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Capítulo 12°

A água quente que jorrava na piscina, através das torneiras prateadas, assumia a tonalidade azul neon quando se misturava à água que borbulhava ali dentro. O loiro arrastou o corpo até a beirada e descansou a cabeça na borda, fitando o teto sobre ele, onde pontos luzidios, colocados milimetricamente espalhados sobre o branco, brilhavam numa simulação fajuta e caríssima dos astros que refulgiam no céu, na área externa do clube.

Ao redor dele, os amigos do filho mais velho da família Park — Jihoon — usufruíam dos benefícios concedidos pelo aniversariante, movendo os corpos dentro e fora da hidromassagem ao som da música que eclodia das caixas de som. Todos pareciam se divertir, dos bêbados que derrubavam o álcool de seus copos verde neon sobre o piso, aos sóbrios que flertavam e riam dentro da água.

Todos exceto o irmão caçula do aniversariante — Park Jimin.

Enquanto o corpo de Jimin estava ali, sua mente estava distante, envolta em pensamentos acerca de uma certa mulher de madeixas curtas tingidas de azul e olhos escuros e penetrantes. Olhos estes que, desde que os viu marejados durante a tarde, eram responsáveis pelo incômodo comichão alojado em seu estômago.

Um suspiro escapou de seus lábios pelo que pareceu ser a milionésima vez, já que seu cérebro passou a reproduzir num loop a imagem de Ryujin com a ponta do nariz avermelhado e os lábios trêmulos ao dispensá-lo mais uma vez. Aquela imagem era tortuosa para Jimin. Mas foi depois de vê-la daquela maneira que ele entendeu o porquê de ter se sentido compelido àquela mulher — como se uma força gravitacional o puxasse para orbitar ao seu redor — desde que a viu pela primeira vez no bar.

Foram os olhos ferinos de Ryujin e a forma como virava cada copo das bebidas mais fortes, sem pestanejar, que despertou em Jimin a necessidade de se aproximar. Pois ela, embora não soubesse, o fez se lembrar de alguém de seu passado. As lágrimas que martirizavam a mente dele traziam uma bagagem emocional pesada o suficiente para fazê-lo se lembrar de que não fora capaz de proteger — e salvar — a única mulher que um dia amou.

Uma miscelânea de sentimentos açoitou as entranhas de Jimin e ele apertou os olhos com os dedos. Da culpa à imponência, cada um deles trazia de volta o sorriso que não fora capaz de proteger — sorriso esse que nunca foi de verdadeira felicidade e só viria a saber quando fosse tarde demais para tentar preservá-lo.

No entanto, ali estava sua oportunidade de tentar evitar que mais uma jovem, com um possível passado pesado demais para suportar sozinha, perdesse a esperança naquilo que possuía de mais precioso — a vida.

Talvez fosse o destino que a tivesse colocado em seu caminho, através das presepadas de seu melhor amigo, para que pudesse se redimir da culpa que carregava sobre os ombros, e, assim, descobrir se realmente poderia ajudar alguém a redescobrir a alegria da vida.

Ele inspirou o ar pesadamente e abriu os olhos. Quando uma moça de aparência jovial e curvas voluptuosas se aproximou de onde estava, com um sorriso de dentes brancos alinhados e um biquíni com estampa de onça, Jimin abriu um sorriso apologético, dispensando-a com um aceno antes de espalmar as mãos na borda da piscina e impulsionar o corpo para cima.

Jimin sacudiu as madeixas e pegou uma das toalhas empilhadas no canto mais afastado da piscina.

Seus pés pesavam como se carregasse uma baleia nas costas, enquanto se dirigia para a área externa do clube de sua família. Pois, não só pensava em ir atrás de alguém que parecia odiá-lo, como havia dispensado uma de suas paqueras — pela primeira vez em anos.


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Os fios densos e escuros, na cabeça de Taehyung, caíam sobre os olhos fixados na louça que ensaboava com a bucha cor de rosa — combinando com o avental, que cobria a camiseta verde oliva, e com a luva que protegia suas mãos compridas.

