potion | charles leclerc
[tw: + 18 sexo implícito ]
LAS VEGAS, ESTADOS UNIDOS — 2023.
Las Vegas. Dá pra acreditar? A cidade que brilha durante à noite, a cidade que contém todos os segredos do mundo, que inebria quem ousa visitá-la e embriaga os corações cheios de luxúria. Sou apaixonada por esse lugar. Os casinos que tilintam com as moedas, os grandes hotéis que parecem parques e a The Strip, longa como uma serpente sorrateira. A aura fantasiosa do lugar encanta qualquer um que tenha corações nos olhos, é a grande galinha dos ovos de ouro, o caminho dos sonhos e dos pesadelos, dos prazeres e das angústias.
É a minha cidade preferida no mundo inteiro. Las Vegas. Eu definitivamente não consigo acreditar.
Se alguém me dissesse, há um ano, que eu estaria no Grande Prêmio de Las Vegas, eu não acreditaria. Com o emprego monótono na Galeria Nacional da Irlanda, eu passava grande parte dos meus dias fotografando as inúmeras exposições que passavam pelo lugar. Eram dias quietos, calmos e insalubres. Eu não esperava que, em novembro de 2022, alguns dias após o final da temporada de Fórmula 1, alguém iria responder o e-mail que eu havia enviado no início daquele ano, aquele e-mail que, usando todo meu conhecimento da língua inglesa, fiz um pedido formal de emprego.
Não era uma resposta longa, era bem simples na verdade. Eles haviam amado meu portfólio e minhas experiências no mercado de trabalho. Eu tinha um ensaio chiquérrimo com Dua Lipa para a Versace e havia sido uma das fotógrafas assistentes durante a Champions League do Chelsea, em 2021. Além disso, boa parte das galerias de arte em Dublin buscavam pelo meu nome para fazer as campanhas, assim como os Museus e a prefeitura da cidade durante o Dia de São Patrício.
Não quero me gabar, mas eu era demais. Naquele dia, eu li no e-mail que deveria fazer uma primeira entrevista pelo meet, com os gerentes de marketing da equipe britânica McLaren Racing Limited. A conversa foi tranquila, tão rápida como o e-mail, e uma das garotas me avisou que, caso tudo corresse bem, eles me esperariam no McLaren Technology Centre, em Woking, no condado de Surrey.
Eu conhecia um pouco da Inglaterra, mas ainda assim parecia com uma daquelas viagens que você espera durante a vida inteira para algum lugar paradisíaco. Eles me ligaram no início de dezembro e eu embarquei até meu destino um dia depois. Lá, conheci toda a equipe de comunicação deles. Conheci a fábrica e conheci os carros de Ayrton Senna e Lewis Hamilton.
No final do dia, recebi um aperto de mãos de uma das diretoras executivas e com um sorriso que ia de orelha a orelha, ela me dizia que eu deveria começar a procurar por casas próximas à sede. Fiquei tão feliz que naquela mesma noite acabei completamente bêbada na varanda do meu hotel enquanto ligava para toda minha família e meus amigos, avisando que eu era a mais nova funcionária de uma equipe de Fórmula 1.
É, eu não acreditaria que acabaria em Las Vegas uma semana antes daquele e-mail chegar. Agora, eu estava na minha cidade preferida e em um emprego que era melhor que a encomenda. Conhecer os Grande Prêmios e as cidades em que a Fórmula 1 desembarcava ao longo do ano era minha coisa preferida. Das lentes das minhas câmeras, eu tentava mostrar ao público que acompanhava o esporte e a equipe o que eu via e o que eu gostaria que eles vissem.
Os pequenos detalhes da vida dentro de um paddock. Enquanto os carros não estavam na pista, os pilotos perambulavam pelo pit lane em entrevistas descontraídas para as mais diversas redes de televisão. O Bellagio estava em frente às garagens, iluminado por tantas luzes que o transformavam em um oásis paradisíaco no meio do deserto. Dou um sorriso para a foto que tirei de Zak Brown e Lando Norris.
Movo minha câmera para os boxes e capturo as interações entre os mecânicos. Aquele estava sendo um bom ano para a McLaren. Depois de uma temporada assustadora em 2022, nossa equipe parecia ter se encontrado dentro dos erros. Lando vinha de sua primeira vitória na segunda corrida do ano, alguns terceiros e segundos lugares, mas ao longo do fim de semana, as apostas eram de que em Vegas, tudo era possível para ele.
Red Bull Racing e Scuderia Ferrari ainda eram as duas principais rivais naquele ano, mas Lando estava indo bem. Eu torcia para que Vegas fizesse sua mágica aos sonhadores e o tornasse o primeiro rei daquele circuito.
Tiro uma foto de Malina, a assessora de imprensa do britânico e ela me mostra a língua. Dou uma risada e volto ao painel que tanto amo: a pista e os impérios erguidos ao redor dela. Busco foco nas imagens e tento achar uma posição perfeita para que consiga pegar Lando de costas enquanto as luzes caem sobre ele. No entanto, uma sombra escura vem sobre mim e vermelho e preto borra a foto perfeita.
Franzo as sobrancelhas enquanto a imagem vai se tornando mais clara e o que me atrapalha vai se afastando da lente. Na verdade, alguém me atrapalha. Eu deveria saber. Solto uma risada irônica quando Charles Leclerc foca no centro da foto, o macacão da Ferrari é vermelho como uma maçã grande e os óculos Ray Bans brilham com as luzes roxas. Ele sorri de canto e faz uma pose esquisita.
— Vai tirar a foto ou não vai? — questiona.
— Nem pensar — respondo e abaixo a câmera. — Não fotografo rivais ou gente que não gosto.
Ele aumenta o sorriso pertinente, depositando a mão sobre o coração de forma dramática. Caminha até onde estou novamente e seus passos são confiantes, como se ele não tivesse medo do caminho que traça mesmo que possa cair.
No ano anterior, Charles Leclerc se sagrou campeão mundial depois de uma campanha extasiante. Ao lado de Max Verstappen, ele protagonizou uma temporada repleta de momentos altos e baixos para os dois campeões. Charles havia mudado naquele tempo, havia amadurecido e se tornado complacente. Renunciara um amontoado de coisas para poder focar no seu único objetivo, o que resultou no término de seu namoro antes da metade da temporada. Ele se tornara em uma máquina que faria tudo para vencer e foi exatamente o que aconteceu.
