Capítulo 18
- Assim está bom pra você? - Diogo perguntou quando me viu entrar na cozinha, depois de eu ter me acalmado o suficiente pra trocar minha blusa rasgada.
Olhei para o trabalho que ele tinha feito com fita adesiva. Ricardo estava sentado em uma das cadeiras da cozinha com a cabeça caída pra frente e os braços amarrados atrás das costas.
Diogo disse que amarrá-lo não seria necessário, já que não havia possibilidades de ele acordar antes que ele o tirasse da minha casa, mas eu insisti, porque certamente não estava preparada para ver se ele tinha razão.
Engoli em seco enquanto meu coração se paralisada por um segundo. Só de olhar pra ele eu ficava tonta. A alguns minutos atrás, esse homem amarrado na cadeira da minha cozinha tentou me estuprar...
Um arrepio percorreu meu corpo e eu desviei o olhar, balançando uma vez minha cabeça em tom afirmativo.
- Pra que isso? - Ele voltou a perguntar quando notou um paninho amarelo e um vidro de álcool na minha mão.
Eu o olhei.
- Tem sangue na sua boca. - Murmurei apontando com a cabeça.
Ele passou o dedo no canto do seu lábio e observou o líquido vermelho que o sujou, denunciando que eu estava certa. Então voltou os olhos pra mim sorrindo.
- Você vai me limpar?
Meu rosto ficou vermelho.
- Você pode fazer isso, se quiser. - Ofereci o pano e o álcool a ele.
Ele fez que não com a cabeça e puxou a cadeira mais afastada de Ricardo.
- Você limpa. - Então se sentou, oferecendo seu rosto a mim.
Eu suspirei e caminhei devagar até ele, lutando contra o impulso de correr e o abraçar apertado, sem intenção alguma de soltá-lo.
Me ajoelhei na frente dele entre suas pernas e molhei o pano com álcool. Com todo o cuidado passei o pano no canto de sua boca, onde o sangue já estava quase totalmente seco. Mordi meu lábio. Isso seria um pouquinho mais difícil do que eu supunha...
Ele acompanhava cada movimento meu com os olhos, sem desviá-los nem por um segundo. Me perguntei se ele estava se lembrando de piscar.
Vários segundos se passaram enquanto um silêncio constrangedor pairava entre nós. Ele apenas me olhava, e apesar das milhares de perguntas que tomavam conta da minha mente, eu ainda não tinha encontrado um jeito de colocá-las pra fora.
Ele estava aqui... como isso era possível? A última vez que eu o vi, ele estava furioso me olhando enquanto eu me afastava com Cristiano. Isso mais parecia um sonho ou novela, quando a mocinha está em perigo e o príncipe encantado surge para salvá-la.
Deus... Ele está aqui!
- Vamos lá, pergunte. - A voz de Diogo me tirou do meu devaneio enquanto eu passava o paninho em sua boca. - Eu consigo ver a dúvida em seus olhos. Pode perguntar.
Engoli e molhei novamente o paninho com álcool enquanto pensava em como colocar minhas dúvidas em palavras. Por fim suspirei enquanto voltava com o pano para o rosto dele.
- Como você chegou aqui?
Ele sorriu.
- Eu devia estar de castigo, mas quando ouvi minha mãe mandando esse desgraçado vir trazer sua mãe em casa eu tive que violar as regras.
Estava difícil organizar tudo em meu cérebro, então levei um momento para formular a próxima pergunta.
- Por que você faria isso? - Minha voz quase sumiu.
Depois de tudo... como ele ainda podia se importar comigo?
Ele levou um tempo pra responder, então segurou minha mão que estava limpando sua boca, me fazendo parar e olhar pra ele.
- Luna, você não tem nenhuma ideia do que eu seria capaz de fazer por você.
Meu coração errou uma batida e adotou um ritmo acelerado.
Bem... agora eu tinha.
Ele soltou minha mão e eu retomei meu trabalho.
- E se sua mãe descobrir?
- Nicolas está me dando cobertura.
Pisquei olhando pra ele quando minha mão se paralisou sobre seu rosto.
- O que...? - Eu não devia ter escutado direito.
Nicolas? O mesmo que ele tinha chutado?
Ele deu de ombros.