Ele ergueu o rosto e o virou na direção de Eve. Sua tez se encrespou ao ver que ela se arrastava pela cozinha com a mão direita se apoiando no balcão e a esquerda sobre a parte inferior do abdômen, enquanto o rosto se contorcia numa careta dolente de lábios franzidos e testa enrugada.

— O que faz de pé?

— Vim ver se precisa de ajuda — disse Eve, mudando de posição para se aproximar da pia, onde Taehyung estava, atravessando o braço direito sobre a barriga, para alcançar a parte que doía.

Taehyung suspirou e virou o corpo na direção de Eve, tirando as luvas e pondo as mãos na cintura.

— Eu disse a Sra. Gayoon que podia aceitar o convite de seu pai, para irem ao cinema, porque ela não precisava se preocupar com nada, nem com a limpeza do jantar, nem com seus gases, porque cuidaria de tudo. — A careta de Eve se intensificou e um forte rubor cobriu suas bochechas quando ele mencionou o que provocava a dor que ela sentia no pé da barriga. — Você aqui está me impedindo de ser o genro perfeito.

— Você não é meu namorado.

— Ainda.

Nem se iluda porque isso nunca vai acontecer, Eve pensou em dizer, porém, Taehyung não lhe deu qualquer chance de uma resposta malcriada, tomou o rosto dela entre as mãos, cobrindo as bochechas que ferviam sob a calentura de sua palma e baixou os olhos obstinado.

— Sabia que te chamam de "tratorzinho" na empresa? E agora entendo, mais do que nunca, o porquê deste apelido horrível. Mas hoje é seu dia de folga, logo, não precisa ser o "tratorzinho" que carrega a responsabilidade do mundo nas costas. Seja apenas a "fofuchinha" e descanse — Taehyung apertou as bochechas de Eve ao pronunciar o apelido "fofuchinha" e uniu os lábios num sorriso de lado.

Eve o encarou estarrecida, os olhos estavam tão sobressalentes que precisou piscar diversas vezes para lubrificá-los ao senti-los ardendo.

— Mas você foi pescar comigo, cozinhou com meu pai e agora quer cuidar da limpeza, tudo isso sozinho...

— Não sou nenhum garotinho que precisa de cuidados recorrentes, Eve. Sou um homem que sabe se virar e dividir as tarefas. Além disso, não sei por que, mas gosto ainda mais de fazer as coisas quando são para você — Taehyung deu de ombros, coçando a parte de trás da cabeça — principalmente agora, que não se sente bem.

Eve lambeu os lábios e engoliu em seco, baixando o rosto para que alguns fios cobrissem sua face, visto que não sabia o que dizer e ruborizava veemente. Aquela era a primeira vez que lhe diziam algo como aquilo. Era a primeira vez que alguém, que não fosse seus pais, demonstrava preocupação com seu bem-estar e constatar aquilo a fez sentir uma punhalada no estômago, pois seu cérebro extremamente inconveniente decidiu ressuscitar memórias de seu terceiro mês de namoro com Daewon.

Foi a primeira vez que Eve ficou doente depois de começar a trabalhar na Blikis Corp., e Daewon estava muito ocupado com uma viagem que teria que fazer com os pais, para a casa de amigos da família, devido a uma negociação importante para os Blikis — algo relacionado às maiores empresas, e com maior renda, geridas pela família de Daewon. Eve podia ter ficado em casa para se recuperar do resfriado que a deixou febril, porém sabia que quando voltasse ao trabalho, tudo estaria acumulado, pois, Daewon não tinha levado seu computador e nem participaria das reuniões com os fornecedores e investidores. Era responsabilidade de Eve, afinal.

E, embora ela achasse injusto, naquele momento, que Taehyung cuidasse de tudo para que os pais dela não cancelassem seus planos para a noite de sábado, porque os problemas intestinais da filha resolveram dar as caras justo naquele fim de semana. Eve apenas meneou a cabeça, sem olhá-lo, pois não podia suster o olhar intenso que sentia a observar. Isso apenas tornaria mais difícil ignorar os pensamentos difusos que escrutinaram seu cérebro comparando coisas sem sentido. Coisas essas que nem se equiparavam — como Taehyung e Daewon.

