Capítulo • 45
A N G E L • B E N N E T T
Dominic está estranho. Essa é a primeira hipótese que surge na minha cabeça. Entrecerro os olhos ao observar seu perfil, ele parece pensativo enquanto observa através da janela no quarto da nossa filha. Suas mãos estão escondidas nos bolsos da calça jeans e a mandíbula tensa.
Após revelar à sua família sobre o meu passado, a sensação de leveza surgiu como se um peso houvesse sido retirado dos meus ombros. Naquele mesmo dia, ele revelou-me sobre o novo plano cujo qual foi criado quando se reuniram no escritório. A família McDemott estar do nosso lado, tem sido o melhor, juntos parecemos mais fortes para enfrentarmos qualquer tempestade.
Os meses posteriores àquela reunião foram impetuosos, nenhum problema sequer surgiu em nossos caminhos. Essa constatação é algo que pode ser considerado estranho. Todavia, como Dominic vem sempre dizendo: Vamos viver um dia de cada vez. Cada dia que se passa sem algum imprevisto é uma batalha vencida. E assim temos vivido durante esses meses, com calma, mas sempre atentos.
— Papai, está estranho — sussurro para uma Hope agitada.
Está querendo se livrar do temível momento que odeia: colocar a roupa após o banho. Hope a cada mês torna-se ainda mais esperta. Agora, com oito meses, essa pequena não pode ficar um segundo sem nossa atenção, pois começou a rolar na cama com seis meses e desde então não parou. Engatinhar ainda não está entre suas aventuras, contudo, força de vontade não falta. Seu pai — sendo guiado pelo costumeiro drama — diz que está ficando velho e que se piscar a menina irá sair correndo.
Hope emite alguns sons, como se estivesse me respondendo. Coloco a calcinha de babados, suas pernas se movimentam impetuosamente. Céus, se pudesse essa mocinha ficaria apenas de fralda. No momento que consigo colocar seu vestido azul escuro com babados num tom de azul bebê — presente da tia Thea — , quase suspiro aliviada.
— Muito estranho. — Inclino o corpo para pressionar a boca na sua barriga, Hope começa a gargalhar. — Você acha que ele está estranho, princesinha? — sussurro ao me afastar, suas sílabas desconexas preenchem o quarto.
— O que tanto estão conversando?
Assusto-me no momento que abraça minha cintura e apoia o queixo no meu ombro para observar a mocinha deitada no trocador. Esse homem se movimenta como um felino, sem fazer sequer um barulho. Se brincar, uma hora eu que terei um infarto a cada vez que se aproximar silenciosamente.
— Assunto de garotas.
Dou de ombros.
Hope ao ver o pai fica ainda mais agitada, balbuciando sem parar e estendendo os braços na sua direção.
— Que mocinha agitada — diz suave.
— Estou quase sentindo ciúmes dessa interação.
— Sou todo de vocês. Não precisa sentir ciúmes, amor.
Lança uma piscadela na minha direção antes de pegá-la no colo. Suas mãos erguem-se automaticamente até barba áspera, ela dá tapinhas e logo sua gargalhada reverbera pelo quarto.
— Sou o próprio parque de diversões dela.
— Sua barba é áspera — retruco divertida. — Por isso está rindo.
— Prefiro acreditar que ela me ama.
Segue rumo a poltrona, após estar sentado crava suas íris em mim. Sinto-me consciente da intensidade presente nelas.
— Vou arrumar a bolsa dela — informo mesmo que não seja preciso e noto a sugestão de um sorriso no canto da sua boca. — Achei estranho esse inesperado pedido da sua mãe para Hope dormir na casa dela hoje.
— Se ela pudesse iria sequestrar todos os netos.
Não perco a forma como sua garganta se movimenta ao engolir em seco, contudo, não digo nada. Seguindo o instinto materno, que parece pronto para qualquer imprevisto, separo mais algumas mudas de roupa para colocar dentro da sua bolsa.
— Hoje podemos sair, amor.
Giro nos calcanhares para observá-lo com mais atenção. Algo em seu tom despertou a desconfiança.
— O que? — As sobrancelhas se erguem, condenando a surpresa. — Pode ser nosso primeiro encontro oficial.
— Ah, então nenhum dos nossos encontros foram oficiais, senhor McDemott? — alfineto.
— Claro que foram oficiais, princesa — responde rápido.
Seguro o sorriso.
