CAP 22
Maria C.M. Ferri
Ainda olhavamos para Marina que parecia furiosa com a Hannah, sabe - se lá por qual motivo.
— Alguém vai explicar o que está acontecendo? — Valentina falou do banco do carona, a pergunta ao qual todos queriam saber a resposta.
— E então Hannah, estamos esperando! — Eu nunca a tinha visto tão brava com algo, se não tivesse com tão pouca luz eu poderia jurar que ela estava vermelha de raiva.
— A gente pode sair do carro pelo menos? — Ela fez menção de abrir a porta
— Não! Você vai falar aqui e agora — Hannah suspirou
— Eu não falei porquê sabia que você não viria.
— Era óbvio — Quase gritou. Levou as mãos ao cabelo — Me leva pra casa —
— Mari...
— AGORA! — Interrompeu Hannah gritando. Assustando todos nós
— Ei! Calma — Segurei suas mãos — Qual o problema? Te garanto que ninguém aqui entendeu nada, por que essa reação? — Perguntei fazendo ela me encarar. Ela lançou um olhar para Hannah e depois para mim.
— Essa casa... Essa festa é do Sebastian. — Franzi o cenho sem entender — Não sei se você. Vocês — Corrigiu — Viram ele na festa de aniversário da Hannah, mas ele é um idiota que não larga do meu pé, fica o tempo todo atrás de mim e isso é insuportável. Ele é tão estúpido que é capaz de achar que eu estou afim dele só de pisar na casa dele, por isso estou tão brava. Você não podia ter feito isso Hannah, logo você que me conhece tão bem. — Direcionou o olhar para ela.
— Me desculpa, tá bom? Eu falei para ele que você não tinha nenhuma intenção com ele, que só vinha porque eu convidei.
— Ele sabe que eu estou aqui? — Bufou revirando os olhos.
*
Saímos do carro, o pessoal seguiu para a casa do tal Sebastian e eu e a Marina ficamos do lado de fora. Queria convencer ela a ficar, mas se ela resistisse a ir embora, eu iria com ela.
— Não quer que eu fique quer? — Ela me perguntou antes que eu falasse qualquer coisa.
Estávamos encostadas no carro, haviam pessoas do lado de fora da casa e agora com a porta aberta o som de dentro era fácil de ser ouvido.
— Quer que eu seja sincera? —
— Você quer que eu fique — Ela mesma respondeu a própria pergunta, virando o rosto
— Ao menos um pouco, hum? — Segurando seu queixo fiz ela me encarar — Se ele te incomodar eu dou um soco na cara dele e a gente vai embora — Ela sorriu
— Você faria isso? — Segurou em minha cintura me puxando para perto dela
— Ah, eu posso ser bem agressiva as vezes — Apoiei minhas mãos em sua cintura
— Sei bem — Mordeu o lábio inferior — As vezes você me beija com uma força que... Nossa — Riu
— A culpa é sua — Ela arqueou as sobrancelhas, ofendida — Mas eu posso tentar ser mais calma, caso....
— Não — Falou por cima de mim — Eu gosto — Me deu um selinho rápido e correu em direção a casa — Vamos antes que eu desista.
E eu fui.
A casa desse tal Sebastian era bem espaçosa vista de fora, mas com o tanto de gente que tinha ali parecia ser tão pequena quanto uma caixa de sapato. As pessoas se esbarravam umas nas outras, o que não me agradava muito. Mas eu estava com os meus amigos então iria ignorar esse fato, pelo menos pelo mínimo de tempo possível.
— Está se divertindo? — Perguntei para Valentina assim que ficamos sozinhas.
Os outros estavam todos dançando no meio daquela gente toda, custou um pouco para a Marina e a Hannah voltarem a agir feito pessoas normais, mas elas acabaram se desculpando logo.
Eu preferi ficar a alguns metros de distância e estranhei o fato da Valentina querer o mesmo. Ela é sempre tão agitada.
— Sim — Olhou rapidamente para mim e depois voltou seu olhar para as pessoas a nossa frente.
— Não parece. Tem alguma coisa te incomodando? — Perguntei próxima a ela já que a música estava alta — Quer ir lá fora? Aqui está muito barulho — Ela assentiu e fomos.
— Não é nada demais, é só que... — Mordeu os lábios — Você acha que o James gosta da Hannah?
Por algum tempo eu pensei que a Valentina gostasse do James, mas como nunca tivemos a oportunidade de conversar sobre isso e ela nunca mostrou sinais altamente claros, pensei que fosse apenas coisa da minha cabeça, mas agora... Talvez não seja.