Agora, depois da conquista do primeiro título, ele parecia ter se tornado muito mais solto do que fora naquele ano. O problema é que, com a calmaria, vinha uma personalidade que muitos de seus fãs não estavam acostumados. Ao lado de Pierre Gasly, o monegasco havia levado o ditado "vivendo a vida adoidado" ao pé da letra. Os finais de semana eram repletos de fofocas no paddock, seus namoros duravam alguns dias e toda nova race week uma garota diferente aparecia com o nome do piloto saindo de forma doce dos lábios.
Nunca o imaginei fazendo o tipo, mas Charles Leclerc era um mulherengo. E dos bons.
Ele para em minha frente e tira os óculos do rosto, me dando a visão perfeita de suas írises bem esverdeadas. Perto demais, ele nem parece real. Quando você o vê pela TV e por fotos, imagina que ele seja bonito, mas pessoalmente a história é outra. Esse cara entra na categoria divino. Charles coçou a barba mal feita e mordeu a pontinha do lábio inferior.
— Rivais? Pensei que vocês precisariam vencer para serem meus rivais. E que história é essa de gente que eu odeio?
Dou uma risada alta e me afasto dele, fitando com interesse a expressão deslavada do monegasco. Eu odiava que ele fosse bonito demais. Charles costumava ser genuinamente bonito, mas no instante que percebeu que tudo sobre ele era uma grande vantagem em cima das outras pessoas, esse homem belo e idiota se tornou um verdadeiro perigo para pessoas como eu.
— Você tá contando vantagem antes da hora, garoto. — Bato sobre o peito dele com uma das mãos e o sorriso do monegasco aumenta. — A Fórmula 1 é um esporte imprevisível. E sobre não gostar de você... Bem, veja seu histórico desde o ano passado e vai ter a resposta. — Dou um sorriso travesso e ele se regozija com a minha reação.
Charles estala a língua no céu da boca.
— Eu bem que gostaria que McLaren e Ferrari voltassem a se enfrentar — ele comenta como se estivesse falando do tempo. Seus olhos escureceram um pouco e Charles se apoiou sobre as barreiras de metal que nos separavam. — Mas acho que a única rivalidade que vamos ter é... — Ele espremeu os olhos e sorriu. — Você e eu, Laurel.
Certeiro. Ele tem razão. Desde que cheguei ao paddock, Charles Leclerc soube como me irritar. Ele tinha um tipo de ego que era muito mais sorrateiro que a maioria dos outros pilotos. Ele era um garoto bonzinho, mas também era um garoto com alguns bons escândalos nas costas. Seus namoros conturbados e o número de casinhos faziam dele um prato cheio para fãs fofoqueiros e revistas tendenciosas, ainda mais agora que a Fórmula 1 parece ter recobrado o prestígio que tinha entre as massas, em especial a cultura americana. Eu sabia que estava na lista dele quando recebi sua atenção, mas diferente das outras garotas, eu tinha um emprego muito próximo dele para me deixar levar por cantadas e piscadelas pretensiosas.
Infelizmente, eu meio que gostava do humor dele. Enquanto Lando e ele riam e faziam piadas idiotas, eu me divertia. Charles apesar de tudo era um cara legal, preocupado com as coisas em volta dele e bastante ético em seu emprego, nossas pequenas piadinhas nunca passavam disso.
O ponto de virada para ele foi Mônaco no ano anterior, quando tudo o que deveria dar errado, havia dado errado. Com uma falha astronômica de sua equipe, o título de líder que Mattia Binotto havia posto sobre ele cutucou no âmago do monegasco. Se ele era o líder, sua equipe precisava ouvi-lo. As coisas se tornaram mais sérias daquele lado do paddock e a hierarquia foi imposta. Charles era a face da remontada da Scuderia Ferrari e ele não deixaria que ninguém, de uma ponta a outra do globo, esquecesse.
Ele poderia ser o próprio Anthony Bridgerton e seu L maiúsculo para Libertino, mas era diferente quando estava aqui dentro. O problema é que, quando o assunto era eu, Charles era movido por charme e cantadas baratas.
Não sei se posso dizer que somos amigos. Acho que não cheguei nessa parte. Mas, aquele cara havia me contado coisas e eu havia lhe contado coisas, eu o entendia e ele parecia me entender, nós estávamos sempre alfinetando um ao outro e iniciando contendas que terminavam comigo irritada e com ele sorrindo ladino. Era uma dinâmica estranha e que, lá no fundo — bem no fundinho mesmo —, eu gostava. Ele era como um descanso enquanto as coisas me deixavam sufocada. Ele vinha e me fazia rir. Eu gostava, mas em segredo. De frente para ele, apenas o fuzilava com os olhos e o esnobava. Era assim que éramos e pra mim tudo bem.
Eu não precisava fazer de Charles Leclerc um problema para mim.
Balanço a cabeça e rio de suas palavras. Desço as escadas e caminho para longe dele, mas Charles continua a andar atrás de mim. Faço cliques dos passantes dentro do pit lane e dos chefes de equipe que conversam em uma rodinha inusitada. Diziam pelo paddock que Mattia Binotto odiava Toto Wolff, mas em todas as semanas, eu via o italiano, o austríaco e Christian Horner trocando palavras aqui e ali. As desavenças na Fórmula 1 eram instigantes. Eu sentia o clima tenso, claro, mas também sentia que aqueles caras se entendiam e por isso não deixavam de viver juntos.
Dei um sorriso. Bom, Charles e eu éramos assim.
— O que você vai fazer depois da corrida? — ele perguntou, parando ao meu lado. Mais uma vez, perdi minha concentração no que deveria fazer e o encarei. Ele mantinha aquela expressão angelical de sempre, que me fazia acreditar que não era do tipo de cara que amava ser um bad boy.
— Não sei — respondi sinceramente. — Ir pro hotel, dormir e pegar o avião para casa em duas horas?
Charles fez uma careta.
— Nenhuma comemoração? Você está em Vegas, baby! Tem um milhão de atrações aqui que podem te dar uma noite muito melhor que essa.
Redobro a atenção sobre ele e abro a boca para responder, mas não sei exatamente o que dizer para Leclerc. Nós estávamos em Las Vegas, minha cidade preferida no mundo inteiro, eu queria visitar todos os pontos turísticos e encher a cara como se o dia seguinte não existisse, mas...
— Bom, não sou igual a vocês pilotos. Tenho que trabalhar amanhã — digo.
Charles parece ficar ainda mais chocado.
— Você não tá me dizendo isso. Amanhã é domingo, Laurel. Ninguém trabalha no domingo.
