Capítulo Vinte e Dois
Passei o resto da tarde tentando encontrar algo perfeito e que fosse adequado para um encontro à noite. Eu mau cabia dentro de mim de tanta felicidade,era novo e empolgante essa sensação de tentar reconquistar o Michael, mesmo que eu tivesse que lidar com o seu novo humor bipolar.
Depois que escolhi a roupa ideal, resolvi telefonar para a minha mãe e a pôr a par das novidades. Lógico que não contei sobre Tyler e o fato de que a minha nova obstetra era a mãe dele também.
—Filha, isso é maravilhoso! É bom saber que você está se esforçando para salvar seu casamento. —diz ela com voz alegre. — Até que as dicas de Melissa estão funcionando hein.
—Não só as delas, mas como as suas também. Ah, e não posso me esquecer da minha sogra, que sempre me ensina receitinhas de comidas que o filho mais gosta. Daqui há alguns meses eu chego no seu nível, mãe. — eu digo e nós duas rimos juntas.
—Mas de verdade, estou feliz por tudo estar se encaminhando bem. Persevere, minha filha. Reconquiste o seu marido e mostre à ele o quanto o ama.
—É o que pretendo fazer esta noite. Iremos à Broadway e depois ao McDonald's.—comento, alegre.
—Perfeito! Já é um começo. Aos poucos o Michael vai se voltar para você. Creia que Deus pode tornar tudo possível, e eu oro dia e noite por vocês dois.
—Obrigada, mãe. As suas orações tem me ajudado bastante. Ah, eu iniciei o diário, como me sugeriu. Tem dado certo.
—Isso será o registro diário de todo o caminho traçado até o dia de sua vitória.—diz ela com voz confiante.
Conversei mais alguns minutos com minha mãe, logo eu resolvi iniciar a preparação para o "encontro" que eu teria com o meu marido. Depois de eu estar arrumada e pronta, apenas aguardo ele chegar, e felizmente não demora muito. Para o meu visual da noite, eu apostei num vestido que me deixava elegante e bem vestida, mesmo estando grávida. Deixei meus cabelos soltos como de costume e apliquei uma leve maquiagem.
Quando vejo Michael entrar no apartamento, percebo que ele fica meio sem ação ao me ver tão arrumada para sair.
—Nossa... Você está linda. —diz ele de uma maneira tímida e sorrindo envergonhado.
—Obrigada. — sorrio, sem conseguir conter a minha felicidade. —Vou esperar você se arrumar, para irmos juntos. O musical começa às 21:00.
—Certo, é melhor eu me apressar então.— ele me dá as costas, saindo em sua cadeira.
Aguardei por ele pacientemente, porém vendo que Michael estava demorando e que o horário do musical já se aproximava, resolvi ir até o quarto ver se estava precisando de alguma ajuda minha. Ao entrar lá, o vejo parado no meio do quarto, de cabeça baixa e parecendo bem tenso.
—Michael, está tudo bem? — me aproximo dele e toco em seu ombro delicadamente.
—Eu... Eu me lembrei de algo! —nessa hora ele encara com aqueles seus belos olhos verdes, que estavam carregados de lágrimas.
Meu coração se aperta ao tentar imaginar sobre o que ele se lembrou.
—Do que se lembrou? —eu procuro saber, já vencida pela curiosidade.
—Eu vi fragmentos de lembrança de nós dois numa casa e a gente discutia... E era uma discussão pesada.
Droga! Tanta coisa para ele lembrar e tinha que ser logo daquele fatídico dia em que ocorreu o acidente?
—Michael, não faça esforço agora. Termina de se arrumar pra gente sair.—procuro cortar o assunto, assim evitaria explicações.
—Não! —ele me segura pelo braço,seu olhar suplicando por respostas. —Por favor, Elena. Eu necessito saber sobre esse lapso de memória que tive, porque brigamos de uma maneira tão horrível?
—É uma longa história. —dou um suspiro. —Não vai te fazer bem que eu conte sobre isso. Você precisa recomeçar, o passado não importa mais.
—Por favor, eu exijo saber! Quero que me conte tudo sobre o dia do acidente e sobre essa possível briga.
Respiro fundo e me sento na cama, estava tudo indo tão bem, porque ele logo teve de ter um lapso justo de uma lembrança ruim?
—Brigamos por causa do Tyler.—eu digo de uma vez, sem encará-lo.—Na verdade, eu tive culpa. Era a nossa lua de mel e eu tive medo de contar a você que ele estava querendo se aproximar de mim e da nossa filha, pois não queria estragar nossos dias a sós naquele paraíso que era Newport Beach.
—E então brigamos? —ele demonstra estar em choque.
—Sim, tivemos uma briga feia. Dissemos coisas pesadas um para o outro, foi horrível. — eu choro ao me lembrar daquele dia. —Então, você ficou magoado comigo e exigiu que voltássemos mais cedo da lua de mel. Assim que colocamos o pé na estrada, começamos a brigar de novo, e desta vez você estava dirigindo.
—É tudo culpa minha. — ele balança a cabeça em negação, derramando muitas lágrimas.—Se não tivéssemos brigado eu teria memória e as minhas pernas de volta.
