CAP 16
Maria C.M.Ferri
A semana passou mais rápido do que eu imaginava, tudo isso porquê eu queria que a sexta-feira não chegasse e para minha tristeza, hoje ela tinha arrombado a minha porta e entrado sem pedir licença.
— Valentina, acho que eu não estou me sentindo bem não — Menti, me jogando na cama de forma dramática. Depois da escola a Valentina veio aqui pra casa com a desculpa de nos arrumarmos juntas, mas eu sei que isso tudo é parte de um plano sujo dos meus amigos para que eu não falte aquela festa idiota
— E o que você tem? — Ela perguntou preocupada se sentando ao meu lado na cama
— Não sei, muita dor de barriga. — Disse quase choramingando. Talvez eu devesse ser atriz
— Então toma um remédio — A encarei
— Não é de remédio que eu preciso — Resmunguei
— Então vai no banheiro, ué! — Disse calma e eu revirei os olhos
— Não é esse tipo de dor de barriga — Falei emburrada. Ela não desiste
— Ah, já entendi! — Falou sorrindo de lado -
— Entendeu? — Perguntei esperançosa me sentando na cama. Não vou precisar desenhar que não quero sair de casa
— Claro! — Falou concordando com a cabeça — Entendi que eu tenho a amiga mais mentirosa do mundo. — Me joguei na cama e ela riu — Vamos Cecília, vai ser divertido — Se aproximou mais de mim
— Não acho essas festas divertidas — Encarei ela
— Você já foi a uma? — Perguntou com a sobrancelha arqueada
— Não — Respondi simplesmente
— Então, como pode dizer que não acha divertida?
— Porque eu sei, simples — Me sentei
— Olha, vamos fazer o seguinte: a gente vai e se você não se sentir a vontade a gente volta, tudo bem? — Disse e eu a encarei desconfiada
— Não acredito em você. — Me levanto da cama — Isso é o mesmo que dizer: "na volta a gente compra." — Disse e ela gargalhou
— Não tem nada a ver. — Riu —
— Mas é claro que tem — Retruquei —
— Olha, eu vou tomar banho e me arrumar e enquanto isso, você vai escolhendo a roupa que vai vestir, certo? — Falou se levantando da cama
— Acho que eu vou com a minha capa invisível, o que você acha? — Sugeri e ela negou com a cabeça, indo na direção do banheiro
— Escolhe uma coisa mais visível. — Gritou antes de fechar a porta do banheiro e eu revirei os olhos
— É nessa hora em que eu questiono porquê fiz amigos — Resmunguei comigo mesma
Me deitei na cama e passei a encarar o teto. Eu só queria um motivo para ir a essa festa, apenas um. Fechei os olhos e respirei fundo. Estranhamente senti o cheiro do perfume da Marina. Agora eu consigo até sentir o cheiro dela sem nem ela estar por perto.... É cada coisa. Abri os olhos e me sentei na cama. Minha mente sabia que esse seria o único motivo que me faria ir sem qualquer objeção. Estranhamente comecei a sentir uma sensação boa ao pensar na festa e com a Marina lá.
Me levantei da cama e fui até a porta, abri e sai do quarto. Aposto que a Valentina demora no banho. Comecei a caminhar até o quarto da Marina, involuntariamente. Não era algo que eu queria, quer dizer, eu queria, mas não conscientemente.
Bati na porta, mas nada de resposta. Talvez ela esteja no banho, dei um passo para trás e pensei em voltar para o meu quarto, mas algo me dizia "entre" e foi o que eu fiz.
Abri a porta devagar e me deparei com a cena que eu nunca esperei ver. Ela dormia lindamente. Sorri sem nem ao menos perceber, senti um frio na barriga e uma vontade incontrolável de me juntar a ela, mas eu não podia fazer tanto. Me sentei devagar na cama e passei a fazer carinho em seus cabelos. Não sabia se ela gostaria de acordar e me ver ali, mas eu não estava muito preocupada com isso. Continuei com o carinho até que ela se mexeu de leve e sorriu. E eu sempre me desmancho quando ela faz isso.
