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Capítulo 29

Acordei sentindo minha cabeça leve como um vaso de cristal. Era quase como se eu estivesse vivendo fora do meu corpo, em uma segunda dimensão, sem sentir realmente sensações ou qualquer outra coisa.

Abri meu olhos devagar. Tentei mover meus braços, mas foi em vão. Imaginei que talvez fosse porque eu não estava sentindo-os, mas também poderia ser porque eles estavam amarrados firmemente com uma corda grossa numa cadeira de madeira.

Com um esforço maior que o normal, virei minha cabeça e reconheci a casa da árvore. Estava quase do jeito que eu me lembrava, mas algumas coisas estavam notavelmente diferentes.

Aquelas fotos que Nicolas estava observando atentamente de costas pra mim, por exemplo... eu não me lembrava delas.

Algumas estavam em porta-retratos sobre uma cômoda que eu também não reconhecia e outras estavam pregadas na parede.

A distância e a tonteira que eu sentia tornava difícil vê-las, mas ainda assim pude perceber que todas elas me tinham como personagem principal.

Algumas eram espontâneas, Diogo havia me registrado despercebida. Outras eu estava sorrindo ou fazendo biquinho pra câmera. Outras eram selfies, nas quais ele também aparecia.

Era como uma coleção de arte retratando vários momentos que passamos juntos.

Aquela visão me fez ficar ainda mais tonta do que já estava - se por acaso isso fosse possível.

Virei minha cabeça ligeiramente para o outro lado. O resto dos móveis estavam em seus lugares, exatamente como eu me lembrava. Era difícil acreditar que um dia eu destruí aquilo tudo...

Tentei encontrar Diogo. Ele disse que estaria me esperando. Disse que me encontraria na casa da árvore, mas ele não estava aqui.

Tentei firmar minhas pernas pra me levantar e enfim desamarrar minhas mãos de algum jeito, então me dei conta de que eu não as sentia também. Aliás, eu não sentia nada abaixo do meu pescoço.

Qual era o meu problema?

"Nicolas..." - Tentei chamá-lo, mas a palavra se perdeu no caminho entre o cérebro e minha boca.

Maldição, o que estava acontecendo?!

Como se lesse meus pensamentos, Nicolas se virou e nossos olhos se encontraram.

- Ah, está acordada...

"Que brincadeira é essa?" - Mais uma vez, as palavras se misturaram e se perderam antes de ser pronunciadas.

- Você deve estar com essa cabecinha cheia de perguntas, não é? - Ele perguntou com uma voz assustadoramente suave, se aproximando de mim. - Vamos ver... você quer saber por que eu matei o meu pai? Ou será que seu pai é prioridade? - Ele riu e arrastou uma outra cadeira pra mais perto de mim, então se sentou. - Quem sabe você não esteja se perguntando como consegui manter as aparências e me esconder por tanto tempo...?

"Me solta..." - Mais uma vez, minhas palavras não passaram de pensamentos insignificantes.

- Ah... acho que o mais importante agora é descobri o que eu coloquei dentro de você, não é? Está preocupada? - Nicolas alisou meu rosto com as costas dos dedos. - Está com medo de morrer antes de se despedir do meu irmão?

Tentei me afastar do seu toque, mas isso não passou de um desejo desesperado. Queria me distanciar dele. Queria sair correndo e gritando, mas tudo o que eu era capaz de fazer, era ficar sentada o olhando, semi-consciente e totalmente vulnerável.

O que ele iria fazer comigo?

- Fique tranquila, princesa. Isso não vai matar você. - Ele disse quase como se lesse meus pensamentos. - Eu não quero que você morra. Não agora.

Felizmente, ele se levantou afastando sua mão repugnante de mim.

Ou talvez fosse melhor ele continuar sentado, então eu não teria sentido meu estômago se contorcer com a visão clara de um revólver em sua cintura.

- Mas eu acho que tudo isso perde a importância se a gente colocar meu irmão no jogo, não é? - Ele colocou a arma sobre a cômoda, sem se importar em escondê-la de mim. - Você quer saber onde ele está? Quer saber por que ele não estava te esperando aqui? Achou que ele fosse capaz de fazer qualquer coisa por sua causa, estou certo? Bem, na verdade, ele realmente faz qualquer coisa por você, mas adivinha... ele falhou dessa vez.

Nicolas cruzou os braços e se recostou na cômoda, de costas para o revólver e de frente pra mim.

Seu sorriso me mostrava o quanto ele estava satisfeito com tudo aquilo. Eu até podia ver a emoção e a adrenalina no brilho dos seus olhos...

Eu queria vomitar.

Minha cabeça caiu para o lado. Eu mal estava conseguindo controlar meus reflexos...

- Você... prometeu. - Minha voz saiu tão fraca que eu mal a reconheci. Estava rouca e distante, como se pronunciada por uma pessoa que passou um mês inteiro sem se alimentar.

