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Capítulo 11

Durante todo o trageto para o lugar onde Diogo queria me levar, um silêncio mortal invadiu o carro.

Eu não conseguia falar nada. Só queria gritar, ou talvez matar minha mãe de uma maneira tão cruel, que até o diretor do filme Jogos Mortais sentiria pena dela. Eu a odiava, e já tinha perdido a conta de quantas vezes repeti isso mentalmente.

Diogo não queria me incomodar - eu acho - ou talvez ele apenas estava com medo de qual seria a minha reação caso tentasse dizer sequer uma palavra, então não disse nada.

Depois de alguns minutos em silêncio - ou será que foi horas? Eu não estava me importando muito com o tempo naquele momento. - ele enfim me olhou.

- Seria uma boa ideia eu tentar fazer você se divertir um pouco? - Perguntou medindo suas palavras.

Sem querer, meus lábios se curvaram em um sorriso. Pela primeira vez naquele dia ele estava pedindo minha permissão pra fazer alguma coisa, mesmo que de forma indireta.

- Você pode tentar. - Eu disse.

E eu podia tentar esquecer o que tinha visto, pelo menos por algum tempo, até que eu chegasse em casa e pudesse despejar toda essa merda em cima da mulher que tinha usado todas as formas de mentira pra tentar me convencer que tinha mudado.

Ele sorriu.

- Certo. Feche os olhos.

Eu obedeci sem hesitar.

- Não abra. - Ele disse.

- Tá bom.

Ele ficou em silêncio, e o único barulho que eu ouvia era do carro se movendo. Então ele parou.

- Chegamos. Continue de olhos fechados. Eu abro a porta pra você.

- Tá.

Ouvi a porta bater. Ele tinha saído. Um momento depois, estava do meu lado me ajudando a sair também.

- Venha. - Ele disse. - Cuidado. Isso. Não abra seus olhos.

- Eu não vou abrir.

Eu senti seu sorriso enquanto ele batia a porta. Então começou a me guiar sobre um chão tão suave, que eu poderia jurar que estava pisando em algum tipo de veludo.

- Onde estamos Diogo? - Perguntei lutando contra o impulso de abrir os olhos.

- Você já vai saber. Continue com os olhos fechados.

Andamos até que eu pensasse que não chegaríamos a lugar nenhum e ele só estava fazendo hora com a minha cara, então paramos.

- Tudo bem. Eu espero que você não tenha medo de altura. Pode abrir.

Eu obedeci e levei um momento para que minha visão se acostumasse à claridade, então meu queixo caiu.

Tive que curvar minha cabeça pra cima pra conseguir ver o enorme balão com listras vermelhas e pretas que estava na minha frente.

Por um momento eu não soube o que dizer. Eu sabia que Santa Teresa tinha um porto de balões, mas eu nunca tinha visto um de tão perto...

- Diogo, isso é... quer dizer, a gente vai andar nisso? - Perguntei me virando para o olhar.

Ele sorriu. Oh, Deus... Ele não tem nenhuma ideia do que esse sorriso faz comigo!

- Não se anda de balão, princesa. A pergunta correta seria: "Vamos voar nisso?"

Oh... Certo.

- Estão responda.

- Sim. Se você quiser.

Eu me virei para olhar o balão de novo.

- É enorme... eu nunca tinha visto um de perto.

- Espero que não tenha se decepcionado.

Ah, Diogo... Eu acho que nunca vou me decepcionar com você.

- Você alugou? - Perguntei.

Ele riu, realmente riu.

- Não se aluga um balão. Eles são particulares.

Me virei pra ele com os olhos arregalados. O que?!

- Então... ele é...

- Meu? Sim.

Ah. Muito modesto.

- E então... você tem medo de altura?

Balancei minha cabeça negativamente. Ele sorriu de novo.

- Ótimo. Venha, você precisa conhecer a equipe de apoio.

Uau... ele tem uma equipe de apoio!

Ele pegou minha mão e atravessamos o campo aberto em direção a um lugar que mais parecia uma caixa gigante, com paredes brancas, uma porta e uma janela.

Ele abriu a porta e permitiu que eu entrasse primeiro.

- Cheguei. - Anunciou, interrompendo a conversa animada de algumas pessoas que estavam lá dentro. Todas nos olharam.

- Tá atrasado, amigão. - Um homem alto com cabelo e olhos castanhos e barba por fazer se levantou de uma cadeira e andou até nós.

