CAP 30
Hannah Mancini
Esse estava sendo o pior fim de
semana da minha vida.
Como se já não bastasse o James estar afastado de mim, por culpa minha. Eu ainda tive que remarcar meu horário no salão, remarcar!
Eu estou furiosa com isso. Só porque estou abalada emocionalmente, não significa que minha aparência tenha que estar também. Não precisa ficar exposto pra todo mundo ver.
E amanhã querendo ou não, o James vai se esbarrar comigo na escola e por mais que ele tente não olhar pra mim, ele vai acabar olhando e eu preciso estar ótima, para que ele não saiba que estou sofrendo.
Minha maior vontade agora é de ligar pra ele, ou talvez eu devesse fazer melhor. Ir até a casa dele!
Me levantei da cama e fui até o closet, pegando uma saia jeans que ia até o meio das minhas coxas e um cropped de manga longa, preto.
Fiz um rabo de cavalo no cabelo e parei em frente ao espelho.
— É, eu já estive melhor — Observei meu reflexo, enquanto passava gloss — Mas ainda continuo uma grande gostosa. — Dei uma piscadinha para meu reflexo e saí.
Peguei a chave do carro em cima da mesinha de centro da sala e fui em direção a porta.
— SURPRESA!!! — Fui surpreendida ao abrir a porta.
O susto foi tão grande que eu fiquei paralisada, nem consegui gritar. Dei dois passos pra trás e observei com grande surpresa as pessoas a minha frente.
— Não vai abraçar os seus pais? — Minha mãe disse entrando seguida pelo meu pai.
— Mãe? Pai? O que fazem aqui? — Falei surpresa
— O que fazemos aqui — Meu pai disse indignado — Oras, essa é nossa casa
— Agora venha aqui — Minha mãe puxou - me para um abraço, que eu fiz questão de não retribuir
— Me soltem, não sou mais criança — Me afastei quando ambos me apertaram e passei a mão pela roupa amarrotada
— Achei que nossa recepção fosse ser mais calorosa — Ela cruzou os braços
— Oh! Desculpe senhora Mancini, se não sou tão calorosa como esperava. Acontece que não tive uma mãe com quem desenvolver esse tipo de sentimentalismo — Cruzei os braços
— Não fale assim com a sua mãe, Hannah — Meu pai me advertiu
— Isso vale pra você também. — O encarei — Agora se me dão licença, eu estava de saída — Digo passando por eles.
Paro antes de conseguir chegar a porta, quando uma figura alta e jovem para bem na minha frente, bloqueando minha passagem.
— Hannah, queremos que conheça o Oliver Owen — Meu pai diz e eu olho do rapaz a minha frente, pra ele.
— E esse quem é? Amante da mamãe? — Alfineto
— Hannah, por favor — Meu pai fala segurando meu braço, baixo o suficiente para que apenas eu escute — Seja educada com a nossa visita, estou te avisando — Ameaçou
— Vou ser porquê quero e não por que está pedindo, papai — Puxei meu braço de seu agarre — E quem é essa ilustre visita, algum filho perdido de vocês? — Pergunto, fazendo um esforço para não sair correndo.
— De amante á filho. Interessante — Ele diz, me observando.
Não vou negar, é um gato. Mas felizmente já tenho o meu.
— Trouxemos o Oliver para que você o conheça — Minha mãe diz
— Já conheço gente o suficiente, obrigada — Dei as costas, indo até a porta
— Hannah! — Meu pai disse e eu paralisei.
Maldição. Odeio esse efeito de quando algum deles diz meu nome e eu simplesmente congelo.
— Temos um jantar. Então, cancele o que pretendia fazer. Por favor — Ele me observava atentamente.
Aquele por favor, era tudo. Menos um pedido.
— Vamos, eu te ajudo a se arrumar. — Minha mãe disse apoiando a mão nas minhas costas e me conduzindo ao andar de cima. Eu continuava imóvel. Apenas encarando ele, com todas as palavras que eu não podia dizer, apenas no olhar.
Qualquer outra coisa que eu fizesse, se não obedecer, seria pior pra mim mais tarde. E eu não estava pronta pra travar uma guerra com ele, não agora.
— Pode fazer algo útil e me ajudar com esse cabelo? — Perguntei enquanto subiamos as escadas
— Ainda bem que pediu, estava pensando em como falar sem piorar a nossa situação — Riu.
