CAP 10
Maria C.M. Ferri
Nosso contato entre olhares foi quebrado quando um homem magro, alto, de cabelos pretos recentemente cortados entrou na sala apressado e mandando que os alunos que estavam de pé encontrassem logo uma cadeira para saírem do caminho. Ele usava calça jeans e camisa de manga comprida na cor branca.
Depois de deixar sua bolsa em cima da mesa, juntamente com alguns livros ele escreveu no quadro, seu nome e a matéria que exercia. Ele visivelmente estava atrasado, o que me fez ir com a cara dele, não teria problemas em me atrasar se ele continuasse se atrasando.
— Como podem ver meu nome é Matteo e eu sou o professor gato de matemática. — Ele disse bem humorado e alguns alunos riram enquanto outros começaram a resmungar algo. Ele não era nem de longe feio, tinha um ar simpático, mas eu não consideraria o professor gato. O bem humorado talvez. -
— Gostei dele. — Valentina disse para mim sorrindo e eu concordei -
— Alguns alunos já me conhecem. — Disse acenando para um grupo de alunos — E outros vão gostar muito de conhecer. — Disse passando os olhos pela sala. — E agora como o bom professor que sou, copiem esse pequeno assunto para darmos início as explicações. — Disse e toda a sala resmungou — Não sejam preguiçosos, é só o primeiro dia de aula e eu estou pegando leve, aproveitem. — Disse se virando para o quadro e começando a escrever.
— Acho que a gente comemorou cedo demais. — Disse para Valentina e ela me encarou rapidamente sorrindo.
*
Depois da aula de matemática que se passou rapidamente pelos dois primeiros horários, logo em seguida eu tinha a aula de biologia e assim como o primeiro Professor, a professora de biologia parecia ser simpática, mas como ela mesma disse "existe hora para tudo" em relação as brincadeiras em sala de aula e conversas paralelas.
Com seus cabelos pretos cacheados e longos até a cintura, baixinha, voz suave, pele bronzeada e um vestido azul escuro na altura dos joelhos, a professora depois de se apresentar e fazer uma leitura com a turma sobre o tema a ser estudado, estava sentada a sua mesa atenta ao livro a sua frente.
— Formem um trio ou um grupo com no máximo 5 pessoas. — Disse se levantando e observando a sala se aglomerar em formar os grupos. -
— Vamos ser um trio de dois? — Perguntei para Valentina que também tinha a mesma aula que eu e ela me encarou confusa -
— Alguém deve ter sobrado para se juntar a nossa panelinha. — Disse procurando com os olhos e eu fiz o mesmo e por azar ou qualquer outra coisa meu olhar se cruzou com o da Marina e eu não sei porquê isso fica acontecendo, mas não durou muito, logo alguém ocupou o meu campo de visão. -
— Posso ficar aqui gatas? — Um garoto alto de cabelos castanhos que cobria toda a sua cabeça, forte, olhos castanhos num tom mais claro que seus cabelos e óculos pretos quadrados que emolduravam seu rosto, disse parado na nossa frente, olhei rapidamente para a Valentina e ela concordou com a cabeça e um sorrisinho de lado e eu apenas dei de ombros. -
— Claro, afinal não existe trio de dois. — Valentina disse sorrindo me encarando e eu revirei os olhos divertida -
Depois que a professora destruiu os temas e o objetivo de cada grupo a sala toda ficou concentrada em suas atividades.
— E aí, o que acharam da Carmen? — O garoto que ainda não sabíamos o nome perguntou baixo entre o nosso grupo -
— De onde você vem não te ensinaram a se apresentar? — Perguntei e ele riu -
— Claro, mas onde eu estava com a cabeça? — Disse cobrindo o rosto com as mãos - Prazer, senhoritas, James Scott. — Disse com um sorrisinho no rosto -
— Eu sou a Valentina Mazza. — Valentina disse se apresentando -
— Cecília Ferri. — Disse e voltei minha atenção para a atividade -
— Vocês ainda não responderam a minha pergunta. — Ele disse e cara que garoto insistente -
— Para mim ela parece normal, não diria a favorita, mas também não odeio. — Disse -
— Não tenho nada contra, acho que ela vai se tornar uma das favoritas. — Valentina disse -
— E você? Saiba que não é o único curioso por aqui. — Disse e ele me encarou divertido -
— Gostei de você. — Disse e eu revirei os olhos — Já que é tão curiosa, eu te respondo. Ela já é a dona dos meus sonhos mais safados — Disse malicioso -
— Você sabe que ela é sua professora não é? — Valentina perguntou séria -
— Por isso mesmo tudo se torna mais exitante — Disse voltando os olhos para a professora que estava aérea a conversa e eu negei com a cabeça rindo. -
Na hora do intervalo toda a escola se juntou na cantina que ficava no fundo do colégio, onde tinham árvores por perto ao ar livre.
