CAP 13
Marina Bittencourt
Depois de passar boa parte do dia no shopping com minha mãe, em um programa de "mãe e filha" coisa que não fazíamos a tempo, logo no início da tarde o Ricardo a convidou para fazerem um programa à dois e como ele ainda estava no trabalho, minha mãe praticamente me obrigou a ir com ela.
— Será que ele vai demorar? — Perguntei impaciente enquanto esperávamos por ele do lado de fora da sua sala -
— Por que está com tanta pressa? — Minha mãe perguntou me analisando -
— Só não gosto de ficar esperando. — Disse cruzando os braços — Da próxima vez...
— Me desculpem. Entrem — Fui interrompida pelo Ricardo que disse ao abrir a porta de sua sala entrei e me sentei em uma cadeira de frente para sua mesa - me dá 5 minutos? Prometo não demorar mais que isso — Ele disse para minha mãe dando um beijo nela e eu desviei o olhar, francamente -
— Eu já posso ir embora? — Perguntei batendo os pés enquanto ela analisava a sala depois que o Ricardo saiu -
— Não vamos demorar, te deixo em casa antes — Disse e eu suspirei, mas que droga -
— Você deveria averiguar melhor quem... — Um homem dizia já entrando na sala. Um homem mais velho que o Ricardo. Como ele entra com tanta intimidade assim? Parece até que é dono — Quem são vocês? — Ele perguntou parado na porta e eu olhei para minha mãe que parecia perdida enquanto encarava aquele homem -
— Eu que pergunto quem é o senhor? Como entra assim na sala dos outros sem nem ser convidado? — Perguntei me levantando e minha mãe pareceu acordar de seu transe -
— Que mocinha abusada. — Disse me olhando de cima a baixo — Você sabe quem eu sou? — Perguntou erguendo a cabeça -
— Se soubesse não teria perguntado — Ele me encarou surpreso quando eu disse e minha mãe ficou ao meu lado -
— Sou Lívia Bittencourt, noiva do Ricardo. — Disse se apresentando e o homem a analisou de cima a baixo como fez comigo agora a pouco, que homenzinho viu? Ela esticou a mão e ele a apertou, mas o que me chamou atenção foi que ele a encarava agora como se a conhecesse, mas não a visse a muito tempo, ambos não soltavam as mãos e ainda se encaravam, eles se conhecem? -
— Pai? O que faz aqui? — Ricardo disse entrando na sala -
Pai? Esse aí? Felizmente você não parece ter herdado nada dele hein Ricardo? Se safou de uma boa!
— Onde você estava? — Disse soltando a mão da minha mãe e se voltando para o Ricardo -
— Estava resolvendo alguns assuntos. — Disse indo até sua mesa e guardando alguns papéis — Vejo que conheceu minha noiva — Disse sorrindo para minha mãe -
— Sim. — Ele disse a encarando - e certamente essa é sua filha? — Perguntou para o Ricardo -
Isso é sério? O cara não sabe como é a própria neta?
— Não pai, essa não é a Cecília. É a Marina, filha da Lívia. — Disse e ele assentiu -
— Seu pai não deve gostar nada dos seus modos em mocinha? — Disse virando para mim, quem ele pensa que é? -
— Eu não tenho um, senhor....
— Edgar Ferri - disse se apresentando e estendendo a mão para mim, eu apenas encarei sua mão e depois seu rosto, sem cumprimenta - lo de volta — Se vê que lhe falta um pulso firme -
— Olha aqui seu...
— Felizmente ela não precisou de um homem para educa - lá, eu mesma fiz isso e muito bem. — Minha mãe disse me interrompendo e ele a encarou com desdém — Agora eu aconselho o senhor a ver os seus modos, talvez isso tenha feito com que minha filha falasse com você desta forma — Minha mãe continuou dizendo. Eu raramente me altero assim com alguém, mas esse cara... olha tirou minha paciência — Felizmente eu a privei de ter que se sentir abandonada por um homem que deveria cuidar e proteger ela, de que um dia ela se perguntasse do porquê de ter sido deixada. — Minha mãe disse encarando o tal Edgar, e era impressão minha ou ela estava literalmente fugindo do assunto e dizendo algo que não tinha nada a ver? -
— Mãe... - disse a puxando de leve e ela lentamente desviou o olhar do tal Edgar -
— Ricardo...te espero lá fora. — Disse saindo e eu fui atrás dela -
— Mãe? O que foi aquilo? Está tudo bem? Você conhece esse homem? — A enchi de perguntas e ela passou as mãos pelos cabelos e me encarou -
— Eu estou bem. E aquilo... aquilo não foi nada. — Disse me puxando para um abraço que eu demorei a retribuir. Sabia que ela não estava falando a verdade, isso era óbvio, com certeza tem algo de errado, algo que ela não quer me contar, mas não vou insistir. Não agora -
*
Logo eu já estava em casa e ainda pensava sobre o que tinha acontecido naquela sala, nada me tira da cabeça que realmente tem algo por trás daquelas falas da minha mãe, principalmente depois quando ela agiu como se nada tivesse acontecido, tanto para mim quanto para o Ricardo quando vieram me deixar em casa e saíram logo em seguida.