— Tudo bem. — Dou de ombros e continuo a arrumar a bolsa.
— Hope, ajuda o papai. — Ouço ele sussurrar, e mordo o lábio para segurar a gargalhada. — Mamãe quer me bater. Tem que ajuda o papai, princesinha.
— Pa...pa.
A mão trava no ar ainda segurando uma muda de roupa no momento que essas duas sílabas ecoam pelo quarto. Os olhos lacrimejam e algo parece obstruir minha garganta ante tamanha emoção.
— Pa...pa — repete como se não tivéssemos escutado sua primeira tentativa.
— Amor, liga para o cardiologista!
— Pa...pa — a pequena diz sem deter-se.
Ao girar nos calcanhares para conseguir observar esse momento tão especial, a encontro batendo no peito do Dominic enquanto pronuncia suas sílabas. Como se estivesse dizendo: Esse aqui é o meu papai.
— Sim, é o seu pai, querida — murmuro emocionada.
Me aproximo deles, a bolsa cuja qual estava arrumando ficou esquecida emcima da cômoda, nada é mais importante que esse momento.
— Ela disse papai — sussurra como se tivesse medo de falar alto demais e esse momento especial se desvanecer.
— Na verdade foi "papa", talvez esteja com fome — o provoco.
— Pode ligar para o cardiologista. Malvada, estragou meu momento — dramatiza.
— Dramático.
— Pa...pa.
— Sim, minha princesinha. — Ele beija o topo da sua cabeça. — Sou o seu papai, e estou muito orgulhoso. Acho que vou fazer uma faixa e mandar alguém colocar na entrada do prédio para todos saberem desse momento especial. A primeira palavra da minha filha foi papai.
— Está se achando — resmungo.
— Olha, Hope. Mamãe está com inveja.
— Quanta injustiça. Carreguei nove meses para a primeira palavra ser papai. — Suspiro dramaticamente.
— O drama não lhe cai bem, amor.
Beija minha bochecha e se afasta com um sorriso maroto. Limito-me a revirar os olhos, entediada. Volto a atenção para a estrela desse momento: nossa pequena esperança. Seus cabelos loiros estão fartos e formam um halo sobre a cabeça, acentuando a sua beleza angelical juntamente com os enormes olhos azuis. Acaricio sua bochecha corada com o polegar, um sentimento imensurável transformou meu coração em sua moradia.
Não me sinto preparada para o crescimento dela, creio que toda mãe deve possuir esse mesmo receio. Durante a gravidez parece que o bebê nunca irá nascer, todavia depois do nascimento o tempo se passa voando e, num piscar de olhos, estão casados e com filhos.
Considerando esse pensamento, tento aproveitar cada pequeno momento ao lado dela, e sempre serão comemorados como algo grandioso.
— Aonde estamos indo? — indago confusa.
Estamos no condomínio onde seus pais e irmão residem e, isso apenas despertou minha confusão, pois deixamos Hope com os avós há alguns minutos, não era para estarmos aqui ainda.
— Segredo, amor.
O largo sorriso estampado no seu rosto apenas alimenta o sentimento duvidoso presente em meio as minhas emoções. Não o respondo, apenas observo minuciosamente seu perfil.
— Não adianta me encarar com toda essa força, meus pensamentos não irão simplesmente ecoar na sua cabeça.
— Não sou uma vampira.
— Que alívio, tenho medo deles. — Seguro o sorriso. — Pensa, alguém sugando meu sangue? — Estremece com falso pavor. — A não ser que a vampira seja você. Sua beleza me faria esquecer que está comigo apenas pelo meu sangue e belo pescoço.
— Bobo.
— Um bobo que você ama — afirma com presunção.
— Há controvérsias.
— Sabia! Está comigo apenas pela minha beleza. Que coisa feia, princesa.
Estala a língua repreendendo-me, e dou de ombros.
— E você não está comigo pela minha?
— Touché.
Ele estaciona em frente a uma casa estilo vitoriana. No momento que retira o cinto, suas íris fitam-me com carinho e um toque de receio.
— Chegamos — informa o óbvio.
— Vamos visitar algum amigo seu?
Cada pequeno detalhe desde que saímos do apartamento é combustível para alimentar a dúvida. Segundo ele vamos a um encontro, contudo, não acho que seja nessa bela casa. Talvez tenha esquecido de avisar que iríamos visitar alguém antes.