— Vocês tem namorado? — James perguntou enquanto bebia um refrigerante, estavamos os três em uma mesa -
— Por que o interesse? — Valentina perguntou e eu não sei se é impressão minha ou ela está meio que afim do James -
— Apenas curiosidade — Devolveu num tom malicioso que parecia ser o habitual dele -
— Então não. —Valentina respondeu e os dois olharam pra mim -
— Não. Quero distância dos homens. — Respondi mordendo o meu sanduíche -
— Então você prefere mulheres? — James disse com aquele tom me fazendo ficar confusa -
— O quê? Não. Quer dizer...não sei. — Estava nervosa, mas porquê? — Não é da sua conta. — Disse por fim encerrando o assunto -
— Só perguntei — Disse levantando as mãos em rendição -
Quando finalmente as aulas se encerram, estávamos a caminho de casa. Depois daquela conversa no refeitório eu não consegui parar de pensar no assunto. Coisa que eu nunca parei para pensar antes. Eu gosto de homens? De mulheres? Dos dois? Minha cabeça começou a doer de tanto pensar sobre isso e uma curiosidade absurda se apossou de mim, como eu poderia não saber? Como eu nunca me preocupei com isso?
Estava tão distraída com meus pensamentos que nem percebi que já havíamos chegado em casa, observei a Marina que estava tão distraída quanto eu.
— Ei! — Disse tocando de leve sua mão e a mesma puxou rapidamente — Está tudo bem? — Perguntei, ela parecia não estar se sentindo bem -
— Eu... — Começou a dizer, mas por algum motivo desistiu — Não é nada. — Disse abrindo a porta do carro e saindo, me deixando totalmente confusa -
Fui para o meu quarto, tomei um banho e resolvi dormir um pouco, afinal eu não tinha muito o que fazer, só umas atividades da escola, mas coisa pouca.
*
— Finalmente a última. — Disse me jogando na cama depois de terminar a última atividade. Me assustei quando senti meu celular vibrar com uma mensagem — "oi gata😁" — Fala sério. — Disse abrindo a conversa -
"Quem te deu meu número?" - digitei pois já sabia quem era -
Ué, nossa única amiga em comum - James respondeu logo em seguida -
- Que ótimo, Valentina. - disse em voz alta -
"Você foi adicionado ao grupo "dupla de três" meu celular notificou
"Dupla de três, é sério?" - digitei -
Eu gostei - Valentina
"Claro que gostou. Porquê deu meu número para ele?" - perguntei -
Não sabia que não era para dar - Valentina
- Saibam que eu estou bem aqui. - James se pronunciou pela primeira vez
"E daí?" - digitei -
- Não fique tão brava, foi só um número e acostume - se, somos um grupo agora. - ele digitou e eu desisti de tentar argumentar -
Verdade - Valentina digitou -
- E que fique bem claro, no grupo "dupla de três" é extremamente proibido a entrada de outra pessoa. - James digitou e adicionou isso a biografia do grupo -
É, talvez esse seja o meu grupo de três. — Pensei
*
- Oi mãe, você vai me contar agora a novidade ou vai deixar sua pobre filha morrer de curiosidade? - disse horas depois ao atender a ligação da minha mãe -
- Nossa, mas que filha mais dramática eu tenho - disse rindo - eu vou te contar -
- Tá, já estou até sentada - disse me sentando na cama -
- Certo...lá vai. - fez uma pausa - me ofereceram um emprego em Paris, é uma ótima oportunidade e não é por muito tempo, pelos menos não tempo suficiente para alguém sentir minha falta já que você não está aqui. -
- Paris. - foi a única coisa que eu disse, isso era longe. Mas porquê eu estava tão preocupada, era uma oportunidade para ela e eu devia ficar contente - isso é muito bom mãe, nossa vai ser incrível. - disse mais animada -
- Você acha? Pareceu que você não tinha gostado - disse -
- Não, eu só precisei raciocinar. Você vai ser incrível, fico até com medo de não deixarem você voltar. - disse e sorri nervosa -
- Então está tudo bem por você? - perguntou insegura -
- Sim mãe, claro. - disse confiante para que não houvesse dúvidas - você vai arrasar. -
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