— O quê? — reclamo. — Preciso estar na sede amanhã, preparar todo o material das mídias e mandar para a galera da comunicação. Eu tenho horário de trabalho, gato! Eles me pagam para isso. Ficar aqui não é uma opção.
Charles parece pronto para brigar, mas consigo ver as engrenagens de seu cérebro funcionando. Ele me encara um pouco mais com aquela expressão meio complacente meio irritada e bota as mãos na cintura. Vejo a lâmpada sobre a cabeça dele piscar assim que seus olhos se tornam maliciosos.
Lá vamos nós, baby.
— Se eu vencer, quero que você vá comigo — ele diz, de forma lenta e melódica. Sua voz invade cada fibra do meu ser e faz morada no núcleo de tudo. Sinto um arrepio agudo na ponta da espinha e quase chego a salivar. Hormônios. Eles eram um inimigo a ser batido.
Franzo as sobrancelhas.
— Por que eu faria isso?
— Porque estamos apostando.
Nego uma vez. Está meio difícil olhar para ele naquele momento. Charles espera com a sobrancelha bem definida erguida, tem um brilho infantil em seu rosto bonito.
— Eu não vou apostar com vo-
— Vai, sim! Se eu vencer, você vai sair comigo em Vegas. Se eu perder, posso ficar os próximos meses sem te irritar.
Não gosto da proposta dele. Me afasto um passo e olho para ele de trás, tentando entender toda aquela baderna. Charles passa a mão entre os cabelos e espera.
— Por que diabos você está escolhendo por mim?
Charles aumenta o sorriso.
— O quê? Você tem medo de ficar longe de mim, linda?
— Espero que você perca — é a única coisa que digo. Charles não precisa que eu diga mais, tudo se ilumina nele enquanto meu mundo desmorona dentro de mim. Nós não saímos juntos, faz parte do nosso tratado silencioso de manter essa coisa que temos apenas como uma brincadeirinha entre nós. Charles e eu não é para acontecer. Ele sabe disso, eu sei disso.
Leclerc se aproxima de mim com todo o charme que sabe que tem e toca meu ombro. Um toque leve, ele quase não pode sentir meu corpo sobre o dele. Charles se abaixa um pouco e deixa um beijo pequeno em minha bochecha. É o mais longe que já fomos em todo esse tempo, ele nunca havia encostado em mim, nunca mesmo. Estou meio petrificada, mas tento não parecer tão afetada ao sorrir sem escrúpulos para ele.
— Te vejo na linha de chegada, Thompson — ele sussurra e assim que se afasta me lança uma piscadinha.
— Só nos seus sonhos, Leclerc — replico, mas acho que digo a coisa errada porque a expressão do monegasco se torna ainda mais perigosa.
— Se é assim que você quer...
Rolo os olhos e mostro o dedo do meio para ele. Leclerc ri, mas antes de ir embora me manda um beijinho no ar. Ele é irritante. Cafajeste. Mulherengo. Bonito demais para a minha pobre sanidade.
Percebo Lando se aproximar de mim pelo canto do olho e solto um suspiro exasperado. Cara, que merda. Eu deveria parar de fazer as coisas na impulsividade. Ele para ao meu lado e observa Leclerc sumir entre as pessoas perto do box da Ferrari. O britânico coça a cabeça e franze o nariz.
— Eu devo perguntar?
— Apostei minha alma com o diabo — respondo xoxo.
Lando me escrutina. Ele sorri tão corrupto quanto o piloto da escuderia italiana. Eu sempre me esquecia de como todos eles eram assim... ardilosos.
— Me conte e eu posso ajudar meu amigo a te vencer.
Fuzilo o garoto.
— Não, hoje você vai entrar naquele carro e dar um jeito de levar a corrida, sacou?
Ele franze ainda mais o nariz.
— Não sou santo milagreiro, Thomps. A pista é da RedBull, só uma loucura poderia me botar na ponta.
Soco seu peito e cerro meus olhos para ele. Lando não se abala porque sabe que eu sou fogo de palha. Não sei brigar com ninguém porque começo a chorar imediatamente, mas hoje preciso soar séria.
— Então comece a rezar, Norris. Ou o diabo vai me pegar.
Saio caminhando sem rumo porque estou tão perdida que poderia ir para casa com minhas próprias pernas. Lando gargalha atrás de mim e grita um altivo "você tá fodida, Thomps", para todo mundo na América do Norte ouvir. Ele tem total razão. Estive evitando aquele momento por muito tempo. Charles e eu somos uma combinação que não funciona, isso deve ser fato, ele não faz o meu tipo e é perigoso como o inferno com seu jeito angelical de anjo que caiu do céu.
Espero que um milagre aconteça, de fato. Se Charles vencer, eu provavelmente também irei vencer de uma forma que irá me atormentar pelo resto da vida.
☆☆☆
Lando Norris venceu o Grande Prêmio de Las Vegas. Cacete. Dá pra acreditar? Lando Norris, esse filho da puta esperto venceu a porra do Grande Prêmio de Las Vegas!
Estou em êxtase há exatas três horas desde que a corrida terminou. Quando Lando saiu do carro e correu em direção a nós, minha mente não conseguia entender o que estava acontecendo. Eu tirava fotos de toda a cena até que ele me agarrou pela cintura e me ergueu no ar. Eu ri como se tivessem me contado a piada mais engraçada do mundo, mas Lando tinha olhos marejados e a única coisa que consegui ouvi-lo dizer foi o som mais lindo de todos: a porra do nosso milagre, Thomps!
Ele era sim um santo milagreiro. Cacete. A corrida foi maluca, como nós não esperávamos. O traçado de Las Vegas é um tanto sem graça, retas muito longas e 14 curvas em cada extremidade, deixando-o em um formato pouco atrativo de um círculo torto. A paisagem era impressionante, o show de luzes também, mas tudo sobre a corrida de Vegas era meio sem graça. No entanto, um problema no motor das Red Bulls levou tanto Verstappen quanto Perez a abandonarem a corrida cedo demais. Na confusão da relargada, Leclerc acabou encostando na roda dianteira de George Russell o que acarretou no britânico a ter um pneu furado e no monegasco a trocar o bico do carro. Os dois estavam muito atrás para conseguirem o topo tão rápido, mas Lando Norris e sua McLaren haviam batalhado o final de semana inteiro para estarem onde estavam. Ele liderava o pelotão com Carlos Sainz em sua cola e Pierre Gasly formando o topo da tabela.
As coisas pareceram voltar ao normal quando Leclerc ultrapassou o amigo francês e caçou Carlos por três voltas antes de ultrapassá-lo também. Os dezoito pontos levavam o monegasco a liderança do campeonato novamente, mas eu estava presa demais ao laranja na tela para sequer me importar.