Mesmo assim, de algum jeito, Nicolas ouviu.

- Prometi. - Ele riu alto, mas eu não encontrei graça alguma. - Imagine só... o homem que Diogo deu uma surra sendo acobertado por mim, hoje se vinga de Diogo com minha ajuda.

Meus olhos se fecharam automaticamente.

Eu precisei de três longos segundos para descobrir de quem Nicolas estava falando, então quando minha fixa caiu, minha boca ficou completamente seca e minha respiração se perdeu.

"Vai ter troco, Diogo. Anote isso. Vocês me pagam por essa humilhação."

As palavras de Ricardo voltaram claras em minha mente. A promessa que Diogo não levou a sério. Ele me convenceu de que tudo ficaria bem... mas nada ficaria bem. Agora eu sabia.

O pesadelo que eu tive com Ricardo na última vez que dormi com Diogo era um aviso. Um aviso de que aquela era a última noite que teríamos juntos. Um aviso de que Ricardo iria tirá-lo de mim...

"Por favor, não o machuque..." implorei em pensamento. "Deixe-o ficar bem. Por favor... eu o amo."

- Eu cumpri minha promessa. - Senti Nicolas se aproximar de mim, então forcei meus olhos a se abrirem de novo. - Eu não vou machucar meu irmão, Luna. Tenho quem faça isso por mim.

Instantaneamente meus olhos ficaram marejados.

Minha avó disse que Nicolas iria me ajudar a encontrar o assassino... ela disse que eu descobriria quando estivesse na frente dele...

Nicolas era o assassino.

- Por... por que? - Me forcei a dizer de novo.

Eu não conseguia elevar minha voz acima de um sussurro, e o esforço para fazer as palavras saírem era maior do que eu imaginava que pudesse ser.

- Por que eu odeio meu irmão? - Nicolas perguntou se sentando em minha frente de novo. - Por que eu matei meu pai? Ou por que eu matei o seu pai? - Ele inclinou a cabeça para olhar em meus olhos. - Qual dessas perguntas você quer que eu responda?

Eu tentei responder, mas as palavras se perderam de novo.

- Quer que eu responda todas?

Balancei minha cabeça debilmente. Ou então imaginei que tivesse balançado... eu não sei direito.

- Você sabia que Diogo teve um irmão gêmeo? - Nicolas me perguntou.

Pisquei sem conseguir responder. Falar naquele momento requeria extrema força de vontade da minha parte.

- Stephan. Eram gêmeos idênticos. Ele morreu quando tinha seis anos.

Minha mente vacilou.

Gêmeos... por que Diogo nunca tinha me contado isso?

- Ele e Diogo eram inseparáveis. Nosso pai sempre nos amou de uma maneira igual, até que eu cometi um descuido. - Nicolas sorriu forçado. - Estávamos passando as férias numa praia chamada Grace Bay, no Caribe. Meu pai confiou a segurança dos meus irmãos a mim por alguns minutos. Só o que eu precisava fazer era mantê-los fora da água, entende? Nada demais.

Ele respirou fundo e eu percebi na hora que não era uma boa lembrança.

- Eu só me descuidei por um segundo, Luna. Um segundo! - Ele balançou a cabeça, o rosto torcido pela angústia. - A correnteza levou Stephan pra longe, eu não consegui salvá-lo.

Tentei responder. Tentei me mover para abraçá-lo, mas meus desejos estavam fora do meu alcance.

Imaginei sua reação ao ver seu irmão sendo arrastado para a morte sem poder fazer nada para impedir.

Eu soube instantaneamente que esse foi o pior período da sua vida, e eu não podia julgá-lo.

A culpa que sentia já era o suficiente.

- A partir desse dia meu pai concentrou todo seu amor em Diogo. - Nicolas continuou. - Eu não sei porque... talvez ele achava que eu podia matá-lo também... ou talvez porque achou que eu tinha feito de propósito, então não merecia ser amado. - Ele olhou pra cima e comprimiu os lábios. - Meu pai nunca mais me amou, Luna. Isso me frustrou.

Ele ficou um tempo em silêncio, olhando pro nada com a expressão vazia. O sono começou a cobrir meus olhos, mas eu os obriguei a ficarem abertos.

Eu não podia dormir. Não antes de saber o final da história. Não antes de saber o que ele pretendia fazer comigo e o que aconteceu com Diogo.

Eu precisava me manter acordada.

- Meu pai descontou em mim a raiva que ele sentia por ter perdido um filho. - Nicolas deu de ombros ainda com o olhar vazio. - Nada mais justo, se foi eu quem o matei.

Ele se virou pra mim, então seu sorriso sombrio estava de volta.

- Meu pai me via como um monstro, sabia? Minha mãe tentava me defender e me amar pelos dois, mas era assim que ele me via. O monstro que matou um dos seus preciosos filhinhos.

