Capítulo Vinte e Oito
*Pessoal, quero pedir desculpas por no capítulo anterior ter dito que o próximo seria o penúltimo. Na verdade fiz um cálculo errado e achei que já estava acabando, quer dizer, o livro está acabando sim, porém falta mais uma coisinhas acontecerem. Então, perdoem a minha doidice e não desistam de mim, boa leitura!
Com o passar dos dias, eu fui pouco a pouco me adaptando à minha nova rotina de mãe e esposa. Graças a Deus eu não estava tão sozinha nessa, pois Michael me ajudava em tudo e Alice era uma bebê super tranquila. Desde que ela estivesse limpa e alimentada, tudo ficava mais fácil.
A interação entre ela e Michael era bonita e harmoniosa de se ver, ele estava sendo mais que um bom marido, estava sendo um paizão e tanto. Quando ele estava em casa dava banho nela, trocava suas fraldas sujas, a embalava no colo até dormir e ainda cantava musiquinhas e contava historinhas para ela, que mesmo sem ter tanto entendimento, o observava atenta, com aqueles seus olhinhos azuis profundos. Mesmo com a chegada dela, ele continuava trabalhando, indo aos treinos de basquete e às fisioterapias que agora ocorriam com menos frequência. Realmente, ele estava me surpreendendo com a sua disposição e força de vontade.
Desde o embate no hospital, nunca mais tivemos notícias dos meus pais e dos meus sogros. Russell havia dado um tempo do escritório de advocacia e Michael era que estava tomando conta de tudo praticamente, já que o pai estava ausente e se recusava a falar com ele. A única pessoa que de fato não guardou mágoas de nós e nos perdoou era Ana, que vinha algumas vezes nos visitar em nosso apartamento sem que o marido soubesse. Para ela não importava que Alice não fosse sua neta de sangue, já a amava e havia se apegado à menina.
Porém eu estava inquieta com todo esse mau estar causado. Já fizera praticamente um mês que Alice veio ao mundo e até agora nada de eu conseguir falar com os meus pais, eu não tinha coragem de ligar ou procurá-los, tinha medo da forma com que poderia ser tratada pelo meu pai, mesmo ele estando com a razão.
— Amor, quer que eu ponha ela no berço? — a voz de meu marido me acorda dos meus pensamentos e só assim fui perceber que Alice dormia profundamente em meu colo há minutos e nem me dei conta.
— Ah, claro. Desculpe, estou com a cabeça nas nuvens. — entrego-a para ele, que a pega com carinho no colo.
— Vem, Lice. Hora de ir pra caminha. — sussurra ele baixinho, enquanto a coloca no berço.
Quem também não deu mais as caras foi Tyler,mas eu estava pouco me importando com ele. Depois do que fez no hospital era bom mesmo que ele sumisse das nossas vidas. Após ter posto Alice no berço, saímos do quartinho dela e fomos para a sala, era nítido que precisávamos conversar.
— Você parece cansada, e não é por cuidar da nossa filha. — observa ele.
— Michael, não acha que devíamos tomar coragem e ir procurar conversar com o seu pai e os meus pais? Ficar aqui só orando e esperando um milagre não vai adiantar, temos que ter ação também.
— Também estava pensando nisso. Já fez um mês desde a discussão e não faz sentido ficarmos nos escondendo deles, seria mais fácil procurarmos e pôr nossa cara a tapa, mesmo que doa. — diz ele, dando um suspiro cansado em seguida. —Minha mãe nos perdoou, então não tem porque ficarmos fugindo do meu pai.
— E então, vamos primeiro no seu pai ou vamos até Nova Jersey falar com os meus pais?
— Quer tirar par ou ímpar? — pergunta num sorriso zombeteiro.
— Bem, seus pais moram mais perto do que os meus, devíamos ir lá primeiro. — sugiro, com um certo receio.
— Certo,vamos todos nos arrumar e sair. Alice pode ir dormindo na cadeirinha.