Norris foi magistral. A pressão de ter um campeão mundial em seu cangote não o atrapalhou, ele foi frio e astuto até a bandeirada final e pela segunda vez naquele ano vencia um Grande Prêmio. Estávamos todos tão fora de si que, no momento em que Lando me disse que iríamos até o cassino comemorar com a equipe, nada se passou na minha mente além de "sim, vamos!".
Agora, tenho uma bola na garganta e mãos suando frio porque, junto com Norris, Fewtrell, Schumacher e Sainz, a figura usando uma blusa preta colada e jeans de lavagem escura se parece muito com uma assombração para mim.
O Paris Las Vegas era um hotel e cassino que misturava a estética parisiense — com suas réplicas de monumentos históricos como a torre Eiffel e o Arco do Triunfo — com particularidades da própria cultura norte-americana. A McLaren havia reservado a área do cassino para a comemoração da vitória de Lando e a conquista do segundo lugar no Campeonato de Construtores naquela noite. Tínhamos um ponto de vantagem em cima da Red Bull Racing, é verdade, mas já era alguma coisa.
Com a decoração puramente francesa, os diversos funcionários da equipe estavam aproveitando a noite de jogos e bebedeira como poucas vezes eu os vi aproveitar. As máquinas caça níquel tilintavam a todo momento e as rodadas de drinks e tequila não paravam de ir e vir. Eu havia bebido no mínimo umas boas cinco tacinhas de martini e alguns bons tragos de tequila naquela noite, mas ainda assim me sentia sóbria pra cacete enquanto encarava Leclerc.
Ele estava um tremendo gostoso. Essa era a verdade. Os músculos em seus braços se apertavam ao tecido da blusa, as coxas grossas por causa dos dias de treino eram evidentes dentro daqueles jeans e o cabelo bagunçado estava suado e grudava em sua pele. Ele estava se divertindo como ninguém naquela noite, eu o vira beber mais do que qualquer um e dançar agarrado a uma das garotas convidadas pelos pilotos. Lando e a namorada haviam o levado para o meio da pista de dança improvisada e ele dera um show à parte ao chamar a garota de Norris para dançar com ele. Eu estava babando nele, mesmo quando os movimentos do monegasco se tornavam engraçados demais para eu conter a risada.
A noite mal tinha começado e Charles Leclerc tinha me rendido pensamentos impuros para uma vida inteira. Nem mesmo minha vontade de gritar com a garota que o agarrou pela cintura impediu que eu não desejasse estar recebendo os beijos molhados que ela recebera ao conseguir a atenção dele.
Aquilo era castigo. Todas as vezes que tive a chance de receber aquele tipo de atenção foram jogadas fora por minha ética trabalhista, mas com álcool no sangue e inveja no coração, a única coisa que eu desejava era que ele descesse aquelas mãos até a barra da minha saia e me mostrasse como era ser tocada por ele.
Virei a garrafa de tequila de uma vez e fechei os olhos para a ardência que subiu em minha garganta. Eu estava dando combustível para aquele fogo e sabia muito bem disso. Aquele ponto, tudo dentro de mim era uma enorme bandeira vermelha, mas era uma pena que esse cara fosse aquela cor em pessoa.
Me afastei da visão assustadora de não ser a garota nos braços dele e caminhei para o bar novamente. Malina estava aos beijos com um cara qualquer no balcão, mas a camiseta da Red Bull em seu corpo me fez estancar no caminho. O cabelo que escapava do boné era loiro como areia, as mãos dele eram do tipo forte e agarravam a cintura dela com fome demais para não estar na hora do jantar. Engasguei com uma tosse horrenda quando percebi que conhecia muito bem aquele cara. O beijo deles não era do tipo que a gente quer ver enquanto pensa em fazer o mesmo com outra pessoa, era desenfreado e caso não houvesse uma música eletrônica extremamente alta vindo do palco improvisado, eu teria certeza de que estaria os ouvindo gemer.
Dei meia volta. Eu não precisava mesmo de uma nova bebida, poderia lidar com a tequila pura até que o sexo com roupas ali terminasse.
Assim que me esgueirei em meio às máquinas de jogos, senti o toque de uma mão em meu braço. A mão desceu até a minha e tirou a garrafa de mim. Virei-me para ele e encontrei os olhos intensos de Leclerc. Tive um breve sobressalto, meu coração parou e voltou a funcionar numa velocidade ímpar.
— Procurando por mim, Thomps?
Soltei um riso nasalado que o fez sorrir ainda mais. Havia algo de muito irresistível no sorriso cafajeste que ele dava ou as doses de tequila haviam me deixado grogue de vez. Charles levou a garrafa até os lábios como se lesse meus pensamentos e notei aquele movimento em câmera lenta, como ele parecia tocar o vidro de uma forma tão delicada que tornava tudo ainda mais profano.
Charles Baudelaire tinha razão. Quando a auréola caía na lama, tudo se tornava ainda mais excitante. Charles Leclerc era pecaminosamente atraente quando me olhava daquela forma inocente.
Tossi baixo.
— Esqueceu que eu venci a aposta, gato? — zombei dele, arrancando a garrafa do aperto do monegasco. — Você precisa me deixar em paz pelos próximos meses. — Dou um soquinho em seu ombro enquanto penso em me dar um também. Deus, me sinto claustrofóbica no mesmo ambiente que ele. — Sou muito boa em manter apostas.
Charles umedeceu os lábios e algo dentro de mim latejou. O desenho daquela parte do corpo dele me deixava louca e não era a primeira vez que eu imaginava meus dentes de encontro a eles, os gemidos que ele soltaria quando eu conseguisse mostrar ao piloto tudo o que poderíamos fazer depois de uma noite longa de conversas triviais e pegação desenfreada na minha cama. Ele era a porra do meu pecado de estimação e nada nesse mundo me faria querer perdê-lo.
Charles se aproximou de mim em uma passada, sua boca soltou o hálito fresco em minha pele e o calor da noite deu lugar ao frio da excitação que me consumia.
— E eu sou muito bom em esquecer delas — sussurrou e tudo pegou fogo ao nosso redor.
Charles afastou a garrafa da minha mão e me puxou para a pista de dança. Ele não precisava que eu dissesse sim porque o piloto conseguia ver em tudo em mim que a resposta era positiva. Havia muitos corpos grudados, muito suor e o cheiro de luxúria. A cidade dos sonhos e dos pecados poderia se tornar meu paraíso pessoal apenas com o sorriso que ele me lançava. Era muito mais do que ele havia me dado nos últimos meses, tinha desejo e diversão, tinha um brilho que me enchia de sentimentos tão gostosos que eu poderia viver naquele exato instante para sempre.
