CAP 42
James Smith
Quando recuperei os sentidos após a pancada na cabeça, tudo que eu conseguia ver era um breu.
Seja qual for o lugar onde eu estou, tenho quase certeza de que é no subsolo, pois é frio e úmido, além de escuro.
Talvez um porão.
A última visão que tive foi do Edgar me ameaçando. Minha cabeça ainda dava voltas, provavelmente por causa da pancada e meu corpo inteiro doía.
Só agora me dou conta de que minhas mãos estão amarradas e minha boca amordaçada. Não faço idéia de quantas horas fiquei inconsciente, mas a fome que eu estava sentindo me fez ter suspeitas de que eram muitas.
Com um baque as portas rangeram e o local se iluminou por completo fazendo com que eu fechasse os olhos por não estar acostumado com a claridade.
Pude ouvir o som de pisadas e logo elas estavam próximas.
Aos poucos minha visão foi se acostumando com a claridade e com toda certeza a última pessoa que eu queria ver, era aquela que estava na minha frente.
— Você parece mais calado que o habitual — Riu — O que foi? Comeram sua língua? — O encarei com raiva — Ah, que cabeça minha — Bateu a mão na própria testa, dramatizando.
Puxou a mordaça de uma vez, fazendo com que meu corpo fosse violentamente pra frente e voltando a se recostar na cadeia.
Minha boca estava seca e minha barriga roncava dolorosamente.
— A ... Quanto tempo... — Eu mal conseguia falar, minha garganta arranhava a cada mínima tentativa.
— Quanto tempo está aqui? — Ele prosseguiu sem nem esperar que eu confirmasse — Surpreendente 3 dias — O encarei surpreso.
3 dias era mais do que eu esperava estar ali.
— Acredite. Finalmente temos algo em comum. Também estou surpreso, mas o problema é que eu não sabia ao certo o que fazer com você. Por isso ainda está vivo — Não era difícil perceber a ameaça.
Ele saiu sem dizer uma só palavra. Eu estava tão cansado e mal tive tempo pra pensar em como ele me manteve desacordado por três dias, já que eu não me lembrava de absolutamente nada.
Tentei me livrar das amarras, mas estavam apertadas demais. Parei de tentar quando Edgar voltou com uma garrafa de água e um pedaço de pão em um prato.
— Nem sei porque me dou o trabalho de mantê - lo vivo —Disse cortando uma das amarras, libertando uma de minhas mãos— Acho que uma é suficiente — Me entregou a água e o pão de uma só vez.
Fazendo com que eu deixasse cair o pão.
Acabei não dando importância, ele não tinha mesmo uma boa aparência e naquele momento, apesar da fome, a sede era maior. Então virei de uma só vez a garrafa, nem ao menos me importando se esse era o jeito que ele estava usando para me matar.
— Sabe James, você é bem resistente — Ele puxou uma cadeira e se sentou a minha frente — Algumas vezes tive que acertar sua cabeça pra que você voltasse a dormir.
Então por isso minha cabeça doía tanto.
— Se não fosse tão incoveniente, seria um prazer ter você na família, mas eu tenho outros planos para a Hannah — Se levantou
— O que vai fazer comigo? — Consegui perguntar
Eu sabia, que se já havia se passado três dias e eu ainda estava ali, significava que ninguém estava a minha procura.
O meu pai, eu sabia que não me preocuparia mesmo. Seria um alívio para ele se eu desaparecesse. Ele não se importava.
Desde que me culpava pela morte da minha mãe. O que ele fazia a muito tempo, essa culpa era destinada a mim desde o dia que eu nasci, quando minha mãe morreu ao me dar a luz.
Ele a todo momento não me deixava esquecer, que pela minha vida ela abriu mão da própria.
Mas o que realmente me deixava abalado era saber que meus amigos, pois eles sim eram minha família, nem ao menos se preocuparam. Pelo menos era o que parecia. E a Hannah?
Eu preferia acreditar que ela fez todo o possível, mas o miserável do pai dela a impediu de me encontrar. Do que pensar que ela acreditava, que por alguma razão, eu fui embora.
Eu nunca pensei que encontraria alguém que me fizesse querer estar só com ela. Que me fizesse sentir especial a ponto de querer minha companhia a todo instante.
— Essa é uma ótima pergunta — Ele se aproximou e seu celular começou a tocar. Ele riu, virando a tela do aparelho para mim e eu pude ver no visor brilhando o nome da Hannah.
Meu coração errou as batidas.
— Parece que minha filha finalmente tomou uma decisão — Disse indo em direção as escadas e saindo.
Aproveitei esse momento pra finalmente me soltar. Usando umas das mãos que estava livre, consegui soltar a outra, após algum esforço, pois o nó estava apertado demais.
Subi as escadas e tentei abrir a porta, mas estava trancada.
Era impossível ouvir qualquer coisa que se passasse do outro lado e comecei a temer o que aconteceria se o Edgar voltasse e me encontrasse desamarrado.
Comecei a passar o olhar pelo lugar, a procura de algo que pudesse usar para me defender. Com certa dificuldade por causa da pouca iluminação do local consegui encontrar, mais ao fundo um pedaço de madeira empoeirado.
Teria que servir.
Ouvi passos se aproximando e me escondi embaixo dos degraus. Ali eu tinha a esperança de acertar ele antes que ele percebesse que eu não estava onde deveria estar.