*
— Onde você estava? — Valentina perguntou assim que eu entrei no quarto com as mãos na cintura e batendo o pé
— Uau, você está linda — Disse a observando, seus cabelos loiros brilhosos estavam soltos, ela estava com um vestido azul rodado e uma sandália alta preta.
— Obrigada — Ela disse sorrindo — Agora anda, vai tomar banho antes que você invente que a água acabou — Disse me empurrando até o banheiro e eu revirei os olhos
Quando terminei meu banho sai do banheiro com uma toalha no corpo.
— Que roupa é essa? — Perguntei para Valentina apontando para a roupa em cima da cama que até então estava com a atenção no celular até ouvir minha voz
— Não reconhece suas próprias roupas?
— Não vou vestir isso — Disse apontando para o vestido azul que estava em cima da cama e ao lado de uma jaqueta jeans preta
— E por que não?
— Olha o tamanho desse vestido! Vou parecer uma periguete — Falei e ela bufou revirando os olhos.
— E por que você ainda tem ele? — Dei de ombros
— Não faço idéia. Nem me lembrava dele. Quer? — Negou com a cabeça freneticamente
— Não faz o meu estilo. Quer que eu procure outra coisa?
— Por favor.
*
Fomos para a sala a fim de esperar a Marina que ainda não tinha dado sinal de vida. Estranhamente eu estava ansiosa para vê - la e não conseguia ficar parada nem por um segundo.
— Você quer parar de andar de um lado para o outro? — Valentina disse me observando fazer exatamente o que me pediu para parar
— Não consigo — Disse parando apenas para falar e voltando a andar de um lado para o outro de novo
— Você parece até que está no altar esperando pela noiva — Falou rindo e eu parei para encara - lá — Você deveria ir atrás dela, vai logo — Fez um movimento com a cabeça para que eu fosse em direção as escadas. Sorri de lado e segui seu conselho. Mas parei no início das escadas quando vi que a mesma já descia
Fiquei paralisada ao vê - lá, estava tão linda, mas nada que eu já não soubesse. Estava com um vestido vermelho marcante, memorizei os traços do mesmo, pois o do seu rosto eu já conhecia, principalmente de olhos fechados. Talvez eu pudesse fazer um desenho dela algum dia desses, a tempos que não desenho, talvez esteja um pouco enferrujada, mas nada como o brilho da Marina para me fazer voltar a ativa.
Ela me encarou, parecia tão perdida em pensamentos quanto eu. Se pudesse ficaria ali para sempre, presa naquele olhar parada feito um poste no meio da escada. Ela sorriu e eu sorri de volta, era melhor que eu podia fazer já que não sabia o que dizer. Valentina interrompeu nosso contato entre olhares e depois de apresenta - las fomos de uma vez a essa festa.
Depois de uma hora chegamos na casa da Hannah, era uma casa enorme, depois do portão enorme de correr ficava a casa. A música alta já era ouvida a quilômetros e a casa estava cheia de pessoas da nossa idade, Thomas nos deixou na porta e foi embora. Entramos e meus olhos procuravam pelos meninos, insisti para que viessem juntos, senti que o James estava meio desconfortável com a presença do Liam e queria que eles se conhecessem melhor.
— Eu vou procurar a Hannah — Marina disse tocando no meu braço e eu assenti. Ela estava tão linda com seus cabelos ondulados soltos até a cintura, salto e esse vestido vermelho que estava perfeito nela, se ela soubesse que estava tão linda e que vermelho é a minha cor favorita e que combinava tanto com ela...
