Capítulo Dez
Eu estava feliz por dentro e não conseguia parar de pensar naquele beijo, naquele momento entre nós, na forma com que abri meu coração a ele. Era tudo tão bonito e mágico, porém eu ainda sentia certo receio de me entregar por inteira ao Michael. Uma parte de mim queria amá-lo,porém outra parte tinha medo de se decepcionar. Até porque o meu primeiro amor não foi nada bonito.
Nossa casa de praia era perfeita. Seu tamanho era ideal e bonito para um casal passar férias ou mesmo lua de mel. O silêncio e a quietude apenas das ondas do mar era tão relaxante que por mim eu ficaria horas ali, parada e só ouvindo aquele som.
No momento que entramos, perco a fala. As paredes eram feitas de madeira e logo na sala havia uma lareira. Os móveis eram rústicos e combinavam com o local. Ouço um barulho de teclas e vejo que é Michael digitando uma senha no painel.
— É um alarme de segurança. — assegura ele, e eu assinto.
— Eu amei este lugar. — sorrio e ando em volta da sala. — Quero acender esta lareira hoje.
— E podemos fazer isso. — vejo-o esboçar um sorriso nos lábios.— Quer descansar ou tomar um banho?
— Ah, claro. Vou tomar banho e pôr roupas limpas.
— Ótimo, vou logo depois de você.
— E o que vamos jantar? — sinto meu estômago roncar.
— Não se preocupe, temos bastante comida aqui. Vou preparar algo para nós.
— Nossa, você sabe cozinhar?— não consigo esconder minha surpresa.
— Como eu disse,tem muitas coisas que não sabe sobre mim.
Depois de ter tomado um banho quente e relaxante, me enrolei na toalha e saí da suíte em direção ao quarto, na tentativa de encontrar algum vestido leve para usar. Saindo, logo levo um susto ao ver Michael sem camisa, procurando algo nas malas dele.
— Desculpe, Elena. — ele sorri constrangido. — Estava procurando outra camisa minha, sujei na cozinha enquanto preparava o molho da massa.
— Tudo bem. — eu ponho uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eu só vou pegar algo na minha mala também.
— Estou saindo. — ele pega uma camisa qualquer e sai dali.
Enquanto o via sair, não pude deixar de rir daquela cena de constrangimento. O jeito que ele havia ficado corado ao me ver de toalha e cabelo molhado foi tão fofo! Meu coração batia forte com esses mínimos detalhes dele.
Depois de ter me vestido, seco e escovo meus cabelos, me preparando para logo em seguida ir jantar. Meu celular apita com várias mensagens, desligo o secador de cabelo por um momento e olho o visor. Nesse momento quase deixo o aparelho ir ao chão, eram mensagens de Tyler. Mas o que ele queria comigo? Porque não me deixava em paz? Eu estava bem e havia superado ele encontrando alguém que me amasse, porque logo agora, bem ali naquele paraíso de silêncio e brisa do mar ele queria me incomodar?
Ignoro todas as mensagens dele, porém o cretino não desiste, resolve me ligar. Furiosa, atendo rispidamente.
— O que você quer?!
— Elena? É você?
— Claro que sou eu. O que quer, Tyler?— dou um suspiro de irritação.
— Como você está?
— Eu? Eu estou ótima. E se não se importa, estou em lua de mel!
— Fiquei sabendo que se casou, parabéns para você. — a voz dele sai desanimada.—Mas quero saber de outra coisa. Ainda está grávida?
— Olha, quer saber? Estou! Ao contrário de você, eu assumi minhas responsabilidades e vou ter o meu bebê!
— Elena, eu me sinto um crápula por ter te abandonado. Gostaria de ter te ajudado, porém tive medo de meus pais reagirem mau.
— E como acha que os meus reagiram?— demonstro minha frustração.— Eu suportei tudo sozinha, Tyler. Você me abandonou e agora me procura como se nada tivesse acontecido.
— Eu quero consertar meus erros, Elena. Por favor, quando voltar da lua de mel, vamos conversar e resolver isso como adultos, está bem?
— O que está querendo?!
— Apenas quero ajudá-la no que precisar com o bebê.