- Não muito. Está pronto?

- Faz tempo. - Ele sorriu.

- E a menina? - Outro se aproximou da gente. Esse era mais baixo, mas também estava sorrindo. - Não vai apresentar?

Diogo me olhou.

- Luna, estes são Rafael, - O homem mais alto e barba por fazer. - Heitor, - O homem mais baixo. - Raíssa, Michelle e Thiago. - Ele apontou as outras três pessoas que continuaram sentadas.

Eu cumprimentei todos de uma vez com um aceno de cabeça.

- Prazer. - Disse simplesmente.

- O prazer é nosso, morena. - Rafael se aproximou de mim e pegou minha mão, marcando-a com um beijo estalado. - Diogo não disse que você era tão bonita.

- Certo, pode soltar. - Diogo tirou minha mão do alcance de Rafael.

Eu não soube se meu sorriso foi pelo que Rafael disse ou pela reação de Diogo, mas antes que eu pudesse decidir, ele pegou minha mão e me levou de volta pra fora.

- Vamos voar.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Eu estava apoiada na beirada do balão olhando para o horizonte perdida em pensamentos, quando Diogo me abraçou por trás e beijou meu pescoço. Eu me arrepiei enquanto me encolhia.

- Está pensando em que? - Ele perguntou junto ao meu ouvido.

Balancei a cabeça negativamente. Eu não queria falar sobre isso. Não queria estragar ainda mais o dia.

- Luna. - Ele me virou pra ele e estudou meu rosto com os olhos. - Em que você está pensando?

Eu suspirei. Ele era como Luara. Nunca desistia.

- Em meu pai. - Respondi vencida.

Ele inclinou a cabeça para o lado.

- Seu pai? - Perguntou franzindo a testa.

Fiz que sim.

- No meu aniversário de doze anos ele me prometeu que um dia nós... andaríamos de balão. - Eu sorri. - Seria meu presente de aniversário do próximo ano... mas ele não cumpriu essa promessa.

Desviei meu olhar triste e me afastei de Diogo.

- Eu fiquei me perguntando o por quê. Se ele não cumpriria, porque prometeu? - Olhei pra ele de novo. - Agora eu entendi. Os balões são... particulares.

Ele não disse nada.

- Ele disse que naquele ano não poderia cumprir sua palavra, mas a gente ainda iria fazer isso algum dia. Nem que isso fosse a última coisa que faria na vida, ele ainda daria um passeio de balão comigo. - Eu dei de ombros e me virei de costas, apoiando meus braços na borda. - Outra promessa quebrada.

Diogo me abraçou de novo e beijou meu cabelo. Ah... era tão bom estar em seus braços.

- Eu só... só queria que ele estivesse aqui, entende? Queria que ele cumprisse o que me prometeu. Ele não costumava quebrar promessas... eu não me conformo. Não consigo entender como ele quebrou essa.

Diogo respirou profundamente, inspirando o meu cheiro.

- Ele não quebrou. - Ele disse.

Eu me virei pra ele sem entender. Como? Será que ele tinha entendido o que eu falei?

- Ele não seria capaz de quebrar uma promessa que fez a você. Não seria justo. - Ele sorriu pra mim com carinho.

Eu estreitei meus olhos. Ele estava brincando comigo? Ele achava que aquilo era piada?

- Ele disse que daria um passeio de balão com você, então de certa forma, a promessa foi cumprida. Ele está aqui. - Certo. Agora eu tinha certeza que Diogo era doido. Se ele não fosse médium, só podia ser louco. - Ele está bem aqui. - Ele colocou o dedo sobre meu coração. - E é aqui que ele vai estar, enquanto você permitir. Apenas acredite nisso.

Eu não soube o que dizer. Pisquei, tentando encontrar algo válido que pudesse sair da minha boca, mas nada me veio a mente.

Diogo levou a mão até meu rosto e acariciou meu lábio inferior com o polegar. Eu fechei meus olhos devagar enquanto me inclinava ao seu toque.

Se antes minha mente estava vazia, agora ela nem existia mais.

Diogo se aproximou de mim lentamente. Minha respiração ficou presa quando seu hálito quente roçou meu rosto. Ele me segurou firme... e eu estava entregue.

Seus lábios tomaram os meus em um beijo quente, desesperado. Ele entrelaçou seus dedos em meu cabelo enquanto eu o puxava para mim, implorando por mais e acabando com qualquer espaço que ainda existia entre a gente.