Depois de termos nos arrumado e pego a bebê, saímos todos juntos para irmos no apartamento dos pais de Michael. Eles moravam há quinze minutos de onde morávamos, portanto não demoraria muito a chegar, durante o caminho eu fiquei com o pensamento conectado à Deus, pedindo a Ele que desse tudo certo e que fôssemos bem recebidos pelos meus sogros.
Quando chegamos, senti um frio na barriga, porém logo procurei me acalmar, pois precisávamos mais do que nunca resolver aquilo e ficarmos todos em paz. Michael toca a campainha e esperamos se alguém viria nos atender, Alice dormia confortavelmente em meu colo, totalmente alheia ao que acontecia ao seu redor. Sorte a dela.
Finalmente a porta se abre e quem nos atende é Ana. Ela sorri feliz ao nos ver e abraça a cada um de nós, e acaba que se emociona com aquela visita surpresa nossa.
— Como eu senti saudades de vocês! — diz ela, após nos abraçarmos.— E dessa princesa também.
— Mãe, o meu pai está em casa? — pergunta Michael, enquanto enxuga algumas lágrimas de emoção.
— Está trancado no escritório, fica lá o dia todo e só sai para comer. —responde ela, com a voz triste. — Já conversei com ele para não ficar nessa tristeza e para resolvermos isso em paz, porém ele não me ouve. Até sugeri de irmos todos juntos conversar, porém ele praticamente me proibiu de ir lá ver vocês.
— É tudo culpa minha. — Michael abaixa a cabeça e chora, sentindo-se mal.
— Não, filho. — Ana se abaixa ficando da altura dele e o abraça. —Você conhece seu pai, sabe que ele tem essa mania horrível de guardar rancor e ficar remoendo as coisas.
— Será que ele aceitaria nos receber? — eu pergunto, temendo pelo pior.
Porém antes que Ana respondesse, somos surpreendidos pela aparição de Russell na porta do apartamento.
— Michael? Elena? — ele nos olha um pouco surpreso, sua barba estava maior e seu rosto estava vermelho, denunciando que havia chorado.
— Pai, podemos conversar? — pede Michael, com a voz embargada. —Por favor, apenas queremos paz, não viemos discutir.
Russell abre a boca para falar algo, porém logo se cala. Eu já imaginava que a resposta seria negativa, porém acabo por me surpreender.
— Entrem.
Entramos no apartamento e logo eu me acomodo no sofá, Alice continuava dormindo, porém deixei que Ana a pegasse um pouco no colo e matasse a saudade da netinha do coração. Russell nos encarava, parecia que ele estava pensando no que dizer, porém logo Michael quebrou o silêncio.
— Pai, eu sei que nesse momento tem tudo para odiar a mim e à Elena pelo o que fizemos. E mesmo que não queira, viemos aqui de coração aberto e em paz para pedirmos o seu perdão.
— Senhor Carter. — eu também resolvo falar. — Sei que o que fizemos foi errado, mentimos para vocês dois esse tempo todo e fizemos com que acreditassem que a Alice é neta de vocês. Eu jamais tive a intenção de envolver o seu filho nisso, muito pelo contrário, até tentei fazê-lo desistir várias vezes de se envolver, porém Michael jamais se recusou.—dou uma pausa, procurando escolher bem as palavras.—Quando perguntei à ele o motivo de ter feito isso, ele me disse claramente que foi porque me amava.
Russell permanecia calado, como se analisasse as palavras ditas por nós. Ana permanecia quieta e com Alice no colo, porém corajosamente ela também resolve falar.
— Russell, sei que está magoado com os dois, principalmente com o Michael. Porém leve em conta que ele é seu filho, ele que escolheu tomar essa responsabilidade para si e quis casar-se com a Elena, a mulher que ele amava, mesmo ela estando grávida de outro. — a voz dela sai trêmula, porém diz com firmeza.
— Foi bom vocês dois terem aparecido por aqui. — Russell diz com uma voz rouca.—Estava mais que na hora de acertarmos isso.