—Não foi sua culpa. Nenhum de nós teve. — eu tento confortá-lo.—Talvez eu pudesse evitar se tivesse lhe contado logo a verdade, mas nunca iríamos saber. Na verdade, não tem como adivinharmos que algo ruim irá acontecer conosco.
—E depois? Eu bati com o carro? Foi isso?
—Um caminhão veio em sentido contrário ao nosso, você o avistou antes e numa fração de segundos você se soltou do cinto de segurança e jogou seu corpo sobre o meu, para que eu e a Alice não sofrêssemos. —mais lágrimas rolam com a lembrança daquele dia, e naquele ponto a minha maquiagem já era.
—Seja sincera comigo. — ele me encara bem sério. — Ainda sente algo por esse Tyler?
A pergunta dele me pegou em cheio, porém tão certa como me sentia das coisas, respondi com convicção.
—Não. — minha voz sai rouca. —Tyler me fez muito mal, quero esquecê-lo. Michael, mesmo que não sinta nada por mim, eu digo e repito, eu amo você! Somente você.
—Eu queria também poder sentir algo por você. — seu olhar era de profunda tristeza e confusão com todas aquelas lembranças.
Michael me dá as costas e se afasta de mim indo até a sacada do quarto. Eu estava novamente ferida e magoada por dentro, aquela era para ser uma noite perfeita, porém sempre acontecia algo para acabar com a minha alegria.
Saio daquele quarto e vou para o quartinho de Alice, desde que o arrumei para a chegada dela, ali também se tornou meu cantinho de oração e lugar em que eu gostava de estar sozinha. Aproveitando o silêncio, orei a Deus, pedindo forças e ânimo para continuar lutando por Michael. Eu já não sabia mais o que fazer, estava com uma imensa vontade de desistir de tudo. Até que ouço batidas na porta, e quando vou atender, o vejo ali em minha frente.
—Ainda vamos sair? —pergunta ele, parecendo mais calmo.
—Claro. — eu respondo me sentindo um pouco surpresa e desconcertada.
Como perdemos o musical, resolvemos dar uma volta rápida pela cidade, porém ainda era um desafio andar por Nova York com toda a neve e ainda mais pro Michael que era cadeirante. Dispensando a opção de irmos ao McDonald's,finalizamos nossa noite em uma confeitaria super aconchegante e bonita perto dali.
—Como eu queria poder olhar para estas ruas e me sentir familiarizado com algo.—comenta Michael com certo desânimo.
—Deve ser mesmo horrível não se lembrar de nada. —eu dou a ele um olhar de apoio e seguro sua mão.—Mas eu estou aqui, Michael. Para te ajudar.
—Estou preocupado em relação ao Tyler e essa insistência dele em querer se aproximar da Alice e de nós dois.
—Não liga para isso. A pior parte será contar aos nossos pais toda a verdade.
—Você quer isso? Quer que o Tyler esteja presente na vida da neném?
—Por mim eu queria ele bem longe.— dou um gole em meu café.—Mas o que posso fazer, ele quer exercer o direito que ele tem como pai dela só por possuírem o mesmo sangue.
—Eu não gosto dele. —o seu rosto adquire certa raiva ao dizer isso.—Tenho vontade de socar a cara dele.
—Legal, a gente se junta e dá uma surra nele.
Rimos com aquilo, e de certa forma foi bom vê-lo sorrir. Fazia dias que não o via dar uma risada gostosa.
—É uma pena que tenhamos perdido o espetáculo.
—Está tudo bem, pelo menos se lembrou de algo,mesmo que seja algo ruim. —sorrio e tento segurar a mão dele, e por incrível que pareça, ele deixa que eu o toque.
Se fosse há alguns dias atrás, assim que sofremos o acidente, ele gritaria comigo, me afastaria e diria que não me ama e nem iria me amar, porém ali, naquela noite e olhando fundo em seus olhos, pude ver que nada estava perdido, havia esperança. O olhar de Michael para mim era como se me dissesse "não desiste de mim", e agora mais do que nunca, eu não desistiria.
Não importa o passado, não importa o que Tyler queira ou tente fazer, nada mudaria o que eu sinto pelo Michael, nada mesmo. Eu o amo, e ninguém vai tirar isso de mim.
—Eu te amo. —murmuro baixinho, quase inaudível.
Ele sorri de volta para mim em resposta, e aquele simples gesto acalmou o meu coração,mesmo que ele ainda não sentisse o mesmo. E assim, de mãos dadas sobre a mesa, terminamos nossos cafés e depois vamos para casa, na certeza de que havia um longo caminho ainda a ser percorrido. Não seria fácil, mas nessa jornada eu finalmente estava aprendendo a amar.
****************************************************************************************
*Oi gente, tudo bom? Semana foi bem corrida e também cheia de novidades! Nosso casal preferido, Elena e Michael ganharam o concurso Troféu de Ouro na categoria Espiritual, e essa conquista é de todos nós!
*Capítulo foi curtinho, mas o próximo será maior e terá mais emoções. Será que agora o Michael finalmente vai baixar a guarda para Elena? Fiquem ligadinhos e não percam!
*Um forte abraço e não se esqueçam de votar! Amo vocês!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro