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Capítulo 24

Fiquei olhando a porta fechada por onde ela havia saído tentando colocar meus pensamentos em ordem por alguns segundos, mas antes que eu conseguisse, a porta se abriu de novo.

- Piranha deslavada, será que você pode... - Sofia parou de falar quando olhou meu rosto. Ela já estava perto o suficiente para se sentar na cadeira, mas parou, congelada em seu lugar. - Luna? Você está bem? Parece que viu um fantasma.

Eu a olhei com a respiração entrando e saindo com dificuldade pela minha boca entreaberta. Estava difícil me concentrar em uma base de pensamento lógica. Tudo estava embaralhado demais em minha mente, formando uma bola de fatos e verdades que eu jamais imaginei que pudessem existir.

- Luna, você está pálida... - Sofia disse se aproximando de mim. Agora eu pude perceber a preocupação e agonia em sua voz. - Sua mãe fez alguma coisa? O que aconteceu?

Mas eu não conseguia responder. O que ela dizia não fazia sentido, porque... eu não tinha uma mãe. Minha mãe estava morta. Meu pai estava morto. Diogo matou ele. Diogo não me amava... eu tinha sido apenas mais uma na vida do assassino do meu pai. Eu precisava de conselhos. Conselhos de mãe, mas ela não podia me dar. Não, ela não podia porque morreu no parto. Quando me deu a luz. Ela morreu por minha causa. Eu... a matei.

- Luna, fala comigo... - Sofia insistiu, mas eu mal escutei sua voz.

Lentamente minha cabeça se tornou pesada demais para ser sustentada em cima do meu pescoço. Meus pensamentos ficaram nebulosos, minha visão escureceu. Eu não pensei em mais nada e me deixei cair para trás, sem nenhuma condição de controlar meu corpo ou minhas ações, porém ainda pude ouvir Sofia gritar meu nome em pleno desespero antes de ficar completamente inconsciente.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Ela está em estado de choque. - Ouvi uma voz masculina dizer, mas estava tão longe que eu imaginei se seria um sonho. - Algo aconteceu. Ela deve ter recebido alguma notícia ou presenciado uma cena forte demais e não aguentou. Ela vai ficar bem, é só questão de tempo.

- O que aquela bruxa fez com você, amiga? - Agora era a voz de Sofia, mas estava igualmente distante.

- Vou tentar ligar pra ela de novo. - Reconheci a voz de Nicolas.

- Não adianta. - Sofia retrucou. - Eu já tentei mais de dez vezes. Ela não atende.

- Ela não pode simplesmente ter desaparecido. - Nicolas voltou a falar.

- Bem... parece que foi exatamente isso o que ela fez.

Eu apaguei de novo.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Você não pode me impedir de vê-la! - Uma voz assustadoramente familiar penetrou meus ouvidos, chegando como um furacão em meu cérebro.

Diogo?!

Tentei abrir meus olhos, mas todos os músculos do meu corpo se recusavam a obedecer meus comandos.

- É por sua causa que ela está aqui! - Ouvi uma Sofia furiosa gritar, como se estivesse prestes a esbofeteá-lo.

- Me deixe falar com ela, ela precisa me ouvir!

- Você não tem esse direito. Olhe só pra ela! Veja o que você fez!

- Sofia, por favor, eu preciso de uma segunda chance.

- O que você está fazendo aqui? - Agora era Nicolas, que estava surgindo sabe-se lá Deus de onde.

- Não. O que você está fazendo aqui? - Diogo perguntou irado.

- Eu não te devo satisfações. E posso garantir que ela não quer ver você agora.

- Porra, eu errei! Eu não queria magoá-la! Vocês não entendem...

- Saia daqui antes que eu chame alguém pra tirar você, Diogo.

- Não, eu não vou sair antes de falar com ela!

- Por favor, eu vou pedir pra que você se retire. - Não foi preciso Nicolas cumprir sua promessa. Outra voz masculina que eu não reconheci penetrou meus ouvidos.

- Não! - Diogo gritou. - Eu preciso falar com ela! Tire suas mãos de mim. Luna!

Eu não ouvi mais nada.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Abri meus olhos devagar. Minha cabeça girava, provavelmente devido aos remédios que estavam invadindo minhas veias através da mangueira que ainda estava encravada no meu braço por uma agulha.

Eu pisquei, tentando pensar claramente e organizar em minha mente todos os acontecimentos de que eu me lembrava das últimas horas, mas sabendo que eu não conseguiria fazer isso tão cedo, virei minha cabeça devagar e não me surpreendi quando Nicolas me olhou ao mesmo tempo, como se tivesse visto meu movimento com seu olhar periférico.

- Luna... - Eu não pude deixar de perceber o alívio evidente em sua voz. - Como você está se sentindo?

- O que você está fazendo aqui? - Respondi baixinho com outra pergunta.