— Não quero sua ajuda. Meu marido é mais homem do que dez de você juntos. Some da minha vida, Tyler. — e tendo dito isso, desligo na cara dele e bloqueio o número dele.
Começo a chorar logo após o telefonema. O que ele estava querendo comigo? Tyler me abandonou grávida e eu enfrentei meus pais sozinha. Se não fosse por Michael, eu estaria perdida. Sem ele na minha vida, eu seria só uma mãe solteira. E por falar nele, o cheiro da comida sobe até no quarto. Termino de me arrumar e desço as escadas,prefiro não comentar sobre a aparente reaparição do canalha do pai da minha filha. Não queria estragar minha lua de mel.
— O cheiro está maravilhoso! —sorrio e vou de encontro à ele, que já colocava a mesa.
— Obrigado. Espero que o gosto esteja tão bom quanto o cheiro.
— O que cozinhou?
— Fiz uma massa italiana caseira.
— Uau! Isso é muito bom, Michael. Acredito que temos muito o que conhecermos um do outro nessa semana.
— Claro. Porque não começamos hoje mesmo?— ele puxa uma cadeira para mim e eu me sento. —Vou servi-la.
— Obrigada. Você é um perfeito cavalheiro.
Depois que começamos a comer, Michael me conta histórias sobre sua vida. De quando começou a surfar, quando entrou para a faculdade e muitas outras.
— Um dia quero ver você surfando.—comento após eu dar uma última garfada.— E quando a Alice nascer, nós dois levaremos ela para conhecer o mar.
— Estou surpreso por você ter gostado desse nome para ela.
— É lindo, pequeno e delicado. Como ela deve ser.
— Como você também é. — ele sorri de lado e segura minha mão, seus olhos brilhando de emoção.
— Então, será que o grande chefe de cozinha fez sobremesa? — sorrio também.
— Claro. Acha mesmo que ele se esqueceria disso? — vejo-o rir.—Fiz Petit Gateau.
— Ótimo! Traga logo para a sua comensal favorita. — peço animada.
Quando ele traz o doce e eu dou a primeira colherada, não consigo deixar de elogiá-lo. Não estava só delicioso, estava divino.
— Sabe, sou a mulher mais sortuda do mundo. — eu começo dizendo. — Tenho um marido advogado, surfista e cozinheiro. O que mais eu iria querer? Sou completa.
— Não é pra tanto. — ele sorri, tímido e não deixando de ficar corado.
— Claro que é, você é...maravilhoso!
Michael aperta levemente a minha mão e a acaricia, o verde dos seus olhos brilhando, seu rosto demonstrando estar feliz.
— Você também é maravilhosa.
Sorrio e seguro delicadamente a mão dele, a beijando em seguida. Naquele clima romântico, com a lareira ligada e ele me olhando da maneira mais derretida do mundo, só me fazia querer beijá-lo de novo. Ou melhor, eu queria tê-lo. Queria ser só dele.
— Vou recolher isso. — ele se retrai um pouco tímido e começa a recolher a louça.
— Deixa isso aí. — o impeço, fazendo-o olhar para mim.
Me levanto e caminho até ele, o encarando firmemente e logo em seguida o envolvendo. Sem saber de onde me veio tanta coragem, eu o beijo e acaricio seus cabelos. Michael correspondia ao meu beijo de maneira suave, ele me beijava de volta com tanta ternura, tanta paixão. Eu o beijaria a noite toda, se pudesse.
— Eu te amo, Elena. — sussurra ele entre os beijos.
Fico um pouco travada. Não consigo responder de volta que o amava também. Eu ainda não estava pronta para dizer aquilo com toda a certeza do mundo. Em vez de dizer qualquer coisa, o beijo de volta com mais vontade e em seguida o pego pela mão, o levando até o quarto.
Naquela noite eu desejava o Michael mais que tudo, eu queria beijá-lo, senti-lo,me tornar dele. Ou melhor, tornar-me uma só carne com ele. Éramos marido e mulher, não havia nada de errado com aquilo. E a gravidez não atrapalharia, minha barriga estava pequena e não machucaria o bebê.