Meu coração bate forte com a expectativa de receber o perdão dele e tudo ficar bem, percebo que Michael também sentiu isso, pois abriu um leve sorriso.
— Eu ainda estou chateado com vocês dois. Estou mais zangado por terem mentido e nos terem feito acreditar nisso, e mais decepcionado ainda por ver que Michael fez essa escolha por conta própria. — ele encara o próprio filho com os olhos marejados. — Você sempre amou a Elena desde criança, e eu sabia disso, sabia do quanto a amava. Porém só não imaginava que o seu amor por ela fosse tanto assim que se arriscaria por ela e assumiria um erro que não é seu.
— Pai, eu...
— Michael, eu admiro você. Admiro por ter se tornado esse tipo de homem. — Russell corta a fala dele, numa voz embargada e emocionada.— Quer saber o que eu acho? Que eu te criei bem. Você se arriscou por um erro de outra pessoa, e mesmo com a perda de memória, não desistiu da Elena e da bebê.
Michael começa a chorar com as palavras do pai, num misto de emoção e alívio. Russell se aproxima dele, se inclina da altura da cadeira de rodas e o abraça forte, deixando com que as lágrimas dos dois falem por si só. Ana também estava emocionada, porém se mantinha firme com a Alice no colo. Eu estava feliz e aliviada por tudo ter terminado bem, porém deixei com que eles tivessem aquele momento de reconciliação entre pai e filho.
Depois de um tempinho chorando juntos e abraçados, Russell se desprende dos braços de Michael, fica de pé e enxuga as lágrimas. Em seguida ele diz.
— Eu perdoo vocês.
Sorrio mais tranquila e aliviada, Michael também sorri radiante ao ouvir aquilo. Eu me levanto do sofá e dou um rápido abraço em meu sogro, que murmura perto do meu ouvido.
— Valoriza o Michael. Outro como ele você não encontrará.
Eu apenas balanço a cabeça afirmando o que ele disse, mais do que nunca, eu daria à Michael todo o amor e valor que ele merecia. Depois de tudo estar bem, Russell agora estava todo bobo e feliz com Alice em seu colo. Ela já havia acordado e estava quietinha, curtindo os minutos nos braços do avô.
— Senhor Carter, tem falado com o meu pai? — eu pergunto ao meu sogro.
— Falei com o seu pai semana passada. Ele parecia bem, porém não comentou nada sobre o que houve no hospital, e eu não quis perguntar. — responde enquanto embala Alice no colo.
— Vocês precisam falar com eles também, seu pai irá perdoá-la, Elena. Falei com a sua mãe semana passada também, e ela sente a sua falta.—diz Ana, num tom aconselhador.—Consertem as coisas com eles.
— Se quiser, Ana e eu podemos ir para dar uma força.
— Não, pai. Agradeço a ajuda, mas Elena e eu teremos que resolver isso sozinhos. É um problema nosso. — diz Michael, abraçando-me de lado.
Conversamos por mais alguns minutos, porém com o cair da noite, resolvemos ir para casa, pois estávamos cansados. Quando finalmente entramos no aconchego de nosso lar, ouvimos batidas insistentes na porta e a campainha tocando. Enquanto Michael brincava com Alice em seu colo, fui atender, e para a minha surpresa, era alguém que eu não queria ver jamais se fosse possível.
— Tyler?
— Oi, será que podíamos conversar? Queria falar com você e o Michael, e talvez poder ver a minha filha. — pede ele, num semblante sério e parecendo tenso.
Michael surgiu na porta ainda segurando Alice e imediatamente ficou chateado com a presença de Tyler ali.
— Mas olha só, é muito descaramento aparecer aqui depois do que fez! — dispara ele, irritado e prestes a voar no pescoço de Tyler.
— Vocês estão me odiando, e não os julgo. Porém o que tenho para falar irá interessar a vocês.
