Capítulo 15
Olhei meu reflexo no espelho pela milésima vez em dez minutos. Eu estava linda... devia admitir que a equipe da Karen tinha feito um bom trabalho, embora eu ainda não tivesse tido a chance de vê-la pronta.
Depois de tomarmos café, nós fomos pra salas diferentes, onde seríamos arrumadas de maneiras individuais.
Passei por uma série de sessões antes de estar totalmente pronta. Uma massagem e limpeza de pele no spar interno do salão, - apesar de não ver o motivo disso, eu não discuti. - maquiagem, cabelo, unhas... até que enfim, o vestido. No final, eu realmente estava linda.
De algum jeito inexplicável meu cabeleireiro conseguiu fazer cachos em meu cabelo, e enquanto alguns estavam presos no coque atrás da cabeça, outros caíam livres sobre os ombros e atingiam a metade das costas. Um arranjo de flores discreto era como uma cereja sendo colocada sobre um bolo para dar o toque final.
A maquiagem não estava escura, mas também não estava clara. Estava no ponto ideal, como se eu realmente fosse a noiva. Um gloss rosa claro brilhante, um jogo de sombras preta e branca em minhas pálpebras e blush na medida certa, dando a ideia de que eu estava levemente corada.
Pela primeira vez na minha vida eu tinha feito minhas sobrancelhas. Eu nunca achei que fosse preciso, porque elas não eram o que eu chamava de sobrancelhas do King Kong, mas agora elas estavam... impecáveis.
Um delicado colar de pérolas estava pendurado em meu pescoço. Karen o trouxe de casa e fez questão para que eu o usasse e eu realmente não consegui discutir. Como acompanhantes do colar, duas pequenas pérolas estavam em minhas orelhas. Era o par de brincos mais delicado que eu já vi.
O vestido agora parecia ainda mais bonito do que eu imaginava, apertando minha cintura e se abrindo na saia. Eu me sentia uma verdadeira princesa, e simplesmente não cansava de olhar meu reflexo.
- E então, garota. Está pronta? - Meu cabeleireiro entrou na sala onde eu estava. Ele era o tipo de pessoa que cativa qualquer um logo no primeiro minuto de conversa, mas talvez o fato de ele ser gay influenciava no meu ponto de vista.
- Ah, Fred... estou tão nervosa! - Respondi me virando pra ele.
Ele sorriu, e se aproximando de mim, segurou meu rosto entre as mãos.
- Eu tenho que dizer o quanto estou orgulhoso do meu trabalho... você está linda como um anjo.
Eu sorri.
- Eu sei... só tenho medo de estar ainda mais bonita que a Karen. Vocês fizeram um trabalho excelente, mas seriam lamentável que eu roubasse toda a atenção do casamento pra mim.
Ele riu.
- Oh, baby... nós temos nossos truques. Eu não sei dizer qual de vocês duas está mais bonita, mas uma coisa eu posso garantir: ninguém na festa vai conseguir superar a beleza estonteante de vocês.
Eu respirei fundo e sorri.
- Okay.
- Está pronta?
Afirmei com a cabeça.
- Eu acho que sim.
- Ótimo. Então vamos porque seu boy magia te espera lá fora.
Ele me guiou para fora da sala em direção à saída. No caminho alguns olhares curiosos e admirados se viraram pra mim, mas eu fingi não notar, embora sabia que a cada olhar eu corava um pouco mais.
Assim que chegamos ao hall de entrada encontrei Nicolas conversando com Isadora. Ou talvez era o contrário, porque ele não me parecia muito a vontade.
Ela foi a primeira a me ver, então seus olhos se arregalaram e seu queixo caiu com a surpresa.
Nicolas se virou assim que viu sua expressão, e por um momento ficou totalmente imóvel sem sequer piscar, apenas me olhando como se eu fosse um leão e qualquer movimento que ele fizesse fosse motivo pra eu atacar. Então, pouco a pouco, seu cérebro voltou a funcionar.
Primeiro ele piscou, depois uma longa respiração, e por fim, caminhou até a mim devagar.
- Você está linda. - Sua voz quase sumiu quando ele falou isso.
Ele tinha se esquecido como falar de uma maneira audível?
- Obrigada. - Respondi corando violentamente. Droga... por que eu não conseguia ganhar um elogio sem ter essa reação?
Enquanto o silêncio crescia e Nicolas estudava cada centímetro de mim, meus olhos acidentalmente encontraram Isadora, que me encarava com uma fúria mortal. Seu olhar fez arrepiar cada fio de cabelo que existia em meu corpo.