Os passos ficaram mais próximos. Acima da minha cabeça. Eu estava nervoso, minha mão soava.
Tinha medo de errar e acabar morrendo, mas de nada valia ficar pensando.
Se eu morresse ao menos seria lutando.
Segurei firme o pedaço de madeira, reunindo a pouca coragem que eu ainda tinha e saí debaixo das escadas pronto para atacar, mas não fiz absolutamente nada. Fiquei ali parado. Congelado.
A porta estava aberta, então eu podia enxergar bem o que estava próximo das escadas. Fiquei aliviado por não ter tido coragem de acertar o Edgar assim que pensei que ele estava ali.
Porquê não era ele.
— James — Ela sorriu.
Eu estava tão fraco fisicamente que não aguentei mais ficar de pé. A força que surpreendente eu tinha a poucos segundos atrás tinha me abandonado completamente.
— James — Ela correu até mim. Encostando minha cabeça em seu peito.
— Estou bem — A abracei — Estou bem agora — A apertei mais com a pouca força que tinha.
— Não sei o que seria de mim se algo acontecesse com você — Ela segurou meu rosto, me fazendo encara - lá. Seu rosto estava banhado em lágrimas.
— Amo você — Disse olhando em seus olhos. Ela sorriu.
— Eu amo mais — sem esperar ela uniu seus lábios aos meus.
Nunca pensei que sentiria tanta falta dos lábios de alguém como eu sentia agora.
— Que cena mais linda — Edgar bateu três palmas pausadamente, enquanto seu peso rangia contra os degraus.
— Você disse que nos daria um tempo — Hannah se virou para ele
— Disse? Não lembro — Soou sínico — Acho que já foi suficiente. Deixei você vê - lo. Agora está na hora de você cumprir com a sua parte do acordo.
— Do que ele está falando, Hannah? — Me afastei do suficiente para encara - lá.
— Não contou pra ele? — Edgar balançava a cabeça de um lado para o outro
— Você não nos deu um tempo, como queria que eu dissesse? — Hannah se levantou, se aproximando dele.
Disse algo tão baixo que eu não pude ouvir de onde estava, mas ele a encarou furioso.
— Chega de ser bonzinho! Vou lidar com você da minha maneira — Ele agarrou um punhado de cabelo dela entre as mãos e a puxou para próximo das escadas.
Me senti um fraco, impotente. Vendo aquilo acontecer sem fazer nada.
— E você... — Ele puxou uma arma apontando pra mim — É melhor ficar onde está.
Nos olhos da Hannah eu pude ver que ela estava com medo e eu também estava, mas não podia deixar que ele fizesse o que bem quisesse com ela.
Então reuni as forças que eu tinha e peguei o pedaço de madeira com as duas mãos, acertando a cabeça dele quando ele se distraiu ao se preparar para subir as escadas.
Foi um golpe bem ruim, tão ruim que a próxima coisa que vi foi ele vindo pra cima de mim com toda fúria estampada em seu rosto.
As mãos que antes ele tinha sobre a própria cabeça no local onde eu o acertei, logo se fecharam em punhos e foram direcionadas ao meu rosto.
No primeiro soco eu caí no chão. Tudo começou a girar e então veio mais um e mais um. E quando eu estava esperando pelo próximo ouvi um barulho que fez o Edgar sair de cima de mim e olhar para trás.
— Se afasta dele agora, pai — Hannah estava com a arma em mãos. Destravada.
Eu não sabia o que ela estava fazendo, ela nunca havia pegado em uma. E minha visão estava tão embaçada, mas ao menos minha audição ainda funcionava bem.
— O que você vai fazer? Atirar em mim? — Ele riu com descaso — Me entregue isso — Ele se aproximou e ela deu um primeiro disparo.
— Se não fizer o que estou dizendo o próximo não pretendo errar — Ouvi ela dizer.
— O que pretende com tudo isso Hannah?
— Você não está bem. Não vê o que está fazendo? — Ela começou a dizer — Você sequestrou o James, pai. Estava prestes a mata - ló. E tudo isso pra quê? — Ele não respondeu e então ela prosseguiu — Se parar com isso, vamos todos pra casa e esqueceremos o que aconteceu.
— Que tipo de homem acha que sou? — Ele riu
— Realmente não sei. De verdade — Minha visão aos poucos voltava ao normal e pude ver quando a Hannah se aproximou — Mas não vou exitar se tiver que atirar em você pra salvar o James.
— Atiraria no seu próprio sangue? — Ele não ria dessa vez, estava enfurecido
— Sim, se meu próprio sangue ameaçar quem eu amo.
— Então vamos ver se é verdadeira no que diz — Fechei os olhos quando ele ameaçou se aproximar.
Imaginava o que estava por vir.
Minha cabeça dava voltas, e o ar começou a ficar sufocante. Eu só queria voltar a abrir os olhos e sair daquele lugar de uma vez, mas uma vez fechados eles se recusavam a se mover novamente.
Ouvi um disparo e o som de algo pesado cair ao meu lado.
Vozes. E depois tudo ficou em completo silêncio.
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E estamos na reta final... Problemas existentes resolvidos... tá só maravilha🤭
(Não sei o que falar nas notas KKKKK)
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