- Parece que ele também se importa com você.
Sem querer, eu apertei o pano em sua boca mais do que deveria.
- Au... - Ele fez uma careta de dor.
- Oh, me desculpe. - Tirei o pano e fiquei o olhando por um momento, enquanto ele me olhava de volta.
Anjo... meu anjo.
Balancei levemente minha cabeça e molhei o pano de novo.
- Você não precisava ter feito aquilo com ele. - Murmurei.
- Nem você. - Ele respondeu enquanto eu erguia minha mão para sua boca e eu corei sabendo do que ele estava falando. - O que foi aquilo? Queria me deixar com ciúmes?
Suspirei mas não respondi na hora. Bem, na verdade nem eu mesma sabia mais o que queria com aquele beijo...
- O que você vai fazer com Ricardo? - Perguntei tentando mudar de assunto, e, felizmente, consegui.
Ele deu de ombros.
- Não sei. Provavelmente ele vai ficar desacordado por no mínimo duas horas, então eu estava pensando em largá-lo em algum lugar isolado ou entregá-lo á polícia. O que você quer que eu faça? - Ele me olhava sério, e eu sabia que não estava brincando.
Pensei por um momento, enquanto minha mente trabalhava eufórica tentando captar e entender os fatos.
- Eu não queria que ninguém soubesse. - Respondi e me levantei. Ele já estava limpo.
Na minha opinião, isso seria humilhante demais. Como Karen iria reagir quando soubesse que seu marido tinha tentando estuprar a garota que foi noivinha em seu casamento? E se ela o amasse o suficiente para duvidar de mim e de Diogo e acreditar em quaisquer que fossem as mentiras que ele a contasse? Isso seria... ah, isso seria terrível.
- O que...? - Diogo pareceu não entender o que eu estava dizendo.
- Eu queria que isso ficasse entre a gente. Fala pra ele que... se ele contar pra sua mãe que você fugiu do castigo você revela tudo o que ele fez.
Os olhos de Diogo se arregalaram com a surpresa, mas eu consegui perceber um leve sorriso em seus lábios.
- Depois de tudo o que aconteceu, é comigo que você se preocupa?
Dei de ombros. Na verdade, sim. Eu estava tremendamente preocupada com o que Ricardo faria quando acordasse. E se ele tentasse se vingar de Diogo? Tremi com essa ideia.
- Luna... - Eu olhei pra Diogo quando ele me chamou. Qualquer sombra ou sinal de humor havia desaparecido de seu rosto. - Você tem alguma ideia do quanto eu quero matá-lo agora?
Engoli em seco. Merda. Matar alguém não era assim tão simples.
Levei alguns segundos pra encontrar minha voz.
- Não, eu não tenho nenhuma ideia. Mas de qualquer forma você não vai fazer isso. - Esperei que apenas essa frase fosse o suficiente pra tirar essa ideia louca da mente de Diogo, mas ele inclinou a cabeça para o lado, deixando claro que seus pensamentos não tinham mudado.
- Você não é como ele. - Tentei de novo e dessa vez pareceu funcionar, porque sua expressão mudou de repente.
Ele olhou para o corpo de Ricardo largado na cadeira e permaneceu o observando por um momento.
- Tem razão. Eu não sou. - Então se virou pra mim. - Mas eu não entendo. Ele quase matou você, e agora você quer que ele simplesmente saia da sua como se nada tivesse acontecido?
Balancei minha cabeça.
- Sim. Ele não vai mecher comigo de novo...
- Como você pode ter tanta certeza?
Dei de ombros e sorri tímida.
- Não depois de saber do que você é capaz de fazer pra me manter segura.
Diogo ficou me olhando por vários segundos antes de dizer qualquer coisa.
- Você tem certeza de que é isso o que você quer?
Fiz que sim de novo.
- Tenho.
Ele suspirou e se levantou.
- Certo. Hora de acordar o filho da puta. Você pode pegar uma bacia com água pra mim?
Eu corri até o armário e peguei uma vasilha de plástico, enchendo-a com água na torneira da pia. Entreguei a Diogo.
Ele caminhou até Ricardo e com apenas um movimento, esvaziou toda a vasilha em cima de seu rosto ensanguentado.
Ricardo tossiu antes de abrir os olhos.
