Ethan

Organizo as garrafas de bebidas e as limpo cuidadosamente com um pequeno pano. Elas são as minhas preciosas.

Puxo uma da prateleira e me sirvo do líquido vermelho que tanto amo. Bebo um gole e algumas gotas permanecem sobre os labios. Visualizo um par de olhos em aflição através do vidro reluzente. Respiro fundo, desfrutando do prazeroso cheiro de sangue enquanto sou agredido no rosto pelo vento.

‐-- Não vai servir o seu velho amigo, Ethan? --- a voz grossa e conhecida sooa atrás de mim, e sem demorar realizo meia volta, com uma mão enterrada no bolso da calça e a outra segurando o copo.

Caleb puxa um sorriso de canto, levantando as sombrancelhas. O folgado mal chegou e ja esta sentado no sofá com os pés pousados na mesinha de centro.

--- É dos sangues mais valiosos que possuo, não vou dividir! --- brinco, deixando o recipiente ao lado da garrafa na bancada do barzinho. E me conduzo para perto do rapaz.

--- Assim você me machuca! --- dar gargalhadas.

--- Iai, trouxe o que pedi? --- pergunto depressa, denunciando a ansiedade para Caleb a medida que aconchego na poltrona.

--- Sempre direto ao ponto --- diz, se consertando no sofá, diminuindo os olhos. --- É claro que trouxe, mas como uma mão lava a outra... --- solta a famosa risada maligna.

--- Você não mudou nada!

--- Por que eu mudaria? Sou perfeito assim! --- dá de ombros, mostrando os dentes.

--- Esta bem, Caleb! O que você quer? --- questiono, pondo os cotovelos sobre os joelhos e as mãos escondendo os lábios.

--- No momento nada! Mas a vida é cheia de supresas, talvez algum dia eu possa estar solicitando os seus serviços.  --- puxa o anel do bolso da calça e me entrega na palma da mão, que por reflexo estendi na direção da jóia.

--- Serviços... --- meu corpo se aproveita do aconchego do encosto da poltrona e relaxo mais os ombros. --- onde você arruma essas coisas tão rápidas? --- brinco com a joia e depois a coloco no dedo ao lado do anel de luz.

--- Digamos que constantemente ando vendo uma antiga amante bruxa.

--- Bom saber disso --- suspiro satisfeito.

--- Pra que você quer esse anel? --- Caleb inclina a cabeça e me encara pensativo.

--- Do que eu mais gosto? --- solto uma dica. Caleb é esperto e logo acertará. Não são anos de amizades e sim de séculos. Recordo bravamente o tempo que tacavamos o terror nas ruas ou até mesmo nas casas dos humanos. 

--- Além de fazer sexo? Presumo que torturar e matar depois.

A minha mente é tão fervilhante quanto o inferno. Bastante poluida por cenas de terror que me fazem apresentar uma expressão de felicidade.

--- Exato! --- afirmo com a cabeça.

--- Caralho, imagino que essa pessoa lhe provocou muito.

Dessa vez não respondo, apenas balanço a cabeça novamente e dou uma gargalhada expressando a parte desumana.

--- Sim, ela mexeu com a pessoa errada.

--- Então é uma garota --- gargalha alto e eleva as sombrancelhas na direção da testa --- Tem certeza que quer esse anel para tortura-la? Ou para fazer sexo com ela? Essa última hipótese é mais provavel --- fala enquanto busca por uma dose de sangue no barzinho.

--- Não viaja --- solto, já aborrecido.

--- Veja bem, usando o anel de sege você não matará ela, e assim poderá transar em paz. Haha... meu caro Ethan, você está perdido! --- anuncia, e bebe mais um pouco do líquido vermelho.

Enterro as unhas na palma da mão para não fazer alguma besteira, mas os meus olhos não obedecem e começam a incendiar.

Observo Caleb olhar no relógio e depois me encarar.

--- Já deu a minha hora... Visite o meu "reino" em Edimburgo --- recolhe o terno que havia posto sobre o encosto do sofá. Joga a chave do carro na altura de seus ombros e depois a garra novamente. --- Aliás, boa transa! E espero que essa vontade desapareça logo --- da três tapinhas no meu ombro.

Se retira em segundos. Vi apenas um vulto e a porta bater.

--- Se fosse só vontade de transar, Madison estaria numa boa --- sorrio sem alegria, me transformando no monstro que sou.

🥀

Madison, você se arrependerá de ter ativado o demônio que existe aqui dentro. Não foi apenas pelo o fato de não querer ter um caso comigo. Isso tão pouco me importa. Não foi o meu primeiro "fora".

Mas, sim por você querer zombar de mim. Isso eu não aceito. Não aceito de ninguém. Agora vai ter que arcar com as consequências. Aah... e elas costumam ser graves, bastante graves. Talvez você até saia com ematomas.

Se sua ambição pelo o dinheiro não fosse maior que você, até poderia lhe poupar de tal sofrimento.

Me recordo perfeitamente como quis me fazer de fantoche. Mas eu sou esperto bebê, muito esperto. Jogou o seu charme sobre os meus olhos, me pegando no ponto fraco.

Não irei negar que desejei te-la na cama várias vezes, seria um hipócrita e tanto! E odeio isso. Porém, agora as minha intenções se modificaram, e você não vai achar a mudança prazerosa.

Sou atraido pelo seu sangue mais que ja fui atraído por qualquer um. Não é o seu belo corpo que desejo, e sim o sangue. Se solto olhares de malícia ao seu rumo, é por que o cheiro que exala de você é completamente fascinante.

--- Mais whisky, senhor? --- o garsom pergunta, inclinando a boca da garrafa na taça que esta envolvida em uma das minhas mãos. 

--- Eh... --- fito o rapaz e logo pego na garrafa. --- Eu vou ficar com isso! --- informo e ele assenti sem nenhum sinal de recusa, somente expressando espanto na face.

--- Como desejar! --- solta a parte que segurava do frasco e se retira da minha visão.

Me conduzo até um sofá vazio. Bebo bastante, embora não poder ficar embriagado, as bebidas me ajudam muito a calmar os nervos. E nesse momento a minha cabeça esta a mil. As batidas dos corações dos humanos que me rodeam estoram os meus ouvidos.

Agradeçam ao anel sege, pois se não fosse por ele, vocês não estariam mais aqui.

Dou um grande gole da bebida na boca da garrafa e quando finalmente me ponho em paz no assento, meus olhos grudam no vestido preto que cobre o corpo de curvas bem desenhadas. Alguns homens no bar também olham na mesma direção que a minha. Madison tem atenção de muitos para ela, o que faz o seu ego só aumentar.

Fixo o olhar penetrante no seu rosto e recebo apenas uma expressão que não consigo captar o sentimento. Obverso melhor e percebo o seu braço junto a de uma nova vítima.

Você verá, Madison! Arrumo o anel sege no dedo.

Eles sobem as escadas juntos, e a parte desumana que existe em mim exige aparecer. Então, mergulhado na fúria, agarro a garrafa e sigo na direção do banheiro que foi fácil de encontrar.

Deixo o frasco ao lado da torneira. Molho o rosto, perante o espelho que demonstra um par de olhos sangrentos. O grito rígido ecooa para fora da minha boca, e jogo a garrafa fortemente na parede.

Acalme-se Ethan. O inferno dela esta chegando.

Suspiro pesadamente, e sorrio para o reflexo, arrumando a gravata e o terno.

--- Vamos lá!

Abro a porta com varocidade e subo as escadas. O cheiro do sangue da Madison me faz seguir até ela. O corpo já pedia a mente uma luta.  Arrombo a porta do quarto, e logo vejo Madison ser acariciada pelo o homem. Ele passa os seus polegares imundos sobre o rosto da garota.

--- Tire suas mãos dai! --- esbravejo alto e Madison fica assustada com a minha reação.

--- Quem você pensa que é? --- ele questiona, puxando um sorriso de desdém.

--- Alguém que você não vai querer conhecer --- digo alto. Pego na gola de sua camisa e o jogo na parede, ferindo suas costas. --- Amanhã, quando acorda, você não se lembrará ao menos do nome Madison. Esta entendido? --- ele afirma levemente, apresentando uma expressão de espanto. --- E agradeça por eu não ter lhe quebrado todo.

--- Para com isso Ethan! O que esta fazendo? Você pirou?

Me viro furioso na direção da garota que recua um passo.

--- Agora esta com medo, Madison? Lhe avisei que você ainda não me conhecia.

Ela morde o labio inferior. Analiso os seus olhos marejarem e o seu corpo tremular quando enxerga o homem caido no chão. Ela tenta sair pela porta, porém, agarro na sua cintura, fazendo-a voltar imediatamente. Os seus pulmões se preenchem rapidamente.

--- Você pensa que vai pra onde?

--- Me solta Ethan! Eu vou gritar! E você vai sair daqui preso! --- ela diz agitada enquanto suas mãos orbitam os meus pulsos, na tentativa de se soltar.

--- Como você é fácil, Madison! --- falo baixinho e sinto a raiva percorrer o seu corpo.

--- Vai para o inferno! --- em instantes os seus dedos agridem a minha bochecha.

Aah... Você não deveria ter feito isso Madison!

Me viro novamente apresentando um demônio na face e Madison dá passos para trás enquanto caminho mais na sua direção, dando pouca distância para nossas bocas.

--- Por...--- suspira totalmente amedrontada.

--- Eu vou para o inferno. E lhe levarei comigo --- aviso, girando o seu pescoço, e de imediato sinto o peso do corpo na garota no colo.

Esse só é o começo da sua vida miserável.

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