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CAP 11

Marina Bittencourt

1 mês depois

Um mês se passou desde que as aulas começaram e nesse meio tempo uma certa aproximação entre mim e a Cecília surgiu. Nada muito grande, mas comparado a como éramos antes de nos conhecermos eu diria que é um bom avanço. Apesar de que quando estou muito próxima a ela sinto coisas que não sentia antes, como por exemplo: sinto que ela me olha diferente, mas com certeza só são paranóias da minha cabeça.

— Marina, que bom te ver! — Ricardo disse assim que me viu descendo as escadas que davam para a sala -

— Digo o mesmo. — Disse sorrindo e ele ajeitou a pasta que estava em sua mão -

— Eu queria lhe pedir um favor — Disse quando me aproximei dele -

— Claro, se eu puder ajudar. 

— Eu pedi para a Cecília encontrar um documento para mim no meu escritório. Você pode ajuda - lá? — Perguntou e quando eu estava prestes a responder ela apareceu -

— Ela está cheia de coisas para fazer, não é Marina? — Perguntou erguendo as sobrancelhas, mordendo um pedaço de uma maçã que estava em sua mão. É impressão minha ou ela está mais sexy ao morder essa maçã? Mas que coisa! Esses meus pensamentos dizem cada uma -

— Não tem problema, eu te ajudo — Respondi olhando para ela que me encarou e revirou os olhos -

— Viu? — Ricardo disse para Cecília — Obrigada querida, você é incrível. — Disse virando para mim e Cecília pigarreou — Você também é querida, sabe disso. — Disse dando um beijo em sua testa e saindo em seguida -

— Você gosta de ficar perto de mim não é? — Cecília disse provocativa indo na direção do escritório e eu ri logo atrás dela -

— Eu acho que é o contrário. — Disse e ela parou de andar e me encarou -

— Hum! Acho que temos opiniões diferentes aqui. — Disse mordendo a maçã de novo do mesmo jeito e voltando a andar -

— Como foram as aulas hoje? — Perguntei assim que entramos e fechei a porta atrás de mim. Hoje eu não havia ido á escola porquê não estava me sentindo muito bem, mas não era nada demais apenas um cansaço -

— Foram boas, nada de muito interessante. E você, já está se sentindo melhor? — Perguntou e eu assenti -

— O que estamos procurando exatamente? — Perguntei -

— Algo em uma pasta cinza. Você acha a pasta e achamos o que estamos procurando. — Disse caminhando para uma estante de livros que ficava atrás da mesa.— Eu não me lembrava que tinha livros aqui. — Disse para si mesma, mas ouvi perfeitamente -

— Então quer dizer que você não vai me ajudar? — Perguntei -

— Você que se ofereceu para me ajudar, e sabemos que não se precisa de duas pessoas para isso. Enquanto você procura eu dou uma olhada nisso. — Disse passando a mão por alguns livros e eu revirei os olhos -

— Você é uma folgada — Reclamei e comecei a procurar pela tal pasta nas gavetas da mesa. -

— E mesmo assim você não cansa de estar por perto. — Disse sorrindo e negando com a cabeça. Eu poderia discordar, mas seria mentira. Não sei o que acontece, mas eu me sinto bem perto da Cecília, apesar de que as vezes ela não me trata tão bem. — Eu me lembro desse aqui. — Cecília disse me chamando atenção — Você já leu? — Perguntou mostrando de longe a capa do livro, era um livro infantil. — Eu lembro de alguém ler para mim quando criança, só não me recordo quem exatamente. — Disse pondo o livro sobre a mesa — E aí, achou alguma coisa? — Perguntou e eu pensei em responder, mas estava zonza — Marina? Você está bem? — Perguntou e agora ela estava bem próxima a mim, praticamente estávamos com os corpos colados, não percebi antes já que estava com os olhos fechados por causa da tontura. — Vem, senta aqui. — Ela disse segurando firme minha cintura me ajudando a sentar na cadeira -

— Eu estou bem, só estou...me sentindo um pouco zonza. — Disse abrindo os olhos e encarando uma Cecília preocupada -

— Tem certeza? — Perguntou afobada — Mas eu acho melhor chamar alguém, não é a primeira vez que você passa mal. Eu vou chamar alguém e trazer um copo d'água está bem? — Perguntou e eu assenti de leve — Não sai daí, eu já volto! — Disse indo até a porta -

— Como se eu pudesse ir pra algum lugar. — Resmunguei -

— Droga! — Ela resmungou algo, chutando a porta -

— O que foi? — Perguntei me inclinado um pouco para a frente -

— A porcaria da porta não abre. — Se jogou contra a mesma -

— Você é bem sem paciência não é? — Perguntei sorrindo. A tontura parecia ter passado e eu estava me sentindo melhor -

— Por acaso você tem me observado? — Perguntou arqueando a sobrancelha -

— E bem desconfiada também. — Disse voltando a me encostar na cadeira -

— Pelo visto você está bem melhor — Disse se aproximando e eu assenti -

— Foi só um susto. — Disse e ela puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado -

— Que bom! — Disse colocando sua mão em cima da minha, coisa que não passou despercebida por mim e nem pelo meu corpo que se arrepiou de imediato contra minha vontade — Ou a gente estaria ferrada já que a porta não abre. — Sorriu envergonhada e retirou sua mão rapidamente ao perceber que eu encarava seu ato -

*

— Você já pensou em ir ao médico? — Perguntou olhando para mim depois de um tempo de silêncio entre nós, ela agora estava deitada no sofá que tinha no canto do escritório -

— Eu não preciso, não deve ser nada grave. — Respondi -

— Você é louca. — Ela disse negando com a cabeça -

— E por acaso você não gosta de um pouco de loucura? — Perguntei provocativa. Era algo que não acontecia sempre, na verdade era muito raro esse meu lado vir á tona. -

— Na verdade eu nunca experimentei da loucura. — Disse me lançando um olhar que me fez questionar se ela tinha realmente feito aquilo. Um olhar safado, provocativo. — Quem sabe um dia desses? — Disse arqueando a sobrancelha e soltando uma risada que fez meu rosto esquentar. Ela estava me provocando -

— Você é uma estúpida mesmo. — Disse fechando a cara e cruzando os braços -

— Não fique brava. — Disse rindo, se levantando e vindo até mim -

— Não se faz esse tipo de brincadeira. — Disse quando ela se aproximou, se agachando a minha frente -

— E quando eu disse que estava brincando? — Disse quase em um sussurro arqueando a sobrancelha e eu a encarei perdida, seja lá o que for que esteja acontecendo eu sinto que é bom. Estava prestes a dizer algo quando a porta se abre, me causando um leve susto. -

— Oh! Eu não sabia que tinha alguém aqui — Uma das moças que vinham durante a semana cuidar da limpeza da casa, disse ao entrar -

— Na verdade estávamos presas. — Cecília disse se levantando - a porta emperrou — Disse caminhando até a mesa e pegando a pasta cinza que estava em uma das gavetas e o livro infantil que segundo ela o leria novamente. -

— Claro. — A moça disse entrando -

— Você vem? — Cecília me perguntou e eu assenti -

Saímos do escritório e ela seguiu para o andar de cima rapidamente e eu fiquei sozinha com meus pensamentos a caminho do quarto. Seja lá o que está acontecendo me traz uma sensação boa, talvez um dia seremos boas amigas. Sei que não gosto dela, não romanticamente, isso seria impossível...seria impossível não é? - me questionei -

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E temos aqui uma Marina com dúvidas sentimentais... interessante 😏

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