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capítulo. 01

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Presídio masculino de Soul - Coreia Do Sul ;

Seu corpo foi lançado com força para a frente, fazendo-o quase cair antes de conseguir se equilibrar. Seus olhos pretos percorreram a extensão de todo o pátio, analisando meticulosamente todos os garotos do local. JungKook pôde perceber que andavam em bandos, e que ele aparentemente era a carne nova no pedaço, pois todos os olhares estavam focados nele.

Enormes cercas elétricas eram coladas com paredes quilométricas. Havia câmeras de segurança por todos os lados e os uniformes laranjas se destacavam entre os marrons e brancos. Policiais rondavam por ali, prestavam atenção em toda e qualquer aproximação estranha que poderia ser uma possível briga.

JungKook não deixou de notar que, em algum momento, todos abaixaram a cabeça quando um ruivo de pele extremamente clara passava por eles. Curioso como costumava ser, JungKook jamais baixou o olhar, vendo o ruivo subir na mini-arquibancada, feita de ferro e madeira, e se sentar.

O ruivo percorreu o olhar pelo perímetro, contudo, ele parou em JungKook. A expressão solene entregava que ele não queria que o olhasse, mas algo no garoto o prendia.

— JungKook? Estou te chamando! — O grito do policial fez Jeon pular de susto.

— Desculpe, eu não te ouvi. — Pediu, vendo o homem, de roupa azul escuro, lhe fitar seriamente.

— Eu não costumo dar avisos para os presidiários novatos, mas vi que ficará um bom tempo aqui, então sugiro que não o encare. Ele não gosta. — O policial falou e JungKook assentiu, dando uma última olhada para o garoto antes de ler o nome no crachá do policial.

— Em que posso ajudar, senhor Hamilton? – JungKook perguntou e o policial apoiou sua mão direita sobre a arma em sua cintura.

– Tem visita para você, me acompanhe. – Ele disse, prendendo as mãos de Jeon em suas costas e o levando dali.

– Visita? Sabe quem é? – JungKook indagou.

– Não sou seu escravo, detento. Da próxima vez descubra por si só. – o policial disse friamente. – Nem todos os policiais aturam essas perguntas. Alguns são realmente maus, então procure não falar com eles. – O policial alertou. – Enfim, é seu advogado e seu irmão.

– Obrigado pelo conselho. – JungKook disse. Caminharam o resto do caminho em profundo silêncio e, quando finalmente chegaram, o advogado fez questão de deixar que soltasse Jeon das algemas, e assegurava que ele não era perigoso.

– Por onde esteve? – JungKook perguntou assim que o policial o soltou e se afastou. Sua irmã correu para seus braços e o abraçou fortemente.

– Eu realmente quis tirar férias do mundo. A assistente social de YeonJun que conseguiu me contatar através de um amigo. – Falou, se separando do abraço.

– YeoJun ficará com você? – JungKook perguntou e suspirou, assentindo. YeonJun era filho de seu irmão mais novo, ele havia tido ele muito novo, porém o mãe da criança morreu na mesa de parto, logo após o nascimento do menino, desde então JungKook que ajudava a cuidar da criança, junto com Jeewon.

– Sim, não pude acreditar que mamãe fez isso. – Jieun disse paralisado, prendendo o choro. – Ela nunca havia feito nada mais do que nos agredir, mas isso há muito tempo. Nós deveríamos ter...

– Hey... – JungKook disse, segurando sua mão e olhou de relance para o advogado, que mantinha a cabeça baixa esperando o momento acabar. – Não dá mais para mudarmos isso, é melhor não nos machucarmos dessa forma. – A mais nova assentiu cabisbaixa. – Como você está?

– Como eu estou? – Jieun perguntou incrédula. – Você é que foi preso injustamente, não eu. Como você está? – JungKook suspirou.

– É, mas você também perdeu um irmão.

– Você não precisa ser tão empático o tempo inteiro, JungKook. Eu estou me virando aqui fora e eu vou te tirar daqui. – Jieun disse com determinação. – Essa é nossa advogada, Kim Hyuna perdão não lhes apresentar antes. – A mulher estendeu a mão para JungKook e apertou de modo formal.

– Temos boas e más notícias para você, senhor. – Hyuna anunciou. JungKook analisou que ela vestia um conjunto social cinza, com uma camisa branca por baixo. Sua saia batia um pouco abaixo do joelho e sua expressão era solene.

– Diga qualquer uma primeiro, pior do que estou, só morrendo. – JungKook disse dando de ombros.

– Certo. A boa é que ainda nessa semana juntaremos provas o suficiente para te tirar daqui. – Hyuna disse, apoiando as duas mãos sobre a mesa de alumínio. – E a má é que, embora sejam uma família rica, o juiz decretou o próxima audiência somente em seis meses. – Os olhos de JungKook se esbugalharam.

– O quê? – Exclamou incrédulo. – Vou ter que ficar seis malditos meses aqui?

– Infelizmente o julgamento já foi finalizado e para reabrir o processo a fila é enorme, é fim de ano, temos poucos juízes neste estado, teremos que esperar. Não posso oferecer dinheiro, seria suborno. – JungKook levou as duas mãos até seu rosto e meneou a cabeça, aflito demais para processar a informação.

– Virá me visitar com frequência? – JungKook indagou a sua irmã.

– Vou dar meu melhor, com isso das papeladas do YeonJun e meu trabalho, você sabe... – Sua frase morreu, contudo, JungKook assentiu.

– Se não conseguir vir em menos de três semanas, pode me fazer um favor? – Jieun assentiu. – Compre um unicórnio enorme de plástico para nosso sobrinho. É o que ele me pediu de aniversário. – JungKook disse tristemente. – E diga que foi presente do tio Kook.

– Tudo bem, agora precisamos ir, mas se cuida, maninho. – Jieun disse, dando um rápido abraço em JungKook. – E se mantenha fora do alcance dos garotos daí, são perigosos. Não diga a ninguém que você é rico e tudo ficará bem. – Jeon assentiu e se despediram.

Quando o policial lhe colocou no pátio novamente, a primeira coisa que JungKook notou foi o par de olhos marcantes, como de um felino sobre si, instantaneamente, o aviso do policial Hamilton soou em sua mente: "Não o encare, ele não gosta."

Se não gosta, então por que ficava o encarando também? Pensou JungKook, mas desviou os olhos mesmo assim, afinal, não queria brigas, muito menos em seu primeiro dia ali.

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