— Ok. Estou indo me deitar — murmurou tão baixo que pensou que ele não tivesse ouvido.

Contudo, ao girar o corpo e dar as costas ao modelo, sentiu um roçar cauteloso no cotovelo direito. O suficiente para despertar a estática elétrica que pareceu despertar mariposas em seu estômago dolorido.

Eve levantou o queixo discretamente, deixando apenas que algumas mechas saíssem da frente de seus olhos, a tempo de ver Taehyung pegar uma xícara azul de cima da pia, coberta com papel de alumínio, e entregar a ela.

— Estou falando sério, Eve. Leve isso e beba antes de se deitar. Isso vai te ajudar a melhorar. Fiquei feliz quando vi que sua mãe tinha tudo que eu precisava, por isso fiz este chá para você.

Eve engoliu em seco, pegou a xícara nas mãos do rapaz — com cuidado excessivo para não o tocar —, ignorando a dor que repuxava todo o seu abdômen e alcançava seu coração, disparou para fora da cozinha.


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O loiro passou os dedos entremeio aos fios úmidos e baixou a cabeça, fazendo o mesmo com o telefone que tinha em mãos, onde uma chamada de vídeo, com dois de seus amigos, estava sendo exibida no visor. Seu gesto fez os dois homens do outro lado da linha terem uma visão ampla de seu torso torneado de músculos discretos e definidos no abdômen, que estava exposto desde que tomou uma ducha quente num dos vestiários do clube.

Foi para isso que me ligou bem no clímax do meu jogo, Jimin?! — Hoseok indagou com certa indignação refletida não somente em seu tom, mas na testa ressequida. — Cara... Não é possível que tenha sido apenas por isso! Tô revoltes!

Eu que o diga! — Taehyung concordou, o semblante igualmente abespinhado. — Cara, eu tô muito ocupado.

— Você parece estar relaxando — constatou Jimin, indicando o mar noturno que podia ser visto, e ouvido, as costas de Taehyung. — E ouvi bem? Você disse que está na casa dos pais da Eve?

Sim, ouviu bem. E com isso creio que saiba que estou extremamente ocupado, tentando conquistar o coração dela.

Jimin expeliu um suspiro exaurido. Estavam ali, naquela chamada, há menos de dois minutos e já se sentia desgastado pelas recusas que recebeu dos amigos assim que ambos o atenderam e ouviram seu pedido.

Qual era a dificuldade em passar o endereço de alguém? Não era como se Jimin fosse um maluco, ou coisa do tipo. Ele não queria fazer mal a ninguém. É justamente o oposto, pensou descontente.

— Exatamente! Você está aí com a Eve, logo, pode fazer o que pedi!

Taehyung pressionou o indicador e o polegar sobre as pálpebras que fechou momentaneamente. Hoseok aproveitou desse momento para dizer que sua presença não era de suma importância para Jimin, visto que Taehyung podia fazer o que ele queria, o oposto dele, que além de estar em casa, assistindo a um jogo na TV, não tinha o menor contato com Ryujin.

Porém, a despeito de suas alegações, permaneceu na linha por estar curioso sobre o avanço na suposta relação estabelecida entre Taehyung e Eve — Jimin, por outro lado, não estava tão preocupado assim. A aposta parecia algo tão desbotado em sua mente quanto uma polaroid antiga, no presente momento.

Mano... Lamento, não vai dar. A Eve vai achar totalmente estranho se eu chegar nela e pedir o endereço da Ryujin. Se você fosse uma mulher interessada num cara com fama de mulherengo, e do nada ele surgisse querendo saber da sua amiga, o que pensaria?

— Se te preocupa perder a aposta e me pagar, relaxa. Eu te pago a quantia apostada, pelo endereço da Ryujin! Pago até mais se quiser!