Qual era o problema dela?!
- Eu achei que não fosse possível você ficar ainda mais bonita. - Nicolas rompeu o silêncio.
Ouvi Fred rir atrás de mim.
- Acredite querido, essa garota pode te surpreender muito mais do que você é capaz de imaginar.
Nicolas sorriu e pegou minha mão.
- Eu acredito. Você está pronta?
Fiz que sim. Quanto antes ele me tirasse da sombra do olhar aterrorizante de Isadora melhor.
- Está com fome?
Fiz que não.
- Você sempre pode falar comigo, princesa. - Ele sorriu de novo. Eu sorri de volta.
- Eu não estou com fome e estou pronta pra ir agora. - Minha frase soou como uma súplica, e decididamente era exatamente isso o que ela era.
- Tudo bem. - Ele beijou minha mão. - Como você quiser. - Se virando para Fred. - Obrigado por cuidar dela Frederico. Você fez um ótimo trabalho.
Fred sorriu e balançou a cabeça.
- Foi um prazer pra mim, baby.
Ele segurou minha mão como uma mãe segura a mão de uma criança pra atravessar a rua e andamos pra fora.
- Tenha uma boa tarde Isadora. - Disse frio, e eu sabia que ele a cumprimentou apenas por educação.
- Boa tarde, Nicolas. - Ela respondeu de volta, mas não era pra ele que ela estava olhando furiosa. Era pra mim.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
- E sua mãe? - Perguntei me virando pra trás quando Nicolas colocou o carro em movimento.
- Ela é a noiva. - Ele sorriu. - Ela deve se atrasar.
- E nós não estamos atrasados?
- Não. Na verdade devemos chegar antes de todos os convidados.
Minha sobrancelhas subiram.
- Por que?
- Eu vou cuidar do som. - Ele fez uma careta de desgosto.
Fiquei ainda mais surpresa.
- Eu achei que você não aprovasse o casamento.
- E não aprovo. Só estava pensando em colocar um dos meus CDs de rock no momento em que minha mãe tivesse entrando, mas você estragou meu plano.
- Eu? - Tentei parecer surpresa ou ofendida, mas o que saiu foi um sorriso. - O que foi que eu fiz?
- Nada demais. Só está bonita o suficiente pra me fazer querer aproveitar cada segundo da festa.
Eu ri.
- Fico feliz em ouvir isso. Pelo menos posso garantir que você não seja preso ou internado num manicômio.
Ele também riu.
- Mas não vai me faltar oportunidade. E então, como foi o tempo naquele inferno insuportável conhecido como salão?
- Não é tão ruim assim. Eu comi lá dentro mais do que comi aqui fora durante uma semana inteira.
- Certo. Retiro o que eu disse. Ele não é inferno, só é insuportável.
Sorri de novo e ficamos em silêncio por um tempo.
- Eu acho que a Isadora gosta de você. - Eu disse por fim.
Ele bufou.
- Ela falou com você?
- Não. Só me olhou de um jeito... estranho enquanto você estava comigo.
Ele revirou os olhos.
- Ela não gosta de mim. Ela é doida. Uma lunática que precisa de tratamento, só isso.
Eu pisquei surpresa com o que saiu de sua boca.
- O que ela fez?
- Tentou me agarrar quando eu tinha quatorze anos. Nem sei por que minha mãe ainda não a demitiu.
- Nossa... - Eu estava chocada. - Quantos anos ela tem?
- Vinte e seis agora. Na época tinha dezoito.
- Ah, eu acho que entendi por que você não gosta de salões. Mas você não parecia totalmente incomodado na presença dela.
Ele riu.
- Princesa, eu sou homem. Aprendi a me defender.
Fiquei um momento em silêncio.
- Ela tentou outras vezes?
- Ela sempre procurava uma oportunidade pra ficar sozinha comigo mas eu sempre fugia, como gato foge da chuva... até que consegui mostrar a ela qual era seu lugar, então ela parou de me atormentar. Mas correm boatos no salão que ela ainda não me esqueceu.
- Não são só boatos. Eu percebi isso hoje. Mas você não se importa?
Ele deu de ombros e sorriu.
- O que eu posso fazer se sou irresistível?
Revirei meus olhos e desviei meu olhar. Alguns minutos se passaram sem que nenhum de nós dois disséssemos nada, até que ele quebrou o silêncio.
- Está pensando em que? - Perguntou sem olhar pra mim.