- Você... não teve... culpa. - Eu precisei depositar toda a minha energia numa única frase, mas ele ouviu.

Nicolas ficou me olhando por um tempo, então deu de ombros de novo indiferente.

- Dane-se. Resolvi dar motivos pra ele me ver assim. A primeira vez que pensei em matá-lo eu tinha quinze anos. Pesquisei na internet, fiz amizade com pessoas que me ajudariam, gastei toda a minha mesada, todos os meses, como investimento... com dezoito anos eu estava pronto.

Seus olhos brilharam, revelando a satisfação do seu passado hediondo.

- Meu plano era matá-lo sem deixar vestígios e fingir surpresa quando o advogado dissesse que os principais bens ficariam com o filho mais velho. A primeira parte deu certo. É claro que eu não sujei minhas mãos. Paguei um valor absurdo pra sabotarem o avião que ele iria usar pra ir em uma conferência em Lisboa. - Ele me olhou sorrindo. - Você acredita que eu até chorei no enterro? Pode admitir, eu sou um ator excepcional.

Tive vontade de chorar. Não de tristeza, de raiva. Raiva por Nicolas ter se tornado um ser tão desprezível. Raiva por ele ter me enganado esse tempo todo. Raiva do seu pai por tê-lo feito se tornar um monstro.

Raiva de mim por acreditar que ele era perfeito.

- Mas nem tudo saiu como eu queria. - Ele balançou a cabeça. - Tsc, tsc, tsc... imagine minha surpresa ao saber que ele tinha feito um maldito testamento. Imagine a humilhação que eu senti, sentado em uma mesa rodeada de pessoas importantes, advogados, amigos... todos me olhando com pena. "Oh, coitadinho... perdeu o pai e a herança em um só dia." - Nicolas imitou uma voz fina, estranha. Ele não estava com sequer uma sombra de humor no rosto.

Minha cabeça girava, tentando entender e captar o máximo possível.

- Eu fiquei com raiva, muita raiva. - Ele disse com a mandíbula tensa. - Na verdade eu nem ligava tanto pro dinheiro assim, mas aqueles olhares... aquelas atitudes hipócritas de pessoas que sequer me conheciam dizendo que sentiam muito por isso... tudo veio a tona. Eu quis matar Diogo. - Ele me olhou e balançou a cabeça. - Você não tem nenhuma ideia, Luna, do quanto eu quis matar Diogo.

Me arrepiei.

- A ideia surgiu, mas não levei adiante. Ele começou a falir a empresa. - Nicolas riu. - Você precisava ver os acionistas, como ficavam irados. Era engraçado. Diogo só tinha quinze anos, não sabia fazer merda nenhuma. Todo mundo aconselhou ele a me entregar a empresa, mas adivinha... - Nicolas estreitou os olhos pra mim, como se esperasse uma resposta. - Isso mesmo. Seu pai entrou na jogada.

Pisquei e me concentrei em respirar.

- Comecei a odiar meu irmão com todas as minha forças. Inveja. Eu sei, não tenho vergonha de dizer. Eu tinha inveja dele. Na verdade, tenho até hoje. Ele sempre teve tudo o que desejou. Tudo o que eu desejei. O amor do meu pai, as empresas da família, amigos fiéis e... você.

Meu coração estava descompassado. Minha respiração era apenas um fio. Meu cérebro parecia estar cada segundo mais lento e minha cabeça mais leve, mas ainda assim, eu me recusava a desmaiar.

Nicolas ficou um tempo me olhando, então continuou.

- Pela lógica, se eu me livrasse do administrador, Diogo voltaria a desmoronar. Cortei os freios do carro do seu pai e fiz todos acreditarem numa história inventada, em que Diogo era o menino malvado e eu era o mocinho. Foi tão fácil que chegou a ser entediante. - Nicolas revirou os olhos. - Manipulei todo mundo como marionetes. Fiz todos se voltarem contra Diogo. - Ele deu de ombros e sorriu. - Foi mal, eu não sabia que seu pai era tudo o que você tinha na vida. Na verdade, eu nem te conhecia.

Nicolas se levantou da cadeira e foi até a cômoda. Quando ele estendeu a mão em direção à arma, meu coração se paralisou...

Então ele pegou uma foto familiar. A foto queimada. A minha foto.

- Você acreditou mesmo que Diogo deixaria isso pra trás se tivesse queimando provas que o incriminassem? - Ele perguntou estendendo a foto na frente do meu rosto. - Primeiro, Diogo é esperto demais pra cometer um erro tão idiota. Segundo, quem estava queimando as provas era eu. Terceiro, foi por causa dessa foto que eu conheci você.

Ele jogou a foto em meu colo e eu inclinei a cabeça espontaneamente para a olhar. Ela tinha caído virada pra baixo.

- Já pensou em como o mundo é pequeno? Quando eu dei a ideia pra minha mãe de ligar pra família do administrador e dar assistência, Diogo sequer sabia que você existia.

Me lembrei quando nos mudamos pra Colatina depois da morte do meu pai. Luciana tinha escondido o jogo outra vez. Ela disse que era sua cidade natal, mas era mentira...

Então foi Karen que a ligou...

- Eu queria te conhecer. Não sei explicar... - Nicolas estava sentado em minha frente de novo, e erguendo a mão, acariciou meu rosto. - Quando eu vi seu sorriso queimando na foto... seu rosto tão lindo... eu queria que você me amasse. - Nicolas engoliu e respirou fundo. - Eu nem sei o que passou pela minha cabeça, mas acho que foi ali que me apaixonei por você.

Meus olhos estavam focados nele, mas eu não fazia ideia de qual era a expressão em meu rosto.

- Quando eu te conheci, quis te impressionar. Eu queria que acreditasse que eu era bom. Na verdade, você me fez querer ser bom. Me fez completo. - Ele fez uma pausa me olhando, estudando meu rosto, então prosseguiu. - Eu nunca quis que você conhecesse meu lado sombrio, e mesmo não sendo digno, de alguma maneira, eu queria que você me amasse. Eu queria... porque eu sabia que você podia me mudar. Eu sabia que seu amor me libertaria.

Vagamente percebi minha visão ficando borrada, então as lágrimas escorreram.

Nicolas se aproximou de mim e colocou a mão em meu rosto, secando-a com o polegar.

Ele não disse nada por um bom tempo, e imaginei que estivesse tentando controlar suas emoções.

- Você não devia ter conhecido meu irmão. - Disse por fim em voz baixa. - Não devia ter se apaixonado por ele. Você não acha que eu também mereço ser amado, Luna?

Pisquei liberando mais lágrimas.

Eu não sabia por que estava chorando, mas de alguma maneira, chorar parecia me aliviar.

- RESPONDA!

O susto me fez pular quando Nicolas gritou comigo.

- S... sim. - Minha voz saiu por um fio, baixa, fraca, embargada.

- Então por que você não me amou?

Sua pergunta desencadeou uma nova onda de lágrimas, mas dessa vez ele não as secou.

O que eu podia fazer se o destino entregou meu coração nas mãos de Diogo?

Ele se levantou da cadeira, se afastando de mim.

- O que ele tem que eu não tenho? Por que é tão fácil assim amá-lo, Luna? - Nicolas se virou pra mim. - Só o que você tinha que fazer era acreditar que ele era o assassino e ficar comigo! - De repente ele começou a andar rapidamente em minha direção. - Você... só precisava... odiá-lo! Por que você estragou isso?! - Ele colocou as mãos nos braços da cadeira, olhando diretamente em meus olhos. - Por que me fez voltar a ser o que eu era antes?! Por que me fez querer matar de novo, Luna, por que?!

O efeito da droga que Nicolas tinha injetado em mim parecia estar passando lentamente.

Eu já conseguia entender suas palavras sem muito esforço e podia perceber que estava tremendo.

- Me... desculpa... - Agora eu já conseguia falar também, apesar de ser apenas um sussurro fraco e distante. Pelo menos não ficava preso no cérebro.

Nicolas continuou me olhando, então sorriu.

- Eu tenho uma surpresa pra você. Quer ver? - Sem esperar minha resposta, ele levou a mão no bolso de trás da calça e tirou de lá seu celular.

Se levantou, digitou alguma coisa e esperou, olhando a tela.

Um chiado... então uma voz estranhamente alegre se fez ouvir.

"Fala, meu amigo!"

Gelei.

Era ele... Ricardo.

Nicolas sorriu.

- Está com meu irmão aí?

"Claro..." Sua voz transpirava satisfação. Era como se estivesse contando uma piada. "Está relaxando depois de um banho."

- Eu quero vê-lo. - Nicolas respondeu firme e cortante.

Um momento depois, o celular estava na frente do meu rosto e meu coração, paralisado.

Era uma ligação em vídeo.

Na tela, um homem de cabeça baixa que por um momento eu não reconheci estava sentado imóvel em uma cadeira como eu, com as mãos atrás das costas. Estava sem camisa.

Feridas e hematomas se espalhavam por todo o seu abdômen e peito. Algumas tão grotescas, que o sangue escorrendo era perceptível. Partes de sua pele estavam queimadas com cera de vela.

Ele estava molhado. Os fios do seu cabelo pendiam para baixo, pingando. Não era água. Ele estava muito suado.

Tentei imaginar a dor que ele sentiu antes de desmaiar, e a sensação me deixou horrorizada.

- Diogo... - Seu nome saiu dos meus lábios num sussurro, como uma oração sofrida.