- Sofia foi buscar roupas limpas pra você, e Luciana... - Ele deixou a frase suspensa, mas eu levantei minhas sobrancelhas incentivando-o a continuar. Ele suspirou. - A gente não consegue falar com ela desde que ela saiu do hospital depois de conversar com você. Aliás, o que aconteceu?

Desviei meu olhar enquanto a lembrança da última conversa que nós tivemos passou pela minha mente.

- Já ligaram pra sua mãe? Talvez ela possa saber de alguma coisa. - Disse disposta a focar o assunto no desaparecimento de Luciana.

- Sim. Também já procuramos na sua casa, na empresa e nas ruas com uma foto que achamos no porta retrato, mas a última pessoa que viu ela parece ter sido Sofia.

- Eu devo dizer que não me importaria nem um pouco se nunca mais ver ela na minha vida. - Murmurei indiferente.

Nicolas suspirou.

- Luna, ela é sua mãe.

- Não. - Olhei pra ele. - Ela não é minha mãe. Eu devo ter desmaiado por causa disso, mas quer saber? É um alívio saber que não tenho o sangue dela nas minhas veias.

Levou alguns segundos até que minhas palavras fizessem sentido pra ele, então ele franziu a testa.

- O que? - Perguntou confuso.

Dei de ombros.

- É isso. Você queria saber o que aconteceu. Ela me contou uma história bastante... dramática, e no final declarou com todas as letras que não é minha mãe. Na verdade eu nem sei por que fiquei tão chocada.

Os olhos de Nicolas estavam mais abertos que o normal, me encarando como se eu tivesse acabado de anunciar que no hospital havia uma bomba que explodiria em cinco segundos.

- Eu sinto muito. - Ele disse por fim.

- Eu não me importo. - Tentei soar indiferente, e felizmente consegui. - Já disse. É bastante satisfatório saber que eu não tenho nenhuma ligação com ela.

- Mas e sua mãe biológica? Ela disse alguma coisa sobre ela?

Respirei fundo. Essa, com toda a certeza, era a pior parte da história toda.

- Olívia. - Eu disse baixinho sem olhar pra ele, mas eu sabia que ele estava ouvindo. - Elas eram melhores amigas. Ela me falou. Assim como eu e Sofia.

- E onde ela está agora? Por que não cuidou de você?

- Está morta. - Levantei meus olhos pra ele. - Ela morreu no parto. É uma história triste, não é?

Nicolas ficou me olhando por um tempo antes de dizer qualquer coisa.

- Como você está se sentindo? - Perguntou.

- Bem. - Falei simplesmente.

- Eu não acredito em você. - Sua voz se suavizou e eu sorri fraco pra ele, sem mostrar os dentes.

- Eu não esperava mesmo que você fosse acreditar.

Ele se levantou da cadeira e caminhou até mim, se sentando na beirada da cama.

- E quanto a Diogo... o que aquele idiota fez?

Minha respiração ficou presa na garganta quando ouvi o nome dele e toda a sombra de sorriso desapareceu do meu rosto.

Eu levei um tempo pra formular uma resposta, e quando falei, minha voz saiu calma.

- Por que você não me diz?

Nicolas franziu a testa.

- Como assim?

- Comece me contando porque você escondeu de mim que seu irmão matou o meu pai.

Nicolas não respondeu na hora. Ele ficou me olhando com uma expressão ilegível, até que, enfim, sua voz se fez ouvir.

- Quem te disse isso?

- Não interessa. Eu só quero saber porque você não me disse. - Ele não respondeu. - Eu achei que amigos não guardassem segredos.

- Você não acreditaria em mim.

- Por que você tem tanta certeza?

- Porque você estava apaixonada por ele... e ainda está.

Abri minha boca, mas a fechei de novo quando não encontrei nada pra dizer. Ele tinha razão. Eu ainda estava fodidamente apaixonada pelo assassino do meu pai.

Maldição!

- Você devia ter me contado. - Minha voz tremeu.

Ele ficou me olhando por um tempo, então acariciou minha bochecha.

- Eu não queria machucar você.

Eu pisquei quando lágrimas surgiram em meus olhos.

- Eu já estava machucada, Nicolas. O problema é que ninguém percebeu.

Ele tirou a mão do meu rosto mas não respondeu. É claro que não. Eu quase podia ouvir as engrenagens do seu cérebro trabalhando euforicamente pra encontrar alguma coisa - qualquer coisa - pra dizer, mas ele não disse nada, então eu resolvi mudar de assunto.

- Como você descobriu?

Ele pensou um pouco, como se estivesse procurando um jeito de explicar algo que não tinha explicação.

- Foram pistas pequenas, quase imperceptíveis. Primeiro meu pai, depois o administrador dele... tudo estava ligado a ele, além das impressões digitais e outras pistas deixadas próximas ao local ou ao automóvel do crime. Era só juntar uma coisa na outra.

