CAP 14
Maria C.M. Ferri
Estava na sala assistindo a um filme aleatório que passava na TV que por algum motivo me chamou atenção e me fez parar e assistir. Escuto a campainha tocar e reviro os olhos por ter que para de prestar atenção no filme, mas talvez fosse o meu pai e madrasta, eles haviam saído e nem sequer avisaram pra onde.
Me levantei a contra gosto e fui abrir a porta, mas não era meu pai que havia chegado, não sei quem era e nem o que queria, mas o sujeito era alto e algo nele me deixava incomodada.
— A Marina está? — Ele perguntou antes que eu dissesse qualquer coisa -
— Quem é você? — Perguntei cruzando os braços. Não gostei dele e procurando pela Marina? Será que eram amigos? Mas antes que ele pudesse responder somos surpreendidos pela voz dela, não sei, mas algo no olhar dele para ela me deixou incomodada, quando ela falou seu nome e ele sorriu algo diferente tomou conta em mim e logo me lembrei de já ter escutado seu nome antes...no jantar, quando conheci a Marina oficialmente. Desviei o olhar dele que ainda sorria feito um idiota e encarei a Marina, ela parecia surpresa, mas de algum modo eu estava decepcionada por ela não ter odiado ver ele, seja lá quem ele for -
— Eu vim te ver, fazer uma visita — Disse entrando mas quem disse que ele podia entrar na minha casa? -
— Estou surpresa em te ver — Ela disse sorrindo e abraçando ele quando o mesmo chegou perto dela, ficaram abraçados por tempo demais ao meu ver, estava com tanta raiva que bati a porta com força e eles se soltaram e me encararam -
— O vento está forte hoje — Disse dando de ombros. Não sei explicar o motivo do meu comportamento, mas não quero esse tal de Nicolas perto da Marina, sinto vontade de expulsar ele daqui a socos -
— É... Nicolas, essa é a Cecília filha do namo...noivo da minha mãe — Disse afastando as mãos dele de sua cintura filha do noivo é? Só isso? — Cecília, esse é o Nicolas — Disse se aproximando de mim junto com esse cara — Meu amigo — Amigo, sei. O jeito que ele te olha me diz que ele não quer ser só seu amigo -
— Prazer! — Ele disse estendendo a mão e eu apenas olhei seu ato, encarei a Marina que parecia em expectativa, respirei fundo e apertei a mão do sujeito -
— Com certeza — Disse soltando sua mão — Vocês são amigos a muito tempo? — Quis saber -
— Sim, nós...
— Já fomos namorados — Ele disse interrompendo a Marina e... Namorados? Agora eu entendi tudo, ele ainda gosta dela e disso eu não tenho dúvidas -
— Não era isso que eu ia dizer — Ela disse o fuzilando com o olhar -
— Desculpe, não sabia que era segredo. — Ele disse sorrindo, imbecil ele fez de propósito, para que eu soubesse -
— E por que terminaram? Parecem ser um casal tão bonito — Digo sarcástica encarando ele e o mesmo abre a boca para dizer algo, mas a Marina o interrompe -
— Acho melhor a gente conversar lá fora Nicolas, se não a Cecília vai perder o final do filme — Disse puxando ele que antes de sair piscou para mim, imbecil me joguei no sofá quando eles saíram, mas nem consegui prestar atenção no filme, minha cabeça estava focada em outra coisa -
*
Duas horas. Já faz duas horas que ela está lá fora com aquele sujeito e eu não consigo fazer outra coisa que não seja pensar nisso e andar de um lado para o outro. Eu estava incomodada? Muito, isso era óbvio, mas por que? Eu não tenho nada com a Marina, não tenho o direito de estar brava, nem com ciúmes...
— Espera, ciúmes? Eu estou com ciúmes da Marina? Ótimo, era só o que faltava. — Digo passando as mãos pelo meu cabelo -
Se eu estou com ciúmes dela significa que a Valentina está certa. Não! Me recuso, eu não posso estar gostando da Marina, não mesmo. Não tem nem cabimento uma coisa dessas, somos totalmente diferentes, isso nunca daria certo.
— Só pode ser brincadeira. — Digo me jogando no sofá e escuto a porta ser aberta, pelo cheiro só poderia ser ela — Seu amiguinho já foi? — Digo sem ao menos pensar quando ela fecha a porta — Pensei que fosse passar a noite aqui também -
— O que deu em você hoje? — ciúmes, isso que está dando em mim -
— Não sei do que você está falando. — Digo me levantando do sofá e caminhando até ela que não estava tão longe -
— Ah, qual é?! — Diz cruzando os braços — O Nicolas foi super simpático e você alfinetando ele -
— EU? — Me alterei — Como você ousa? Ele que estava aqui dizendo "fomos namorados" pra me provocar e você vem com essa de "o Nicolas foi super simpático" — Disse alterando a voz - ah, por favor né Marina?! — Ela riu — O que foi? Qual a graça? — Perguntei irritada -
— Você... não — Disse rindo e negando com a cabeça -
— Eu o quê?