— Terra chamando Cecília — Liam disse me afastando de meus pensamentos e Valentina e James riam
— Sem graça — Acrescentei
— Sua boca está tão convidativa com esse batom vermelho — James disse chegando perto de mim
— Saí daí — Dei um leve empurrão no mesmo
— Valentina, você está maravilhosa — Liam disse e a mesma sorriu
— Obrigada — Agradeceu e eu encarei o James e o mesmo fez cara de desentendido
— Realmente, está muito linda — Ele Finalmente disse e eu aposto que ela corou
— Valeu, James — Foi o que ouvi ela dizer
— Vamos tomar alguma coisa? — Liam disse e seguimos para um bar improvisado na casa
— Eu só quero água — Falei quando chegamos e todos me olharam de cara feia — o quê? — Exclamei
— Água você bebe em casa — James disse
— Nem vem!
— Nem vem você, gata. Hoje você vai se divertir — Liam disse me lançando um olhar divertido
— E quem disse que eu não posso me divertir sóbria? — perguntei e eles riram — Não entendi, eu contei uma piada por acaso? — Me irritei
— Você gata, se divertir sóbria? É mais fácil eu virar... — Parou de dizer e eu arqueei a sobrancelha
— Isso, fica calado e pega a minha água, vai — Fiz um leve movimento com a mão e o mesmo me mostrou o dedo do meio, enquanto Valentina e James nos encaravam confusos.
*
Eu já estava a duas horas aqui e não via a hora de ir embora. Surpreendentemente a minha vontade de vim passou. Na verdade não tão surpreendente assim, a pessoa pela qual eu vim nem parece que está aqui, então pra quê eu estou?
Liam estava sumido a algum tempo e eu já imagino até o que ele deve estar fazendo, James não para de falar sobre as garotas e Valentina já tinha tomado mais do que eu pensei que ela pudesse beber nessas duas horas.
— Eu quero ir embora — Disse para Valentina e James que me encararam
— Nem pensar — James protestou
— Valentina — Choraminguei
— Amiga, hoje ainda é hoje — A encarei sem entender — Quem vai para uma festa e vai embora no mesmo dia? — Continuou
— Eu tenho muitos exemplos pra você. Tipo as pessoas que tem pais, as que não gostam de aglomeração, as que preferem ler um livro ao invés....
— Exemplos inválidos — James disse me interrompendo — Sabe o que você devia fazer para se animar? Você deveria... — Parou de falar quando a música parou de tocar e pessoas começaram a vaiar
— CALMA GALERA — Era a voz da Hannah — O que vocês acham de uma brincadeira pra animar mais a festa? — Disse de cima de uma mesa e as pessoas gritaram e começaram a assobiar em comemoração — Eu aposto que vocês conhecem — Continuou com um sorriso travesso no rosto e uma garrafa nas mãos
— Eu não vou — Avisei e fui encarada com reprovação pelos meus amigos
— Olha quanta gente tem aqui, qual a probabilidade da garrafa parar em você? — James disse e Valentina concordou
— Isso mesmo, se preparem porquê vamos brincar de verdade ou consequência — Hannah disse girando a garrafa no alto, toda animada. Todos gritaram, menos eu - será que ainda dá tempo de fingir um desmaio? -
— Fala sério gente, ainda dá tempo de ir pra casa — Tentei pela milésima vez desde que a roda foi formada
— Dá pra você calar a boca e curtir a brincadeira? Isso não é nada demais — James disse pela milésima vez e eu revirei os olhos
De repente ocorreu uma movimentação na roda, ao olhar para um ponto a frente vi o Liam e mais duas pessoas se juntarem a roda, ele sorriu descaradamente para mim e eu já imaginava o que ele estava fazendo antes de se juntar a roda, sacudi minha cabeça para tirar as imagens inapropriadas que passaram por ela.
— Espero que todos já saibam as regras, quando...
— Espera! — Alguém gritou e Hannah parou de falar — Não podiam começar sem mim não é? — Marina disse e nossos olhares se encontraram, ela estava a minha frente e eu não tinha mais a visto desde que chegamos
— Claro — Hannah disse — Só achei que estivesse ocupada — disse com um sorriso travesso no rosto e isso me incomodou levemente ao pensar o que poderia ser essa ocupação — Continuando, a brincadeira funciona da seguinte maneira, para quem não sabe:
Uma pessoa gira a garrafa.