- Por que ele não está preso? - Perguntei de novo.

- Nenhuma das pistas que encontramos seriam capazes de levá-lo pra cadeia, mas eu e alguns detetives continuamos procurando.

Eu pisquei, olhando pra ele.

- Mas se vocês não encontraram provas concretas ainda, existem chances de ele ser inocente... não é? - De repente a esperança se acendeu como uma árvore de natal dentro de mim.

Nicolas me olhou por um tempo antes de responder.

- Eu não vou mentir pra você, Luna. Você mesma sabe como ele é bom em esconder pistas. Foi isso o que ele fez com o carro do Ricardo, mas como sabotagem é mais complicado, ele não conseguiu ser tão perfeito assim. Ele deixou pistas pra trás, mas mesmo sendo pequenas, eu ainda vou encontrar uma que provará decididamente que ele é o assassino.

Eu levei um tempo pra responder.

Okay, Diogo foi muito bom em esconder as pistas no carro que levariam até ele... mas ele realmente seria capaz de matar o próprio pai? Isso não fazia sentido...

- Eu não entendo... - Murmurei franzindo a testa. - Impressões digitais e pequenas pistas podem não dizer nada, Nicolas. Como você pode ter tanta certeza de que foi ele?

Eu sabia que minha pergunta estava sendo irracional, mas eu precisava saber; e o fato era que eu não estava pronta pra acreditar.

Enquanto houvesse uma ponta de esperança que Diogo poderia ser inocente, eu me agarraria a ela.

Nicolas não respondeu na hora. Ele permaneceu me olhando como se estivesse pensando em uma resposta ou decidindo se me contaria algo ou não. Por fim, pegou sua carteira no bolso de trás da calça e a abriu, tirando algo de dentro dela.

- Toma. - Ele disse me estendendo um pedacinho de papel queimado.

- O que é isso? - Perguntei.

- Há algum tempo atrás eu vi Diogo queimando algumas coisas no quintal da minha casa. Eu não desconfiei de nada, mas no dia seguinte soubemos que o administrador dele estava morto. Eu já sabia que ele tinha matado meu pai, e juntando uma coisa na outra... era quase lógico demais que o administrador dele tinha descoberto alguma coisa e ele resolveu calá-lo de uma vez.

Eu pisquei, tendo flashes rápidos do momento em que Sofia me contou essa parte da história.

- Eu sabia que ele era o assassino antes mesmo de descobrirem os freios do carro do seu pai cortados. - Nicolas continuou. - Eu só precisava de provas, então fui procurar no montinho de papel queimado que ainda estava no quintal. - Ele olhou o pedaço de papel na sua mão. - Eu devo admitir que ele fez um bom trabalho. O único defeito é que ele se esqueceu de conferir se tinha queimado tudo... e acabou deixando isso pra trás. - Ele estendeu novamente o papel pra mim, e dessa vez eu o peguei.

Meu coração parou por um momento quando percebi que não era um papel. Era uma foto.

- Agora me diga, princesa. - Nicolas continuou enquanto as lágrimas avançavam, vencendo todas as barreiras e prestes a escorrer pelo meu rosto. - Por que Diogo queimaria isso se ele não tivesse nada a ver com a morte do seu pai?

As lágrimas escorregam borrando minha visão, mas eu não desviei o olhar da foto. Eu estava sentada no colo do meu pai com os braços ao redor do seu pescoço dentro de uma lanchonete lotada, mas a gente não ligava. Estávamos sorrindo pra câmera.

Foi naquele dia que ele descobriu que tinha conseguido o emprego de administrador. Ele ficou tão feliz...

Jamais imaginei que o motivo de estarmos comemorando aquele dia seria o mesmo por que eu estaria chorando.

Fechei meus olhos e apertei a foto queimada contra o meu peito, enquanto uma torrente de lágrimas escorria pelas minhas bochechas.

Maldito emprego... maldito Diogo.

- Princesa... - Nicolas disse se aproximando de mim. - Eu não queria que você visse isso. Eu sinto muito. - Ele tentou me abraçar, mas eu o empurrei.

- Não. - Murmurei entre lágrimas com a mão em seu peito e olhei pra foto. - Ele tem que pagar. - Solucei. - Você tem que fazê-lo pagar, Nicolas.

- Eu sei. Eu estou tentando encontrar...

- Não! - Gritei voltando meus olhos pra ele. - Não é suficiente. Prisão, julgamento... nada disso é suficiente pra ele. - Levei um tempo até me acalmar, então quando voltei a falar, minha voz estava quase calma, embora carregada de ódio. - Eu não quero justiça. Eu quero vingança.

Nicolas ficou me olhando por um tempo como se não tivesse entendido, então franziu a testa.

- Eu acho que não entendi, Luna. O que exatamente você está me pedindo?

- Eu quero que ele pague... mas não em um tribunal. - Uma lágrima escorreu, mas eu fingi não notar. - Ele não foi justo com meu pai. Ele não merece justiça.