Nicolas não tirou o telefone da minha frente imediatamente, por isso eu consegui perceber a grande mancha se alastrando por toda a base do seu olho esquerdo quando ele levantou lentamente seu rosto para mim.

- Chega. - Nicolas enfim disse recolhendo a imagem do meu alcance.

Ele olhou a tela e sorriu.

- Isso com certeza vai deixar marca.

"Não por muito tempo." A voz de Ricardo estava de volta. "Acho que ele não sobrevive pela próxima uma hora."

- Não... - Lágrimas escorreram desesperadas pelo meu rosto.

- Se certifique que não haja testemunhas. Não quero polícia envolvida nisso, é assunto de família.

"Eu não sou idiota, Nicolas."

- Foi só um aviso. E esconda o corpo. Queime, se for preciso. Cuide pra que ninguém o encontre, e se encontrar, que não o reconheça.

"Está tudo sob controle. Mais alguma coisa?"

- Não. Ela só queria se despedir.

"Então eu te vejo mais tarde."

Nicolas desligou sem responder.

Me despedir? Eu mal falei o nome dele... isso era tudo o que eu teria como Adeus?!

As lágrimas corriam fartas, sem descanso, como se, de alguma maneira, elas pudessem me devolver o que estava sendo roubado de mim.

- Não chore, amor... nós vamos nos encontrar com ele.

Nicolas se aproximou de mim lentamente, e como se para prolongar minha tortura, colou delicadamente seus lábios nos meus.

O que está acontecendo...? Por que minha avó não previu que isso aconteceria? Por que ela me fez acreditar que no final tudo acabaria bem?

Eu quis morder os lábios de Nicolas, mas minhas forças se esvaíram. Meu corpo estava dormente, incapaz de responder aos comandos do meu cérebro.

Quando ele se afastou, secou minhas lágrimas com os dedos.

- Isso vai acabar logo, princesa. Eu prometo. - Depositou um beijo que podia facilmente ser considerado carinhoso em minha testa e novamente caminhou em direção a cômoda. Dessa vez ele pegou o revólver.

Parei de respirar.

Ele se virou pra mim.

- Me espere aqui, eu já volto. - E então saiu da casa da árvore.

Respirei aliviada, mas não por muito tempo.

Onde ele estaria indo?

Olhei em volta - meus reflexos estavam melhorando aos poucos - e procurei por algo que pudesse me ajudar de alguma maneira. Uma faca, talvez... mas não achei nada.

Talvez existisse alguma em uma das gavetas da cômoda. Eu só precisava chegar até lá e...

O barulho ensurdecedor de um disparo atravessou meus pensamentos, me congelando na hora.

Nicolas atirou.

Em quem? Ele se matou? Tinha alguém ali fora esse tempo todo? Ele matou um animal? Por que?

Eu ainda estava tentando encontrar o motivo do disparo quando ele voltou.

Nossos olhos se encontraram assim que ele adentrou novamente a casa.

- O que... você... por que... - Tentei formular uma pergunta, mas as palavras se misturavam antes de serem pronunciadas.

- Isadora, a assistente da minha mãe no salão de Linhares. - Ele disse indiferente, se encostando na cômoda ainda com a arma na mão e o dedo no gatilho. - Ela me ajudou, mas você sabe. Ela gostava de mim. Eu sei como dói um amor não correspondido. - Ele deu de ombros. - Fiz um favor pra ela.

- Você... a matou?

Ele franziu a testa levemente.

- Provavelmente. Se você acha que um tiro na testa é eficiente, então sim.

Ah, meu Deus...

Tentei raciocinar, mas tudo o que passava em minha cabeça era... o que ele vai fazer comigo?

- E agora...?

Ele inclinou a cabeça.

- O que você acha que eu vou fazer?

Sem querer, meus olhos se moveram para o revólver descansando em sua mão por um milésimo de segundo.

Eu tinha uma ideia do que se passava em sua cabeça, mas não queria pensar nisso.

- Sua mãe... sabe?

Ele jogou a cabeça pra trás e soltou uma gargalhada suave.

- Qual parte? Que eu me juntei ao marido dela pra matar meu irmão ou que eu me tornei um assassino aos dezoito anos?

É, reconheci que essa era a pergunta mais idiota que eu poderia fazer, mas eu precisava continuar falando.

- Há quanto tempo... - Respirei. - vocês... se juntaram?

- Eu queria trabalhar sozinho... mas aí você me fez prometer que não machucaria Diogo. Foi espontâneo, eu tive que envolver Ricardo. Mas ele me pareceu bastante satisfeito, se bem me lembro.

- Você vai... me matar?

Eu não queria ter perguntado isso, mas as palavras simplesmente saíram.

Nicolas ficou me olhando por alguns segundos, então inclinou a cabeça.

- Está com medo?

