego'Os, Saifo e Kloéh também estavam daquele jeito. Eu não entendi qual era o problema até vê-la. Pois somente quando inspirei de susto que notei que não tinha ar.
Eles estavam morrendo asfixiados.
E eu não.
Porque eu não preciso de ar.
Se eles morressem eu ficaria sozinho.
Precisava fazer alguma coisa, mas o quê?
E, tão rápido quanto chegou, o problema sumiu. O ar e a gravidade voltaram simultaneamente fazendo todos caírem. Mal toquei o chão, me arrastei até Kloéh. Sua pele jazia quase branca, os olhos quase vermelhos. Sussurrei seu nome e ela pareceu reagir. Devagar, sua cor foi voltando. Ela respirou longamente antes de sussurrar meu nome de volta.
Kajka.
― Kajka ― era a voz de Faéro. ― Não temos tempo para testes. Você acha que consegue sobreviver aquele lugar?
― Sim! ― falei.
Faéro assentiu e falou no idioma deles com um homem-touro ― parecido com aquele outro, só que muito maior, preto e talvez nu. Não que desse para ver alguma coisa, mas o outro usava um collant metálico e aquele não. ― Em seguida me chamou para junto deles. Algumas criaturas reptilianas se aproximaram de mim e Kloéh afirmando serem doutores da equipe dela. Deixei-a com eles e fui até Faéro.
― Kajka este é Nabu-Rellier ― apresentou o capitão. ―, ele vai ajudar você com o que precisa saber. Sejam rápidos.
― Confie em mim, Sarul... capitão! ― com acenos de cabeça sutis os dois se despediram e Nabu-Rellier me guiou para fora do recinto.
Enquanto seguíamos para a Ponte numa estranha cabine, ele contou o que eu precisava saber. Contou que o traje aumentaria minha força para que eu fosse capaz de mover o tubo, mas que seria totalmente inútil como proteção e que ele falaria comigo durante cada segundo da missão.
Contou que eu seria empurrado pelo dispositivo de coleta da nave, porque o cabo não suportaria a radiação do ambiente.
Contou que possuía uma equipe muito bem preparada para me ajudar e que a maioria deles estava dividida entre o medo pelo que eu era capaz e a raiva por eu ter machucado um deles. E que o que eu estava prestes a fazer era algo que, mesmo em situações normais, requeria técnicos bem treinados.
Quando chegamos ao destino, descemos da cabine e ele me levou até um tipo de armário onde me deu uma placa escamosa e cinzenta.
― O que é isso?
― O traje ― explicou. ― Aperte com as duas mãos para ativar.
Relutante, fiz como ele pediu. A placa desapareceu por um segundo antes de começar a cobrir meu corpo. Senti a textura escamosa cobrir meus braços, tronco, pernas e por fim meu rosto. Olhei para Nabu-Rellier. Ele estava afastado de mim batendo num dispositivo feito de um material semelhante ao do meu traje só que menor e em seu rosto.
― Teste, teste! Me ouve com clareza?
― Sim! ― disse.
― Ótimo ― o homem-touro vem até mim e pede para que o siga. Caminhamos até uma grande estrutura circular com um brilho no centro. ― Suba ali! ― ordenou apontando para uma plataforma dentro do círculo.
Fiz como ele mandou. Minhas entranhas remexendo de excitação, medo, nervosismo, ansiedade e um monte de outras coisas que nem sei descrever. Pensei em Kloéh semimorta e em mim completamente sozinho de novo. Eram imagens que eu teria de impedir que se concretizassem. Por ela. Por mim. E por todo mundo naquela nave, também. Eu faria aquilo.
― Kajka! ― era Nabu-Rellier. ― Você consegue mesmo sobreviver no espaço?
Assenti.
― Quase certeza de que sim!
― Se for, então será um herói, hoje! ― disse. ― Mas se não, EôComhTe Azarkar, significa...
― A morte é parte da missão! ― falei. ― Eu sei, não sei como sei, mas sei! E não vou morrer.
Com um cumprimento de cabeça, ele se afastou. Um pouco depois sua voz ecoou no traje.
― Preparado?
― Sim.