A imagem do momento em que Diogo me perguntou a mesma coisa cruzou minha mente. Droga! Será que não teria nenhum momento que eu conseguiria não pensar nele?
Empurrei a imagem de Diogo, do balão e de segunda-feira para o lugar mais profundo do meu cérebro e me concentrei em responder Nicolas.
- Em como eu estou nervosa e apavorada... eu nunca fui dama, sabia? É minha primeira vez e eu nem sei o que devo fazer.
Ele sorriu.
- Você vai se sair bem. É simples. Só jogar flores pelo chão e pronto, acabou. Até um ornitorrinco consegue fazer.
Eu ri.
- De todos os animais, por que um ornitorrinco?
Nicolas deu de ombros.
- Ele é fofo e eu gostava de assistir Phineas e Ferb. É meu animal preferido.
Ri ainda mais.
- Você está falando como uma criança...
- Eu sei. - Ele sorriu também. - Depois de tudo eu acho que mereço ter uma infância, nem que seja só na minha imaginação.
Franzi minha testa enquanto meu sorriso desaparecia.
- Você não teve uma infância?
- Talvez não como a sua. - Ele suspirou. - Meu pai achou que era melhor me treinar pra cuidar de uma empresa do que me divertir quando eu era criança. Eu acho que ele só estava tentando me preparar para o mundo.
Oh... a imagem de um garotinho com cabelos negros e olhos cor de esmeralda sentado em uma mesa cercado de livros, cadernos, números e normas enquanto seus amigos brincavam na rua passou pela minha cabeça.
- Ele fez um bom trabalho. - Eu disse tentando aliviar o aperto que senti em meu coração.
Ele deu de ombros.
- Isso teve que valer de alguma coisa. - Então sorriu. - Pelo menos agora estou muito mais realizado do que muitos homens de cinquenta anos por aí.
Bem... eu tinha de admitir que ele tinha razão, porém uma dúvida surgiu em minha mente.
- Mas se seu pai queria que você cuidasse da empresa, por que você é gerente?
Ele respirou fundo e eu o percebi ficar tenso. Alguma emoção passou por seus olhos, algo que eu ainda não tinha visto em seu rosto. Ódio.
- Ele encontrou alguém melhor do que eu. - Foi tudo o que ele disse e eu percebi que não pretendia dizer mais nada, então eu não insisti.
Na verdade, a curiosidade para saber mais estava me matando, mas era absolutamente notável que esse não era um de seus assuntos favoritos, e eu não pretendia estragar o momento. Não mesmo...
- Você não olhou pra mim desde que entramos no carro. - Mudei de assunto. - Eu fiz alguma coisa?
Então um leve sorriso surgiu em seus lábios, aliviando a tensão.
- Só estou tentando me concentrar.
Franzi minha testa.
- Estou tirando sua concentração?
- Você é capaz de tirar a concentração de qualquer homem, Luna. Ainda não percebeu?
O que? Será que a Luna que ele via era a mesma que eu via quando olhava no espelho?
- Bem, você me olhava quarta feira enquanto estava dirigindo.
- Quarta feira você não estava parecendo uma deusa dos sonhos.
- Eu não estou parecendo uma deusa dos sonhos agora, eu só... - Não consegui terminar a frase.
Ele riu.
- Você só consegue estar mais bonita que ela.
Fiquei vermelha e desviei o olhar.
- Apesar de te achar linda quando cora, eu acho que você precisa aprender a ganhar elogios. - Ele disse num tom divertido.
Eu suspirei, mas não respondi.
Vários minutos se passaram enquanto um silêncio agonizante tomava conta do carro. Por fim, cheguei a conclusão de que se eu não falasse nada dormiria, e estava certa de que isso não era uma boa ideia.
- Está pensando em que? - Perguntei me virando pra Nicolas. Eu precisava começar uma conversa.
Ele levou alguns segundos pra responder, então um sorriso surgiu em seus lábios.
- Em como o cara por quem você se apaixonou é sortudo.
Merda. Seria uma péssima ideia falar sobre isso agora. Era melhor eu ter dormido.
Olhei pela janela enquanto meus pensamentos viajavam em Diogo pela milionésima vez naquele dia.
- Não quero falar sobre isso. Podemos mudar de assunto? - Eu disse fria.
Senti Nicolas ficar confuso.
- Por que? Aconteceu alguma coisa?
- Não, eu só... não estou a fim.
- Luna, amigos falam sobre essas coisas. Conta pra mim. O que aconteceu? Ele te magoou?