Quando ela parar, a pessoa para quem a ponta da garrafa estiver apontando tem que fazer uma pergunta e a pessoa que estiver na direção do fundo da garrafa tem que escolher se quer responder com a verdade ou se quer uma consequência — Disse e todos gritaram animados — E para que a brincadeira não fique chata, a cada duas verdades seguidas a próxima rodada é obrigatório consequência
Não gostei disso!
— Que o jogo comece! — Hannah disse pondo a garrafa no meio da roda e girando - a.
— Verdade ou consequência? — Uma garota perguntou para o James quando a garrafa parou e eu soltei o ar que nem sabia que estava segurando, passou tão perto... tão perto ao julgar que o James estava ao meu lado.
— Consequência — Respondeu ele todo seguro de si
— Eu te desafio... — Disse se levantando da roda e indo até o bar próximo — Beber esse copo de tequila sem usar as mãos — Disse voltando com o copo e colocando próximo a ele.
— Moleza — Ele disse sorridente. Aproximou o copo dele e ficou de joelhos, com as mãos para trás ele segurou o copo com os dentes e virou toda a tequila de uma vez — desafio feito — Disse segurando o copo e sacudindo a cabeça rapidamente e soltando um beijinho no ar para a garota — Ele não perde uma — Minha vez — Pegou a garrafa e girou
*
— Verdade ou consequência? — Liam perguntou para Hannah —
— Vou começar com uma fácil — Disse sorrindo e as pessoas resmimgaram — Escolho verdade
— Qual foi a coisa mais vergonhosa que você já fez bêbada? — Perguntou
— Nossa, com certeza essa é a mais vergonhosa — Disse rindo
— Se quiser eu te ajudo — Marina disse rindo e levou um tapa no braço
— Para! — Hannah protestou — A coisa mais vergonhosa que eu já fiz bêbada foi uma serenata num jantar de família de um cara que eu era muito afim — Disse e algumas pessoas riram
— E digamos que cantar não é muito o seu forte — Marina disse e todos riram
— Ah cala a boca! — Disse girando a garrafa
*
— Verdade ou consequência? — uma garota perguntou para a Valentina que sorriu animada, coisa que eu não faria se essa coisa apontasse pra mim e de novo foi tão perto, acho que meu anjo da guarda tá trabalhando
— Verdade — Respondeu e algumas pessoas resmungaram. O pessoal só queria ver o circo pegar fogo
— Então lá vai, se você tivesse que beijar alguém da roda, quem seria? — Perguntou
— Como eu vou responder verdade ou mentira pra essa pergunta? — Disse cruzando os braços e eu sabia porquê ela estava na defensiva ou pelo menos imaginava
— Para o jogo ficar mais interessante é assim que funciona. Vai querer desafio? — Desafiou
— Isso pra mim já é um desafio — Valentina resmungou baixinho, mas escutei perfeitamente.
— Pode dizer que sou eu, amiga — Intervi, sabia que ela não queria dizer que era o James, imagina o clima estranho que ficaria depois. Apesar de que eu aposto que eles nem vão se lembrar de nada do que acontecer aqui, por que do jeito que eles bebem.... — Eu sei que sou irresistível e você tem uma queda enorme por mim — pisquei para ela e ela sorriu
— Com certeza seria a Cecília — disse soltando um beijinho.
Depois de mais algumas rodadas eu sabia que não devia brincar com a sorte porque até agora a garrafa não parou em mim, tanto para perguntar, como para responder. Então essa seria a última rodada pra mim e por azar meu, as duas rodadas anteriores foram duas verdades seguidas, ou seja a próxima rodada tem que ser consequência, querendo ou não.
— Verdade ou consequência? — Hannah perguntou pra mim —
Droga, droga, droga!
— Sabemos que não tenho opção. Manda! — Disse já imaginando o que ela poderia me obrigar a fazer, eu já deveria ter saído dessa brincadeira antes que ela começasse, agora não podia dar pra trás.