Nicolas franziu a testa ainda sem entender, então eu respirei fundo e fechei meus olhos.

- Eu quero que ele sofra. Da maneira mais cruel e impiedosa que existe. Quero que ele pague por toda a dor que ele nos fez passar... - Abri meus olhos novamente e fitei Nicolas, que me olhava com os olhos passivos, sem demonstrar nada. - Eu quero que ele sinta essa dor.

Nicolas piscou me olhando, mas sua expressão não mudou. Uma parte de mim queria saber no que ele estava pensando, mas a outra parte me convenceu de que era melhor eu não saber.

- Por favor. - Agora minha voz já estava por um fio. - Eu nunca te pedi nada na minha vida, Nicolas... mas estou pedindo agora. Faça ele sofrer. Prometa pra mim que vai fazê-lo pagar. Prometa que...

- Eu prometo. - Nicolas me cortou, e o jeito como ele falou, me fez crer que ele não costumava quebrar promessas... e aquela estava encabeçando o topo da lista.

Então as lágrimas escorreram.

Inferno! Por que eu estava chorando?! Ele merecia isso!

- Ei... - Nicolas me abraçou, e dessa vez eu não o impedi. - Tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem. Eu prometo...

Eu não sei por quanto tempo chorei, mas quando alguém limpou a garganta atrás de mim, eu já tinha me acalmado.

Levantei meu rosto do peito de Nicolas e olhei na direção de onde vinha o barulho.

- Atrapalho alguma coisa? - Sofia perguntou parada na porta, com uma bolsa pendurada no ombro.

- Não. - Falei me arrumando na cama, limpando o rosto com as mãos.

- Tudo bem? - Nicolas perguntou antes de se levantar.

Eu fiz que sim e ele se afastou de mim, enquanto Sofia se aproximava.

- Eu trouxe roupas limpas. - Ela disse colocando a bolsa do meu lado.

- Obrigada. - Respondi olhando a bolsa indiferente.

Ela ficou me olhando por um tempo antes de se virar pra Nicolas.

- Você pode deixar eu conversar com minha amiga um pouco?

Ele fez que sim.

- Claro. - Se virou pra mim. - Você vai ficar bem?

Eu balancei minha cabeça.

- Certo. - Se aproximando de mim, ele me deu um beijo na testa. - Eu vou em casa tomar um banho, mas eu volto, está bem?

- Tá. - Respondi enquanto ele pegava seu paletó em cima da cadeira.

- Cuida dela, Sofia.

- Pode deixar.

Quando Nicolas saiu eu olhei pra Sofia, que estava fitando minhas mãos.

- O que é isso? - Perguntou apontando com a cabeça.

Eu segui seu olhar e suspirei, observando a foto quase completamente queimada.

- Nicolas encontrou isso depois da morte do meu pai. Diogo estava queimando as provas, eu acho, e deixou isso passar despercebido.

- Deixa eu ver. - Sofia estendeu a mão e eu a entreguei. Ela trincou os dentes. - Filho da puta.

- Tudo bem. - Dei de ombros. - Ele vai ter o que merece.

Sofia desviou os olhos da foto, me olhando atentamente.

- Como assim?

- Eu fiz Nicolas prometer que faria ele pagar.

Sofia levantou as sobrancelhas se aproximando e se sentando na beirada da minha cama.

- Isso é o mínimo. Ele merece passar o resto da eternidade atrás das grades.

Mordi meu lábio inferior e fiquei tentada a dizer que "atrás das grades" não era bem o que esperava Diogo, mas reconsiderei minha ideia. Se ela tinha dado o assunto por encerrado, eu apoiaria.

- E quanto à bruxa? - Ela perguntou me devolvendo a foto. - O que ela fez?

Não precisei de muito tempo pra pensar. Decidi contar tudo, cada detalhe do que Luciana havia me contado. Quando terminei, uma ideia estava tomando meus pensamentos.

- Então quer dizer que aquela vagabunda mentiu esse tempo todo? - Sofia perguntou um pouco alto demais. - Caramba! A gente devia ter desconfiado! Você não tem nada a ver com ela.

- É, eu sei. Mas como...

- Esquece. Não ter o sangue dela nas suas veias é uma dádiva divina. Não me entenda mal, eu não estou feliz por sua mãe biológica ter morrido, mas agora nós podemos voltar pra Santa Teresa e recomeçar. Não tem nada que te...

- Eu não vou voltar. - Eu a interrompi.

Sofia me olhou um tempo antes de franzir a testa.

- E por que você ficaria aqui? - De repente sua expressão mudou. - Ah, não. Não me diga que você e Nicolas...

Balancei minha cabeça.

- Não tem nada entre a gente. E eu não disse que ficaria aqui.

Sofia estreitou os olhos sem entender.