Você está parecendo um stalker maluco — Hoseok falou com a boca cheia de pipoca. — E Taehyung tem um ponto. A Srta. Eve vai expulsá-lo da casa dos pais dela se ele chegar perguntando de outra mulher.

Viu? — Taehyung aprumou os ombros e ergueu as sobrancelhas num esgar pomposo. — Agora, preciso ir. A Eve não está passando muito bem, precisa de mim.

Jimin abriu a boca, contudo não pôde fazer nada além de engolir as súplicas que subiram sua garganta. Assim que as palavras de Taehyung foram ditas, sua imagem desapareceu da tela por ter encerrado a chamada.

— Merda. — Jimin rumorejou, cabisbaixo, deixando os ombros encolherem-se miseravelmente.

Teria que esperar até segunda-feira para, mais uma vez, tentar alcançar Ryujin na saída do trabalho. Até lá, talvez, pudesse pensar em algo para fazê-la aceitar sua aproximação. Nada estava garantido quanto a isso, no entanto, afinal ele não sabia nada sobre ela que pudesse trazer o mínimo de confiança em suas ações para com ela, uma vez que Ryujin tinha deixado claro que acreditava que Jimin queria se aproximar dela com apenas uma intenção: levá-la para cama.

E ele seria considerado um dissimulado se confessasse a Ryujin que o que o fazia querer estar perto dela, era o que havia lido através de seus olhos castanhos. Tampouco se sentia confortável para explicar a razão que dera a ele uma boa percepção sobre aquele tipo de emoção, resguardada em almas aflitas.

Foi amor à primeira vista, é? Não sabia que essas coisas aconteciam mesmo, mas você nunca ficou assim, tão desesperado pelo contato de uma garota. Desde que nos conhecemos, sempre que ficava difícil, você partia para outra, o oposto do Taehyung — observou Hoseok, fazendo Jimin se lembrar de que ainda restava um dos amigos na chamada de vídeo. — A Yuna vai ficar bem decepcionada, viu? Ela parecia estar muito interessada em você. Até me pagou café e rosquinhas, apenas para que eu falasse sobre você...

Hoseok continuou falando, porém, a mente de Jimin desconectou-se de suas palavras assim que o nome de Yuna foi mencionado. A lâmpada mais luzidia do universo parecia ter sido acesa em seu cérebro, transformando a desanimação que sentia em uma expectativa revigorada.

— Você é incrível, Hoseok! Não devia ter ligado para vocês, claro que não. Desculpe atrapalhar seu jogo! — Jimin encerrou a chamada antes que Hoseok pudesse proferir uma resposta e logo procurou na agenda o único número de telefone que havia conseguido na noite em que conheceu Ryujin.

Quem melhor que uma de suas amigas para contar a ele onde a jovem de madeixas azuis morava, seu número de telefone, e de quebra, um pouco sobre o que ela gostava de fazer?

Eve não era a única amiga que Ryujin possuía, e ele tinha o número daquela que, sem dúvida, não o ignoraria.

Embora sua consciência pesasse um pouco, por saber do interesse que a ruiva nutria por ele, Jimin se viu sorrir ao ouvir a voz dela dizer "alô", com entusiasmos do outro lado da linha.

— Yuna? Sou eu, Jimin. Podemos conversar, agora?


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Taehyung ainda balançava a cabeça, indignado com a ligação de Jimin, quando adentrou a casa de veraneio outra vez e se dirigiu ao quarto que havia no final do corredor. Como Jimin podia ser tão cara de pau? Ele que se virasse, se quisesse conseguir algo de Ryujin.

Nem ele, que era um ícone desejado mundialmente por todas as mulheres que recebiam um de seus sorrisos, acompanhados de uma piscadela, teve tanta facilidade assim em alcançar Eve — sua jornada para isso ainda parecia estar no começo. No entanto, talvez ele pudesse usar isso como um meio de ter Eve mais perto.