Droga... eu e minha língua mais rápida que o cérebro. Respirei fundo.
- Eu acho que está na hora de retomar minha vida, mas da maneira certa.
- Como assim? - Senti sua testa enrugar.
- Acabou. Acho que foi melhor assim.
- O que? Isso é... isso é sério? Quer dizer que agora eu posso ter uma chance?!
Oh droga...
- Nicolas, nós somos amigos, lembra?
Ele sorriu.
- Eu sei, eu só quero saber se... o caminho estar disponível. Eu posso tentar te conquistar? Eu só gostaria de uma chance, Luna, por favor. Me deixe tentar. - Ele parecia estar implorando.
Ah, Deus... maldita hora que eu fui abrir meu coração para meu mais novo amigo.
- Eu não sei, Nicolas. Não posso te dar esperanças. Eu ainda gosto dele, só que... - Pela segunda vez não consegui terminar minha frase.
- Me deixe te fazer esquecê-lo. - Dessa vez ele me olhou por um segundo antes de voltar a atenção pra estrada. - Eu sei que posso te fazer feliz, Luna. Me deixe te provar isso.
Meeeeeerda! Okay, Luna. Respire, relaxe e pense.
- Tudo bem. Eu preciso de um tempo pra pensar. Eu não posso te garantir nada, mas... eu posso pensar.
Ele sorriu.
- Tudo bem. Nós temos todo o tempo do mundo. Eu espero.
Nesse momento eu cheguei a uma conclusão: eu estava terrivelmente encrencada...
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
A cerimônia seria na própria casa da Karen, em seu quintal que mais parecia um campo de futebol. Eu devia admitir que quem quer que ela tivesse contratado para fazer a decoração, tinha feito um trabalho incrível.
Um longo tapete branco se estendia desde o portão de entrada até o pequeno altar improvisado montado no meio do quintal. De ambos os lados, cadeiras brancas estavam distribuídas em fileiras com intervalos regulares. Alguns arranjos de flores azuis enfeitavam as beiradas do tapete, e no altar, as mesmas flores estavam colocadas delicadamente dentro de dois jarros de cristal, um de cada lado.
O altar era feito com uma madeira marrom escura, e atrás dele estava estendida uma cortina branca sobreposta por uma azul clara, totalmente alinhadas.
Algumas pessoas já estavam começando a entrar pelo portão, e embora todas elas me olhassem admiradas, eu não conhecia ninguém.
Fazia quase dez minutos que Nicolas tinha saído de perto de mim para cuidar do som, e agora eu estava sozinha, em pé longe das cadeiras, me sentindo um peixe fora d'água.
Eu estava prestes a sair em busca dele quando minha mãe - será que eu ainda posso chamá-la assim? - se destacou entre os convidados. Eu ainda não tinha visto ela desde que cheguei, mas estava certa que ela estava ali a algum tempo já que eu não a vi passar pelo portão.
Ela estava... bem, ela estava muito bonita, eu tinha de admitir. Seu cabelo estava solto caindo sobre os ombros em camadas e sua maquiagem quase podia ser considerada escura. Seu vestido roxo longo tinha uma rachadura na perna esquerda começando no meio da coxa e era frente única com alguns detalhes franzidos acima da cintura.
Ela estava acompanhada com um grupo de pessoas entre homens e mulheres que eu não conhecia, e era óbvio que não eram convidados para o casamento. Deviam ser da equipe de decoração ou algo assim, porque todos estavam com uma calça preta e camisa cinza com algum logotipo que eu não conseguia ler a distância.
Seus olhos não demoraram me encontrar, mas depois de algum tempo me encarando ela desviou o olhar e passou a me ignorar, como eu imaginei que ela faria. Maravilha.
Continuei parada por algum tempo olhando os convidados andarem pelo "campo" cumprimentando uns aos outros, então uma música lenta invadiu o ambiente.
Ótimo. Pela lógica, agora Nicolas estava desocupado, então comecei a caminhar na mesma direção em que ele tinha ido a mais ou menos meia hora atrás disposta a encontrá-lo e acabar com essa sensação de mendiga num castelo.
- Luna!
Eu me virei quando ouvi uma voz chamar meu nome. Instantaneamente reconheci um dos homens estava entre o grupo que apareceu com minha mãe.
Ele tinha cerca de quarenta e cinco anos, porém era mais baixo que eu. Sua careca brilhava aos raios do sol, e ele tinha uma barriga tão grande como uma cobra que acabara de engolir um sapo inteiro. Sua barba por fazer lhe dava alguns anos a mais de graça.