- Acorda. - Diogo deu tapas fortes em seu rosto. - Vamos lá, eu preciso de você acordado.
Ricardo abriu os olhos devagar enquanto sua cabeça se inclinava, parecendo pesada demais para ser sustentada em cima do pescoço.
- Não durma. - Diogo bateu de novo em seu rosto. - Você está me ouvindo?
Então Ricardo olhou pra ele com a cabeça ainda abaixada. Pelo seu olhar, eu podia garantir facilmente que ele queria matar Diogo até mais do que Diogo queria matá-lo.
- Você vai sair daqui e vai pra casa fingindo que nada aconteceu, mas nós temos algumas condições. - Diogo me olhou. - Você quer falar?
Os olhos de Ricardo se dirigiram pra mim enquanto eu parava de respirar.
Merda. Eu não estava pensando que teria que dizer alguma coisa. Eu sequer conseguia pensar direito, quem dirá falar...
Olhei para baixo sentindo meu coração acelerar, enquanto o homem que a poucos minutos atrás quase me estuprou, me olhava com uma raiva mortal nos olhos.
- Luna, ele não vai machucar você. - A voz de Diogo soou gentil, carinhosa.
Eu o olhei e encontrei ele olhando pra mim. Então me virei pra Ricardo.
- Você vai embora, mas se contar pra Karen que Diogo fugiu do castigo nós vamos contar o que você tentou fazer comigo.
Diogo sorriu.
- Vago demais, baby. - Se virando pra Ricardo. - Vou explicar melhor. Você vai voltar pra casa e dizer à minha mãe que foi assaltado e o bandido te deu uma surra. Ela vai acreditar, porque até hoje nunca duvidou das suas mentiras. Nem pense em dizer que eu saí de casa, então tudo estará bem. Mas eu vou deixar uma coisa clara. Toque na Luna de novo, e eu não vou te levar à polícia, nem contar a minha mãe, nem te deixar desacordado. Eu vou te enterrar vivo e você vai desejar que eu tivesse te matado. Isso é uma promessa. Será que eu fui claro?
Ricardo olhava Diogo como se seus olhos fossem metralhadoras. Então, depois de alguns segundos ele fez que sim com a cabeça.
- Claro como a água.
- Ótimo. Eu vou te soltar agora, mas tente alguma coisa e eu vou garantir que você passe um bom tempo na cadeia por tentativa de estupro. E eu estou certo que homens como você não têm um final muito feliz lá dentro. Você me entendeu?
Ricardo não respondeu. O olhar que ele lançava a Diogo fazia arrepiar cada fio de cabelo que existia em meu corpo.
- Você entendeu? - Diogo perguntou de novo, dessa vez mais firme.
- Entendi. - Ele respondeu entre os dentes.
Diogo deu a volta na cadeira e desprendeu suas mãos.
- O que vocês vão fazer com meu carro? - Ricardo perguntou esfregando os punhos.
- Nós vamos pensar em alguma coisa. Talvez eu o abandone em algum terreno abandonado.
- Você sabe que eu vou dar queixa, não é? Eles vão encontrar suas digitais...
- Quer saber? Faça o que você quiser, mas saia logo daqui.
Eles continuaram se olhando por algum tempo, então Ricardo se virou pra mim. Meu coração foi a mil. Depois de algum tempo ele se voltou pra Diogo.
- Vai ter troco, Diogo. Anote isso. Vocês dois... vocês me pagam por essa humilhação.
- Eu estarei esperando. - Diogo respondeu.
Então Ricardo se virou e saiu, deixando seu carro pra trás.
Meu coração ainda não tinha se acalmado quando Diogo se virou pra mim.
- Tudo bem? - Ele perguntou acariciando minha bochecha com o polegar.
Fiz que sim com a cabeça.
- Você acha que ele vai cumprir a promessa que ele fez? - Bem, eu precisava saber, já que não tinha chances de eu me acalmar enquanto isso ecoasse em minha mente.
- Não. - Diogo balançou a cabeça. - Foi apenas uma ameaça vazia.
Tentei me agarrar a essas palavras, mas não consegui. Por mais que eu quisesse, foi difícil acreditar, então eu olhei para o chão e balancei a cabeça uma vez.
