Naquela noite, eu não preguei meus olhos por nenhum minuto, tamanha era a culpa que sentia por ter estragado tudo. Não tive coragem de contar aos meus pais sobre a minha briga com Michael, aliás, eu não queria naquele momento era não falar com ninguém. Porém eu precisava tentar, tinha que consertar as coisas. Pego meu celular e ligo para ele, porém como esperado, não me atende. Acabo por deixar um recado na secretária eletrônica dele.

—Michael,eu... eu fui tão dura com você! — começo a chorar. —Sei que deve estar me odiando, e não tiro sua razão. Porém eu preciso de você. Não me abandona agora.

Não consegui dizer mais nada,caí num choro descontrolado. Quando fui finalmente dormir, já estava perto de dar a hora de acordar para eu ir ao meu dia de noiva. Minha mãe que me acordou.

—Filha, não quer perder o próprio casamento porque dormiu demais, quer?—ela me balança. —Anda logo, temos que estar no spa em quinze minutos.

—Mãe, não sei nem se terá mais casamento. — respondo sonolenta e chorosa.

—O quê? O que houve?

—Michael e eu discutimos.

Ela senta-se ao meu lado na cama.

—Não acredito que isso aconteceu! Porque resolveram logo brigar perto de um dia tão especial? — reclama ela me passando sermão.

—Eu não o mereço, mãe. — me levanto e fico sentada na cama, abraçando a minha barriga.

—Elena, o que quer que tenha acontecido, precisam se resolver!

—Ele não quer me ver e nem falar comigo, mãe. E nisso ele tem toda a razão.

—Vai levantando da cama, joga uma água no rosto e tenta acordar. Vou descer e falar com seu pai.

Me levanto ainda desanimada, minha cabeça girava de tanto sono e preocupação. Após alguns minutos, minha mãe sobe no quarto.

—Não conseguimos falar com o Russell, nem com a Ana ou muito menos com o Michael.—minha mãe estava triste ao me dizer isso. —Filha, porque brigaram?

—Eu descontei toda a minha frustração dos últimos dias nele.—respondo sem ânimo.

—Agora só resta orar e esperarmos. — vejo-a suspirar. —Elena, você precisa controlar sua emoções. O que quer que tenha dito à ele o feriu tão profundamente que ele sumiu.

Começo a chorar. Eu já não suportava mais nada, e justamente por eu estar nervosa daquele jeito, a bebê não parava de se mexer em minha barriga Naquele momento, meu pai sobe.

—Mas que caras são essas? Temos um casamento para ir! Elena, fica tranquila, Michael está indo pro casamento, o pai dele me garantiu.

—Graças a Deus! — suspiro aliviada.

—Agora, preciso que ouça algo. — ele me olha bem sério. —Em poucas horas estará casada, e casamento não é algo fácil, querida. O amor não é um lugar que entramos e saímos a hora que queremos, tem que perseverar, tem que ter fé. Esse desentendimento entre vocês está parcialmente resolvido, porém quando estiverem a sós e longe daqui, procurem resolver isso. Vida a dois é um constante aprendizado, filhinha. Tem que se aprender a amar.

—Eu sei, pai. Prometo ser mais paciente e calma com o meu futuro marido. O que aconteceu ontem foi um terrível erro de minha parte.

—Ótimo, que bom que reconheceu a sua parcela de culpa. Vamos logo, vou levar vocês duas para o spa.

Depois de chegarmos no spa e termos recebido todo o tratamento de beleza, chegara a hora de pôr o vestido. Com a ajuda de minha mãe e Melissa, consegui colocá-lo com sucesso. Era um modelo simples e bonito, que combinava com um casamento durante o dia e disfarçava a minha barriga. Meu cabelo foi arrumado numa bela trança lateral, junto a enfeites de flores.

—Ah, filha! — minha mãe se explode em lágrimas ao me ver nele.

—Senhora Williams, vai borrar a maquiagem. — alerta Melissa.