Leclerc me segurou pela cintura e Potion começou a tocar nos alto-falantes. Eu agarrei seu pescoço enquanto me movia no ritmo envolvente e sexy da canção de Dua Lipa e Calvin Harris. Sentia sua pele grudada a minha e sua risada retumbar em mim, me levando ao ápice da excitação em poucos segundos.
Eu queria ficar mais próxima dele a cada toque pretensioso de seu nariz em meu pescoço, de seus lábios em minha bochecha. As mãos dele subiam e desciam pela minha cintura e minhas costas, a barba de Charles raspava pelo meu queixo e sua risadinha desavergonhada me enchia de borboletas no estômago.
Toquei em seu peito e beijei a pintinha que havia no início de seu pescoço, perto da clavícula. Ele subiu as mãos pela base da minha cabeça e levou os dedos até o meu cabelo. O aperto me fez entreabrir os lábios e soltar um muxoxo de aprovação. Charles sorriu e eu sabia que havia acabado para mim no exato instante em que dei a ele um sorriso malicioso.
Agarrei seu rosto com as duas mãos e o beijei com toda a fome e fúria que existiam dentro de mim. Naquele instante, tudo parou. Nossas bocas se chocaram com uma urgência e um barulho rouco que dizia que esperávamos por isso há muito tempo. O piloto puxou meu corpo de encontro ao dele e senti todos os músculos bem definidos do monegasco junto aos meus. Estávamos fabris e nervosos, tenho certeza de que não era um beijo bonito para quem via de fora, mas para mim era a primeira maravilha do mundo.
Leclerc tinha um gosto salgado na língua misturado à menta da pasta de dente, seus lábios eram macios como pareciam em meus pensamentos e a barba que pinicava em minha pele me fazia gemer contra sua boca sem vergonha alguma. Ele era muito melhor do que eu imaginava que seria, muito mais forte do que achei que seria ao me agarrar pelas costas e me fazer sentir tudo nele. Fiquei sem rumo quando ele desceu os lábios pelo meu pescoço e riu ao me ouvir choramingar. Quando voltou a dar atenção para a minha boca, achei que pudesse perder completamente a minha sanidade.
Ao nosso redor, a cacofonia era silenciada pelos barulhos que fazíamos. Pele chocava-se com pele, respirações se misturavam e gemidos eram respondidos com mais gemidos. As mãos de Charles desbravavam meu corpo coberto pelo cropped e a saia apertada de tecido fino, eu sentia ele apertar minhas coxas com vontade e escorregar os dedos pelo interior delas. A carícia com a língua se misturava com a carícia com as mãos e eu começava a pensar que era sim possível morrer de prazer.
Eu estava dando uns amassos com Charles Leclerc no meio de uma festa dentro de um cassino. Dá pra acreditar? Bom, eu não teria acreditado no ano passado.
Quando nos separamos daquele beijo quente, Charles continuava a arrastar os lábios em minha clavícula e pescoço, mal consigo conter as exclamações de aprovação enquanto enlaçou seu pescoço e perco minhas mãos entre os fios de cabelo. Meu peito sobe e desce sem fôlego, tento encontrar o resquício de sanidade, mas não consigo achá-la em lugar algum. Assim que ele sobe os lábios até meu rosto e deposita beijos leves em minha bochecha e nariz, a atmosfera se torna mais íntima do que antes. Há algo de diferente enquanto uma bolha parece nos cobrir, os olhos mais suaves do monegasco sorriem para mim, sua mão esquerda sobe até o meu rosto e ele tira os fios desalinhados do lugar, arruma meu cabelo em minhas costas e seu indicador que abriga o anel escuro faz uma carícia doce em minha bochecha.
Charles me dá um selinho e depois outro, tento não sorrir com a mudança de postura do piloto, mas é impossível não cair na teia de aranha de um cara que sabe como ser charmoso. Ele arruma a minha saia e enrola os braços em minha cintura, estamos mais perto do que antes e minha mente pode explodir a qualquer instante. Não me sinto preparada para esse tipo de demonstração de afeto. Primeiro beijamos como se estivéssemos prontos para foder ali mesmo, depois ele age dessa forma. Posso entender como ele consegue tantas garotas, ele sabe como andar com elas em uma montanha-russa.
— O que você está fazendo? — questiono, rindo de sua atitude. — Assim vou acabar me apaixonando por você.
Não era bem o que eu queria dizer. Mas era uma ameaça que sempre esteve espreitando por mim. Nem ao menos consigo me culpar por ela.
Charles semicerrou os olhos e sua mão parou em minha bochecha, ainda acariciando minha pele com o polegar.
— É uma promessa? — ele sussurra, dando o sorriso de gatuno que eu adoro. — Posso continuar se tiver a certeza de que você vai se apaixonar por mim no final.
Dou uma risada altiva e estapeio o peito dele. Não tenho coragem de me afastar porque o abraço dele é a coisa mais aconchegante que já conheci. Os braços fortes do piloto me escondem do resto do lugar, suas mãos parecem feitas para estarem em mim, me afagando e me apertando. Seus olhos são dois pontinhos esverdeados que brilham por mim e para mim, seus lábios macios e gostosos combinam com os meus e o aroma que ele exala me deixa tão embriagada quanto a bebida que ingeri. Tudo nele é perfeito para mim e agora que o provei, sinto que não quero mais parar de provar.
Me aproximo dele novamente e o beijo. Fecho meus olhos com força, agarro seu cabelo com toda a vontade que há em mim. Sei que sou mais um nome na lista extensa de garotas que ficaram com Charles Leclerc, mas sou a mais idiota delas. Vou vê-lo todos os finais de semana possíveis daqui para frente e tenho quase certeza de que as coisas não vão ser as mesmas. Eu e Charles somos incompatíveis, mesmo que sejamos perfeitos estando juntos daquela forma.
Ele aprofunda o beijo novamente, mas não há a mesma agressividade do primeiro. Leclerc mantém o carinho em minha bochecha, aquilo me deixa ainda mais atordoada. Seguro a ponta de sua camisa e minhas mãos sobem pela pele quente de seu abdômen. Charles solta um risinho em meio ao beijo e tenho certeza de que ele gosta quando minhas unhas raspam em sua pele.