- Você vai ficar bem? - Ele perguntou sem nenhum momento parar de fazer carinho em meu rosto.
Eu o olhei.
- O que?
- Eu preciso ir agora. Tranque a porta e feche todas as janelas. Por favor, não saia de casa. Você já teve adrenalinas demais por hoje. Acha que consegue passar o resto da noite longe de problemas?
Engoli em seco enquanto meus olhos se arregalaram com o pavor.
Não! Ele não podia ir agora! Ele ia me deixar aqui com minha mãe quase morta de tanto beber depois de eu quase ser estuprada?!
- Eu... pensei que você fosse dormir aqui.
Ele sorriu.
- Eu adoraria, baby. Mas infelizmente estou de castigo, lembra? Eu nem sequer deveria ter saído de casa.
Minha respiração ficou irregular.
- Diogo, por favor... - Eu segurei sua mão. - Eu não quero ficar sozinha. Não me deixe sozinha, por favor! Você não pode ir... Fica comigo!
- Ei. - Suas sobrancelhas estavam erguidas com a surpresa. - Calma. Tudo bem... - Ele me abraçou. - Eu estou aqui. Vou ficar com você.
Fechei meus olhos enquanto o agarrava forte. As lágrimas ameaçando descerem em enxurradas pelo meu rosto.
- Eu preciso ir em casa. - Ele disse de novo. - Preciso convencer minha mãe de que aceitei o castigo, mas eu volto.
Eu me afastei e o olhei.
- Em quanto tempo?
- O mais rápido que eu puder.
Eu pisquei. Meu coração ameaçando sair fora do peito, tão forte que estavam sendo suas batidas.
- Por favor, não demore.
Ele sorriu e se aproximou de mim, prendendo um cacho do meu cabelo atrás da orelha.
- Eu prometo que em vinte minutos estarei de volta. Tranque a porta, está bem?
Fiz que sim com a cabeça.
Ele me deu um beijo na testa.
- Eu não vou demorar. - Então se afastou, saindo pela porta.
Respirei fundo, antes que uma onda de adrenalina passasse por mim, então antes de pensar, corri na direção dele.
- Diogo!
Ele se virou bem a tempo de eu agarrá-lo pela gola da camisa e me erguer na ponta dos pés para beijá-lo.
Por um segundo ele se paralisou com a surpresa, então me segurou contra ele, retribuindo meu beijo.
Envolvi meus braços ao redor do seu pescoço enquanto nossas línguas se tocavam em um ritmo desesperado.
Ah... quanta falta eu senti desse beijo.
Por que me torturei por tanto tempo? A quem eu estava querendo enganar? Eu jamais senti por alguém o que eu sinto por ele... dane-se a Evellin! Ela que pense de mim o que quiser, eu quero Diogo com todas as minhas forças e agora sei que ele me quer também. Foda-se todo o resto.
Ele é meu e eu sou totalmente dele.
Quando nos afastamos, ambos estávamos ofegantes como se o que tivesse acontecido fosse bem mais que um simples beijo.
- Eu te amo. - Murmurei ainda de olhos fechados com minha testa encostada na dele.
Ele suspirou antes de me beijar de novo, então se afastou, me segurando contra ele por mais alguns segundos.
- Tranque a porta, por favor. Eu não quero você em mais perigos.
Fiz que sim com a cabeça, então ele deu um último selinho em minha boca antes de virar e entrar em seu carro.
Ele colocou o cinto e um momento depois o carro andou até chegar na minha frente, então ele abaixou o vidro da janela.
- Entre, Luna.
Eu fiz que sim e me virei, entrando em casa. Antes de fechar a porta eu o olhei por algum tempo.
Ele sorriu.
- Feche a porta.
Eu sorri de volta e obedeci, colocando a porta entre eu e ele e a tranquei.
Do outro lado, ouvi seu carro se afastar.
Me virei e olhei ao redor enquanto tentava me convencer de que o fato de ele não ter falado que me amava também não significava nada. Ele não precisava falar. Ele demonstrava isso o tempo inteiro.
Minha casa parecia tão grande sem ele aqui... e eu parecia tão desprotegida.
Respirei fundo. Era apenas impressão. Eu estava sozinha, e com toda a certeza, Ricardo não voltaria.