Entramos no meu quarto e eu me sentei na cama. Minha mãe foi até a penteadeira e com a escova em mãos, começou a pentear meus cabelos.
Involuntariamente lágrimas começaram a cair. Eu estava tentando não pensar em quantas vezes ela poderia ter feito isso quando eu era criança, mas não o fez. Não fez questão de estar aqui para isso.
— Sabe que não sou mais criança né? — Disse quando ela começou a cantarolar e alisar meus cabelos
— Infelizmente sei. Eu me arrependo muito de ter perdido tanto tempo com você Hannah — A encarei — Pode não acreditar, mas é a verdade.
— Isso não vai mudar nada — Falei secando as lágrimas caídas — Já passou. Não faz diferença — Ameacei levantar, mas ela segurou minha mão
— Claro que faz, pelo menos pra mim. Talvez você nunca me perdoe, mas... — Suspirou — Eu quero, pelo menos tentar.
— Te desejo sorte — Fui seca
— Não importa quanto tempo demore, não vou desistir de você. Não mais. — Pra mim foi a gota d'água.
Eu esperei tanto que ela me dissesse essas palavras e agora que disse eu simplesmente não conseguia acreditar. Todas as lágrimas que eu vinha segurando desabaram.
— Lágrimas idiotas — Resmunguei tentando seca - lás inutilmente.
— É bom saber que você vai me dar uma chance — Ela se aproximou e eu me levantei
— Eu não disse que vou. — Seus olhos marejaram — Mas eu vou pensar — Ela sorriu
Caminhei na direção do closet, não podia mais chorar na frente dela.
— Vamos reparar o prejuízo, eu prometo. — A ouvi dizer antes de entrar no closet e desabar no chão, deixando finalmente as lágrimas saírem.
Não eram lágrimas de felicidade, mas era como se tivessem tirando um enorme peso das minhas costas.
Depois de tanto igonorar esse assunto, eu nunca pensei que precisava disso. Precisava que ela fizesse questão de me fazer sentir parte da vida dela. Mesmo que fosse um pouco tarde para isso.
Eu estava feliz. Feliz por saber que ela estava tentando.
Mas o que eu não entrava na minha cabeça era o fato dela ter dito "vamos reparar o prejuízo". Pelo jeito ela faria todo o esforço por ele, mas se ele pensa que vou me submeter a ele, está muito enganado.
*
Algumas horas depois, de banho tomado e uma boa maquiagem que me ajudou a esconder o rosto inchado de tanto chorar, eu estava quase pronta pra esse jantar ao qual nem queria ir.
— Pronto! — Minha mãe disse terminando de arrumar meu cabelo em um coque. — Está perfeita! — Ela sorriu
— Parece até que estou me arrumando para casar — Ri observando meu reflexo no espelho e a feição dela mudou — O que foi? — Me levantei me aproximando dela.
— Eu... Tenho que te contar algo — Ela olhou ao redor, como se para se certificar de que estávamos apenas nós duas — O seu pai...
Ela deu um salto para trás quando alguém bateu na porta.
— Pode entrar — Minha mãe respondeu por mim
— Já estão prontas? O senhor Edgar já está nos esperando — Oliver disse entrando.
— Já estamos indo — Abanei com a mão para que ele saísse. Ele arqueou a sobrancelha, mas não protestou — O que foi mãe? O que ele fez? — Perguntei olhando para ela, mas ela encarava a porta
— Nada. Não era nada — Forçou um sorriso — Melhor irmos. Não vamos querer que ele venha nos buscar não é? — Saiu antes que eu pudesse detê - lá.
Alguma coisa ela está me escondendo, mas se ela não quiser me contar, vou dar um jeito e descobrir sozinha.
*
O caminho até lá foi em completo silêncio — Principalmente da minha parte — o clima não era propenso a conversas, e muito menos as pessoas.
Oliver parecia legal, mas não queria dar a entender que estava disposta a fazer parte do — Qualquer que fosse — plano sórdido do meu pai por trás da vinda dele.
Quando chegamos ao restaurante nos sentamos em uma mesa onde haviam cinco assentos. E dois dele eram ocupados pelo Sr e pela Sra Jones. Os pais do Liam.
Depois do meu pai, eles eram os piores. Não acho justo o Liam ter pais assim e nunca vou entender como ele, tão incrível é filho de pessoas tão ruins como eles.