Seu peito sobe e desce quando descansa a testa junto a minha. Se continuarmos ali, vou mandar minhas preocupações para o inferno e esquecer que no dia seguinte não seremos mais do que apenas conhecidos. Charles, porém, decide que não irá me dar oportunidade para pensar demais.
— Vamos sair daqui — ele murmura contra o meu lábio. Seus olhos se voltam para os meus e o sinto implorar com as írises turvas.
Assinto com a cabeça porque acho que perdi a capacidade de falar. Eu faria qualquer coisa que ele me pedisse naquele instante. Charles sorri preguiçoso e tudo sobre mim se perde naquele ato.
Temos mãos entrelaçadas e risadas eufóricas enquanto corremos até a Ferrari Spider do piloto que está estacionada na garagem exclusiva do cassino. Ele me para e me beija pelo caminho como se não pudesse manter as mãos longe de mim e isso faz eu me sentir desejada pra caralho. Dentro do carro, ele continua suas investidas e estou quase desistindo de sair dali e apenas aproveitar a solitude do lugar para satisfazer tudo o que quero. No entanto, ele se afasta e faz aquela máquina luxuosa funcionar pelas avenidas.
O hotel de Leclerc não é tão longe e a viagem de elevador até a suíte parece eterna. Quando chegamos no hall de entrada do quarto, a camisa do piloto já está saindo por sua cabeça e eu a jogo longe. Ele sobe com as mãos pelas minhas pernas e me impulsiona em seu colo. Meu cropped é outra peça que não nos pertence mais e sinto os dedos dele brincando com o elástico da minha calcinha enquanto beija meu colo. Não sei se ele sabe para onde ir, mas esse cara é treinado para esse tipo de coisa com certeza.
Estou fervendo novamente, queimando como uma chama que jamais se apaga. Há faíscas entre nós e tremo sempre que ele encosta em mim. Charles sobe a boca até a minha e morde meu lábio inferior com possessividade. Já não sei se estou funcionando como deveria ou estou enterrada no devaneio que é tê-lo me tocando.
O monegasco me coloca sobre a cama, deixo espaço para que ele se aconchegue entre as minhas pernas e perco meu olhar no dele. De joelhos em minha frente enquanto me examinava, quase posso me sentir como uma divindade sendo adorado por um deus.
Charles me cobre com o seu corpo esguio, seu rosto muito próximo do meu, e sinto que posso me acostumar a tê-lo daquela forma pelo resto da minha vida. O pensamento enrosca minhas entranhas e me causa calafrios, mas não quero retirá-lo. Ele encosta o nariz no meu e mantém o contato visual. Suas mãos voltam ao meu rosto e seus lábios tocam minha pele. Me sinto enrubescer como não havia acontecido em toda aquela noite. A intimidade que ele me proporciona quando torna a eletricidade que nossa atração causa em algo muito mais simples e delicado me deixa estarrecida. É difícil de conter meu coração nos instantes em que ele faz aquele momento parecer muito maior do que parece.
Quero que ele diga que isso é casual e nunca mais vai se repetir, mas enquanto ele desce os lábios pelo meu corpo e espalma a cintura da minha saia, a puxando pelas minhas pernas, quero também que ele diga que vamos repetir essa mesma cena até que não tenhamos mais tempo para fazê-lo. Sua língua me deixa zonza e suas mãos me prendem no lugar, quero que ele fique ali até que eu desça do torpor que me impõe. Ergo meu quadril para ele e dou uma risada nervosa quando respira sobre mim e mordisca minha pele sensível.
Nós nos encaramos e vê-lo exalar todo o tesão que sente por mim quase me transforma em uma gelatina sobre as mãos dele. Parece que o mundo gira três dias inteiros em apenas um segundo enquanto sussurro o nome dele e aperto minhas mãos em seu cabelo agora todo desgrenhado e no lençol embaixo de mim. Charles parece gostar do que houve porque levanta o olhar e pisca em minha direção.
Estou ferrada. Droga, estou amando estar ferrada. Estou em pedaços bem em frente ao cara que jurei não ultrapassar esse tipo de limite. Mas os relacionamentos mais perigosos eram sempre os meus preferidos. E eu amava saber que Charles Leclerc iria me foder sem que ninguém ao menos soubesse. Foda-se a ética trabalhista nesse momento, eu o quero pra caralho agora.
Charles volta até mim quando todas as minhas muralhas desabam sobre mim e minhas roupas e as roupas dele desaparecem, quanto tudo sobre mim grita que eu sou dele, ele rasga o pacotinho da camisinha que retirou da carteira e a coloca. Há um silêncio que não soa desesperado, ele paira sobre mim e o vejo umedecer os lábios antes de se aproximar novamente. Seus olhos prendem os meus e não sei o que me deixa mais nervosa: a expectativa de finalmente tê-lo dentro de mim ou a adoração causticante do verde de suas orbes. Charles me enche de selinhos enquanto eu agarro sua cintura com uma das pernas, ele sorri quando eu puxo seu cabelo e aproximo minha boca da dele, exigindo que me dê absolutamente tudo.
Não costumo ser uma garota impaciente, mas quando se trata de Charles sinto que minha paciência está por um fio, que ela já não dá a mínima e foi embora. Quero tudo dele e quero exatamente naquele instante.
— É uma noite muito melhor do que você imaginou, não é? — ele sussurra perto do meu ouvido e eu rio para o rapaz com sarcasmo que não o impede de elevar o ego ao me beijar sobre o lóbulo da orelha. — De nada, Thomps.
E sem que o mundo reaja ao nosso redor, eu finalmente consigo o que eu quero. Não sei explicar exatamente o que eu senti além de puro prazer explodindo por cada molécula que me fazia quem eu era. Ele era rápido e lento, forte e suave, suas mãos me agarravam de forma fervorosa e inconsciente e depois ele sabia exatamente o que estava fazendo quando me segurava e sorria para a minha voz manhosa implorando para que simplesmente fizesse o que quisesse.
Eu estava ferrada. Eu sabia que sim. Era o melhor sexo de todos. Charles Leclerc sabia que sim só de olhar para mim e ter conhecimento disso o orgulhava mais do que deveria. Enquanto ele me beijava e recebia meus gemidos, sua mão em minha coxa descia e subia, me acariciando na mesma medida em que me fazia gritar de prazer.
Era como estar dentro da cor vermelha e sentir a paixão avassaladora que a consumia. Estávamos perdidos no corpo um do outro, nos fundindo em um só e conhecendo cada ponto que nos deixava sem rumo exato. Leclerc era um amante experiente, daqueles que não falhava em dar à garota em sua cama tudo o que ela desejava, mas eu estava gostando de vê-lo se perder na ponta dos meus dedos. A noite parecia feita para durar para sempre e eu estava começando a adorar a ideia.