- Como assim, Luna? Será que dá pra você me explicar o que tá passando nessa sua cabeça?

- Eu vou embora. Você lembra da minha avó, a mãe do meu pai... - Isso não foi uma pergunta, porque eu sabia que Sofia se lembrava. - No enterro dele ela me chamou pra ir pra Rondônia morar com ela. No dia eu recusei. Achei que era forte o suficiente pra aguentar a barra, mas agora... - Apertei meus lábios e balancei minha cabeça. - Agora eu sei que estava errada.

Sofia me olhava com os olhos mais abertos que o normal e por um tempo ela não disse nada, até que, enfim, piscou como se acordasse de algum transe.

- Você tá brincando. Quer dizer, você só pode estar brincando, não é?

Respirei, me dando conta de que isso não seria tão fácil como eu imaginava.

- Não, Sofia, eu não estou. Eu sei que é uma ideia absurda, mas...

- Absurda?! - Ela gritou. - Isso é loucura, Luna! De onde você tirou isso?! Só porque aquela puta não é sua mãe? Fala sério, você já aguentou tanta coisa pra desistir agora!

- Esse é o problema, Sofia. Eu já aguentei muita coisa, agora não consigo mais. Eu não tenho mais nada aqui.

- Nada? E eu? E Nicolas? E seus tios de Santa Teresa?! Nós somos nada pra você? - Uma lágrima fugiu dos seus olhos e ela limpou violentamente com as mãos.

- Não foi isso o que eu quis dizer. Eu só não...

- Escuta. - Ela me cortou com a voz fraca. - Nós podemos voltar pra Santa Teresa. Se você não quiser ficar com seus tios, tudo bem, você fica na minha casa. Eu tenho certeza que minha mãe vai te receber de braços abertos, você sabe disso.

- Pra que, Sofia? - Balancei minha cabeça. - Pra ter que conviver dia após dia lutando contra as lembranças do meu pai? Ter que encarar todos os dias os mesmos lugares que eu já estive com ele, e sabendo que ainda poderíamos passar por ali juntos, se Diogo não tivesse o matado? Qual é a lógica de voltar praquele lugar?

A expressão de Sofia mudou enquanto as lágrimas escorriam.

- Você não precisa ir embora. - Ela falou soluçando. - A gente pode... a gente pode...

Eu balancei a cabeça e segurei suas mãos, sabendo que ela não encontraria motivos que me fizessem ficar.

- Por favor, tenta me entender. - Falei com carinho, tentando não chorar junto com ela. - Eu não aguento mais ficar aqui, nessa cidade, em Santa Teresa... eu cansei de sofrer, amiga.

Ela soltou um suspiro que se misturou com seus soluços enquanto desviou os olhos, ainda com as mãos nas minhas.

- Eu posso te ajudar. - Ela disse entre lágrimas.

- Você sabe que isso não é verdade. Ninguém pode me ajudar.

Ela me olhou com seus olhos vermelhos e molhados.

- Eu não vou dizer adeus a você.

Eu sorri.

- É claro que não. Eu também não vou.

Ela soltou suas mãos e passou os braços ao redor do meu pescoço, soluçando em meu ombro.

- Amiga... - Eu disse sorrindo, abraçando-a também. - Eu não vou sair do país.

- Sabe onde fica Rondônia?! - Ela perguntou se afastando de mim. -É outro estado!

Levantei minhas sobrancelhas fingindo surpresa.

- Uau... o jeito como você está agindo parece que é outro planeta.

- Isso não tem graça. - Disse fungando, limpando os olhos.

- Okay, desculpa.

Ela me olhou, quase calma.

- Você já imaginou como Nicolas vai reagir a essa notícia?

Comprimi meus lábios.

- Ele não vai saber.

- Como...?

- Se ele souber ele vai tentar me impedir, e eu não quero que isso fique ainda mais complicado. Por favor, não conte a ele pra onde eu estou indo. Você promete?

- Não! - Ela gritou como se o que eu tivesse dito fosse a coisa mais absurda do mundo. - Eu não vou prometer nada. Ele tem que saber!

- Você vai prometer sim, sabe porque? - Perguntei inclinando a cabeça. - Porque você é minha confidente e minha melhor amiga. Você vai prometer.

Ela estreitou os olhos.

- Você tem alguma ideia do quanto eu te odeio?

Eu sorri.

- Eu sei. É por isso que eu só confio em você e vou precisar da sua ajuda.

- Pra que?

- Hm... primeiro preciso que chame a enfermeira pra tirar essa coisa do meu braço antes que Nicolas volte.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Eu e Sofia desembarcamos na rodoviária de Santa Teresa cerca de seis horas depois.

- Toma. - Eu disse entregando a ela meu cartão e um papel pequeno onde eu tinha escrito a senha da minha conta no banco. -Vamos seguir com o plano. Pegue tudo, não esqueça. Não deixe sobrar nada, nem um centavo.