— Não — apenas diz essa palavra simples e sucinta.
Ele sai do carro e dá a volta para abrir minha porta.
— O cavalheirismo não morreu — brinco ao aceitar sua mão estendida.
— Nunca, minha mãe nos mata.
Nossos lábios se tocam por breves segundos. Todavia, a cada toque sinto o coração se acelerar e o desejo percorre meu corpo. Dominic nunca ultrapassou a linha invisível que nos separa desse nível de intimidade, quando o beijo se torna desesperado condenando o nosso desejo mais profundo, ele recua.
Gostaria de possuir a coragem necessária para revelar que estou pronta para darmos esse novo passo em nosso relacionamento. Contudo, as palavras estão aprisionadas no fundo da minha garganta. Suas correntes não foram construídas pelo medo, a palavra correta seria vergonha. No entanto, a cada hesitação tento me convencer que não era o momento certo.
— No que está pensando, princesa? Seu rosto está corado.
Desperto dessas divagações com a voz grossa, sinto o toque do seu polegar contra minha bochecha. Suas íris fitam-me com intensidade, e por alguns segundos desconfio que ele sabe quais sãos os meus pensamentos.
— Nada.
Engulo em seco e forço um fraco sorriso. Seus olhos se estreitam por um segundo antes de acionar o alarme do carro e nos guiar em direção a casa.
— Cadê os seguranças?
— Poucos metros atrás de nós.
Mais uma resposta vaga. Suspiro e permito-me observar ao redor, esse condomínio é sempre calmo, o lugar perfeito para se morar com a família.
— Essa casa é real? — brinco.
Parece que estamos em algum "set" de filmagem, a riqueza dos detalhes presentes na residência a tornam surreal, como se houvesse saído de dentro de uma história. A combinação do tom azul claro com o turquesa — presente nas molduras — é simplesmente perfeita, sou apaixonada por essas cores.
Meus olhos recaem na árvore a poucos metros da casa, nela se encontra um balanço, chego na conclusão que uma criança mora nessa casa. Inclino o corpo para o lado e consigo ver um belo jardim.
— Quem mora aqui tem bom gosto.
Quebro mais uma vez o silêncio desconfortável. Se esse homem continuar quieto acabarei gritando para expressar minha frustração.
— Com certeza.
Mais uma resposta sucinta.
— Você está bem? — indago ao interromper meus passos para fitá-lo minuciosamente.
Dominic é um homem que gosta de falar e sempre possui uma brincadeira na ponta da língua. Esse homem quieto e pensativo do meu lado é quase um estranho.
— Estou ótimo, amor. Não seja paranóica — brinca e estreito meus olhos.
— Você está agindo estranho desde que acordou.
— Sou um homem de fases.
— Pelo jeito hoje é a fase do silêncio — resmungo.
Ele apenas dá de ombros e abre a porta sem ao menos anunciar nossa chegada, meus olhos se arregalam com o choque.
— Dominic! Não pode sair abrindo a porta assim sem bater, mesmo que seja a casa de algum amigo.
— Agora não posso mais abrir a porta da nossa casa? — questiona ao fechar a porta atrás de nós.
— O que?! — a pergunta escapa com uma entonação extremamente aguda.
— Princesa, não sabia que estava ficando surda. — Seus lábios se curvam em um belo sorriso, e ainda estou em choque devido sua pergunta anterior. — Bem vinda ao nosso lar — sussurra perto do meu ouvido, sua voz tingida com a diversão.
— Como assim? — indago estupidamente.
Giro nos calcanhares para ficar frente a frente com ele e o safado está rindo do meu desespero. Todavia, o órgão dentro do meu peito bate fortemente e o cérebro tenta processar o que está acontecendo.
— Essa — coloca as mãos no meu ombro e me instiga a girar para observar o interior da casa por completo — é a nossa casa dos sonhos.
Ele não fez isso. Trago as mãos até a boca e balanço a cabeça com descrença, algumas lágrimas escorrem pelas bochechas no momento que absorvo cada detalhe.
— Pode acreditar, amor. — Emoldura meu rosto com suas mãos e limpa as lágrimas com os polegares. — Por que você acha que eu estava sempre ávido pelas suas respostas?