— Por que? Isso te incomoda? Se, sei lá, ele tiver afim dela?
— O quê? Não, eu e o James somos amigos
— Mas? — Ela respirou fundo
— Bem, agora isso não tem nada a ver, se fosse antes, eu até diria que sim, que me incomoda. Mas agora? Não, eu percebi que eu e o James nunca daria certo e eu gosto demais dele pra perder a nossa amizade por uma coisa que não levaria a nada.
— Então você já gostou dele? Por que nunca me contou? — Cruzei os braços
— Não fique assim — Me fez abaixar os braços — Eu nem sabia ao certo, mas o que me preocupa agora não é isso
— Hum — Murmurei ainda abalada por ela não ter me contado sobre os sentimentos dela, fossem eles concretos ou não — E o que é? — Perguntei
— Bem, se ele está mesmo afim dela, ele está fazendo tudo errado. — Fez uma careta e eu ri.
Fiquei aliviada por ela não estar sofrendo por ele. Tão aliviada que acabei rindo, pois seria difícil tentar consola - lá.
— Sim, ele está. — Recuperei o fôlego — Mas eu acho que esse é o jeito deles de "não aceitar o que sentem um pelo outro"
— Pode ser. Estou com sede e você? — Mudou de assunto e caminhamos de volta para a casa
— Não aceito nada mais forte do que água.
*
— Onde está o Liam? — Perguntei para o James que estava mais próximo de mim
— Na última vez que ele viu eu... Foi por ali — Estava claro que mais um copo e ele não lembraria nem do próprio nome.
Eu tinha bebido um pouco, mas nada demais. Acho que já estava na hora de colocar as crianças pra dormir, o problema agora era achar o Liam...E a Marina.
— Quero que vocês fiquem aqui — Coloquei a Valentina, Hannah e o James um do lado do outro.
— Por que? — Valentina perguntou. Dos três ela era a menos pior
— Vou procurar a Marina e o Liam pra gente poder ir pra casa — Disse e ela assentiu
— Eu não quero ir pra casa e saí de perto de mim — Hannah protestou e empurrou o James, bom, não um empurrão, do jeito que ela estava acho que não passou de um leve toque
— Hannah, por favor...
— Não sei pra esse cena, sei que me quer. — James disse aos tropeços
— Uhum, nem que fosse o último homem da terra — Hannah retrucou e se eu não saísse de lá logo ficaria louca
— Valentina — Voltou a atenção pra mim — Olha eles pra mim, não deixa que se matem e nem que saiam daqui, tá bom?
— Claro, ser babá sempre foi meu sonho — Disse sarcástica.
Comecei a procurar pelos dois sumidos, mas não seria tão fácil, poderia estar passando por eles e não os ver por causa de tanta gente que tinha ali. Ligar seria inútil, então o jeito era mesmo procurar até encontrar.
Parecia uma eternidade, mas eu tinha quase certeza de que não havia passado nem três minutos desde que eu comecei a procurar por eles quando vi uma confusão próxima. Eu não iria parar para ver, mas a curiosidade foi um pouquinho maior.
E ainda bem que foi, porque um dos encrenqueiros era o Liam. Aquela camisa verde neon era irreconhecível. A Marina estava lá também, suspirei aliviada por vê - lá. Ela tentava separar a briga, mas o Liam parecia incontrolável. Corri até eles e tentei segurar um dos braços do Liam.
— Ei, Liam. Está tudo bem, já chega tá bom? — Falei próxima a ele e ele parou relutante, ofegante pela adrenalina ele se levantou ainda encarando seu "adversário" que não se machucou muito. Talvez um olho roxo e o lábio cortado. — O que aconteceu? — Perguntei ficando de frente para ele e olhei para Marina que parecia aliviada pela briga ter acabado.
Eles estavam em um lado mais afastando da casa e com a música alta ninguém havia reparado na briga.
— Esse imbecil tava incomodando ela — Liam disse apenas, ajeitando a camisa.
— Você me paga — O rapaz disse após um gemido de dor
— Você fica quieto aí — Apontei para ele e me voltei para Marina — Amor, você está bem? — Ela me encarou surpresa e depois sorriu, acho que isso significava um sim? — O que aconteceu?
— Ele disse que queria conversar, eu disse não, ele insistiu e o Liam chegou.
— Não me diga que esse é o... — Ela apenas assentiu. Relutante.
A essa altura o tal Sebastian que eu tive o desprazer de conhecer estava de pé no mesmo lugar onde estava deitado agora a pouco, tocando de leve nos machucados. Fiquei na frente dele e ele me encarou.