- Não. - Eu não sabia se isso era verdade. - Estou com pena.

Seus olhos se estreitaram ligeiramente como se me desafiasse a repetir o que tinha dito.

Minha determinação estava lentamente se erguendo dentro de mim, juntamente com a percepção da realidade.

Ele iria me matar. Isso era uma certeza. Assim como Ricardo estava disposto a matar Diogo - se já não o tinha matado - Nicolas estava disposto a me matar.

Estava completamente claro no brilho dos seus olhos e no jeito como ele segurava o revólver.

Mas eu não podia deixar que isso acontecesse antes de realizar meu último desejo.

Por três longos meses eu ansiei olhar nos olhos do assassino do meu pai. Desejei olhar nos olhos do homem que tirou de mim a pessoa que eu mais amei na vida e poder ferí-lo de alguma maneira. Essa era minha primeira e única chance.

Eu não iria desperdiçá-la.

- Você quer saber... o que Diogo tem que você não tem? - Perguntei, me esforçando ao máximo a não deixar minha voz vacilar. - Uma alma. Ele tem... um coração simples e puro. - Respirei. - Um coração que merece... todo o amor do mundo. Merece ser... amado.

Percebi a mão de Nicolas se contrair em volta do revólver.

A única coisa de que eu me arrependeria, seria que ele erguesse a mão e atirasse antes de eu terminar.

- Ele era diferente sim. - Meus olhos começaram a ficar embaçados.

Eu falei que ele "era"...

- Você jamais... chegaria aos pés dele. - Uma lágrima solitária escorreu. - Você nos tirou... as pessoas que mais amamos na vida, Nicolas. Por que?

- Porque eu sou egoísta. Diga. - Sua mandíbula estava tensa como sua postura. Ele estava com raiva. Muita raiva. Eu podia ver. Seus olhos não estavam mais brilhantes, estavam vermelhos. - Diga em voz alta pra que eu possa ouvir. Diga o que você está pensando.

Mais lágrimas escorreram.

É isso. Acabou. Esse é o fim.

Vagamente me dei conta de quando minha avó disse que eu era forte. Disse que eu ficaria surpresa quando descobrisse minha força.

Era sobre isso que ela estava falando.

Fechei meus olhos e, em pensamento, tentei me despedir.

"Eu falhei com você, Diogo. E falhei com você, meu filho. Me perdoem."

- Você não é doente nem um coitadinho, Nicolas. - Murmurei. - Você é um monstro. E pessoas assim como você... não merecem ser amadas.

Ele não respondeu.

Apertei meus olhos com força, esperando apenas ouvir o barulho do segundo disparo, mas ele não veio.

- Você nunca me amaria, não é? - Ele perguntou angustiado. - Mesmo se Diogo fosse realmente o assassino... você nunca deixaria de amá-lo.

As lágrimas encontraram uma brecha para escaparem.

- Não. - Falei indiferente. - Eu nunca deixaria... de amá-lo. Nunca... o trocaria por você.

Mais um silêncio se formou, então abri meus olhos.

Nicolas estava chorando.

Sua expressão não tinha mudado. Ele estava com o mesmo olhar vazio, mas as lágrimas escorriam sem descanso pelo rosto, e ele não se importava em secá-las.

- Surpresa? - Perguntou enfim passando os dedos debaixo dos olhos. - Acredite, eu também. A última vez que chorei foi no enterro do meu pai. Sempre vi isso como um fraqueza, mas quer saber? Eu acho que me enganei. - Erguendo a mão, ele apontou a arma diretamente pra minha cabeça. - Minha fraqueza é você.

- Espera! - Minha voz saiu um pouco mais alta que os sussurros anteriores.

Nicolas obedeceu. Apesar de continuar apontando a arma pra mim, ele não apertou o gatilho.

- Você disse... que vamos nos encontrar com Diogo. - Me lembrei. - Então... você vai se matar também, não é? Depois que atirar em mim... você vai se matar também.

Ele ficou me olhando por um tempo, então sorriu.

- Eu gosto de Romeu e Julieta. É o mesmo amor que eu sinto por você. Nada mais justo que acabar do mesmo jeito.

Balancei minha cabeça.

Eu não me lembrei de Romeu apontando uma arma pra cabeça de Julieta em alguma parte da história, mas não discuti.

- Eu só quero te pedir uma coisa... - Eu sabia que existia uma grande chance de ele negar meu último pedido, mas eu precisava tentar.

Se eu iria morrer, seria do meu jeito.

- Só... me desamarre. Eu não quero que a perícia me encontre assim... quando recolher meu corpo.

Nicolas não respondeu na hora. Sua testa franziu e mais algumas lágrimas escorreram.

Ele abaixou a arma e secou os olhos.

- Veja isso. Sequer consigo ser um homem de verdade na sua frente.

- Homens também choram... - O incentivei.