Eu podia jurar que se fosse possível nos aproximar sequer mais um milímetro, nós provaríamos que a lei de Newton que afirma que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço era totalmente sem cabimento, porque meu corpo se fundiria ao dele.

- Luna. - Ele disse se afastando. - Aqui não... nós estamos em um balão. - Sua voz estava ofegante, como se ele tivesse acabado de correr uma maratona.

O barulho abafado do rádio que ele trouxe pra manter contato com a equipe de apoio nos interrompeu.

"Diogo." Uma voz disse do outro lado. Eu não a reconheci. "Fala comigo."

Diogo sorriu ainda com os lábios encostados nos meus.

- Vamos ter que terminar isso depois, gatinha. - Então ele se afastou de mim e pegou o rádio. - Estamos sobrevoando sobre o Vale do Caravaggio. O vento sopra para o Leste. - Agora sua voz era do tipo profissional. - Algum campo disponível?

A voz do outro lado levou um momento pra responder.

"Sim. Tem um a 1,2 quilômetros. O tempo previsto para a chegada é de cinquenta e sete minutos se o vento continuar nesse ritmo."

- Certo. Algo mais?

"Sim. Vamos encontrá-los no campo."

- Beleza. Vou te manter informado.

"Okay."

Diogo desligou o me olhou. Minhas sobrancelhas estavam erguidas.

- Você não sabia onde iríamos pousar quando levantamos vôo?

Ele sorriu e se aproximou de mim de novo.

- Não. Tudo depende da direção do vento. Isso é o que torna o passeio interessante. - Ele me beijou. Eu me afastei.

- O que tio Davi falou com você? - Perguntei.

Eu sabia que eles passaram a maior parte do tempo jogando sinuca, mas eu não era idiota o suficiente pra pensar que Diogo não aproveitou esse tempo pra saber mais sobre mim.

Ele sorriu.

- Ele me agradeceu por ter te levado lá.

- O que mais?

O sorriso no rosto de Diogo suavisou, e tudo o que sobrou dele foi a sombra em seus olhos.

- Ele me contou sobre o que você passava com sua mãe.

Desviei meu olhar. O que eu mais odiava era que as pessoas sentissem pena de mim, e agora eu não precisava olhar pra ele pra saber que pena era exatamente o que ele estava sentindo.

Ele me segurou pela cintura e colocou uma mercha do meu cabelo atrás da orelha. Percebi que ele estava sempre encontrando um motivo para me tocar... e eu não queria que ele parasse.

- Por que você não me contou?

Eu olhei pra ele com as sobrancelhas erguidas novamente.

- Olá, meu nome é Luna, meu pai morreu mês passado e agora eu tenho que aprender a retomar minha vida com a bruxa, megera e cobra que me odiava e eu considero minha mãe. - Diogo riu. Eu sorri também e desviei meu olhar. - Eu acho que não.

- Ele me disse que iria lutar na justiça pela sua guarda, mas você não aceitou.

Eu dei de ombros.

- Eles perderiam. Ela é minha mãe, e eles? Apenas o irmão e a cunhada de um pai que eu nem tenho mais. Só gastariam dinheiro a toa com advogado.

Diogo levantou meu queixo com a mão, me fazendo olhar pra ele de novo.

- Você quer?

- O que? - Franzi minhas sobrancelhas.

- Que eles tenham sua guarda. Você quer voltar?

Eu balancei minha cabeça sem entender, mas era impossível dizer se aquilo foi um sim ou não.

- Fala, Luna. Eu posso ajudar você. Tenho alguns amigos advogados, vocês não vão precisar se preocupar com dinheiro. Me diga apenas o que você quer e deixe o resto comigo.

- Ah, eu... - Suas palavras me pegaram de surpresa. Isso era possível? Depois de dezesseis anos vivendo com ela será que eu finalmente poderia ficar livre?

Não, espera... isso estava errado.

- Não. - Eu disse. - Eu não quero. Tenho que aprender a viver sem a ajuda de ninguém, Diogo. E além do mais...

Ops! Eu não devia ter começado essa frase.

- Além do mais o que? - Ele inclinou a cabeça para olhar o meu rosto.

Eu olhei pra ele e pensei um instante antes der responder.

- Além do mais... se isso tudo não acontecesse eu não teria te conhecido, e agora... - Merda! Eu só estava me complicando ainda mais!