Estranhei a porta de casa estar aberta e mais ainda quando pensei ter escutado a voz da Hannah, pior ainda foi quando a vi conversando com a Cecília. Não que fosse ruim, mas não vou mentir e dizer que aquilo não me surpreendeu.
— Então o que foi aquilo? — Hannah perguntou quando chegamos ao meu quarto -
— Aquilo o quê? — Perguntei me jogando na cama, o que me fez ficar meio tonta -
— Você está bem? — Perguntou se aproximando, quando me viu colocar a mão na cabeça -
— Estou bem, só me joguei com força na cama — Disse fechando os olhos com força e abrindo devagar — Estou bem — Disse me sentando -
— Mesmo? — Perguntou e eu assenti e ela ficou me encarando como se eu tivesse que responder algo -
— O que foi? — Perguntei -
— Não se faça de desentendida, o que foi aquele beijo que você deu na Cecília? — Perguntou se deitando na cama com a cabeça em cima das minhas pernas, me encarando -
— Você não ouviu que eu disse que foi o pai dela que mandou? Que coisa! — Disse olhando para frente -
— Calma, não precisa me bater. — Disse levantando as mãos em rendição -
— Desculpa, não é você. É que... aconteceu uma coisa estranha com a minha mãe hoje — Disse e ela se sentou de frente para mim, me encarando -
— E o que é normal com a sua mãe? — Perguntou e eu arquei a sobrancelha — Foi mal, mas conta aí. -
— Não me diz que eu estou louca e só eu acho que aí tem coisa. — Disse já que a Hannah não dizia nada desde que eu terminei de contar -
— Não, louca não. Mas talvez não seja nada demais. Você sabe como a sua mãe é, ela sempre exagera. — Disse e eu tinha que concordar, mas mesmo assim. Ainda tem algo que me incomoda — Mas vamos mudar de assunto — Disse chamando minha atenção — Estou pensando em convidar a Cecília pra minha festa, o que você acha? — Perguntou e eu a encarei surpresa -
— Por que? — Perguntei realmente interessada -
— Gostei dela. — Disse simplesmente -
— E...
— E nada, não posso gostar da garota? — Perguntou e eu dei de ombros -
— A festa é sua, pode convidar quem quiser. — Disse e ela se aproximou de mim -
— Não quer que eu convide ela? — Perguntou e eu a encarei, mas que coisa? -
— Não, quero dizer sim. Quero dizer, convide se é o que você quer. — Que droga! eu estava nervosa só de pensar que ela iria a essa festa -
— Você está nervosa. — Hannah disse rindo -
— O quê? Claro que não. — Disse desviando o olhar e coçando a nuca -
— Marina... você gosta dela? — Perguntou e eu quase engasguei com minha própria saliva -
— Claro que não, de onde você tirou isso? — Disse me levantando — Olha Hannah, eu acho bom você não falar mais sobre isso. — Disse e ela me encarava segurando o riso -
— Claro, não está mais aqui quem falou. — Disse levantando as mãos -
Agora era só o que me faltava, a Hannah colocando na minha cabeça que eu gosto da...da Cecília, mas que coisa sem cabimento!
*
Levantei cedo no dia seguinte e como hoje é domingo eu pensei em sair, mas logo um cansaço tomou conta de mim o que me fez desistir da idéia e ficar em casa mesmo.
Desde o que a Hannah me disse ontem eu não tenho parado de pensar sobre, até tentei, mas parece que a minha mente não gosta de colaborar comigo. Passei a me questionar se eu realmente gosto da Cecília e eu não vou mentir, cheguei a uma conclusão...estou em dúvida. Incrível como consigo ser indecisa até em sentimentos, mas se eu tenho dúvidas é porquê há possibilidades. Mas não posso me iludir, não faço idéia se a Cecília se sente confusa também em relação a mim, às vezes até acho que sim, mas é muito raramente.
Resolvi ir até a sala assistir algo, precisava distrair minha mente e nada melhor do que um bom filme para fazer isso. Me surpreendi quando cheguei nas escadas e ouvi a voz da Cecília, o que eu queria? Fugir dela na sua própria casa? Continuei descendo as escadas, iria fingir que não tenho pensado nela e que muito menos sinto vontade de beija - lá quando a vejo nunca tinha reparado que isso acontecia, até sentir isso agora continuei descendo as escadas até que parei ao escutar a voz de alguém muito conhecido por mim e que sinceramente não pensei que veria tão cedo.
— Nicolas? O que faz aqui? — Digo o interrompendo, muito surpresa em vê - lo e ambos me encaram, Nicolas com um sorriso no rosto e a Cecília... bem não sei dizer. -
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