Ele me olhou, e depois de um tempo, suspirou e caminhou até a mim.

Ele começou a desamarrar minha mão direita em silêncio, e quando terminou, ela caiu livre ao meu lado. Então passou pra mão esquerda.

- Eu não queria que isso terminasse assim. - Disse.

- Como você queria que terminasse? - Perguntei o olhando.

Eu não sabia por que estava tão calma. Eu devia estar com raiva dele. Devia o odiar. Mas, por algum motivo além da minha explicação, tudo o que eu lhe disse parecia ter sido o suficiente, portanto a raiva evaporou.

Ele suspirou, então minha mão esquerda também caiu livre do meu lado. Eu não conseguia mexê-las apesar de sentir o leve formigamento onde a corda tinha encostado.

- Queria que ficássemos juntos. - Nicolas respondeu passando para o meu pé esquerdo. - Se você me aceitasse, eu não me importaria mais com Diogo. Só o que eu queria era o seu amor, Luna.

Eu não senti a corda ser retirada do meu pé, mas ele passou para o outro. Na verdade, minhas pernas estavam completamente dormentes. Isso me fez crer que o efeito da droga desaparecia de cima para baixo.

- Mas eu não culpo você. - Nicolas disse. - Não verdade, eu também não me amo.

Ele terminou de me desamarrar em silêncio, então jogou as cordas longe e se levantou.

- Está melhor assim?

Fiz que sim com a cabeça.

- Só me responda... uma última pergunta?

- Fala.

- Sua... indiferença. É realmente isso o que você sente sobre seu irmão... ou você apenas finge?

Ele deu de ombros.

- Do que isso importa? Ele deve estar morto agora.

Sua observação fez meu coração quebrar.

- Eu... eu sei. É só uma curiosidade. Não custa responder já que... daqui a uma hora não estaremos mais aqui.

Ele continuou me olhando em silêncio por um tempo até seus olhos voltarem a brilhar. Um instante depois as lágrimas escorreram.

- Eu não sou um cara mau, Luna. Eu não queria ser assim. Você quer saber se odeio Diogo de verdade? Não. Eu o amo. Ele é o único irmão que eu tenho. E é por isso que eu tenho tanta inveja dele. Maldição! Nem eu consigo odiá-lo! - Ele voltou a secar seus olhos com as costas da mão que estava ocupada com o revólver.

- Mas você disse... que iria matá-lo. Você disse que mandou Ricardo fazer o serviço... quando eu te fiz prometer que não o machucaria.

- Eu sei o que eu disse. Eu estava me convencendo de que iria conseguir. Apesar de amá-lo, eu estava cansado de vê-lo ser melhor que eu em tudo. A verdade é que eu me senti aliviado quando você me fez prometer que não o machucaria.

- Então agora seu serviço está completo. - Minha voz estava embargada. - Está satisfeito? Ricardo concluiu essa missão pra você.

- Inferno, Luna! Como você acha que eu me sinto sobre isso?! Por que você acha que eu quero me matar agora?! Acha mesmo que essa situação não me afeta?!

- Eu estou grávida. - Não sei de onde saiu ou com que finalidade eu disse isso, apenas disse. Saiu automaticamente.

Nicolas ficou olhando meu rosto por alguns segundos, então olhou minha barriga. Em seguida me olhou de novo.

- Dele?

Balancei minha cabeça.

- Vamos lá, Nicolas. Você já chegou tão longe. Termine com isso de uma vez. Duas vidas a mais na sua lista não é grande coisa.

Ele me olhou horrorizado e estava prestes a dizer alguma coisa, quando de repente foi empurrado por algo que veio da porta.

Nicolas foi arremessado contra a cômoda, quebrando algumas madeiras e derrubando alguns retratos.

Diogo se inclinou em minha frente.

Ele estava com uma camisa agora, mas os ferimentos em seu rosto me fizeram crer que embaixo da camisa, sua barriga também estava extremamente machucada.

- Você está bem? - Ele perguntou alisando meu rosto com a mão.

Sua voz estava rouca, deixando transparecer o quanto estava se esforçando para esconder a dor.

Por um momento achei que fosse uma miragem.

Eu vi seu estado a apenas alguns minutos atrás. Ricardo disse que ele não iria sobreviver pela próxima hora. Ele estava amarrado em uma cadeira... como chegou aqui?

- Ele te machucou? - Voltou a perguntar, então percebi que ele estava se firmando na cadeira para permanecer em pé.

Seja lá como ele conseguiu sair do lugar em que estava e se manter firme até aqui, eu tinha certeza que não duraria muito tempo.

- Não, ele...

Mas Diogo não esperou minha resposta completa.

Com uma fúria sombria em seus olhos e buscando forças do fundo da alma, ele se afastou de mim e começou a andar em direção a Nicolas.