—Não me importo. — ela sorri para mim. —Está linda, Elena. Uma verdadeira princesa.

Me abraço fortemente à ela, jamais esqueceria dos conselhos e palavras de minha amada mãe, que tanto me aconselhou e cuidou de mim mesmo depois de todos os meus erros.

—Amiga, você está perfeita! — Melissa também chorava emocionada. —Não acredito que depois desse dia nossas vidas irão mudar.

—Não me faça chorar mais, Mel! — eu a abraço forte e acabamos por chorar juntas. —Eu te amo, amiga.

—Também te amo.

Depois de toda a choradeira, entro no carro e de lá sou conduzida até a igreja.

Logo quando o carro parou na entrada, meu pai já se encontrava e me aguardava. Ele estava lindo e elegante num smoking preto, e lógico que chorou ao me ver.

—Minha filha! — dizia ele em meio ao choro. —Hoje estará se tornando esposa e futuramente, mãe. — ele acaricia minha barriga em seguida. —Porque ela foi crescer tão rápido, Stella?

—Charlie, é a vida. — diz ela ainda emocionada e procurando se recompor.—É melhor entrarmos, não queremos fazer os convidados ficarem esperando.

Para a minha surpresa, a igreja estava cheia. Haviam membros da congregação e até alguns alunos da escola onde estudei. Olhei para o altar e vejo Michael lá, parado e trajando um belo smoking. Seus cabelos estavam penteados para trás e sua expressão era séria. Estava na cara que ele ainda devia estar magoado. Papai anuncia a minha chegada, e imediatamente todos se levantam para a minha entrada, que é acompanhada por uma marcha nupcial.

A caminhada até o altar foi rápida, meu pai me entregou a Michael com os olhos cheios de lágrimas, e por pouco não chorei também. Eu ouvi quando ele disse ao meu futuro marido.

—Cuida bem dela, por favor.

Michael apenas assente com a cabeça e abre um meio sorriso. Ele me pega delicadamente pela mão e a cerimônia é iniciada. O pastor que realizou tudo era um grande amigo de meu pai, ele deu um rápido discurso sobre o casamento e o amor. Logo não demorou muito e chegou a parte mais crucial daquilo tudo.

—Michael Carter, aceita a Elena Williams como sua legítima esposa?

—Sim. — ele responde com certa convicção.

—Elena Williams, aceita a Michael Carter como seu legítimo esposo?

—Sim. — digo e sinto uma lágrima rolar em meu rosto.

Em seguida era a troca das alianças, enquanto colocava a aliança em minha mão esquerda, Michael repetia os votos me olhando fixamente.

—Em nome de Deus, eu, Michael, aceito a você,Elena, para ser a minha esposa, para ter e manter deste dia em diante, para melhor,para pior,na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença,para amá-la e respeitá-la, até que a morte nos separe. — em seguida ele põe a aliança em meu dedo.

Na minha vez, repito o mesmo voto, porém no final eu acrescento um pouco mais.

—Obrigada por tudo, você é mais do que eu merecia. — digo sentindo mais lágrimas descerem. Ponho o anel no dedo anelar dele tremendo de tanta emoção e nervosismo, nessa hora, senti a bebê me dar um pontapé.

Michael também não segura as lágrimas. O pastor finaliza a cerimônia dizendo.

—Eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Naquele momento me lembrei que Michael nunca havia sido beijado. Eu queria tornar aquele momento mais que especial para ele. Me aproximei dele segurando seu rosto delicadamente e selei meus lábios no dele, o conduzindo a um beijo carinhoso. Imediatamente a bebê parou de chutar e eu senti um frio na barriga diferente, uma sensação boa e agradável que tomava conta de mim e me deixava como se estivesse flutuando. Quando me afastei dele, toda a igreja nos aplaude, olho para ele e vejo-o me encarando com um olhar de um homem apaixonado. Saímos de braços dados em seguida, indo para a pequena recepção que haveria para nós.