Conferi três vezes todas as janelas para ter certeza de que estavam trancadas, então fui para o quarto da minha mãe. Ela estava dormindo como uma pedra, completamente alheia ao que tinha acontecido a poucos metros de distância de onde ela estava.
Ótimo. Eu não queria mesmo envolvê-la nisso. Ela não precisava saber. Não tinha nada a ver comigo.
Fui para o meu quarto e encontrei meu celular na mesinha de cabeceira.
Eu precisava falar com alguém, ou com certeza iria pirar antes de Diogo voltar.
Liguei pra Sofia.
- Hey garota! - Ela atendeu no segundo toque. - Enfim resolveu me ligar. Como foi o dia?
Ah... ela não fazia nenhuma ideia.
- Exaustivo. Eu precisava conversar com alguém.
- Luna, que foi? Você não parece bem.
Sorri. As vezes Sofia me conhecia melhor até do que eu mesma.
- Estou sozinha. Isso está me deixando louca.
- Sozinha? Você não está bem porque está sozinha? Luna, são quase onze horas. Quem você queria que estivesse com você?
Diogo, mas ele ainda não está aqui...
Suspirei.
- Só estou sentindo sua falta.
- Eu também sinto a sua, mas te conheço bem o suficiente pra saber que não é só isso. Desembucha. O que houve?
Respirei fundo. Por que ela tinha que me conhecer tão bem?
Certo. Era inútil tentar esconder algo dela, e além do mais ela era minha melhor amiga. Estava na lista das pessoas que precisava saber.
- Quase fui estuprada essa noite.
Do outro lado do telefone Sofia ficou em silêncio por um momento e imaginei se a ligação tinha caído, então a voz dela se fez ouvir.
- Desculpe, o que você disse? Eu acho que não entendi.
Suspirei enquanto caia de costas na cama.
- Eu te contei que seria dama em um casamento... acho que o noivo não era muito fiel.
Eu podia sentir a surpresa e o pavor no rosto dela.
- Luna, eu não... o que... quer dizer, você pode repetir por favor? Eu realmente acho que não entendi.
Certo... isso seria difícil.
- O noivo do casamento em que eu fui dama tentou me estuprar a alguns minutos atrás. Você sabe como é... tentou enfiar o pau dele em mim contra a minha vontade. Entendeu agora ou quer que eu desenhe?
Eu quase podia ver a boca de Sofia aberta.
- Puta que pariu, Luna! Como isso aconteceu?! Já tomou algum calmante?! Denunciou o filho da puta?! Não, eu vou matar ele! E como você me conta isso tão naturalmente assim?! Por acaso tem alguma noção do quanto isso é grave?! Você já contou pra bruxa da sua mãe?! Cara, se ele tiver machucado você eu vou arrancar o pinto dele com uma pinça. Como você...
- Sofia. - Eu a cortei no meio da frase. Estava na hora de ela me deixar falar um pouco. - Eu estou bem. Diogo chegou na hora e meio que... me salvou. Quer dizer, eu acho que...
- Ah, é claro que aquele gostoso devia estar no meio. O que ele fez? No mínimo matou o desgraçado. Quando ele vai ser enterrado? Vou convocar as meninas pra jogar pedras no caixão dele. Espero que ele apodreça no inferno! E você, já...
- Espera! Sofia, eu não estou conseguindo te acompanhar... Diogo não matou ele. Apenas deixou ele desacordado, mas eu pedi que ele fosse embora e...
- Ei ei ei... vai com calma aí. Quem você mandou ir embora?
- Hm... o Ricardo.
- Ricardo, o estuprador?
- Sim. - Respondi hesitante já afastando o telefone do ouvido, prevendo o impacto que aquela notícia iria causar.
Eu estava certa.
- Você está louca?! Luna, Você tem algum problema de cabeça?! Sabe onde esse desgraçado pode estar agora?! Ele devia estar no mínimo atrás das grades, servindo de puta para os presidiários! Como você deixou ele sair? Não... o Diogo não concordou com isso, não é? Ele não seria idiota o suficiente pra...
- Ele não vai me perturbar de novo.
- Como você pode ter tanta certeza? Eu vou te dizer uma coisa, Luna...