Olho para Michael um tanto quanto incerta, porém logo ouço meu marido dizer.
— Certo,nos fale.
— Posso entrar pelo menos?
Deixo Tyler entrar e em seguida fecho a porta. Todos vamos para a sala e ficamos na expectativa sobre o que seria dito, menos Michael, que pelo olhar eu creio que se pudesse fulminaria o meu ex ali mesmo.
— Primeiramente, quero pedir perdão pelo o que eu fiz no hospital. Eu não pensei na hora e quando me dei conta já era tarde. — diz ele,numa voz embargada e limpando a garganta em seguida.
— Você realmente é mais que um estraga prazeres, Tyler. Aquele era um dia feliz, você estragou tudo. — diz Michael, indignado.
— Perdão pelo o que fiz, Michael. — responde de volta, um pouco envergonhado.—Peço perdão a você também, Elena. Agi como um canalha.
— O que é quase normal. — dispara Michael, sem esconder o veneno em suas palavras.
— Michael. — o repreendo em voz baixa. — Não quero uma briga aqui, por favor. Faça isso pela Alice.
— Desculpe.
Tyler nos encara e volta a dizer.
— Eu fui até Nova Jersey e falei com o seu pai, Elena.
Por pouco não caio do sofá em choque, Michael também ficou surpreso e chocado com a notícia.
— Como?! Você foi falar com o meu pai? — eu pergunto, ainda confusa.
— Fui. E antes que pense isso, eu fui sozinho. Não levei a minha mãe junto. Tomei coragem e fiz o que eu deveria ter feito há meses atrás quando te usava. — vejo-o engolir em seco nessa hora. — Conversei com ele, Elena. Falei tudo, tudo o que fiz.
— O que disse ao meu pai, Tyler?
— Falei que fui um canalha, que apenas te usava e que nunca queria nada sério com você. Contei de todas as vezes que você me implorava para eu ir lá falar com ele e assumir que estávamos juntos, porém eu fugia, me esquivava do assunto. E falei de quando a instiguei para que transasse comigo, mesmo eu sabendo que no fundo você não queria.
Agora era a minha vez de engolir em seco. Lembrar daquelas coisas embrulhava o meu estômago e me dava vontade de chorar. Quando a Alice crescer, vou ensiná-la a ser o que eu não fui, jamais quero que ela passe por isso.
— Tyler, vá direto ao ponto. Não gosto de lembrar desses dias tenebrosos. — eu falo, sentindo um nó na garganta.
— Desculpe. Bem, eu contei tudo à ele e disse que no dia em que me contou estar grávida eu praticamente te abandonei e ainda sugeri que abortasse, quando falei isso eu senti que por pouco o seu pai não me mataria ali mesmo. — Tyler respira fundo. — Porém ele permaneceu me ouvindo e eu disse à ele que não era para ficar com raiva de vocês dois, e sim de mim. Por minha culpa tudo isso aconteceu.
Era quase inacreditável ouvir aquelas palavras vindas da boca de Tyler. Finalmente em tanto tempo ele teve uma atitude de homem e correu atrás de seus erros.
— E o que meu pai lhe disse?
— Ele disse que me odeia pelo o que fiz à você no passado, mas mesmo assim sente-se magoado por você e Michael terem escondido a verdade dele.
— Certo, pelo menos você e ele resolveram essa pendência. — eu digo, ainda me recuperando de todo o choque daquela conversa. — Obrigada, Tyler.
Ele me encara e suspira, dizendo logo em seguida.
— Eu errei feio com você no passado, Elena. E me arrependo amargamente por ter te abandonado no passado e ainda grávida da Alice. A partir de hoje eu quero mudar, quero ser um homem e pai de verdade. Peço do fundo do meu coração, perdão por tudo o que eu te fiz no passado e agora no presente. — a voz dele embarga e algumas lágrimas rolam em seu rosto, fazendo-o enxugá-las rapidamente. — E peço perdão a você, Michael, por ter dito aquelas coisas ruins no quarto de hospital. Eu posso apenas possuir o mesmo sangue que a Alice, porém o pai dela sempre será você.