Oh, sim! Encontros duplos são sempre uma boa pedida, pensou consigo mesmo, quase sorrindo. Porém, não contaria sua ideia para Jimin até que tudo estivesse bem armado — do contrário poderia dar errado.

Ao parar defronte a porta do quarto de Eve, Taehyung abriu uma pequena fresta e espiou o recinto. As cortinas de babados estavam fechadas e a única luz bruxuleando ali dentro vinha do abajur. Eve estava deitada na cama com as pernas encolhidas e os braços apertados junto ao corpo. O chá estava na metade, sobre a mesa de cabeceira, e ela continuava a fazer caretas, expelindo grandes lufadas de ar pela boca. A luz dava à sua pele um aspecto amarelado, ou talvez fosse a dor na barriga que lhe deu aquela aparência insalubre.

Taehyung empurrou os ombros para trás, encheu o pulmão de ar, para ganhar coragem, e por fim entrou no quarto. Eve abriu os olhos assim que ouviu a porta se fechar atrás dele. A montanha de objetos que os separavam ainda estava ali, entre o colchonete onde ele dormiria mais uma vez, e a cama em que ela estava encolhida. E não era a intenção dele invadir o espaço pessoal de Eve sem que ela lhe desse permissão para tal — pretendia conquistar sua confiança —, por isso se aproximou daquela muralha de pelúcia com cuidado para não a desfazer.

— Você não bebeu todo o chá — observou, parando perto da mesa de cabeceira.

— É horrível, tem gosto de vômito — Eve respondeu lânguida.

— Esse chá é tiro e queda. Depois de tomá-lo, uma massagem abdominal vai te ajudar a liberar os gases.

Eve pareceu reunir toda sua força para unir os lábios num bico raivoso e ultrajado.

— Não me diga que foi com essa intenção que me fez esse chá horroroso?

— Se não quiser que eu diga, eu não digo. Mas acontece que já sofri com isso, quando era criança, então aprendi a me virar com massagens e chás de ervas na falta de remédios ou quando eles não surtiam efeitos. Só que como não quer ajuda, se continuar assim, teremos que ir até o hospital.

— Melhor do que fazer essas coisas na sua frente! Ugh. — Era só o que me faltava, pensou Eve. Quantos micos mais terei que pagar na frente dele? Talvez fosse sua sina ser envergonhada e levada até o centro da terra dos azarões humilhados quando Taehyung estava por perto.

Mas por que ela deveria se importar? Era apenas Taehyung, o modelo bonitão, golpista. Não era como se fosse o Daewon, a quem desejava manter a imagem imaculada que ele tinha de sua pessoa.

— Então tá. Você quem sabe. — Taehyung deu de ombros — Talvez você acabe fazendo uma lavagem intestinal. Sabe como é feita, não sabe? Eles enfiam um...

— TÁ, TÁ, VOU FAZER A DROGA DA MASSAGEM! — Eve ralhou, sentindo o rosto ficar vermelho. Sabia muito bem como as lavagens intestinais eram feitas e só queria passar por aquilo em último caso. — Como eu faço isso?

Taehyung reprimiu um sorriso, pressionando os lábios, ao se aproximar um pouco mais da muralha de pelúcias.

— Não vai me expulsar daqui se essa coisa cair, né?

— Não, não vou te expulsar. Mas... — Eve respirou fundo e moveu alguns dos travesseiros que os separavam, deixando a barreira na altura de seu colchão. Estava sofrendo demais com as dores abdominais, para se importar com aquilo naquele momento. — Acho que não fará mal se deixarmos um pouco mais baixa, só para... você sabe... — Taehyung assentiu e se abaixou, apoiando os joelhos no colchonete para que ficasse mais próximo de Eve.

Depois que ela bebeu o restante do chá, fazendo uma careta medonha, ele pediu que se deitasse com a barriga para cima, deixando uma faixa de pele amostra em seu abdômen. Com movimentos circulares suaves, Taehyung deslizou as mãos de cima para baixo na pele de Eve, indo do lado direito na parte inferior e depois subindo para o lado direito, na parte superior e repetindo o processo no lado esquerdo de sua barriga.