― Quando as três linhas acenderem, a porta vai abrir e a missão vai começar.
A primeira linha acendeu. Senti meu corpo flutuar, mas não por falta de gravidade e sim pela máquina atrás de mim. Por Kloéh.
A segunda linha acendeu. A porta se abriu revelando um vidro separando-me do espaço. Adiante, vi o gigantesco tubo, o conector e o quanto eles estavam separados. Por mim.
A terceira linha acendeu. O vidro sumiu e eu fui empurrado em direção ao espaço sideral. Naquela vez eu percebi logo de cara quando o ar deixou de existir, mas ainda era tranquilo sem ele. Diferente da outra vez, agora eu sentia um pouco de calor, mas talvez fosse a radiação. Senti o traje ficar grudento e estranho.
― Tudo bem aí? ― perguntou Nabu-Rellier.
― Sim, só o traje que tá estranho.
― Tenha calma, isso era previsto! A radiação afeta a estrutura do traje, mas não interfere na força aumentada. Você vai conseguir.
Avançando, olhei para os tubos à direita. Eram imensos. Aquela nave devia ser muuuuito grande. À esquerda haviam placas de metal marrom-claro como a maior parte do exterior da nave. Acima e abaixo estava o espaço em toda a sua infinitez. Agora ele não parecia mais tão assustador, era como um velho amigo que suporta todas as bases da existência. Sorri e respirei fundo ― porque era automático. ― uma voz familiar falou ao meu ouvido:
― Kajka!
― Doutora ― fiquei muito aliviado em ouvi-la. ―, você tá bem?
― Sim ― responde, a voz abafada. ― Minha equipe é muito boa. E você? Como se sente?
― Com um pouco de calor, mas bem! ― disse.
― Como é estar no espaço?
― Legal, um pouco grudento! ― confessei. ― O traje parece que está derretendo.
Kloéh se cala, mas consigo ouvir a voz dela ao fundo conversando com Nabu-Rellier sobre o funcionamento do traje. Ele parecia seguro de que o traje aguentava, mas ela estava cética. Enquanto eles falavam, senti algo diferente. O traje estava ficando mais apertado como se estivesse encolhendo. Pouco a pouco ele fritava contra minha pele causando um desconforto terrível. Tentei aguentar o máximo possível, crente no que Nabu-Rellier havia prometido, porém chegou um momento que usar aquela coisa era insuportável.
― Não dá mais. ― avisei pelo rádio. ― Eu vou tirar esse treco.
Ninguém respondeu, na verdade tive a impressão de que nem estavam prestando atenção em mim, então comecei a puxar. O "tecido" esticou bastante antes de começar a ceder, mas não demorou para que eu conseguisse rasgá-lo. Logo depois de fazer isso, vozes ecoaram em meu ouvido. Não lhes dei atenção e aumentei o buraco no traje até tirá-lo de toda a parte superior de meu corpo.
Senti muito calor no primeiro momento, entretanto foi apenas isso. Logo meu corpo se acostumou ao ambiente. Então parei de me mover. Olhei para trás e sinalizei para que me deixassem seguir em frente e, após uns segundos, continuei.
Alcancei o tubo tranquilamente. Luzes faiscavam e desapareciam no vácuo. Havia uma grande distância entre a entrada e o conector. Me conduziram até a parte de baixo do grande tubo. Ergui as mãos acima da cabeça e toquei na superfície do objeto. Era, de alguma forma estranha, tão quente e tão frio que acabava sendo nem uma coisa nem outra.
Aquela seria a hora em que o traje deveria cumprir sua função, afinal o tubo era extremamente pesado e a roupa era aprimorada para suportá-lo. Durante todo o tempo que me disseram isso, eu fiquei sorrindo e acenando. Sabia que era tolice, pois na hora "H" eu não precisaria de um traje.
Então estiquei as pernas e me movi para cima empurrando o cabo. A nave não me guiava, eu avancei sozinho. Subindo e subindo até sentir uma pressão maior e parar. O tubo se moveu para seu conector e girou. Aí eu soube que tinha acabado, deslizei de volta para a luz do coletor da nave e eles me puxaram para dentro.
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