Essa pergunta leva-me até o dia em que iniciamos a brincadeira, nossa filha havia recém completado um mês de vida. De maneira inesperada, Dominic perguntou como eu imaginava minha casa dos sonhos, aquela cuja qual existia nas memórias inocentes da minha infância e parte da adolescência. A cada detalhe bobo que lhe informava, sequer imaginei que se tornaria realidade. Deveria ter notado assim que estacionamos, pois sempre obtive o desejo de residir em uma casa estilo vitoriana.
— A cada resposta, eu repassava ao Henrique. — Desperto com sua voz, ergo a cabeça e encontro suas íris brilhando ante sua diversão. — Ele é arquiteto e amigo do Diogo. Acho que vai lembrar dele, em quase todas reuniões de família está junto com a Jade. A planta da casa foi construída por ele, e quando alguma informação era vaga, eu ficava instigando você a explicar os detalhes. Meu maior desejo era essa casa ser como você sempre sonhou, pois aqui será nosso lar. Foram longos sete meses até ela ser habitável, ontem recebi a confirmação de que poderíamos nos mudar.
— Você não e-existe — murmuro em meio as lágrimas. — Não existe.
— Existo, princesa. — Coloca minha mão sobre seu coração, sinto as batidas fortes. — Sou apenas um homem que sempre fará de tudo para sua mulher ser feliz. Essa é a minha missão: amar intensamente você, Hope e nossos futuros filhos.
— Eu te amo, Dominic McDemott.
Agarro sua camisa e o puxo na minha direção, consigo ver seus olhos arregalados diante do movimento inesperado antes das nossas bocas se chocarem. O beijo se inicia devagar como se estivéssemos aprendendo a curvatura dos lábios um do outro. A intensidade surge timidamente, contudo, em questão de segundos é alimentada pelo desejo cujo qual percorre nossas terminações nervosas. Suas mãos deslizam pela extensão das minhas costas, abraço seu pescoço e coloco-me na ponta dos pés para retribuí-lo com o mesmo fervor.
Nos afastamos ofegantes quando ar necessita chegar até nossos pulmões. Apenas nossa respiração ofegante causa uma ruptura no silêncio presente na casa. Meus olhos se abrem e sou atingida por suas íris tão escuras quanto o céu em meio a uma tempestade.
— Princesa — profere rouco. — Mais um beijo desse e não irei responder por mim.
Um arrepio percorre meu corpo ante sua voz áspera repleta de desejo. Em nenhum momento o medo surgiu para atormentar-me, diante dessa conclusão liberto as palavras que há muito tempo estavam aprisionadas na minha garganta.
— E se eu não quiser que se controle?
Arqueio uma sobrancelha, sinto-me ousada e feminina por conseguir fazer um homem como ele ser domado pelo desejo.
— Estou fodido. — Morde o lábio inferior, sua face expressando seu desejo. — Tem certeza?
Ele acaricia minha bochecha e inclino-me contra seu toque, completamente hipnotizada pela intensidade mesclada ao carinho presente em suas íris.
— Sim — respondo sem qualquer resquício de dúvida ou medo.
— Estou completamente fodido — repete, quase sorrio diante da expressão de sofrimento que surge na sua face. — Seu olhar está me deixando louco, princesa. Não acredito que vou dizer isso — sussurra para si mesmo. — Precisamos conhecer a casa primeiro.
Essas palavras quase não saíram, parece que foi forçado a dizer indo completamente contra seus desejos mais profundos.
— Tudo bem, amor.
Mordo o interior da bochecha para segurar o sorriso que ameça curvar meus lábios. Ele entrelaça nossas mãos e caminhamos rumo ao que parece ser a sala de jantar.
A cada cômodo que conheço é impossível não sentir a emoção dominando meus sentidos. Tudo é completamente perfeito, igual no meu sonho. A antiguidade por fora em contraste com a modernidade presente no interior se torna algo belo de se admirar. Sou pega de surpresa no momento que revela que a casa possui seis quartos enquanto subimos as escadas.
— Seis?
— Sim. O nosso, da princesinha e os outros podem ser para os hóspedes ou futuros filhos.
— Essa quantidade veio de você. Não me lembro de ter citado tantos quartos — o alfineto divertida.
— Talvez. — Curva o canto da boca.
Paramos em frente a uma porta rosa, meus lábios se curvam ao observá-la atentamente.
— Aqui dorme uma princesa — leio em voz alta.
— A mais bela princesa — diz suave antes de abrir a porta e somos teletransportados para um mundo cor de rosa.