Meus beijos com Michael se intensificam, eu o desejava mais que tudo. Vejo-o tirar a camisa e logo sinto as mãos dele começarem a desabotoar a frente do meu vestido, porém como se fosse para me atrapalhar naquele momento, minha mente viaja até o dia em que perdi a virgindade com Tyler. Comecei a me lembrar do quanto ele foi insensível e frio comigo, além da forma horrível com que me tratou. Um pânico começa a se formar dentro de mim, e logo em minha mente ressoam as palavras que ele me disse depois de termos feito.
“Você não passa de uma virgem frígida”.
Congelo na mesma hora e começo a chorar. Michael fica parado e me olhando sem entender nada, acabo me afastando dele e indo chorar na cama, abraçando os meus joelhos.
— Elena, fiz algo errado? — pergunta ele me olhando de um jeito sofrido e que na mesma hora partiu meu coração.
— Não, você não fez nada. O problema sou eu. Desculpe, não consigo.—balanço a cabeça em negativa. — Eu queria, queria muito,porém não consigo.
— Ei. — ele se aproxima carinhosamente de mim e me puxa para um abraço. — Não precisa ter pressa. Temos todo o tempo do mundo e eu não vou te forçar a nada.
— Não,Michael. O problema é que simplesmente não consigo e não sei se um dia conseguirei. Sabe, eu estava o desejando bastante, bastante mesmo, porém do nada comecei a pensar no dia em que Tyler tirou minha virgindade.—enxugo minhas lágrimas e respiro fundo. — Eu comecei a lembrar da forma com que fui tratada, do jeito que ele me olhava, sabe? Eu nem senti nada naquele dia, não senti prazer nenhum. Ele apenas me possuiu e me largou.
— Elena, não fica pensando nisso. Não vai te fazer bem pensar nessas coisas, esse cara tem que estar morto e enterrado na sua memória. — ele beija a minha testa. — Eu estou aqui agora. Vou cuidar de você e da Alice. Eu sou e sempre serei o pai dela, entendido?
— Entendido. — balanço a cabeça.— Sabe o que mais ele me disse? Que eu não passava de uma virgem frígida. E olha só o que estou sendo hoje, estou fracassando com o meu próprio marido.
— Você não é nada disso! Não acredite nisso! — ele segura meu rosto com as mãos espalmadas.—Você é linda, inteligente,incrível e será uma ótima mãe e esposa. Tenho certeza!
— Você tem razão. Não devo acreditar nessa estupidez, eu não sou nada daquilo.— tento sorrir. — O passado ficou para trás, agora sou uma nova Elena.
— É assim que se fala. — ele também sorri, acariciando meus cabelos.
— Eu... Eu quero você! — digo praticamente engolindo em seco. — Michael, eu desejo você. Desde que nos beijamos no altar, não parei de pensar no quanto eu o queria. E eu pedi a Deus, pedi para me ensinar a amá-lo.
— Você pediu a Deus que Ele te ensinasse a me amar? Porque?
— Porque quero construir uma vida nova, e ao seu lado.
— Eu sempre te amei,Elena.— murmura ele. — A amo tanto que chega a doer.
— E eu quero aprender a amar você, Michael. — sussurro perto do rosto dele, sentindo a boca dele próxima da minha.
Nos beijamos profundamente com a proximidade daquele contato. A partir dali não permiti que minha mente pensasse em mais nada, foquei apenas em estar ali, amando e sendo amada por Michael.
— Eu vou te amar, para sempre.— ele sussurra entre os beijos, enquanto me envolve em seus braços e me deita na cama de maneira delicada.
Tudo foi diferente, e quem sabe teria sido melhor se eu estivesse esperado e não tivesse agido como uma rebelde há alguns meses atrás. Porém eu estava satisfeita com o que ganhei, eu seria amada em dobro por um homem maravilhoso que sacrificou sua reputação e imagem por mim. Naquela noite eu senti o amor e me entreguei ao único homem que realmente merecia ser amado por mim.
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*Mais um capítulo fofíneo porque estou numa vibes romântica rsrsrsrs
*O que acharam do capítulo e da reaparição de Tyler? Só digo uma coisa: preparem o balde de pipoca porque vai vir muita treta por aí...
*Próximo capítulo vai ter aquela tensão básica, então, marquem as consultas de vocês no cardiologista, ainda dá tempo... Rsrsrsrs
*Não esqueçam de votar na estrelinha! Um abraço e até o próximo capítulo.
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