- Tá. - Sofia disse pegando o que eu estendia e me entregando a pequena bolsa que eu tinha levado só com as coisas que eu mais iria precisar. - Nos encontramos no bar atrás da rodoviária daqui a meia hora.

- Certo. Não se atrase.

- Beleza. - Ela se afastou sem olhar pra trás.

Eu corri para um dos táxis que estava estacionado na frente da calçada e entrei, dando o endereço da mercearia do meu tio.

Enquanto o motorista dirigia, agradeci a Deus por ter me dado uma amiga como Sofia. Eu não me lembrava de sequer uma vez que ela tinha me decepcionado, por isso eu sabia que ela iria cooperar de acordo com o plano louco que eu e ela tínhamos traçado juntas enquanto estávamos no ônibus.

Quando o motorista parou o táxi na frente da mercearia, eu o paguei e desci, entrando e procurando com os olhos meu tio.

- Luna! - Ele veio ao meu encontro. - O que faz aqui? Você não devia estar na escola?

Ele me abraçou.

- Tio Davi, eu posso falar com você e tia Luara um pouco?

Ele me soltou e segurou meus braços, olhando meu rosto com uma expressão atenta e desconfiada.

- Você veio aqui pra conversar?

Dei de ombros com um sorriso torto.

- Eu acho que sim.

- Claro, querida. - Ele passou o braço pelas minhas costas. - Roberta, você segura as pontas pra mim?

A loira que eu reconheci da última vez que estive ali balançou a cabeça em sinal afirmativo.

- Venha. - Tio Davi me conduziu pra dentro. - E Diogo, não veio?

Engoli em seco.

- Não. - Disse simplesmente, evitando explicações.

- Hm... tudo bem. - Tio Davi resmungou percebendo a minha decisão. - Luara. - Ele disse me soltando, entrando na sala. - Veja quem veio nos ver.

Tia Luara veio ao meu encontro secando as mãos com um pano de prato.

- Luna! Que bom rever você! - Ela disse já me abraçando, com um beijo estalado na bochecha.

- É bom te ver também, tia Luara.

- Espera. Você não devia estar na escola? - Ela me olhou desconfiada.

- Ela disse que queria conversar com a gente. - Tio Davi falou por mim.

- Conversar? - Luara levantou as sobrancelhas. - Você saiu de Colatina só pra conversar com a gente?

- Sim... vocês têm um minuto?

- Oh, mas é claro, querida! Venha, sente-se.

Luara se sentou ao meu lado no sofá, e tio Davi ocupou sua cadeira de frente pra nós.

- E então, meu bem? Sobre o que você quer conversar?

- Sobre minha mãe.

Luara trocou olhares com Davi por um instante antes de se voltar pra mim.

- Luciana? Ela fez alguma coisa?

Balancei minha cabeça, olhando os meus dedos em cima do meu colo.

- Não sobre ela. Quero falar sobre minha mãe biológica. - Olhei pra Luara. - Olívia. Vocês a conheceram?

Luara ficou pálida, e essa foi toda a resposta que eu precisava.

- Luna, quem te disse isso? - Tio Davi perguntou e eu notei a surpresa e o choque em sua voz.

- Luciana. - Respondi me virando pra ele.

Eu devia admitir que estava surpreendendo até a mim mesma com minha serenidade.

- Olha, eu queria te contar. - Tia Luara disse em tom de defesa.

- Tudo bem. - Me virei pra ela. - Eu acho que já me acostumei a ser enganada. Eu só quero saber o sobrenome dela.

Luara olhou Davi, depois se voltou pra mim confusa.

- Por que?

- Quero visitá-la.

Ela respirou fundo e eu pude ver toda a pena estampada em seus olhos. Quase podia ler em sua expressão: "Pobrezinha. Temos que ter muito cuidado com ela, porque a vida dela está uma droga.", mas eu fingi não notar.

- Borsarini... - Tia Luara espremeu os lábios me olhando. - O túmulo dela está do lado do seu pai.

Eu sorri, mas sabia que o sorriso não tinha chegado aos meus olhos.

- Borsarini... é um sobrenome bonito.

- Eu sinto muito, Luna. - Tio Davi disse com carinho.

Balancei minha cabeça.

- Eu sei. Eu também sinto.

Luara segurou minhas mãos.

- Seu pai te amava, por isso ele resolveu esconder isso de você. Ele só não queria te ver sofrer.

Eu fiquei olhando pra ela por um tempo, e quando as lágrimas brotaram em meus olhos eu pisquei, fazendo-as voltar. Eu não me daria o luxo de chorar. Não ali e não naquela hora.

- Eu só queria saber o nome. - Eu disse pegando minha bolsa no sofá e me levantando. Meus olhos encontraram um celular em cima da mesa de centro e eu respirei fundo, esperando que a segunda parte do plano desse certo. - Pode me emprestar o telefone? Preciso fazer uma ligação.

