Prólogo
Com o passar das horas, Acacia adormecera sobre cama. Conrado, que no andar debaixo havia preparado a janta, sentou-se na mesa da cozinha tendo o silêncio da residência como sua única e genuína companhia.
Jamais se imaginou naquela situação, jamais pôde imaginar que um dia se sentiria tão abandonado e até mesmo infeliz ao lado da pessoa que um dia o encheu de luz e felicidade.
Haviam se casado por toda a vida, essa foi a promessa que fizeram para eles mesmos quando adentraram aquela casa pela primeira vez. Não foi necessário um juiz de paz e tampouco um sacerdote religioso, o que sentiam já era válido e o bastante para morrer de mãos dadas.
Ele tomou um gole de cerveja incomodado com aquele maldito vazio. Pousou a botelha sobre a mesa e passou as mãos no rosto completamente farto. Naquela noite estava decidido a dar um fim em todo aquele drama.
— Acacia!
O toque na porta do quarto, junto ao seu nome, a fez despertar um tanto assustada e não ter dúvidas de quem se tratava.
— Conrado?
Levantou-se correndo e tirou a cômoda que havia posto como empecilho. Destrancou a porta com ânsia de dar um forte abraço no amado por tê-lo novamente. Porém, ao abrir a porta os olhos de Acacia voltaram a compactuar com aquele amarga mentira.
— Quem é você? — Assustada, ela deu passos para trás.
— Como quem sou eu? Sou seu esposo!
— Mentira! — gritou, com raiva. — Você não é Conrado. Cadê o meu esposo? Eu escutei a voz dele, sei que ele está aqui.
Ele ficou perplexo. Não entendia como a esposa poderia confundi-lo e dizer que ele se tratava de outra pessoa.
— Acacia... — Tentou dizer confuso.
— Onde está o meu esposo, caralho? O que você fez com ele? O que todos vocês fizeram com o meu marido? — esbravejou, furiosa.
— Quê?
Aquilo era mais grave do que ele realmente pensou, sempre soube que havia algo de equivocado com a esposa, por isso questionou o médico sobre o verdadeiro estado de saúde da amada. E mesmo o doutor garantindo que estava tudo bem, as suas suspeitas seguiram intactas, mas jamais pôde imaginar que algo tão perturbador como aquilo estivesse sucedendo.
— Meu amor, o que te passa...? — Ele perguntou confuso.
— Eu não sou o teu amor! — O empurrou em cima da porta e saiu chamando o nome do marido.
— Acacia! — Confuso, ele saiu atrás dela, que abriu as portas dos poucos quartos da casa em busca de Conrado.
— Conrado, minha vida! Onde está?
— Acacia! — Conrado adentrou o quarto de visitas e a deixou sem saída.
— Não te acerques. Por favor, não me faça dano! — Com medo, dava passos para trás a medida que ele se aproximava.
— Eu não vou te fazer dano. Jamais te faria dano, minha vida.
— Então me diga onde está o meu esposo. Por favor, eu o amo. O amo mais que tudo neste mundo. Não o quite de mim, por favor. — Juntou as mãos, em lágrimas.
— Acácia. Eu sou o seu esposo. Eu sou Conrado.
Ela negou com a cabeça, chorando.
— Eu sou Conrado, meu amor. Sou o seu esposo. —Tentou aproximar-se.
— Não! Você não é ele. Você sabe perfeitamente que não é ele! — gritou, com ódio.
— Acacia!
Ela tentou afastar-se, mas ele a agarrou pela cintura.
— Me solta!
— Não! Eu não vou te soltar enquanto você não se convença que eu sou o seu esposo! — gritou.
— Você não é o meu marido! Me solta!
Entre socos e empurrões, naquela busca de livrar-se dos braços fortes que a prendiam, Acacia deu uma mordida no antebraço do marido, que gritou de dor e a soltou.
Ela correu para o banheiro e trancou a porta.
— Acacia!
Chorando, ela colocou as mãos na cabeça e cerrou os olhos.
— Não é ele! Onde está o meu esposo? Onde está ele? — Desesperou-se.
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