— Esquece — Disse me dando as costas e eu agarrei seu pulso e a puxei, fazendo com que nossos corpos ficassem próximos -
— Eu. o quê? — Voltei a perguntar, mais calma dessa vez -
— Nada, era só... Foi bobagem — Disse e eu arquei as sobrancelhas - você estava com ciúmes do Nicolas? — Perguntou e eu soltei seu pulso que até então estava segurando. Estava tão evidente assim? -
— Claro que não, por que estaria? — Disse rindo -
— Realmente, por que estaria? — Disse com um tom de decepção na voz, indo até às escadas -
— Eu não estava com ciúmes dele — Disse fazendo com que ela parasse de subir as escadas -
— Eu já entendi — Disse se virando e me encarando -
— Eu estava...bem... — Coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha — Eu estava com ciúmes, mas não desse... Imbecil. O meu ciúmes era... - entrelacei minhas mãos e respirei fundo — De você — Fechei os olhos e falei de uma vez, tão baixo que nem sei se ela pôde ouvir -
— O quê? — Perguntou surpresa -
— Eu não vou repetir — Disse abrindo os olhos e desviando do olhar dela -
— Não esperava que repetisse. Eu ouvi bem — Disse descendo as escadas e ficando próxima a mim — Só fiquei surpresa — Disse se aproximando mais, fazendo com que ficassemos a centímetros de distância uma da outra. Sua mão foi de encontro ao meu rosto fazendo um leve carinho — Eu queria.... — Parou de falar quando a porta foi aberta pelos nossos pais e nos afastamos abruptamente -
Ótimo! Agora acho que nunca vou saber o que ela queria.
*
1 mês depois
Um mês já se passou e por incrível que pareça hoje eu não cheguei atrasada na escola, fui a primeira dos meus amigos a chegar e cá estou eu, em um banco qualquer dentro da escola a espera deles ou do sinal tocar.
Desde o dia da minha crise de ciúmes na qual eu não consegui disfarçar e a Marina descobriu, eu descobri que talvez eu tenha sentimentos por ela, digo talvez porquê não tenho certeza, mas não consigo parar de pensar nela e no que poderia ter acontecido se nossos pais não tivessem chegado naquele momento. Pode ser loucura da minha cabeça, mas me surgiu que se eles não tivesse chegado, teríamos nos beijado ali mesmo e eu teria adorado. Se eu estou louca? Talvez, mas não julguem apenas a mim, a Marina também parece estar. Me lançando olhares e sorrisos discretos o tempo inteiro, que me deixam totalmente sem jeito.
A minha mãe já está em Paris a algumas semanas e trabalhando muito, mas se divertindo ao máximo como ela diz. Apesar da diferença de horário nós conversamos bastante. Meu pai tem trabalhado mais que o normal, não sei se ele está fazendo isso para passar mais tempo fora de casa ou se é realmente o trabalho, mas não importa porquê sempre estamos conversando e estamos bem. O James continua safado e pensando coisas indevidas como sempre e a Valentina eu diria que também continua a mesma se não fosse por algo que tenho prestado muita atenção. Não sei se é imaginação minha, mas eu tenho quase certeza de que ela está gostando do James. Perigo. Suspeito disso por causa dos suspiros que ela dá quando ele fala, da cara fechada e revirada de olhos quando ele fala sobre algum sonho erótico ou sobre mulheres e dos olhares perdidos dela o observando. Talvez seja algo da minha cabeça por isso não comentei nada, mas a minha curiosidade está enorme quanto a isso.