Nos sentamos e todos se comprimentaram. Comecei a pensar o que poderia estar acontecendo ali. Minha mãe vez ou outra me olhava como se pedisse desculpas e eu não conseguia entender o porquê.
Meu pai tinha um sorriso ganancioso nos lábios, nada de surpreendente pelo que me lembro dele. O Oliver mal me olhava. O que era um alívio.
— Você é sempre tão quieta? — Ele se pronunciou.
Estava demorando.
— E você é sempre tão enxerido? — Perguntei olhando para o lado, onde ele estava.
— Só queria conversar, isso aqui está um tédio — Ele resmungou. Tinha pena do coitado, talvez ele não fizesse parte do jogo do meu pai. Ou talvez fosse isso que eles queriam que eu pensasse.
— Vai conversar com seu amigo — Apontei discretamente para meu pai e ele revirou os olhos
*
Meia hora depois e eu já estava entediada. Tudo que eu queria era ir pra casa, talvez eu devesse mesmo.
Pensei em levantar, mas algo na conversa — a qual eu nem prestava tanta atenção — chamou minha atenção.
— Poderia ser um casamento duplo — A mãe do Liam disse animada
— Mas que po... De que casamento estão falando? — Olharam pra mim, meu pai com um sorriso satisfatório no rosto.
Minha mãe ainda com o mesmo olhar de desculpas no rosto.
— De quem mais seria? Do seu casamento e do Liam — Ela disse animada, eu segurei a vontade de rir.
— Mais que história mais absurda — Ri
— Não seu e do Liam — Meu pai me olhou — O Liam com a Cecília e você com o Oliver — Não parecia apenas uma ideia, era uma realidade. Na cabeça dele.
— Vocês estão loucos — Disse negando com a cabeça — Essa merda aqui — Gesticulei com as mãos — Isso aqui é uma comemoração? — Disse indignada
— Mas é claro! — A mãe do Liam sorriu
— Você é maluca! — Me dirigi a ela — O Liam não vai casar com a Cecília sua doente, tira essa maluquice da cabeça! Para de querer se meter na vida deles, você deveria procurar ir se tratar, louca! — Ela me encarou desacreditada.
— Hannah, pare já com isso. Peça desculpas — Edgar se dirigiu a mim.
Eu estava furiosa. Quem ele pensa que é pra se meter na minha vida? Pra me dar ordens?
— E você — O encarei — O que pensa que está fazendo? Que idéia maluca é essa de querer me casar com o Oliver, você ficou maluco? — Quase gritei. As pessoas ao redor começavam a olhar, mas não me importei — Em que século você acha que estamos?! Não vou deixar que um homem, muito menos você me diga o que devo fazer...
— Hannah, cale - se!
— Você...não é ninguém! — Cuspi as palavras — Se pensar em se meter na minha vida de novo, você não vai gostar nada do que eu vou fazer — Me levantei
— Eu sou seu pai, você me deve respeito — Ele bateu na mesa
— Você nunca se importou comigo — Meus olhos estavam ardendo, sabia que iria chorar, mas eu tinha que ser forte. Não podia chorar agora, não na frente dele. — Agora vem com essa de "eu sou seu pai" eu quero mais é que você vá pro infer...
— Hannah, por favor — Minha mãe me olhou em súplica.
Era isso que ela sabia e não queria me contar. Mas por mais raiva que eu sentisse naquele momento, sabia que não deveria passar dos limites.
Olhei uma última vez para ele e saí.
Eu estava com raiva, triste, confusa.
Estava em frente a entrada do restaurante, encostada próximo a porta. Eu tentava não chorar, mas era praticamente impossível.
Senti uma mão no meu ombro e me afastei com o susto.
— O que quer? — Disse secando as lágrimas
— Não vim criticar você. — Oliver disse ficando de frente pra mim — Quero que saiba que eu não queria que as coisas fossem assim, eu realmente achei que você soubesse. Quer dizer, até chegar na sua casa e ter aquela recepção — Ele riu sem jeito
— Desculpe por aquilo — Coloquei a mão em seu braço — Não tinha nada a ver com você, sério — Ele encarou o ato e eu retirei a mão.
— Tudo bem. A gente pode... Não ser inimigo? — Eu ri, assentindo
— Sim, pelo menos.
— Vem, eu levo você pra casa — Ele inclinou a cabeça para o lado. Pensei em recusar, mas era melhor ir com ele do que ir pra casa sozinha ou com qualquer outra pessoa naquele momento.
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