— Eu te desafio a beijar na boca e de língua... — Disse fazendo uma pausa dramática — A pessoa que está a sua frente — Sorriu travessa.
— Puta merda! — Disse baixo encarnado a pessoa que iria enfiar saliva na minha boca
— Alguma objeção amiga? — Hannah disse encarando a Marina que parecia a fuzilar com os olhos
— Eu não fujo de um desafio — disse encarando ela e logo voltando a atenção pra mim
— Eu vou te perturbar com isso para o resto da sua querida vida. — James disse rindo
— Vai rindo, mas aproveita porquê eu vou te matar em breve — Falei me levantando e indo até a Marina. Por que minhas mãos estão suando? E meu coração, por que está batendo tão rápido? Ar, cadê o ar? Eu estou nervosa? Por que? Eu vou desmaiar, vou ter um treco. Eu queria isso e da última vez não fiquei tão nervosa assim, a ponto de querer desmaiar.
— Ei — Marina disse segurando meu braço e olhando nos meus olhos — Está tudo bem, não precisa fazer isso se não quiser — Disse baixo com um sorriso no rosto e o pior de tudo é que eu quero e não é pouco não
— Está tudo bem — Passei a língua pelos lábios — Isso não significa nada não é? — Perguntei, mas não era isso que eu queria perguntar, na verdade eu só estava insegura de que "todos os sinais" estivessem errados.
— Não — Desviou o olhar de mim e encarou o chão
Sua mão que estava no meu braço foi para a minha cintura e com um puxão de leve nos aproximamos, seus olhos voltaram a encarar os meus e antes de soltar o lábio que estava mordendo, sua mão livre segurou firme minha nuca e nossos lábios foram levemente colados, se aproximando lentamente.
Segurei sua cintura para manter os nossos corpos mais colados do que era possível, eu estava gostando e eu sabia que não devia, mas não queria pensar nisso agora. Nossos lábios pareciam que se conheciam e sabiam exatamente o que fazer e como fazer, puxei de leve seus cabelos com a minha mão livre e ela ofegou, o que me deixou excitada.
Já chega! O desafio já foi feito! Vai engolir a garota? — Gritaram —
Antes de nos separarmos, ela mordeu meu lábio inferior e sorriu. E agora eu sei que estou ferrada, porquê eu não vou conseguir esquecer isso.
Depois do beijo e de meus amigos ficarem me zoando e perguntando, como foi, o que eu senti, se eu queria mais, quando ia ser o próximo e o pedido de namoro? Fomos até o bar e bebemos muito, eu estava tão animada que nem me dei conta do quanto bebi.
— Vamos gente, já deu por hoje — Liam disse e resmungamos
— Ah, para de ser chato — Valentina disse
— Sabe que horas são? — perguntou e negamos os três com a cabeça — São exatamente 03:45 da manhã — Falou e demos de ombros — Vamos, meu motorista já está aí, vou levar vocês pra casa — Disse nos puxando
— Eu não posso — Dei um passo para trás, fazendo com que a Valentina e o James me empurrarem de leve por causa da minha parada repentina
— Vamos Lia, achei que fosse a única que não me daria trabalho — Pelo visto ele era o único sóbrio
— Eu não posso ir sem a Marina — Fiz biquinho e ele negou com a cabeça sorrindo
— Claro, a noiva dela — James disse e eles riram
— Vai se foder! — Falei mostrando o dedo de meio pra ele
— Certo, eu vou levar vocês para o carro e volto para buscar a Marina está bem? — Concordei
— LIAM! — Gritei quando ele nos deixou no carro e estava voltando para dentro da casa — Você é um amor. É uma pena que você se.....
— Está certo, eu já volto — Falou tapando minha boca e saindo logo em seguida.
*
Não me lembro de como foi o caminho até em casa, nem de quando a Valentina e o James saíram do carro e foram para suas casas. Com certeza eu dormi o caminho todo.