Não consegui me concentrar em tirar fotos ou no fato de cumprimentar convidados. Eu estava confusa por dentro, estava me sentindo tão diferente após o beijo. Será que aquilo seria uma porta para que mais sentimentos por Michael viessem aflorar? Com tanta gente querendo falar conosco, ainda não pudemos ter um momento sozinhos. Havia tanta coisa que eu queria falar com ele. Vejo Melissa se aproximar de mim com um belo sorriso.

—O que foi aquilo hein? — pergunta ela em voz baixa.

—Como assim?

—Amiga, não sou tonta. — vejo-a dar um sorriso de lado. —Beijou o Michael com vontade.

Meu rosto imediatamente cora de vergonha.

—Melissa, foi só um beijo.

—Sei. — ela dá uma piscada. —Elena, se eu fosse você, esquecia toda essa história de não querer amá-lo e me jogava nos braços dele. Agora ele é seu marido, é todo seu!

—Ele não é minha propriedade.

—Mas agora vocês dois são um só. Um só corpo, uma só carne.

—Mel, acho que essa parte de uma só carne não vai acontecer. — aponto para a minha barriga.

—E desde quando gravidez atrapalha? Médicos e cientistas já comprovaram que nada acontece ao bebê.

—Eu não acredito que está me falando essas coisas e no dia de meu casamento! — rio e dou um soco leve no braço dela. —Você é hilária.

—Estou falando sério, amiga. Michael é um bom homem, ele cuidou tão bem de você durante todo esse tempo, dá uma chance a ele. E não adianta ficar negando, seus olhos dizem que foi bom beijá-lo.

—É, foi bom. — acabo por admitir. —Bem, talvez eu tente.

—Talvez nada, você vai! É uma ordem. — ela ri. —Vou sair agora, seu marido está vindo.

Michael que estava tirando fotos com seus pais retorna para perto de mim, ao ver que eu estava risonha e com o rosto vermelho, pergunta.

—O que houve?

—Nada. É só a Melissa. Sabe como é a minha amiga. — tento disfarçar.

—É, eu sei.

—Michael. — pego na mão dele e a acaricio. — Me desculpa por ontem?

—Está tudo bem, Elena. Já passou. — seu olhar era sereno.

—Eu tive medo, pensei que fosse realmente desistir.

—E eu ia. Porém fiz isso pela Alice. Você me magoou ontem com aquelas palavras duras.

—Eu me arrependo por ter dito todas aquelas coisas à você. — sinto o desespero tomar conta de mim. —Eu vou mudar, Michael, eu prometo.

—Tarde demais. — diz ele num tom seco e duro. —Eu cansei de ter meu coração sendo pisoteado por você.

— Por favor, podemos tentar. — imploro quase chorando.

— Não, Elena. Eu vou ser o que você tanto quis, apenas seu marido de fachada e alguém para dar um nome à Alice. — ele me olha de uma maneira fria e dura.

Antes que eu dissesse algo mais, somos cercados por meus pais e os pais dele para a última foto. Eu segurava o choro, meu peito ardia de tanta angústia. Michael estava magoado e ferido por minha causa, e não havia mais nada que eu pudesse fazer. Após a foto, digo que preciso ir ao banheiro, porém era mentira. Eu queria ficar sozinha. Caminhei até a outra parte mais afastada do jardim da igreja e me sentei em um banquinho que ficava escondido entre umas árvores. Lembro-me que quando criança eu vinha sempre ali, pois a calmaria e farfalhar das folhas me deixavam em paz. E paz era tudo o que eu queria naquele momento.

Sem me importar com a maquiagem, chorei bastante. Naquela tarde, abri meu coração para Deus, pedi que ele me mudasse por dentro e que me fizesse ser uma pessoa melhor. Após alguns minutos, senti uma paz interior, uma certeza de que as coisas ficariam melhores e tudo se encaixaria.