Precisava admitir, Charles Leclerc havia monopolizado tanto o meu tempo durante aquele ano que os beijos e o sexo com ele eram tão perfeitos e acima da média que fazia parecer que estamos fazendo aquilo há muito tempo.
Ele me deu um último beijo enquanto arrumava meu cabelo sobre o travesseiro antes de deitar ao meu lado e abrir um sorriso grogue, seu peito subia e descia no mesmo ritmo que o meu, as pintinhas espalhadas pelo dorso dele chamavam a minha atenção e seu cabelo caído pela testa era uma tentação nova para a minha mais nova descoberta de que eu estava completamente viciada no que ele poderia fazer dentro de quatro paredes.
Charles se virou para mim depois de jogar fora o preservativo e se apoiou nos cotovelos, me observando com interesse. As pulseiras no pulso dele são o único lugar para o qual eu olho antes de recobrar todos os sentidos. Faço o mesmo movimento que o monegasco e me apoio nas minhas mãos. Ele sorri de um jeito fofo, seus olhos parecem cansados, mas ainda assim ele está fascinado demais com o que vê para sequer piscar.
— Você é bonito demais para ser justo — eu solto, bufando uma risada irritada. Charles ri e seu corpo treme em minha frente.
— Posso dizer o mesmo sobre você, sabia? — Ele toca meu rosto e se aproxima, nossas bocas parecem não se cansar do contato. Nosso beijo é mil vezes mais calmo, muito mais difícil de lidar que os outros. Charles suspira de forma pesada e fecha os olhos quando arrasta o corpo para mais perto de mim e me enlaça em seus braços. Eu poderia me acostumar com isso, mas sabia que não iria ter outras ocasiões. — Como você se sente?
— Incrível — murmuro e inspiro seu aroma do pós-sexo. Beijo seu peito e olho para cima. — Você tinha razão. A noite foi muito melhor do que imaginei.
Ele sorri sacana e toca meu nariz com o dele. Acho que posso ficar louca com esses gestos simplórias que ele me dá. São coisas pequenas, mas todas elas estão se enfileirando na porta do meu coração, desejando que eu a abra e as deixe entrar. Não quero abrir, mas não acho que tenha muita força para resistir a ele.
— De nada, Thomps — ele repete aquela mesma frase. Quando sua boca se aproxima, deixo uma mordidinha leve no lábio dele.
Aquele abraço parece que me tira de órbita. Charles puxa o lençol para cima de nós e se arruma na cama, me deixando ainda mais perto dele. Junto nossas pernas e afago as costas do piloto. Elas haviam se tornado meu lugar preferido, eram lisas e fortes, se tensionavam quando eu as arranhava e relaxavam quando eu as acariciava daquela forma. Leclerc beijou a minha testa demorando diversos segundos para se afastar e descer os beijos pelo meu rosto. Novamente, acho que a qualquer momento aquele cenário irá desaparecer e a vida real vai me atingir, então Leclerc murmura um segredo:
— Eu poderia viver assim pelo resto da minha vida.
Eu sinto a intensidade daquela frase. Sinto o tom despreocupado que ele usa se tornar doce em meus ouvidos, mas seus braços ao meu redor ficarem rígidos.
Olho para ele e o monegasco já tem a atenção presa em mim. Não sei exatamente o que dizer e nem como dizer, abro a boca e a fecho. Abro de novo e minha voz parece um tanto insegura. Mas eu preciso saber.
— O que isso significa? — digo em um fio de voz.
A mão de Leclerc que está apoiada nas minhas costas sobe até o meu rosto e ele parece relaxar assim que contorna os sulcos dos meus lábios e o formato da minha bochecha. Estou começando a acreditar que a adoração é a linguagem de amor do piloto, ele captura detalhes e os desenha com os dedos, como se sua maior missão na terra fosse demonstrar cada particularidade sobre o meu corpo que o deixava inebriado.
— Significa que eu quero você, Laurel. Totalmente. Não é uma brincadeira ou uma ficada que eu venho querendo há um bom tempo — ele se interrompe e me lança um sorriso maldoso. — Quero dizer, no começo era. Você é gostosa e ríspida, me deixou excitado só de me olhar com essa cara de garota má. — Ele riu e eu espelhei seu sorriso. — Achei que por você ser difícil seria ainda mais gostoso e, é, não estava errado sobre isso, mas... — A expressão de Charles se suavizou e seu sorriso de garoto mau se tornou amável, ele abaixou os olhos e desviou a atenção sorrindo maior. — Depois de um tempo, a única coisa que se passava pela minha mente eram os momentos que a gente se encontraria pelo paddock e você me responderia algo espertinho, então nós conversamos depois da corrida de Mônaco e você me mandou uma mensagem me parabenizando pela vitória, essas coisas começaram a me deixar diferente.
Esqueça as portas, meu coração está totalmente aberto. Olho para Charles como se estivesse olhando para algo novo, algo que esteve ali o tempo todo e eu estava vendada, não conseguia ver nada. Ele solta um risinho e volta a me encarar. Tudo muda com aquele olhar.
— Então nós começamos a conversar além das implicâncias e eu percebi que eu adorava te ouvir falando sobre tudo, até sobre como a sua câmera funciona e coisas desse tipo.
— Pensei que você só me ouvisse porque quisesse me levar para a cama — resmunguei o atrapalhando e Leclerc beliscou minha cintura enquanto ria. Dou um gritinho esganiçado e estapeio o braço dele, sinto sua mão afagando onde havia me apertado. — Sei lá! Eu só achava isso, não é minha culpa se você é mulherengo.
— Bom, não é mentira — ele concorda comigo e morde o lábio inferior. — Até que mandei bem nesse plano, linda, você precisa confessar. — Rolo os olhos para o monegasco, mas ele me enche de selinhos estalados. — Eu queria, sim, te levar para a cama, mas também estava curioso demais sobre tudo que remetia a você. E eu sabia que estava gostando da sua companhia mais do que queria admitir e aqui estamos. Comigo confessando que gosto de você e quero que isso aqui... — Ele aponta para nós dois e se torna sério. — Continue. E espero que você queira também.