Esse quarto é quase uma réplica do que ela possui no apartamento, contudo difere no tamanho e em alguns detalhes na decoração, parece que estamos dentro de um castelo.
— Ela vai ficar tentada a mexer em tudo isso quando começar a engatinhar.
— Não me sinto preparado para minha princesinha se tornar independente.
— Você nunca vai estar preparado.
— Jamais — confessa, o traço de pavor presente em sua expressão quase me convence.
Entretanto, consigo detectar algo por trás dessa brincadeira: o medo. O que pode estar o deixando tão preocupado?. Essa pergunta ecoa na minha cabeça e meu sexto sentido responde que não é por causa do sumiço daqueles monstros.
D O M I N I C • M C D E M O T T
Deveria existir um guia detalhado sobre como pedir a mulher da sua vida em casamento sem ter um infarto. Imagino que isso ajudaria milhares de homens apaixonados.
Embora tenha quase infartado quando fiz o pedido de namoro, sinto que nesse terminarei no hospital. Suas íris repletas de preocupação apenas confirmam esse fato.
— Amor, você está pálido. — Pressiona mão contra minha bochecha. — E frio.
Estou quase morrendo.
— Não é nada — digo em voz alta.
— Eles aprontaram de novo? Dominic, fala comigo.
Parabéns, está a assustando – repreende a consciência maldita.
— Calma, princesa. — Abraço seu corpo trêmulo. — Vamos até o jardim.
Nos levo até a área de lazer cuja qual foi transformada — com a ajuda da minha mãe e irmãs — em um lugar agradável para realizar o pedido. Ela suspira enquanto absorve a decoração, por ainda estar de dia as velas foram dispensadas. Entretanto, talvez eu tenha exagerado um pouco nas flores.
— Assaltou uma floricultura? — brinca, mas detecto a emoção na sua voz.
— Talvez.
Dou de ombros e a guio até a mesa perto da piscina, repleta de petiscos e mais flores. Merda, realmente acabei exagerando.
— Estou com medo de ser engolida por essas flores.
A gargalhada ecoa pelo ambiente e simplesmente fico a observando como um bobo, admirando-a.
— Isso, continue rindo — resmungo. — Está apenas aumentando o meu nervosismo.
— É apenas um encontro, amor. Não é como se fosse me pedir em casamento agora.
Por alguns segundos meu corpo trava ante medo dela estar ciente desse fato, contudo, descarto essa idéia após observá-la com atenção.
— Verdade. — Limpo a garganta. — Sente-se, princesa.
Respiro fundo antes de ajoelhar na sua frente. Os belos olhos azuis se arregalam e os lábios rosados abrem-se expressando a surpresa. Alcanço a caixinha no bolso da jaqueta, e busco a coragem necessária para abri-la revelando a aliança.
— Oh! — ela ofega, emocionada.
— Esse não é apenas um encontro — a provoco lembrando-me das suas palavras anteriores. Todavia, a diversão se desvanece, suspiro antes de continuar: — Toda essa estranheza desde que acordamos é por causa disso. — Indico a caixinha com os olhos. — Estou morrendo de medo, princesa. Não compreendo o motivo, você não me diria um "não"... Porra, que palavras mais machistas. Desculpa.
— Calma — ordena suave. — Estou me sentindo uma princesa malvada, por causa de todo esse medo.
— Queria que tudo fosse perfeito. Os planos estavam indo conforme o esperado, menos essa parte de você ser quase engolida pelas flores. Devo confessar que também tem um dedo da minha mãe no meio. Sim, ela sabe de tudo — respondo sua pergunta não proferida. — Por que acha que nossa filha irá dormir na casa dela essa noite? Tudo fazia parte do plano para termos uma noite sozinhos.
Toco sua bochecha corada, esse rubor transporta os meus pensamentos até o beijo ardente que ocorreu minutos atrás, contudo parece que foi há dias por causa da sensação de abstinência que estou sentindo.
— No final, eu fui pego de surpresa — digo baixinho, as palavras tingidas com o desejo.
— Eu queria dar esse passo, mas não tinha coragem de dizer. — O rubor se torna ainda mais nítido.
— Linda — elogio, admirado. — Sua pequena feiticeira, está me distraindo do objetivo desse encontro — acuso, ela apenas sorri. Trago sua mão que possui a aliança de compromisso até os lábios e beijo delicadamente. — Não quero ser apenas seu namorado, quero ser mais que isso. Marido é a palavra certa. Eu te amo tanto, Angel. Como naquele dia citei uma parte de Romeu e Julieta...