—Senhor, me ensine a amar o Michael. E que ele possa voltar a me amar também e a me perdoar. — eu sussurrava, entre lágrimas.

Seco as minhas lágrimas e procuro me recompor. Se eu demorasse muito, iriam notar minha ausência. Retorno para a festa um pouco mais em paz e tranquila.

—Filha, onde estava? —pergunta minha mãe enquanto se aproximava de mim.

—Só fui tomar um ar, mãe.

—Está tudo bem entre você e Michael? Parece que vocês estão frios e distantes um do outro. — pergunta sussurrando.

—Não vou mentir, mamãe. — suspiro. —Eu o magoei, disse coisas pesadas e horríveis para ele ontem. E ele tem todos os motivos de se sentir magoado.

—E porque não se acertam?

—É o que estou tentando fazer, mãe.

—Se precisar de qualquer coisa, me avise, está bem? — ela me abraça. —Já está quase na hora de vocês irem para Nova York.

—Sim, de lá vamos para o aeroporto no dia seguinte e viajaremos para a Califórnia.

—Vou falar com a cerimonialista para partirmos o bolo e encerrarmos a festa. — ela se afasta de mim.

Quando a festa terminou, eu apenas me despedi de Melissa e de alguns conhecidos da igreja. Fui para casa no carro com Michael, pois minhas malas estavam lá. Quando subi em meu quarto, uma onda de nostalgia e tristeza tomou conta de mim. Olho para a minha cama com meus bichinhos de pelúcia e bonecas de pano e logo vou as lágrimas, pois naquele instante eu compreendi que estava deixando muita coisa para trás. Eu não era mais a Elena menina que corria pela casa e brincava de boneca, agora eu era uma mulher, que muito em breve seria mãe.

Sento-me na minha cama que dormi durante dezoito anos da minha vida e choro abraçada a uma pelúcia de abelha. Nunca imaginei que seria tão difícil assim a saída da casa dos meus pais. Ouço alguém bater na porta entreaberta, era Michael.

—Pronta?

—Sim. — seco as lágrimas e ponho a abelhinha de volta na cama.

—Semana que vem virá um caminhão de mudanças buscar mais coisas suas. — diz ele pondo as mãos no bolso.

—Obrigada. Tem muita coisa aqui que gostaria de levar.

—Deixa eu te ajudar com as malas. — ele arrasta algumas para fora do quarto, voltando depois para pegar a última. —Vamos?

—Vamos. — respondo com um suspiro sôfrego.

Descendo as escadas, encontro meus pais lá embaixo. Os dois estavam abraçados e já choravam ao me verem partindo.

—Tenha uma boa viagem e curtam bastante a lua de mel! — diz meu pai enquanto me abraça.— Cuida bem da minha netinha também.

—Pode deixar, pai. — sorrio em meio ao choro e me solto dos braços dele.

—Se cuida, filha. — minha mãe me abraça. — Qualquer coisa, estou aqui.

—Obrigada.

—Cuida bem da minha filha e da minha netinha, Michael. Elas são tudo o que eu e Stella temos. — pede meu pai com tristeza ao me ver partir.

—Fique tranquilo, senhor Williams. Cuidarei bem delas sim.

Michael e meu pai levam as malas para o carro. Depois de as ter encaixado no porta malas, me despeço mais uma vez de meus pais e entro dentro do veículo, chorando muito. O motor do veículo liga dando a partida, e a partir dali sou levada para uma nova fase em minha vida, enquanto o passado ficava para trás.

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*Uhuuuu! Michael e Elena se casaram! Mas será que finalmente as coisas começarão a dar certo para esses dois? Será que finalmente ela tomará jeito e verá o homem maravilhoso que ele é? Fiquem ligadinhos nos próximos capítulos...

*Votem na estrelinha e comentem o que acharam! Um forte abraço e até mais...

*Inspiração do vestido e penteado que Elena usou no casamento...