Não sei qual é a desse garoto, mas não vou entrar nessa.

Fecho a caixinho que guarda os brincos brilhantes e ponho a mesma sobre a penteadeira, contorcendo o rosto num sorriso duvidoso.

Puxo o meu cabelo e o laço com o elástico. Me adimiro no espelho enquanto penso no que Ethan tem na cabeça. As vezes me pergunto se existe dois dele. É o que veremos hoje na escola!

Ponho a joia que ganhei do tio de Lena nas orelhas e dou uma breve analisada. Agarro a caixinha para ver os brincos novamente.

--- Até que não ficou ruim! --- comento baixinho comigo mesma e desvio os olhos do espelho para os outros brincos --- Vocês ficariam melhores, uma pena que iram servir para outra coisa! --- faço biquinho para eles, e ao instante que capto a porta do quarto sendo aberta, guardo a jóia na mochila.

Minha tia veste uma face de preocupação. Cruza os braços e me encarando sem falar ao menos uma palavra.

--- O que foi tia? Por que esta com cara de que alguém morreu? --- franzo a testa.

--- Não é nada, só o noticiário que cada vez me assusta mais --- dar um assopro na mexa do cabelo e adianta um passo.

--- Ah é? E o que foi dessa vez? --- passo o zíper da bolsa para o lado, aguardando a fala da tia Ava.

Vejo as pernas da mulher falharem e ela cair sentada na cama, totalmente perdida nos pensamentos. Estalo um dedo na tentativa de traze-lá de volta para a Terra, e a mesma se sobressalta me observando com os olhos arregalados.

--- Um antigo amigo meu foi assassinado, e por o que passou no jornal ele não foi o unico nos últimos meses, mas somente agora que a polícia decidiu levar os casos a público.

--- Assassinato sempre teve, São Francisco assim como qualquer cidade é um ninho de serpentes. --- pisco um olho.

--- Promete que vai se cuidar? --- une as mãos e os seus olhos sintilam como se tivesse implorando.

--- Se não trazer o verdadeiro problema para dentro de casa vamos estar salvas --- penso alto e sigo em direção a saída.

--- O que você disse? --- questiona e me faz dar meia volta.

--- Eu disse algo? --- me faço de desentendida.

--- Sim, você disse --- responde com firmeza nas palavras a medida que balança a cabeça positivamente.

--- Não lembro! --- anuncio ligeiramente, dando de ombros. E sigo o meu caminho.

🥀

Entro na sala, e como sempre recebo olhares de alguns rapazes. Sento na cadeira e faço questão de pôr os cabelos para trás, na tentativa de mostra-los para Ethan.

Vamos testar a paciência dele!

Dou inicio a organização dos materiais e ao virar para colocar a mochila na costa da cadeira, meus olhos se deparam com o âmbar.

--- Preto fica ótimo em mim, não é mesmo? --- pergunto e ele coça a garganta, captando cada detalhe do meu rosto em silêncio. --- Aliás, acho que não vou precisar deles! --- devolvo os brincos que ele me deu, com o coração na mão.

Mas Ethan deve aprender que ninguém brinca comigo!

Os seus dentes estão trincados e os seus olhos denunciam a furia que percorre nas aveias, por um instante até imaginei as suas iris mudarem da sua cor para o vermelho, porém, pisquei várias vezes e elas estavam normais.

Lena tira a minha atenção dele quando se senta no meu lado e começa a fazer comentários sobre amanhã. 

🥀

{Dia da festa}

Os meus passos são de vitoria e superioridade, caminho vagamente pelo o corredor a procura do salão que Lena havia me indicado. Hoje a noite promete, e isso só é o início de tudo que vem pela frente.

A minha maquiagem esta acima da perfeição, assim como o meu vestido preto que capta as curvas sublimemente, me deixando ainda mais atraente. Era como se tudo estivesse ao meu alcance. Respiro fundo e jogo todo o meu nervosismo para fora quando finalmente abro a porta.

Todos se encontram bonitos o suficiente para mostrar em somente numa joia que possuem dinheiro. A iluminação do local vibra aos meus olhos. Sigo perdida no meio da pequena multidão a procura de Lena.

Paro num pequeno bar e o atendente me oferece um champanhe, aceito sem sinal de recusa e de imediato dou um breve gole. A música vaga no ar do ambiente e alguns dançam na varanda, atrás das vidraças que não estão tão longes de mim.

Sinto a aproximação de alguém na laretal e proponho que seja Lena, mas com a rodada na cadeira, enxergo o tio dela, Leos...

--- Perdida? --- ele sorri e sinaliza para o rapaz que está trabalhando nas garrafas.

--- Um pouco... --- respondo, sorrindo sem mostrar os dentes enquanto mantenho a taça na altura do queixo.

--- Imagino! --- diz e bebe um pouco do champanhe que em instantes foi servido para ele. --- Aliás, bem vinda a verdadeira casa dos Martin.

--- Você mora aqui? --- arqueo as sobrancelhas.

--- Não, mas digamos que as vezes dou uma passada por aqui! Era a recidencia dos meus pais.

--- Entendi! --- afirmo com a cabeça.

--- Você quer dançar? --- ele me oferece a mão e imediatamente a preencho com a minha.

--- Por que não? --- digo e seguimos até as outras pessoas.

[...]

Lena se aproxima com os dentes a mostra no rosto. Ela esta linda com o vestido que escolheu.

--- Estava procurando vocês! --- anuncia, enquanto nos envolve nos seus braços.

--- Eu raptei a sua amiga --- diz o homem sorridente na minha direção.

--- Eu notei --- Lena ergue uma sombrancelha.

Sorrio meio sem graças, mantendo a postura reta e elegante.

De fato não sabia por que estava ali e o por que me comportava tão gentil com ele. Leos é rico! Deve ser isso.  A ambição fazia a minha mente enlouquecer em pensamentos de interesse, porém, até agora não pensei na quantidade de dinheiro que Leos deve ter. Estranho, isso é muito estranho!

--- O seu tio é realmente adorável, Lena --- falo e Leos fica sem graça.

Ele realmente é encantador, não digo apenas pelo o sorriso maravilhoso que tem, mas também por suas palavras e seus olhares nada pervertido.

--- Mil e uma utilidades. Sabia que ele pinta? --- pergunta arquaendo as sombrancelhas e adiantando um passo.

--- Não. É serio? Tenho uma certa fascinação por obras. --- meus olhos se encontram com os dele. E Leos afirma com a cabeça, mostrando um sorriso.

--- Eu tenho vários quadros no meu antigo quarto. Você quer ve-los?

--- Adoraria! --- respondo assim que ele fecha a boca. Então, envolvi o meu braço no de Leos.

O homem de musculos fortes me guia pelas pessoas que estão bastante distraidas se embriagando ou movendo o corpo. Meu sorriso de satisfação sintila como nunca, enquanto ultrapassamos o centro do salão.

Leos para na intenção de pegar dois drinques na bandeja de um garçom que servia aos dançarinos.

Nos retiramos do bosque humano e pela passagem de duas mulheres a frente, analiso Ethan sentado num sofá, sozinho, folgando a gravata a medida que me fita com intensidade. Paraliso, e fico sem o que apresentar na face. Acabo apenas mostrando uma boca entreaberta.

Esse garoto sempre estar por perto!

--- Vamos? --- Leos me dar um toque. Assinto balançando a cabeça, pegando firme no seu músculo e logo nos guiamos para a escada.

A cada degrau dado, parece que o olhar de Ethan se torna  mais quente sobre nós. Ouso averiguar por cima do ombro, porém, não o vejo mais.

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