- Termine. - Ele disse baixinho e eu fiquei em dúvida se ele queria mesmo que eu escutasse.

- Agora eu não tenho mais forças pra me afastar de você.

Ele ficou tenso e se afastou de mim.

"Merda! Merda, merda, merda! Luna sua idiota! Burra! Sem noção! Ele tem namorada, sua ameba! Acabou de estragar totalmente o clima! Será que você não podia esperar pra falar isso outra hora? Ou talvez, quem sabe, em outra encarnação? Droga!"

- Diogo, desculpa, eu...

- Não, Luna. - Ele estava de costas pra mim. - Não se desculpe. Não é nada com você. - Então ele me olhou. - Tem uma coisa que eu preciso de contar.

Ai, não...

Não havia humor algum em seus olhos, muito pelo contrário. Ele me olhava intensamente, como se sua vida dependesse desse simples olhar.

Engoli em seco.

- Tu... tudo bem. Estou ouvindo.

Eu estava ciente de que, o que quer que saísse da boca dele, não seria uma coisa boa, mas ele ficou calado, apenas me olhando.

Uma rajada de vento passou por nós bagunçando meu cabelo. O rádio chiou de novo.

"Diogo." A voz chamou do outro lado. "Mudança de planos. Vocês chegarão antes do previsto."

Diogo pegou o aparelho.

- Quanto tempo?

"Meia hora no máximo. Hoje o vento está bastante raivoso."

- Onde vocês estão?

"A caminho. Chegaremos antes de vocês."

- Tudo bem. Vejo vocês em breve.

E desligou.

Meu coração estava me sufocando e eu não sabia como isso era possível, mas eu precisava saber. Ele disse que tinha algo pra me contar, e eu não acreditava que isso era alguma coisa sem importância, então, mesmo apavorada com o que supostamente estava por vir, eu precisava saber.

- O que você ia me dizer? - Perguntei, minha voz por um fio.

Ele me olhou. Por alguns segundos, foi só isso: um olhar.

Então antes que tivesse tempo pra pensar, ele me agarrou e me beijou.

Isso me pegou totalmente de surpresa, mas não levou muito tempo até que eu estivesse correspondendo, esquecendo-me completamente de todo o resto.

Nossas línguas dançavam em um ritmo frenético, se encostando, se adorando, se sentindo... formando nossa terceira dimensão, onde não existia nada nem ninguém, apenas eu e ele...

Eu deixei que sua boca explorasse a minha sem reclamar. Nesse momento, todas as outras coisas que existiam no mundo eram secundárias. Nada mais importava.

E quer saber? O que quer que ele tivesse pra me contar, dane-se. Eu tinha certeza de que não era nada mais importante do que nós dois.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Se eu gostei?! Diogo, isso foi incrível! - Eu disse do lado dele, enquanto entrávamos no tráfego movimentado de Santa Teresa.

Um sorriso surgiu em seus lábios.

- Podemos repetir de novo. Quando você quiser.

- Você tem alguma outra coisa parecida com isso? Tipo, um jatinho ou submarino?

Ele riu, uma gargalhada deliciosa preenchendo o interior do carro.

- Sinto muito te decepcionar, mas não. Os únicos meios de transporte que eu tenho são carro, balão e moto.

- Você tem uma moto?

Ele me olhou como se minha pergunta fosse idiota demais para merecer uma resposta.

- Sim. Ah, e uma bicicleta também.

A imagem de Diogo andando de bicicleta me fez sorrir.

- Temos um problema. - Ele disse.

Meu sorriso desapareceu na hora, enquanto eu me virava pra ele.

- Que problema?

- Ainda são quatro e meia. Cedo demais. Algum outro lugar que você queira ir?

Deixei escapar um suspiro de alívio enquanto pensava.

Bem, se eu fosse em todos os lugares em Santa Teresa da qual eu estava com saudades, certamente deveria ter mais tempo do que um simples horário de aula.

Mas tinha sim um lugar em que eu queria ir. Na verdade, eu precisava.

Olhei pra Diogo novamente que estava esperando minha resposta, então fiz que sim com a cabeça.

- Você pode me levar no cemitério?

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Aqui. - Diogo disse entregando-me o buquê de flores que tínhamos comprado em uma floricultura no caminho. - Eu vou dar um pouco de privacidade a vocês. - Então ele se virou e saiu, enquanto eu me ajoelhava na frente do túmulo do meu pai.

- Oi papai. - Eu disse afastando as folhas secas com as mãos. - Eu senti sua falta.