Seus passos não estavam firmes, mas sua determinação era clara: ele iria matá-lo.

- Diogo... - A voz de Nicolas demonstrou surpresa, medo e algum tipo de aviso oculto.

- Diogo... - Falei também, porque eu sabia o que viria a seguir.

Ele não parou.

Nicolas ergueu a mão no último segundo, e, antes que eu, seu irmão ou ele mesmo pudesse pensar, apertou o gatilho.

Era a última coisa que precisava para derrubar Diogo.

- NÃO!!! - Gritei ao mesmo tempo em que ele caiu.

Escorreguei para fora da cadeira. Minhas pernas pareciam gelatina sem consistência, não conseguiam se firmar. Comecei a me arrastar debilmente em direção a ele.

"Não, não, não... por favor, não..."

Diogo se virou pra me olhar. Sua mão estava precionando a região da sua costela, onde uma mancha escura se alastrava mais rápido do que eu gostaria.

- Por favor... - Eu disse quando cheguei perto o suficiente para colocá-lo em meu colo. - Por favor, fique comigo.

- Luna... - Meu nome saiu de seus lábios junto com um gemido.

Enquanto uma de suas mãos continuava precionando a ferida, a outra viajou com muito esforço até o meu rosto.

Olhei pra Nicolas.

- O QUE VOCÊ FEZ?!

- Luna... - Diogo voltou a chamar, mas meus soluços quase encobriram sua voz fraca.

Nicolas estava nos observando com os olhos arregalados, uma expressão congelada em seu rosto chocado. Estava claro que isso não estava em seus planos.

Me voltei para Diogo.

- Por favor, não morra. - Implorei entre lágrimas, ajudando-o a pressionar a ferida. - Fique comigo...

- Me escuta...

- Você não pode me deixar.

- Luna...!

Solucei.

- O que?

Ele gemeu. Um gemido que eu nunca tinha ouvido antes. Apenas um som baixo, vindo do fundo da garganta, dilacerando de vez meu coração.

- Eu amo... você.

Suspirei, fazendo as lágrimas escorrerem com força dobrada.

- Eu sei... - Sussurrei acariciando seu rosto. - Eu também amo você.

O som do terceiro disparo ecoou alto e instantaneamente eu olhei para Nicolas.

Ele caiu lentamente para o lado, o sangue esgixando livre através da arma enfiada em sua boca.

- NICOLAS!!! - Gritei, mas ele não ouviu.

Apesar de seus olhos ainda estarem abertos em minha direção, eu sabia que ele não estava me vendo. Não mais.

Me voltei pra Diogo, e foi então que sua mão se afastou lentamente do meu rosto indo em direção ao chão.

- Não, não, não... - Implorei erguendo sua mão novamente, numa tentativa frustrada de acordá-lo. - Fique comigo... Diogo, por favor...

Vagamente ouvi sons de sirenes se aproximando.

Alguém chamou a polícia? Quem?

- Escute isso! - Eu disse sem parar de chorar, acariciando o rosto dele com a mão trêmula. - Está ouvindo? Vieram nos buscar. Vai ficar tudo bem.

Eu o puxei pra mim abraçando-o inconsciente.

- Você não pode morrer... não pode... vai ficar tudo bem...

Então notei a arma na boca de Nicolas. As sirenes se aproximando... eu tinha que agir rápido.

Coloquei Diogo cuidadosamente no chão e me arrastei até seu irmão o mais rápido que pude. Arranquei a arma de sua boca com um puxão e voltei pra perto de Diogo.

Me sentei ao seu lado e apontei a arma pra minha têmpora.

O olhei uma última vez. Segurei sua mão. Comprimi meus lábios, então apertei o gatilho.

Não aconteceu nada.

Apertei de novo.

- Não, não, não...

Nicolas tinha carregado a arma apenas com as balas que iria usar. Uma pra Isadora. Uma pra mim. Outra pra ele mesmo.

Diogo ficou com a minha.

- Ahhh! - Gritei e arremessei o revólver longe.

As lágrimas pingavam do meu queixo, molhando meu vestido.

Me deitei sobre o peito de Diogo sem prestar atenção realmente ao que estava fazendo e fechei os olhos desejando que a terra me engolisse.

Eu não queria viver. Não em um universo em que ele não existisse. Não em um universo em que Nicolas tenha se suicidado.

As sirenes pararam na frente da casa da árvore, mas só o que eu queria era morrer antes que a polícia ou bombeiros ou seja lá o que fosse, chegasse ali dentro. Eu não queria ser salva. Não se Diogo e Nicolas não pudessem ser também.

Cobri minha barriga com a mão e solucei uma última vez.

"Eu sinto muito, meu filho..."

"Diogo... eu serei sua pra sempre..."

"Eu te amo..."

Uma escuridão suave cobriu meus pensamentos, e eu deixei que ela me carregasse.

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