- Sim? - Respondi enquanto ele se aproximava de mim com uma prancheta na mão.
- Você é Luna, não é? - Perguntou.
- Sou. - Agora eu estava confusa. Será que minha mãe tinha sido criança o suficiente para mandar pra mim um homem de recados? O que ela queria? O problema era que eu não estava disposta a falar com ela, mesmo que de forma indireta.
- Ah, que bom. Querida, você vai ser a salvação deste casamento. - Ele disse no momento em que um sorriso radiante invadiu seu rosto.
- Como...? - Franzi minha testa. Isso não estava me cheirando bem...
- Olha, a menina que entraria como a "noivinha"... - Ele imitou aspas com os dedos. - ... não pôde vir porque estava passando mal ou algo assim. Você se importaria de substituí-la?
O que?!
- O que?!
- São só algumas pequenas mudanças de planos, veja bem. Aquela garotinha... - Ele apontou com a cabeça para uma daminha com cerca de seis anos e cabelo encaracolado que estava vestindo um vestido todo colorido e tinha que inclinar a cabeça pra cima para conversar com sua mãe. - ... iria entrar com a bíblia, mas eu não acho realmente que isso é necessário. Então ela entrará como florista no seu lugar, enquanto você entrará como a noivinha que não pode vir. - Ele sorriu.
- Ah, não. - Balancei freneticamente minha cabeça. - Desculpa, mas não vai dar.
- O que? Mas por que?! - Ele parecia quase desesperado.
- Olha, me desculpe, mas desde o início eu fui informada de que seria a florista. Não tem como eu mudar de papel assim tão em cima da hora.
- Mas minha linda, não tem erro! Parece que o destino apostou em você hoje. Seu vestido está incrivelmente apropriado, você tem praticamente a mesma idade e mesma altura da menina que entraria e está linda! Vamos lá, querida... é só entrar. É fácil... - Ele colocou a prancheta debaixo do braço e cruzou as mãos na frente da boca, fazendo uma cara de menino pidão.
Algo dentro de mim estava me dizendo que aceitar isso não era uma boa ideia, e minha intuição não costumava estar errada, então levei alguns segundos pra pensar.
- Digamos que eu aceitasse... - Eu disse por fim. - Quem seria o meu par?
Ele sorriu enquanto tirava a prancheta de debaixo do braço e a conferia. Levou alguns segundos até que ele encontrasse a resposta para minha pergunta.
- Bem, aqui está dizendo que é o filho da noiva.
- O que?! - Eu ri aliviada. - Nicolas? Fala sério! Claro, tudo bem. Eu entro como noivinha.
- Oh, graças a Deus! - Ele escreveu algo na prancheta. Provavelmente estava trocando o nome da menina doente que deveria entrar no meu lugar pelo meu. - Vocês entrarão antes dos noivos, então esteja pronta. - Ele sorriu pra mim e se afastou.
Maravilha. Isso era exatamente o que eu queria. Quando eu entrasse, a atenção das pessoas seriam divididas entre eu e Nicolas, e eu sabia que ele me diria o que fazer. Eu não erraria.
Estava salva.
Me virei para procurá-lo novamente mas nem precisei me mover. Ele estava vindo na minha direção.
- Hey, princesa. Desculpa te deixar tanto tempo sozinha. Houve um problema na caixa de som. Quem era ele? - Ele apontou com a cabeça para a direção em que o homem careca barrigudo tinha ido.
- Não sei ao certo, ele só me procurou pra dizer que a noivinha não pôde vir. - Eu estava com um sorriso idiota no rosto. Isso estava bom demais pra ser verdade...
- Ah, eu também fui informado sobre isso. Você vai ficar no lugar dela, certo?
- Vou. Por que não me disse que seria o noivinho? Eu achei que cuidaria do som... na verdade, foi isso o que você me disse. - Meu sorriso sumiu. Eu odiava que mentissem pra mim. Nem que fosse uma mentirinha... meu pai me ensinou a odiar.
Ele riu.
- Sinto muito te decepcionar, princesa, mas não sou eu quem terei a honra de entrar com você. Eu realmente vou cuidar do som.
Minha testa franziu com a confusão. Não era ele? Mas não era ele o filho da noiva?!
- Quem vai entrar com você é meu irmão. Veja. - Ele apontou com a cabeça para algo as minhas costas. - Seu par acabou de chegar.
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