— A despedida é uma dor tão suave que te diria Boa Noite até o amanhecer — interrompe.
Meu coração se preenche ainda mais com o amor por ela lembrar-se tão bem dessa citação proferida num momento quase especial da nossa história.
— Não poderia iniciar esse pedido sem mais uma citação de Shakespeare. — Curvo o lábios em um singelo sorriso. — Tarde demais a conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-la, amei-a profundamente. Mesmo sem conhecê-la direito, um sentimento profundo foi despertado em meio as minhas emoções. Angel Bennett, você aceita se casar comigo?
— Sim! — grita ao repetir várias e várias vezes.
Acabo sendo surpreendido por seu abraço que nos derruba no chão.
— Está querendo machucar seu futuro marido antes do casamento?
— Desculpa — sussurra, envergonhada.
— Me daria a honra? — indago ao erguer a caixinha.
Ela estende sua mão e com cuidado retiro a aliança de compromisso, coloco-a dentro da caixinha. Beijo o local antes de colocar a de noivado na mão esquerda. Porra, estou a um passo de infartar diante da forte emoção.
— Perfeita — murmuro.
Todavia, ao mirar seu rosto, o desejo surge rastejando lentamente pelo meu corpo. Os cabelos estão emoldurando o rosto corado, as íris cintilam como duas jóias e o sorriso presente em seus lábios, são três motivos que juntam-se para me hipnotizar desde que nos conhecemos. Sinto-me preso em sua rede, completamente a mercê dos seus desejos mais profundos. Seu sorriso desaparece ao perceber a posição íntima que nos encontramos. No momento que as íris se escurecem, tenho em mente que as minhas não estão diferentes.
— Dominic.
Essa entonação rouca poderia fazer um homem se perder.
— Princesa.
Ergo a mão para segurar sua cabeça, seguindo o instinto carnal capturo seus lábios com os meus. Esse beijo é desesperado, como se estivéssemos nos despedindo. Meus dedos enroscam-se nos seus cabelos e o puxo os fios, o gemido que escapa em meio a esse beijo, leva-me a loucura, totalmente perdido na névoa de desejo que nos envolve.
Afasto-me ofegante, seus olhos estão fechados. Contudo, meus olhos se cravam na boca inchada após esse intenso beijo. Estou fodido pra caralho.
— Eu poderia ser considerado um homens das cavernas se a colocasse sobre meu ombro e a carregasse até nosso quarto?
— Me sinto tentada a te bater se não fizer isso.
— Angel! — digo, surpreso.
Essa confiança desperta aquele mesmo sentimento de orgulho a cada vez que vence uma batalha.
— Me sinto forte. Não sou mais aquela Angel repleta de medo. Quero dar esse novo passo, e acima de tudo... Quero você — sussurra contra meus lábios.
A deito na cama com reverência explícita em minhas ações. Não sei ao certo como chegamos no quarto tão rápido. Entretanto, sua risada ecoou pela casa durante todo o caminho, pois cumpri aquela pergunta e a coloquei sobre meu ombro. Agora, ao observá-la sobre nossa cama, o anel cintilando em sua mão esquerda, me sinto como um adolescente tendo a sua primeira vez. Tenho medo de fazer algo errado e isso despertar os pensamentos ruins ligados ao seu passado doloroso.
— Amor?
— Desculpa — profiro envergonhado, devo ter ficado tempo demais divagando comigo mesmo. — Tenho medo de fazer algo e isso despertar seu medo.
— Não tenha medo. — Pressiona a mão no meu peito, sinto o seu calor através da camiseta. — Eu estou me sentindo bem. Sabe o motivo? Porque sei que é você, o meu amor. Sempre foi paciente e nunca me pressionou desde que nos conhecemos. Eu te amo.
Caramba, essa mulher...
— Também te amo.
Curvo-me e tomo seus lábios mais uma vez, seu gemido é um sinal claro para aprofundar esse beijo. Suas mãos deslizam pelas minhas costas, nossos corpos pressionados, consigo sentir cada curva suave. Minhas mãos ganham vida e percorrem com delicadeza essas curvas, seu suspiro não indica receio ou medo. Ela está pronta para nossa primeira vez.