- Claro, querida. Leve o tempo que precisar.

Sorri como forma de agradecimento e peguei o telefone, saindo da sala em direção à mercearia. Eu sabia que eles iriam falar sobre mim agora, mas desde que eles me dessem um tempo, eu não me importava.

Liguei o telefone quando estava fora da vista deles, e, felizmente, não era necessário desbloquear com nenhuma senha.

Percorri a lista telefônica rapidamente procurando por um nome em particular, e quando achei, salvei o número em meu celular. Em seguida, liguei pra Sofia do telefone do tio Davi.

- Alô? - Ela atendeu no primeiro toque.

- Oi, sou eu. Pegou o dinheiro?

- Não. Caraca, essa fila tá quase contornando a esquina!

- Escuta, eu preciso passar em um lugar antes. Você acha que vai se atrasar por causa da fila?

- Não. Qualquer coisa eu corto. - Ela abaixou o tom da voz. - Tem um gatinho ali na frente que não para de olhar pra mim. Tenho certeza que ele não vai se importar de me deixar entrar na frente dele.

Eu sorri.

- Sofia, foca em mim. Não se distraia, por favor.

- Relaxa, garota. Eu sei o que estou fazendo. Espera, ele fez sinal pra eu ir até lá. Preciso desligar. Acho que vou sair daqui antes do que esperava.

- Tudo bem. Deixa eu te pedir só mais uma coisa?

- Fala logo.

- Se eu me atrasar, adianta a passagem pra mim. Eu vou tentar não demorar.

- Beleza, até mais.

Ela desligou antes de ouvir minha resposta, mas eu não me importei. Afinal, também estava apressada.

Quando voltei pra sala, percebi que tio Davi e tia Luara interromperam uma conversa.

- Obrigada. - Entreguei o telefone.

- Você quer que a gente vá com você? - Tia Luara quis saber.

- Não. Eu vou ficar bem. - Me virei pra sair, mas me voltei pra eles de novo. - Obrigada pelo que vocês fizeram. Eu sei que só queriam me proteger.

Eles me olharam por um instante, então sorriram.

- Que bom que você sabe, meu bem. - Tia Luara disse com carinho.

Um canto da minha boca se ergueu em um sorriso torto, então eu saí sem olhar pra trás.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Me espere aqui, eu não demoro. - Eu disse enquanto abria a porta do táxi e descia.

Entrei no cemitério e percorri o caminho que eu já conhecia tão bem, embora só tivesse estado ali duas vezes.

- Oi, papai. - Eu disse quando parei na frente do seu túmulo. - Eu vim me despedir. E vim dizer que... eu não estou brava por você ter escondido de mim que eu não tinha uma mãe. Eu só não entendo, mas também não fico brava com você. - Apertei com força a alça da minha bolsa que estava pendurada no ombro. - Eu sinto muito pelo que aconteceu. Você sabe. Eu não imaginava que você tinha sido assassinado. Me desculpe por... ter gostado dele. - Meus lábios tremeram e uma lágrima escorreu. Fechei meus olhos e respirei, limpando o rosto com a mão. - Ele vai pagar, papai. Eu prometo.

Permaneci olhando seu túmulo por alguns segundos, até ser capaz de me virar para olhar o túmulo que, pela minha visão periférica, percebi que estava mais perto do dele.

Meu coração parou por um momento quando consegui ler:

"Olívia Borsarini
Nascimento: 24/03/1982
Falecimento: 15/08/1997

A certeza de que você existe em algum lugar e olha por nós, algumas vezes nos ajuda a viver."


Respirei profundamente e me aproximei, já sentindo meus olhos banhados em lágrimas.

Me ajoelhei e passei lentamente os dedos em seu nome. Uma lágrima escorreu.

- Oi mamãe. - Falei baixinho. - Você não tem ideia do quanto eu sinto sua falta, mesmo nunca tendo a chance de te conhecer.

Fechei meus olhos e duas lágrimas se desprenderam ao mesmo tempo.

- Eu sinto muito que você tenha morrido por minha causa... - Abri os olhos. - Eu queria tanto que você estivesse aqui. Minha vida tem sido horrível sem você, mamãe. E o papai morreu também. Agora eu estou sozinha, você vê? Não tenho mais ninguém.

Apertei meus lábios e solucei, enquanto as lágrimas escorriam sem descanso.

- Eu só queria que alguém estivesse comigo, sabe? Queria que alguém pudesse me fazer acreditar que tudo ficaria bem, mas como isso é possível, mãe? Nada vai ficar bem! Por que você não escolheu se salvar? Por que salvou a mim? Seria tão mais fácil se você tivesse me deixado morrer em seu...

Um rajada de vento soprou forte, fazendo as folhas secas no chão voarem em todas as direções e meu cabelo se agitar.