Que dia estava sendo aquele! Além de termos obtido o perdão de Russell, Deus agora nos surpreendia com a atitude inesperada de Tyler em ter ido falar com o meu pai por conta própria e agora com aquela declaração forte.
— Não quero ser um causador de conflitos no casamento e na vida de vocês, pois naquele dia em que houve aquele pequeno embate no hospital, eu pude ver de verdade o quanto você é sortuda por ter encontrado um homem como o Michael, Elena. Alguém que teve a coragem de cumprir o papel que não fiz e deveria ter feito. Eu tenho mais que a plena certeza de que a Alice crescerá sendo feliz e amada aqui. — termina ele, dando um meio sorriso.
— Você também pode fazer parte da vida dela, Tyler. — diz Michael, bastante sério. —Pode vir vê-la, visitá-la e estar presente na vida dela, se quiser. O mesmo eu digo para a sua mãe, que afinal é a avó dela também.
— Sim, não quero abrir mão desse direito de sempre poder vir aqui e ver a minha filha. Apenas quero estar certo de que a partir de agora teremos uma convivência de paz e que qualquer atrito que tivemos, que fique no passado. Quero que no futuro a Alice saiba que ela tem dois pais que a amam e que ela pode contar para tudo que precisar.
— Pode ficar tranquilo. — eu digo, sentindo-me em paz com tudo aquilo. — Eu já o perdoei pelas coisas que me fez no passado, Tyler. Apenas crie um pouco mais de maturidade e não saia falando besteiras.
Pensei que ele ficaria ofendido por eu ter dito aquilo, porém ele deu uma risada abafada e disse.
— Certo, eu fui mesmo um imaturo no hospital. A partir de agora isso mudou.
— Obrigada. Não quero que faça isso por mim ou pelo Michael, mas pela Alice.
— Tudo bem. Obrigado, de verdade, Elena. — ele sorri mais aliviado. — Se importa se eu te abraçar?
Olho para Michael um pouco incerta, porém ele balança a cabeça afirmando, como se me desse permissão. Me levanto do sofá e abraço a Tyler rapidamente, e ali eu pude sentir que realmente tudo o que um dia senti por ele ficou no passado. Daqui em diante o veria apenas como o pai de Alice.
Com o clima mais leve entre nós, ele pede para segurá-la no colo, Michael concorda com o pedido dele e entrega Alice para os braços dele, que a segura um pouco desajeitado no início, porém logo consegue pegar o jeito e a equilibra bem no seu colo.
— Oi, filha. — diz ele, com a voz embargada e emocionada. — Você é linda.
Agora sim eu estava mais tranquila, pelo menos metade de meus problemas haviam se resolvido. Nos reconciliamos com os meus sogros, Tyler apaziguou um pouco as coisas entre ele e meu pai, Michael e Tyler já não teriam tantas rixas... bem, Deus era bom demais e fez mais do que pedi.
Depois que Tyler foi embora, Michael deu banho em Alice e a vestiu para dormir, eu a amamentei em seguida e rapidamente ela pegou no sono, dormindo tranquila e plena em seu berço. Saindo do quartinho dela, vou até a cozinha, pois estava vindo um cheiro muito agradável de lá.
— Parece que alguém resolveu bancar o jantar hoje. — eu digo, enquanto sento-me a mesa.—O que preparou para nós?
— Ah, um simples macarrão com queijo. — diz ele, encabulado e trazendo os pratos e a panela para a mesa.
— Estou feliz por hoje ter tudo corrido bem, Michael. — ele enche o meu prato com uma porção generosa daquela massa. — Seus pais estão bem conosco, e acredito eu que Tyler finalmente irá tomar juízo.
— Bem, se ele não tomar, eu passo com a minha cadeira de rodas por cima dele.
Acabo rindo com aquilo, já estava mais que acostumada como esse humor novo de Michael.