Sentindo-se segura para expressar seu desejo, as mãos percorrem timidamente meu peito e abdômen. Me afasto e retiro a camisa, suas íris cintilam ao observar-me. Volto a deitar sobre ela para reivindicar seus lábios, sentir seu toque delicado na pele nua me deixa louco, e preciso segurar o instinto primitivo cujo qual ordena que eu rasgue sua roupa.
Trilho um caminho de beijos até o pescoço, onde sugo a pele e sua respiração torna-se ofegante perto do meu ouvido. No momento que ela me empurra de forma leve, o desejo parece esfriar nas minhas veias. Ao fitá-la minuciosamente não encontro nada além do desejo e curiosidade.
— Estou me sentindo perdida, sem saber o que fazer — confessa baixinho.
— Aprenderemos juntos, meu amor. — Toco a alça do seu vestido. — Posso?
Recebo apenas uma afirmação tímida com a cabeça e, sem desviar os olhos começo a retirar o vestido azul, revelando aos poucos seu corpo.
— Quero tirá-lo sozinha.
— Tudo bem, princesa — digo enquanto me levanto para que consiga ter seu espaço.
Meus olhos percorrem as curvas delicadas que detém o poder de me deixar de joelhos, completamente rendido. Angel abraça seu corpo, coberto apenas com a roupa íntima, os cabelos caem como uma cascata por seus seios e repousam na cintura. Sinto vontade de bater no peito como um homem das cavernas e gritar: Essa mulher é minha!. Todavia, não faço isso. Sob seu olhar, começo a me despir, deixando apenas a cueca. Começo a repetir como um mantra enquanto me aproximo que essa é a primeira vez dela e tudo deve ocorrer com calma e muito amor.
Minha princesa precisa do mais delicado toque em sua pele lisa e imaculada como porcelana. Tão diferente da minha que é rígida e com algumas cicatrizes, causadas pelos treinamentos com meu pai. Sou refém da escuridão, e ela é a luz que ilumina o meu caminho. Posso até ser considerado um demônio quando a raiva percorre meu corpo de maneira macabra.
Somos opostos, mas nos completamos como peças de um quebra-cabeça.
— Estou pronta.
Essas duas palavras são o bastante para expulsar qualquer resquício de dúvida presente em minhas ações. Cubro seu corpo e nossas bocas se encontram ávidas para mais um contato repleto de fervor.
Percorro seu corpo com as mãos e lábios enquanto vou retirando as duas peças restantes. A cada suspiro de prazer, sinto-me a porra do homem mais feliz do mundo. A cada toque tímido ao mapear meu corpo, ela toca onde nenhuma mulher foi capaz: meu coração.
Os momentos de prazer nos braços das outras mulheres, simplesmente desaparecem como se nunca houvessem existido. Essa é a nossa primeira vez, ambos descobrindo o prazer um do outro, estamos criando um mundo completamente novo e apenas nosso.
Quando estou devidamente protegido, encontro seus olhos, o amor e o prazer estão presente neles. Nossos corpos se conectam mais uma vez como duas peças de um quebra-quebra, impossível distinguir onde um começa e o outro termina. Suas mãos percorrem minhas costas, os seus gemidos são como uma música ecoando pelo quarto, nossos corpos traçam a sua própria dança coreografada pelo prazer.
Sua boca sempre buscando a minha, as unhas cravadas no meu ombro indicando seu prazer a cada investida. Nossos olhos não se desviam em nenhum momento, não precisamos de palavras para expressar esse momento, os corpos demonstram o sentimento cujo qual nos envolve.
Chegamos ao ápice juntos, nossas respirações ofegantes, suas bochechas rubras e as íris encobertas pelo prazer. Uma solitária lágrima desliza pela sua bochecha, não entro em pânico, pois tenho em mente que não é de tristeza. Trilho um caminho de beijos até chegar na sua pálpebra e retorno até chegar na sua boca.
— Eu te amo — declaro contra seus lábios.
Não consigo encontrar as palavras necessárias para definir esse momento. Perfeito é uma maneira simples para descrevê-lo. Talvez surreal combine ou posso dizer que foi um momento simplesmente imensurável.
Ps: Quem me conhece sabe que não escrevo sexo explícito. Espero não tê-lxs decepcionado.
Ps1: Hope está com 8 meses, consequentemente os gêmeos do Diogo estão com 6 meses e alguns dias.
Ps2: O namoro deles durou em média 9 meses.
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