— Está pensando em quê, gata? — Sou tirada de meus pensamentos quando escuto a voz do James -
— Nos meus melhores amigos — Disse o observando se sentar do meu lado -
— Plural? Gosto mais das coisas no singular. — Disse revirando os olhos -
— É uma pena querido. — Disse rindo -
— Também quero saber da piada. — Valentina disse quando se aproximou de nós -
— Acabei de descobrir que o James é um ciumento. — Disse rindo e ele cruzou os braços emburrado -
— E você é uma mentirosa. — Disse me encarando -
— Ele tem ciúmes de você. — Disse sussurrando para ela e tentando segurar o riso -
— É mesmo? — Disse bem humorada -
— Vocês querem parar? — Ele disse irritado se levantando -
— O James está de mau humor — Eu disse e me levantei quando o sinal tocou -
— Você me deixou assim com essa brincadeira sem graça — Disse e começamos a caminhar na direção da sala -
— LIA! — Alguém gritou e eu parei no mesmo instante. Só uma pessoa me chamava assim. Me virei lentamente e sorri quando o vi -
— Liam? — Disse e corri até ele me jogando em seus braços. Liam Jones era meu melhor e único amigo de infância, crescemos juntos e convivemos até a separação dos meus pais, quando eu tive que ir embora. Depois disso só conversamos por telefone e não muito, o Liam estava sempre viajando por aí vivendo seus amores. E quando éramos crianças os nossos pais sempre diziam que iríamos casar, principalmente a mãe do Liam, mas mal sabe ela. -
— Achei que não fosse se lembrar do seu velho amigo — Disse enquanto girávamos em um abraço -
— Como não me lembrar do meu melhor amigo — Disse aos risos quando nos separamos e ficamos nos observando — Eu ainda te sigo no Instagram seu cretino. — Disse dando um tapa em seu braço — Ei, tenho que te apresentar a umas pessoas. — Eisse puxando ele até onde estavam a Valentina e o James ainda com cara de quem não estavam entendendo nada -
— Quem são esses? — Liam perguntou quando ficamos frente a eles -
— Esses são meus melhores amigos. — Disse sorrindo enquanto James revirava os olhos e Valentina sorria amigável como sempre -
*
— Então quer dizer que agora você faz amizades? — Liam disse no nosso pequeno grupo quebrando o silêncio no qual estávamos fazendo uma atividade de ciências -
— Você quer parar? — Disse tirando atenção do caderno e olhando para ele, já era a segunda vez que ele dizia isso. — Eu ainda não entendi o que você está fazendo aqui na escola, de uniforme e assistindo a uma aula. — Disse e ele me encarou -
— O que você acha, meu amor? Estou estudando. — Disse fazendo pose e eu ergui a sobrancelha — Meu pai ameaçou me deserdar se eu não terminasse os estudos — Disse e eu concordei com a cabeça -
— Agora sim está explicado porquê você não está em algum país se divertindo. — Disse rindo — Só assim pra ele te convencer a fazer algo -
— Mas é claro, não vou ficar sem meu dinheiro. É essencial -
— Concordo. — Valentina disse pela primeira vez entrando na conversa e voltando a atenção para a atividade -
— Não deveria concordar com ele, ele só pensa nisso. — Disse para ela -
— Não tenho culpa se é fundamental. — Disse se defendendo -
— Não discordo, mas nós sabemos que uma hora você vai ter que escolher entre o dinheiro e a sua felicidade não sabe? — Perguntei pra ele -
— Escolher o dinheiro e ser infeliz — Disse levantando uma mão — Escolher a felicidade e ser pobre — Disse levantando a outra — Eu escolho o dinheiro. — Disse erguendo as sobrancelhas -
— Sabe que eu dividiria o meu com você. — Disse segurando sua mão -
— Eu sei, apesar de que você diz que o dinheiro do seu avô é amaldiçoado — Disse segurando o riso -
— Mas é! Ele afasta as pessoas boas e atraem as pessoas ruins — Disse -
— E você quer me dar esse dinheiro? — Disse rindo — Mas você é uma hipócrita, diz que o dinheiro não presta e vive dele, que hipocrisia dona Cecília. — Disse negando com a cabeça e eu revirei os olhos -
— Vocês vão continuar de papinho ou vão fazer a atividade? — James perguntou voltando a atenção pra nós -
— Já estamos fazendo, meu ciumento favorito. — Disse soltando um beijinho para ele e o mesmo revirou os olhos -
*
— Prestem atenção seus mal educados. — Hannah Mancini se pronunciava, vulgo a melhor amiga da Marina -
— Anda Hannah não quero perder meu intervalo. — Algum garoto disse irritado -
— A demora é de vocês. — Disse pondo as mãos na cintura — Certo, na sexta é aniversário de uma pessoa fabulosamente incrível. — Disse fazendo pose -
— Nossa, mas quem será?. — Disse sarcástica -
— Cecília, você é tão engraçada — Disse rindo forçadamente - Como eu dizia, antes de ser interrompida — Disse olhando pra mim e eu dei um sorrisinho — Na sexta é meu aniversário e eu estou convidando todos vocês. Na minha casa e não se atrasem, mando o convite pelo grupo da sala. — Disse e saiu da sala. Nessa hora meu olhar se encontrou com o da Marina, pela primeira vez desde que chegamos a escola. Dei um sorriso fechado pra ela, não sabia bem o que fazer e a mesma retribuiu — Marina, você vem? — Hannah apareceu na porta da sala. Quebramos nosso contato entre olhares e ela saiu da sala -
— Vocês vão a essa festa? — perguntei não muito animada voltando para o meu grupo -
— Claro. — James disse
— Com certeza. — Valentina disse
— O que você acha? — Foi a vez do Liam dizer, um atrás do outro. -
— Nossa. — Disse e sorri fraco — Acho que sou a única que não vai. -
— O QUÊ?! — Os três gritaram juntos -
— Por que esse espanto todo? — Perguntei — Não gosto de festas. Muitas pessoas, música alta e também não somos amigos da Hannah, por que iria? -
— Por que ela convidou? — James disse -
— Não é motivo suficiente — Disse -
— Mas você vai, sabemos disso. — Valentina disse e todos levantamos para ir a cantina -
— Gente... — Disse choramingando -
— O que custa? — Valentina perguntou -
— Você só tem a ganhar, amor. — Liam disse e ali eu sabia que eles já tinham me convencido e eu estava ferrada.
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