— De qualquer forma, estou feliz mesmo assim. Amanhã mesmo iremos à Nova Jersey ver os meus pais e acertarmos tudo de uma vez. — dou uma garfada no macarrão, que estava delicioso. — Hummm, está perfeita essa refeição, super chefe. — elogio, batendo algumas palminhas.
— Modéstia sua, eu teria feito mais coisas, se não fosse essa minha condição. É um pouco difícil cozinhar sentado. — diz, dando um meio sorriso.
— Sabe do que lembrei agora? Da nossa lua de mel! — dou um sorriso bobo, ao pensar naquela noite perfeita. — Você cozinhou para mim, fez uma deliciosa massa italiana e de sobremesa um Petit Gateau que estava perfeito.
— Sério? Bom saber que eu possuía um lado cozinheiro antes de perder a memória. Bem,na verdade, você me contou pouco sobre essa nossa lua de mel até hoje.
— É porque foi nela que ocorreu o acidente que quase ceifou as nossas vidas.
— Mas ocorreram coisas boas, não ocorreram? — pergunta ele, curioso.
— Sim, ocorreram. — sorrio. — Tivemos bons momentos antes da tormenta.
— Foi na Califórnia, não é?
— Sim. NewPort Beach. Era um lugar lindo, e ficamos hospedados numa linda casa que o meu pai alugou para nós dois.
Ele se cala por um instante, como se estivesse pensando em algo, até que ouço-o dizer.
— Podíamos voltar lá um dia. Bem, esperaríamos a Alice crescer um pouquinho e o seu resguardo acabar.
— Perfeito, seria como a nossa primeira viagem em família. — eu sorrio, animada.
— Ou como uma segunda lua de mel. — diz ele um pouco tímido.
Sinto um frio na barriga e não consigo explicar o porquê, desde o dia do acidente a minha mente se focou apenas em cuidar do Michael, da gravidez e de tentar salvar o meu casamento, e agora que estava tudo bem, eu não havia me preparado para as coisas boas. Me sentia agora despreparada para ter uma nova lua de mel, e fora que havia o fato de que agora o meu marido estava numa cadeira de rodas, o que tornaria tudo novo.
Meu Deus, eu estava começando a pensar como a Melissa.
— Tudo bem? Você ficou pálida, de repente.— pergunta Michael, curioso.
— Estou bem, só divaguei um pouquinho. — sorrio e finjo normalidade, enfiando em seguida uma garfada bem cheia de macarrão na minha boca.
Depois daquele jantar, ajudei Michael com os pratos e imediatamente fui tomar um banho, após ter tomado uma rápida chuveirada, fui até o quartinho de Alice e verifiquei se ela estava dormindo numa posição confortável. Felizmente ela estava dormindo tranquilamente e num sono profundo, o que me deixou aliviada. Caso ela acordasse chorando, a babá eletrônica avisaria.
Fui para a cama com a sensação boa daquele dia ter sido bom e também com aquela pequena conversa que tive com o meu marido à mesa. Lógico que eu estava empolgada para viajar com Michael um dia e voltar a ter momentos a sós e de intimidade com ele, porém o fato dele agora ser deficiente me deixou um tanto quanto insegura.
Que bobagem, eu repreendo a mim mesma em pensamento. Tudo seria tão normal quanto antes, só seria num nível mais difícil, ou não. Ignorando toda aquela a minha preocupação boba, me deito na cama junto a Michael que já dormia, embarcando num sono profundo e pedindo a Deus para que os meus pais estivessem de coração quebrantado amanhã.
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* Reconciliação é tudo de bom! Que maravilha ver Russell liberando o perdão para Michael e Tyler tomando vergonha na cara! Agora vai rsrsrs
* Próximo capítulo terá mais emoções, fiquem ligadinhos!
*Um abraço e fiquem com Deus! Não se esqueçam da estrelinha do voto!
*Ahh, não se esqueçam de dizer o que acharam desse capítulo.
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