Taehyung parecia compenetrado na tarefa que tinha em mãos, seus dedos longilíneos se moviam com precisão e delicadeza mesmo quando pressionavam a barriga de Eve. Era como se tomasse cuidado para não pôr mais força do que o necessário, razão pela qual ela se pegou distraída, observando as façanhas faciais que ele fazia com os lábios e as sobrancelhas.

Talvez fosse efeito do chá ou talvez fosse efeito da massagem, mas após dois minutos, as dores que Eve sentia ao pé da barriga, pareceram diminuir. Estava prestes a lhe dizer isso quando, sentindo o peso do olhar dela, Taehyung girou o pescoço. Seus olhos amendoados encontraram os de Eve e um pequeno sorriso arqueou os cantinhos da boca dele, fazendo o coração de Eve perder o compasso.

Eve desejou expulsá-lo dali, quebrando sua palavra, por sentir os batimentos arrítmicos, pois a irritava o fato de ele ser tão prestativo, para com ela, mais uma vez naquele dia, suscitando, em resposta, mais pensamentos indesejados em sua cabeça. Aquilo era proposital, certo? Faz parte do golpe dele, claro que faz!

Ainda assim, um arrepio percorreu sua coluna quando ouviu a voz profunda e baixa do modelo perguntar se aquilo estava ajudando. Ela abriu a boca, para responder ao passo em que um som agudo ecoou no quarto.

Seus olhos se esbugalharam e o fulgor descomunal se alastrou por seu pescoço, até pintar suas bochechas no mais profundo tom de carmim.

Eve não acreditou que a massagem de Taehyung fosse funcionar de fato, mas um lado seu cogitou que, se funcionasse, talvez saísse algo discreto, silencioso, com todo aquele movimento. Nem mesmo pensou no cheiro — o que ela tinha na cabeça para concordar com aquela vergonha descabida? —, porém os puns que se sucederam ao primeiro som agudo foram tão discretos quanto girafas brincando de esconde-esconde em solo descampado, e o cheiro tão agradável quanto o perfume de um gambá.

Aquilo seria cômico, se não fosse trágico. Se ela não se sentisse miserável.

Num primeiro momento, Eve queria desviar o rosto, empurrar as mãos dele, que continuavam sobre sua barriga pressionando mesmo com a avalanche de peidos que soltava, e talvez correr dali, mas seus olhos esbugalhados pareciam incapazes de desviar dos de Taehyung. Pois, ao contrário do que esperava, o semblante do rapaz permanecia sério e confiante, como quando lhe ofereceu o chá e a massagem.

— Viu? Eu disse que funcionava, não disse? — comentou satisfeito. Satisfeito! E arqueando as sobrancelhas. — E não precisa me olhar assim, todo mundo peida, Eve. Até mesmo eu, a personificação de um deus grego na terra, preciso soltar uns puns de vez em quando! E quem não peida, sofre, como você bem sabe.

Eve tentou não rir, mas foi impossível. Embora estivesse morrendo de vergonha, mal podia acreditar no assunto o qual Taehyung falava com tamanha seriedade, e seu riso fez com que ele encolhesse os olhos, rindo também.

— Essa foi a conversa mais estranha que já tive na minha vida. — Ela falou, secando uma lágrima que escorreu nos cantos das pálpebras. — Obrigada, Taehyung.

— Acha que agora consegue dormir?

— Graças ao deus grego da flatulência, sim — Eve brincou, sentindo o calor nas bochechas se aplacar aos poucos, e deitou-se de lado, apoiando o rosto a lateral da cama.

— Então feche os olhos e descanse. — Taehyung desviou os olhos para o travesseiro sobre o colchonete e o afofou, enquanto ela o observava com um sorriso singelo nos lábios.

— Boa noite, Taehyung.

O modelo ergueu os olhos e observou-a com um suspiro quase inaudível quando as pálpebras dela se fecharam.

— Boa noite, Eve.

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