Do meu quarto ouvi alguém bater na porta e me levantei com um salto.
- ... se aquele filho da puta encostar em...
- Sofia, eu preciso ir agora. - Murmurei já descendo as escadas de dois em dois degraus. - Te ligo depois.
- Luna, o que... - Mas eu não escutei seu protesto. O telefone já estava longe do ouvido, então eu desliguei.
- Quem é? - Minha voz tremeu quando eu perguntei.
- Baby, sou eu.
Abri a porta e sem pensar duas vezes pulei em Diogo, envolvendo meus braços ao redor do seu pescoço e minhas pernas ao redor de sua cintura. Ele riu enquanto me pegava com um braço, me segurando contra ele e fechou a porta quando entrou.
- Uau... se eu soubesse o quanto você iria sentir minha falta eu teria me apressado mais.
Eu ri e ele me colocou no chão.
- Tudo bem?
Balancei minha cabeça.
- Estava conversando com Sofia.
- Você contou a ela?
- Mais ou menos. - Dei de ombros. - Ela é minha melhor amiga. Eu não escondo nada dela.
Ele sorriu e se aproximou, me envolvendo em um beijo. Depois de alguns segundos ele se afastou.
- Você precisa dormir. Está tarde.
- Eu não sei se vou conseguir dormir essa noite. - E isso era verdade. Não depois de tudo o que aconteceu.
- Luna, eu estou aqui. Não vou deixar nada acontecer com você. Está na hora de ir dormir.
Eu pensei por um momento.
- Não é culpa minha se eu não conseguir. - Murmurei.
- Mas você pode tentar.
Suspirei.
- Tudo bem. Venha. - Me virei pra escada.
- Onde?
Eu olhei pra Diogo de novo.
- Anh... dormir...?
Ele sorriu.
- Quer que eu durma com você?
- Bem, você não está pensando em virar a noite me vigiando, não é?
Seu sorriso cresceu.
- Está me chamando pra dormir na mesma cama que você?
Fiquei vermelha.
- Bem, eu sei que talvez não é o melhor lugar da casa mas...
- Luna... - Ele me interrompeu se aproximando. - ... não existe um lugar melhor pra mim.
Eu sorri aliviada.
- Me mostre o caminho. - Ele se abaixou e antes que eu pudesse pensar, ele me pegou nos braços.
- Ei! - Gritei. - O que você está fazendo?!
- Levando minha garota pra cama.
Eu ri e todos os músculos do meu corpo vibraram.
"Minha garota..."
- Me coloque no chão! - Falei entre risos.
- Claro. Me mostre o caminho primeiro. - Ele também estava sorrindo já subindo as escadas.
- Para, eu posso andar!
- E eu posso levar você. Pra que lado?
- Ali. É naquela porta. - Apontei com a cabeça.
Ele caminhou até meu quarto e de alguma maneira, conseguiu abrir a porta.
Andou até a cama, mas antes de me soltar, ele me beijou... e não parou.
Ele se inclinou e me colocou deitada na cama, enquanto eu retribuia seu beijo com todo o prazer.
Passei a mão pelo seu cabelo cortado enquanto ele colocava a mão debaixo da minha blusa e acariciava minhas costas.
Ele desceu e beijou meu pescoço. Eu inclinei minha cabeça pra trás, lhe dando livre acesso. Eu o queria. Não só no pescoço, mas em todas as partes do meu corpo.
Sua mão subiu pela minha cintura, e minha blusa leve acompanhou seu movimento, subindo também.
Ele voltou a beijar minha boca. Eu gemi enquanto minha temperatura subia incontrolavelmente.
Ele se afastou minimamente de mim.
- Você não tem nenhuma ideia do que faz comigo, Luna... - Eu notei o desejo em sua voz, e como se para comprovar o que disse, ele esfregou sua ereção em minha perna.
Eu gemi. Oh, merda...
- Diogo... - Seu nome saiu como uma oração dos meus lábios.
- O que...? - Ele respondeu sem abrir os olhos.
- Eu quero você...
Senti seu sorriso.
- Eu sou seu. - Então ele voltou a me beijar.
Meu! Sim, meu! Sempre...
Coloquei minhas mãos por baixo da sua camisa e movi elas para cima, sentindo os músculos definidos do seu abdômen.