Coloquei as flores sobre sua lápide e fiquei um momento em silêncio, tentando construir minha barreira interna para segurar as lágrimas. Por fim sorri.

- Eu andei de balão hoje. Foi incrível, pai! O voo é tão suave... parece uma subida de elevador. Você iria adorar. - Uma pausa. Meu sorriso sumiu. - Mamãe vendeu a casa. - Suspirei. - Eu descobri hoje. Eles demoliram pra fazer um prédio. Ela é tão desprezível... eu sinto muito, pai, mas não dá. Eu não consigo me entender com ela! Quando enfim eu achei que daria certo, ela... ela vendeu a casa! Ah, está cada dia mais insuportável conviver com ela. - Comprimi meus lábios enquanto passava os dedos em seu nome gravado na lápide, então me virei para trás, pra me certificar de que Diogo não estava ali. Olhei para o túmulo de novo e quando falei, minha voz saiu num sussurro. - Eu acho... eu acho que o amo. - Sorri. - Dá pra acreditar? Eu, que nunca amei nenhum garoto na vida, me apaixonei por um comprometido... - Meu sorriso sumiu. - Eu não sei o que fazer. Queria tanto que você estivesse aqui pra me aconselhar... Sinto tanto sua falta... - Respirei fundo. - Nem tive tempo de me despedir, mas... algumas pessoas me disseram que você está em um lugar melhor. Que está olhando pra mim. Então, se for verdade, saiba que eu te amo, papai. Não importa quanto tempo passe, e quantas outras pessoas entrem na minha vida... eu vou te amar pra sempre.

Continuei olhando para a lápide por mais algum tempo antes de ficar de pé. Se ao menos pudesse vê-lo só mais uma vez... só por um minuto...

Engoli em seco quando uma lágrima ameaçou descer e pisquei, obrigando-a a voltar.

- Adeus, papai. - Então eu me levantei.

Encontrei Diogo encostado no carro com as mãos dentro do bolso da calça. Ele veio ao meu encontro quando me viu.

- Tudo bem?

Fiz que sim com a cabeça.

- Está pronta pra voltar?

Olhei para o portão do cemitério. Não, eu não estava. Mas de qualquer forma, o que mais eu poderia fazer ali senão olhar para o triste túmulo do meu pai?

- Eu acho que...

- Luna! - Alguém chamou meu nome atrás de mim e eu quase caí pra trás com o som daquela voz.

Sofia!

Me virei por impulso no mesmo momento em que ela jogou os braços ao redor do meu pescoço.

- Ai meu Deus, ai meu Deus! Por onde você andou?! Garota, sentimos tanto sua falta!

Sofia era da mesma altura e mesma idade que eu. Seu cabelo era um cacheado escuro, e sua pele era tão morena quanto a do Barack Obama, porém o que chamava atenção para o seu rosto eram os olhos. Um castanho-esverdeado que observava tudo e não perdia nada.

De todas as garotas que me cercavam no recreio da escola, eu podia jurar que Sofia era a mais bonita, tirando o fato de que era minha confidente, minha irmã, minha melhor amiga.

- Por que não me avisou que viria? - Ela perguntou quando me soltou. - Não, por que não atende minhas ligações? Tem ideia do quanto eu tentei falar com você?

- Desculpa, eu...

- Ah, esquece. Eu passei na mercearia do seu tio e ele me avisou que você estava aqui. É claro que eu vim direto pra cá. Te conhecendo tão bem quanto eu conheço, duvido que você voltaria para o seu buraco isolado sem antes visitar seu... - Ela parou de falar no meio da frase quando seus olhos encontraram Diogo. - Pai.

Eu ri.

- Pode, por favor, me deixar...

- Piranha, eu não sabia que estava namorando! Como escondeu isso de mim?! Fala sério, Luna. Essa é a parte vital da nossa amizade! Você devia...

- Sofia! - Eu gritei. Sim, só assim pra ela me deixar falar. Ela estava no modo "Sofia eufórica" como ela costumava chamar. - Ele não é meu namorado, okay? Calma. Respira. Vamos devagar. Como você está?

- Como eu tô? Na boa, querida, como você acha? Acabei de encontrar minha melhor amiga que está na cidade a não sei quanto tempo e ainda não me procurou! Pior, está com um cara super gostoso e diz que não é seu...