Apertei os olhos para evitar que ciscos entrassem e olhei ao redor. Aquilo parecia um redemoinho, e eu consegui ver uma árvore se inclinando levemente com a sua força.

Merda. Parecia que uma tempestade estava vindo por aí...

Mas então acabou. O vento se afastou do mesmo jeito que havia chegado: inesperadamente.

Franzi a testa enquanto voltava a respirar normalmente e me virava para o túmulo.

Uma ideia estranha tomou meus pensamentos, mas resolvi afastá-la para longe.

- Eu... só não sei se estou pronta pra enfrentar a vida. Ela parece ser tão difícil, e eu só tenho dezessete anos. - Balancei minha cabeça e suspirei. - Mas eu estou tentando. E eu vou tentar sempre, porque agora eu sei que você desistiu de sua própria vida pra que eu pudesse viver a minha, então... eu não vou decepcionar você, mamãe. - Passei novamente os dedos sobre seu nome na lápide e mordi meu lábio, tentando conter as lágrimas. - Eu prometo... que eu não vou decepcionar você.

Me levantei devagar e olhei uma última vez para os dois túmulos das duas pessoas mais importantes que já existiram na minha vida. Eu não sabia se voltaria a vê-los algum dia, então prestei muita atenção pra gravar aquela imagem na minha memória.

Quando voltei para o táxi, um vento leve e suave fazia meu cabelo balançar.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Onde você estava?! - Sofia gritou eufórica vindo em minha direção. - Seu ônibus sai em seis minutos! Eu achei que você ia perdê-lo.

- Tudo bem, eu estou aqui. Você comprou a passagem?

- Comprei. - Ela me estendeu uma bolsa média e abaixou o tom da voz num simples sussurro. - Me diz como seu pai conseguiu juntar tanto dinheiro.

- Era pra minha faculdade. - Peguei a bolsa. - Quanto tinha?

- Vinte e oito mil e mais alguma coisa. Eu não gravei o número todo.

Eu ri enquanto abria a bolsa e tirava algumas notas grandes de dentro.

- Obrigada. - Disse enquanto estendia as notas pra ela.

Ela franziu a testa me olhando.

- Pra que isso?

- Compre alguma coisa bonita. Eu sei que não consigo pagar tudo o que você faz por mim, mas pelo menos posso fazer algo por você.

Ela piscou, sem desviar os olhos do meu rosto.

- Lembra aquela bolsa que vimos no shopping? Eu acho que ela deve estar em liquidação.

Ela sorriu.

- Ela deve nem existir mais.

Dei de ombros.

- Então encontre outra.

Ela continuou me olhando por um tempo, então pegou as notas e jogou os braços ao redor do meu pescoço.

- Eu vou sentir tanto a sua falta. - Falou com a voz fraca.

- Eu também. - Retribui seu abraço.

Ela sorriu se afastando.

- Você já ligou pra sua avó?

- Liguei quando estava vindo pra cá. Ela disse que ia me esperar na rodoviária. Eu tive trabalho pra convencer ela a não falar com ninguém que eu estava indo por enquanto.

- Então não foi difícil conseguir o número?

- Não. - Eu sorri. - Só precisei de uma desculpa pra pegar o telefone do meu tio.

- Sei. - Ela fungou. - E a melhor desculpa era ligar pra mim.

- Claro. - Dei de ombros. - Então, se eles te ligarem antes de eu chegar lá, invente alguma coisa. Assim que eu chegar eu ligo pra eles.

Ela balançou a cabeça.

- Você percebe o quanto essa é a ideia mais louca do mundo?

Eu ri.

- Eu sei. - Mordi meu lábio enquanto meu sorriso desaparecia. - Se cuida, tá bom?

Ela fez que sim.

- Você também.

Eu respirei profundamente e soltei o ar devagar.

- Não esquece de me ligar. - Ela disse.

- E você não se esqueça de mim.

Ela sorriu triste.

- Nem se eu quisesse.

Mordi meu lábio e a abracei de novo.

- Eu te amo, amiga. - Falei de olhos fechados.

- Você vai perder seu ônibus. - Ela respondeu.

Eu a conhecia bem o suficiente pra saber que ela só queria que eu fosse logo pra que pudesse chorar em paz, e isso fez meu coração apertar.

Me afastei e a olhei de novo por um tempo.

- Vê se não faz besteiras enquanto eu estiver fora.

Ela sorriu.

- Deixa comigo.

Eu ri de volta e caminhei até o ônibus, entregando minha passagem ao motorista que estava na porta. Depois de conferir, ele me devolveu e eu entrei, procurando a poltrona 32.

Me sentei na janela e olhei pra fora. Sofia acenou pra mim, mas eu percebi uma lágrima escorrendo em seu rosto.

Eu sorri com carinho pra ela e acenei de volta.

Algum tempo depois, quando o ônibus se afastou deixando minha amiga pra trás, eu encostei minha cabeça na janela, fechei os olhos e chorei.

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