Ele é tão gostoso...
- Luna. - Ele se afastou de novo.
Merda!
- Você sabe o que isso vai dar se a gente não parar.
Isso não era uma pergunta, mas eu fiz que sim.
- E daí?
Ele sorriu lindo. Lindo sorriso. Lindo Diogo. Meu...
- Você já fez isso? - Seu sorriso sumiu.
Oh não... ele está com ciúmes! Ele está com ciúmes de mim!
- Não... - Eu sorri. - Você é meu primeiro.
Seu sorriso voltou.
- Você não sabe o quanto é bom ouvir isso. - Ele me beijou. - Mas você não acha que estamos sendo um pouco precipitados?
Minha testa franziu.
- Não, eu não acho. Na verdade, acho que já esperamos demais. - Eu me ergui para beijá-lo de novo, mas ele se afastou.
Ah, não... qual é o problema?!
- Estou sem camisinha. - Ele disse parecendo decepcionado. - Se a gente continuar eu não vou conseguir me controlar... e não trouxe proteção.
- Então não se proteja.
Ele levantou as sobrancelhas surpreso.
- Isso é sério?
Fiz que sim. Ah, eu o quero tanto... e quero agora!
- Eu não tenho nenhuma doença e não estou em período fértil. - Destaquei um fato.
- Luna, não é essa a questão. Estamos indo rápido demais. Você quase foi estuprada, isso não conta?
Suspirei.
- Eu não posso ter medo pelo resto da minha vida. E isso não é um estupro. Eu estou te oferecendo por livre e espontânea vontade.
Ele levantou e passou as mãos pelo cabelo.
Não... isso não era o único problema. O que havia de errado?
Me sentei o olhando.
- Diogo. - Eu o chamei e ele me olhou. - O que foi?
Ele respirou fundo antes de responder.
- Eu não consigo tirar a imagem daquele homem te tocando da minha cabeça. Isso está me matando, Luna. Você me deixa louco, isso é um fato, mas eu não posso fazer isso. Não agora. Eu estou furioso, e se por acaso eu perder meu controle, eu não vou ser carinhoso. E só de pensar que eu posso te machucar... - Ele balançou a cabeça e apertou os olhos. - Eu não posso. Eu não quero machucar você.
Eu pisquei o olhando.
Eu não fazia ideia do quanto ele ainda estava bravo... e mais uma vez tentando me proteger, mesmo que contra ele mesmo.
Levei um momento até que eu tivesse algo pra dizer.
- Tudo bem. - Murmurei por fim. - Vamos só... dormir então. Pode ser?
Um sorriso brotou em seus lábios.
- Claro.
Eu me afastei para o canto e ele deitou na beirada da cama.
- O que vai acontecer agora? - Perguntei me deitando sobre seu peito.
- Como assim? - Ele respondeu com outra pergunta, enquanto me abraçava.
- Eu e você... como vamos ficar?
Ele sorriu.
- Do mesmo jeito que estamos agora. Juntos.
Mordi meu lábio. Era quase inacreditável que isso enfim estava acontecendo.
- Eu soube que a Evellin te obrigou a namorar com ela. - Eu disse.
Ele sorriu de novo enquanto acariciava minhas costas.
- Cristiano te contou?
Levantei meu rosto apoiando o queixo na mão para o olhar.
- Sim, é verdade?
Ele levou um tempo pra responder.
- É. - Disse simplesmente.
Meu coração apertou.
- Eu sinto muito.
- Pelo que exatamente você sente, baby?
Pensei um pouco enquanto ele acariciava meu rosto com a mão.
- Por isso e tudo que gira ao redor. Sinto muito pelo seu pai, e por ter sido obrigado a namorar com alguém que você não ama, e por demorar tanto pra ficar comigo.
Ele ficou me olhando por um tempo.
- Não sinta. Tudo aconteceu exatamente como devia ter acontecido.
Eu não respondi.
- Durma, Luna. O dia foi longo. Você precisa descansar.
Suspirei e voltei a me deitar em seu peito.
- Boa noite, Diogo.
- Boa noite, baby.
Ele beijou meu cabelo, me apertou delicadamente contra seu corpo quente e eu adormeci lentamente embalada em seus braços.
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