— Na próxima vez em que ela ou qualquer outra garota te disser um não você só escuta e dá o fora, entendeu? — Ele abriu a boca para dizer algo, mas meu punho foi mais rápido e acertou em cheio sua face, foi tão forte que ele acabou cambaleando para trás e eu senti como se todos os ossos da minha mão se partissem em pedacinhos.
*
— Já estão todos dormindo — Disse entrando no quarto onde a Marina conversava com o Liam — Me certifiquei de que todos estariam na cama e não no chão. Eles dão trabalho igual criança, vou pensar muito seriamente sobre ter filhos. — Eles riram. Marina desfazendo o sorriso logo em seguida. Eu imaginava o motivo, mas essa não era a hora pra esse tipo de conversa.
— Estava agradecendo ao Liam — Marina disse
— Não fiz nada demais — Ele deu de ombros — Agora eu vou dormir, dar uma lição naquele cara tirou todas as minhas energias. E a sua mão como está? — Perguntou próximo a mim.
— Melhor — Dei um tapa na sua bunda redonda com a mão boa quando ele passou por mim
— Propriedade privada, querida. — Devolveu o tapa e correu até a porta, fechando logo atrás dele.
— Ele é uma boa pessoa — Marina disse olhando para mim
— Ele é — Concordei — Tudo que eu queria era me jogar nessa cama — Disse dando passos até ela
— Não sem antes tomar um banho — Marina se colocou a minha frente
— Você é bem mandona quando quer — Disse caminhando até o banheiro que havia no quarto — É uma pena você já ter tomado o seu — Comecei a me despir — Te convidaria para vir comigo, mas não quero que você se resfrie — Entrei para o banheiro, sem fechar a porta
— E quem te garante que eu aceitaria? —
Abri o chuveiro.
— Eu aposto a minha vida que você toparia na hora — Ri
*
— A sua mão está mesmo melhor? — A pegou unindo entre as suas
— Sim, dói um pouco quando fecho, mas nada demais — Me ajeitei na cama.
— Não pensei que bateria nele — Beijou minha mão delicadamente
— Eu disse que faria se ele te incomodasse — A puxei para perto — Ele não te fez nada não é? — Coloquei uma mecha de seus longos cabelos para trás.
— Não — Sustentou o olhar.
— Não está mentindo, não é? — Insisti
— Já disse que não aconteceu nada — Se afastou um pouco, ficando de frente para mim.
Resolvi não insistir mais.
— Essa cama é bem confortável não é? — Mudei o assunto
— Sim — Ela respondeu simplesmente
— Você já dormiu nela? —
— Não, eu sempre dormia com a Hannah. Na cama dela. O que foi? — Sorriu
— Nada.
— Pergunta logo — Me deu um tapinha no braço
— Vocês já ficaram? — Perguntei de uma vez
— Não — Ela riu — Não que eu já não tivesse ficado afim dela, mas a Hannah não curte mulheres.
— Hum — Murmurei
— Foi melhor assim, ela é uma ótima amiga. E eu teria trocado qualquer um pra ficar com você — pós a mão sobre o meu braço e começou a fazer movimentos de subir e descer com os dedos
— Teria nada — Ri sem humor
— Teria sim, sua boba. — Me deu um selinho e se deitou de barriga para cima. Quando você me chamou de amor hoje, senti meu coração bater como toda vez quando te vejo. Não esperava que você dissesse isso. — Continuou encarando o teto
— Eu fiz isso? — Virou pra mim e assentiu — Foi tão espontâneo que eu nem percebi.
— Você não queria ter dito? —
— Claro que queria, eu normalmente digo as coisas que quero dizer.
Fez - se um silêncio entre nós.
— Eu posso te chamar assim agora? — Perguntei e ela sorriu antes de me encarar
— Pode! Sempre que quiser.
— Então vá se acostumando. — Acariciei seu rosto — Meu amor — Sussurrei
Levei minha mão até sua nuca e aproximei nossos rostos e a beijei. Um beijo calmo.
— Agora posso dormir agarradinha com você? — Falei quando nos separamos e ela assentiu — Mas eu vou ser a concha maior
— O quê? Não! — Protestou
— Não adianta reclamar, sabe que eu vou acabar ganhando. — Beijei sua nuca quando ela ficou de costas pra mim
— Vou ceder só porque estou bem cansada. — Passei o braço por sua cintura e ela agarrou minha mão.
— Nossa, eu também. Sabe que eu teria cedido se você tivesse insistido não é? — Falei lutando para manter os olhos abertos
— Uhum, eu sei meu amor — Disse e adormecemos.
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