— Conseguem entrar em casa ou eu preciso ir? — Liam perguntou
— Não, estamos bem — Eu e a Marina respondemos juntas e só agora eu me lembrei que ela não estava no carro quando eu dormi
— Então amanhã eu ligo pra saber como você está — Liam disse me dando um beijo no rosto
— Uhum, até amanhã e... obrigada — Disse antes de sair do carro
— É para isso que servem os amigos — Piscou o olho e eu sorri. Fiquei observando o carro até sumir de vista
— Então, você está com as chaves? — Perguntei para a Marina quando paramos na porta de casa
— Claro — Disse balançando - as nas mãos
— Então abre, tá esperando o quê? — Perguntei impaciente e ela arqueou as sobrancelhas
— Deveria te deixar aqui fora, pra você aprender a ser mais educada — Tentou acertar a fechadura da porta
— Claro, isso se você conseguir abrir — Parece que a soneca até aqui me fez bem, sinto como se não tivesse bebido nada
— Acha que eu não consigo? — Disse falhando novamente
— Acho que não consegue — Disse batendo os pés — Anda, me dá essas Chaves — estendi a mão
— Nem pensar — empurrou minha mão
— Por que você é assim? — Perguntei e ela parou de tentar abrir a porta e me encarou com as mãos na cintura
— Te incomoda? — Perguntou cruzando os braços, se aproximando de mim — Porque não pareceu quando você me beijou — Se aproximou mais, ficando próxima... próxima demais.
— Há! Eu te beijei? — Perguntei — Me dá essas chaves — Puxei de sua mão e abri a porta — Toma — Coloquei na sua mão e entrei
— Por que você tenta negar o óbvio? — Disse batendo a porta.
— Você quer acordar todo mundo? — Perguntei baixinho — Isso, então continua e eu não estou tentando negar nada — Dei as costas e segui rumo as escadas
— Então olha nos meus olhos e diz — Puxou meu braço me fazendo parar e encara - lá
— O que você quer que eu diga? — Perguntei sem conseguir tirar os olhos dela
— O que sente por mim? —
— O que você sente por mim? — devolvi a pergunta
— Eu perguntei primeiro — Disse cruzando os braços
— E daí? — Ri — Está bem, eu vou dormir — Dei as costas e subi a escada quando percebi que ela não diria nada
— Espera! — Falou e eu parei de subir e sorri antes de virar para ela — Eu não sei...não sei explicar, mas o que eu senti com o beijo só...
— Foi bom? — Perguntei interrompendo
— Melhor do que eu imaginei — Disse sorrindo
— Dissemos que não significou nada — Falei e seu sorriso sumiu
— Você disse! — Rebateu
— E você concordou — Rebati de volta
— Eu quero outro — Disse pegando minha mão — O último — Continuou quando eu abri a boca para falar — E eu prometo que não falo mais disso, nunca mais — Eu só queria dizer que eu também queria outro e não, não queria de jeito nenhum que fosse o último. Se antes eu tinha alguma dúvida agora eu não tenho mais
Sem dizer nada segurei firme sua cintura, puxando - a para perto de mim e colei nossos lábios e ela sorriu, o beijo estava mais quente que o primeiro, nossas mãos não paravam de passar por toda parte do corpo uma da outra. Em algum momento senti suas unhas cravarem nos meus braços e arder um pouco.
A idéia de que poderíamos ser pegas a qualquer momento por um de nossos pais deveria me deixar assustada, mas por mais louco que pareça, isso só me deixava mais excitada a aproveitar o momento. Comecei a subir as escadas e ela me acompanhou sem desgrudar nossos lábios, eu não sei o que estava fazendo. Simplesmente fazia.
A encostei na porta do meu quarto e parei o beijo, mordi meu lábio inferior e ela passou a língua pelo dela. Coloquei minhas mãos na porta, ao lado da cabeça dela e encostei meu rosto no seu com os olhos fechados. Algo estava diferente, eu não podia negar, mas não queria pensar sobre isso. Se eu pensasse com certeza veria que isso é uma burrada. Uma da qual tenho certeza de que vou me arrepender amanhã ou que vou querer repetir todos os dias.
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