- Sofia! - Eu estava vermelha como um pimentão. Merda... eu tinha me esquecido de como minha amiga poderia ser indiscreta. - Tudo bem, já entendi. Me desculpa. Diogo, essa menina malcriada é Sofia, minha amiga. Sofia, esse é Diogo, meu amigo.

- Amigo?! Luna, conta outra! Desde quando você tem amigo homem?

- Merda Sofia, para! Finja ser normal pelo menos por cinco minutos!

Diogo riu, mas eu não soube por que.

- É um prazer conhecer você, Sofia. - Ele disse enquanto estendia a mão para ela.

- Igualmente. - Ela o cumprimentou. - Você é um gato, sabia? Luna já te disse isso? Se ela não disse, pode apostar, ela pensa isso o tempo inteiro.

- Merda! Sofia, cala a boca!

- O que? Vai dizer que é mentira?

Diogo me olhou sorrindo. Ah, aquele sorriso...

- Okay, depois de sete semanas sem me ver, você realmente quer falar sobre ele? - Eu tentei mudar de assunto, mas sabia que estava corada.

Eu vou matar essa garota...

- Sim! - Uau... ela realmente era insistente! - Mas não posso, porque estou morrendo pra saber como você está conseguindo viver debaixo do mesmo teto que aquela puta da sua mãe.

Ótimo... hora de mudar de assunto.

- Estou pensando em assassiná-la essa noite. Alguma ideia criativa de algum lugar em que eu possa esconder o corpo?

- Uau, você não sabe o quanto eu esperei pra escutar isso! Que tal colocar ela em uma caixa para presente e enviá-la pro Albergue? Você nem vai precisar se preocupar em esconder o corpo.

Eu fiz uma careta enquanto um arrepio me percorria. Albergue era o nome de um museu de tortura que existia num filme de terror que nós assistimos. O pior e mais cruel que já vi na vida.

- Esquece. Eu me viro.

Ela riu e me abraçou.

- É tão bom te ver de novo, amiga... você não sabe o quanto eu senti sua falta.

- Eu também. - Retribui seu abraço, lutando contra as lágrimas que de repente queriam vir a tona.

- E então, pretendem ficar por quanto tempo? - Perguntou depois que me soltou.

- Nós vamos embora agora. - Eu olhei pra Diogo. - Talvez eu volto algum outro dia.

- Ei ei ei... espera aí, mocinha! Como assim vai embora agora? Tem noção de como as meninas vão ficar loucas quando souberem que eu te vi e elas não? O próximo dia que você vai voltar aqui é amanhã no meu velório!

Eu ri.

- Sinto muito, mas nós não temos muito tempo. Nós só...

- Espera! Vocês estão matando aula?! - Ela não precisou de uma resposta. - O que você fez com ela?! Ela era totalmente contra matar aula quando morava aqui!

Diogo deu de ombros com um sorriso travesso no rosto.

- Digamos que eu tenho alguns talentos.

Fiquei roxa. Sofia riu.

- Querido, pode apostar, eu tenho muitas imaginações de que talentos são esses.

- Oookay! - Eu gritei. - Está na hora de ir. Foi bom te ver de novo.

- Não, não! Espera Luna, eu só estava brincando! - Sofia parecia desesperada quando pegou meu braço. - Ficou brava? Viu o que você fez?! Ela ficou brava comigo!

Agora foi minha vez de rir.

- Eu não estou brava! Só precisamos ir agora. Ainda temos uma viagem inteira pela frente.

- Ah, claro... mas por favor Luna, eu te imploro. Atenda. Seu. Celular.

- Vou procurar ele.

- O que? Perdeu seu telefone?

- Não, ele está guardado. Eu só não sei onde.

- Garota, quem é você? Matando aula, amiga de um garoto e sem celular? Luna, o que sete semanas são capazes de fazer...

Dei de ombros.

- Talvez não tenha sido o tempo, mas o que aconteceu antes dele.

Ela engoliu em seco.

- Amiga, eu sinto tanto por você...

- Tudo bem. - Eu a abracei. - Sempre passa. Eu te ligo.

- Eu espero.

Me virei e entrei no carro enquanto Diogo dava a volta para entrar do outro lado.

- Diogo. - Sofia chamou no momento em que ele abriu a porta. - Por favor, cuida dela.

Ele fez que sim com a cabeça.

- Eu vou cuidar. - Então ele entrou e um momento depois o carro partiu, deixando minha cidade, minhas lembranças e minha melhor amiga para trás.

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