Nego com a cabeça e levo minha mão até seu rosto, acariciando-o. Charles fecha os olhos com o meu toque e beija meus dedos. Sinto meu coração se encher de um sentimento bom e fresco, algo novo e que poucas vezes senti em toda minha vida. Olhar para ele me faz querer vê-lo dormir em minha cama e acordar nela também, me faz querer que nossas pernas estejam entrelaçadas enquanto ele me abraça durante a noite e me diz que gosta de mim com aquele sotaque melódico que mistura francês e italiano. Quero sentir seu aroma forte e seu carinho enquanto nós dois rimos de qualquer coisa idiota que contamos um para o outro.
Todos os sentimentos que reprimi ao longo do ano vão transbordando de mim, me dando a liberdade para sentir o que quero por esse homem. Charles abre os olhos e as írises dele se encontram com as minhas. Perco o fôlego, mas ganho o sorriso mais bonito que já vi.
— Quero viver isso com você — digo em voz baixa.
Ele assente.
— Vou adorar realizar seu desejo, Laurel.
☆☆☆
O dia seguinte começou comigo deitada sobre o peito do homem mais gostoso do mundo. Abri um sorrisinho satisfeito e me senti como uma adolescente de novo porque a noite passada não era só um sonho bom demais para ser verdade. Charles me agarrou pela cintura no momento em que abriu os olhos e me cumprimentou com um beijo sapeca, cócegas que me deixaram roxa por causa das risadas e um banho demorado que envolveu gemidos altos demais e um chupão avermelhado no pescoço do monegasco.
Nunca pensei que poderia acordar ao lado do piloto e acabar em cima da pia do banheiro enquanto ele se divertia entre as minhas pernas, mas aqui estávamos nós, vivendo a vida adoidada que ele tanto amava. Eu poderia me acostumar com o estilo de vida de Charles, afinal, há algum tempo eu não acordava em um domingo com sexo e beijos cheios de paixão enquanto tentamos nos arrumar para sair do hotel dele e nos juntar às nossas respectivas equipes.
Nós tomamos café no hotel e conversamos sobre coisas triviais e engraçadas sobre nossas próprias vidas. Conto sobre meus irmãos que são gêmeos e têm sete anos, digo que eles vivem com meu pai em Dublin, tento não citar minha mãe para ele, mas Charles é curioso demais para perguntar. Digo a ele que ela vive em Londres há uns bons cinco anos e que desde então somos apenas eu, Jon, Liza e papai. Ele diz que gostaria de conhecer meu pai e meus irmãos, mas o respondo com uma risada. Ainda é cedo para pensar nesse tipo de coisa.
Nós nos apressamos até meu hotel e não quero dizer tchau para ele. É meio inusitado de dizer, mas se eu pudesse passar o domingo com esse cara, minha vida estaria feita por uns bons anos. Nos despedimos com amassos em seu carro, mãos bobas onde não deveriam estar e a promessa de que ele vai me ligar quando chegar em Monte Carlo na segunda-feira. Charles me pede para ficar com ele e eu sinto dentro de mim que deveria aceitar. Não sei o que minha equipe deseja fazer durante o último dia do final de semana, mas tenho quase certeza que Lando Norris vai aproveitar Las Vegas ao lado da namorada e do melhor amigo e os pilotos Ferrari farão o mesmo. É injusto que nós meros mortais tenhamos que trabalhar enquanto eles se divertem. Dou vários selinhos em Charles e nós nos separamos quando eu sigo em direção ao grupo de funcionários da McLaren que ainda estão em Las Vegas.
Vejo Malina primeiro no saguão do hotel e a expressão desolada em seu rosto quase me faz parar no meio do caminho. Além do pessoal da comunicação, alguns mecânicos estão sentados nos bancos completamente acabados e mais distante, vejo os pilotos da equipe conversando com a diretora executiva de nossa área.
Fico com medo e nem ao menos sei o motivo. Caminho até minha colega e arregalo os olhos. Ela nega com a cabeça e arrasta o dedo pelo pescoço enquanto desvia a atenção para Lando Norris.
Ele vem até mim rápido demais e mentalmente começo a me preparar para uma fatalidade. Eu deveria saber que o primeiro dia genuinamente feliz dos últimos anos estava se tornando o pior de todos e eu ainda não sabia de nada.
Lando me segura pelos braços e finalmente consigo ver a namorada e o melhor amigo do piloto entre o pessoal da comunicação. Mabel sorri para mim e acena com as mãos, mas não consigo devolver o gesto simpático da menina. Lando parece mais agitado do que de costume. Ele me carrega para longe de nosso grupo.
— Me diz que você viu o escândalo do Schumacher — ele sussurra meio histérico e no mesmo instante começa a desbloquear o celular. — Droga, Thomps, você não pode deixar o celular no quarto quando sai. Gerenciamento de crise, sacou?
Fico confusa. Ele tira meu celular do bolso e coloca sobre minha mão. Tenho pouca bateria, mas um amontoado de notificações. Não me lembro de tê-lo deixado no quarto de hotel, mas a euforia do dia anterior pode ter me atingido em cheio. Encaro o britânico.
— Escândalo do Schuma... Espera, o quê? Por que eu teria visto alguma coisa sobre ele?
Lando me encara de forma maliciosa, mas logo fica sério novamente e franze as sobrancelhas.
— Claro que não viu. Enfim, longa história e envolve uma catedral e um pastor vestido de Elvis Presley. Talvez anéis feitos de linha ou papel, não entendi essa parte... — ele não para de tagarelar e mexer no celular, mas não consigo entender uma palavra sequer que sai de sua boca. Catedral? Pastor? Elvis Presley? Anéis? Que porra é essa? — Aqui, toma. — Ele empurra o próprio celular para mim e me fita em expectativa.
Seguro o aparelho e tento fazer meu cérebro funcionar para as imagens e a manchete na tela.
Mick Schumacher e namorada secreta, a atriz italiana Donatella Cappola, casam em Las Vegas.
Dou uma gargalhada altiva ao ver a foto do casal se beijando em cima de um púlpito improvisado enquanto Elvis Presley bate palmas atrás deles. A foto parece tão irreal que mal consigo decifrar se se trata de uma piada do F1 Twitter ou estou alucinando. Mick Schumacher, aquele Mick Schumacher, casando com uma namorada secreta em Las Vegas? Não faz o menor sentido para mim! No entanto, o terno escuro do piloto sobre as roupas casuais e o buquê de flores que a menina segura me deixam ainda mais desconcertada. Estou extrapolando a cota de risadas do dia quando vejo as fotos da festa de ontem da McLaren e todas as gargalhadas se perdem dentro de mim.
Há fotos de Lando e Mabel, do pessoal de nossa equipe se divertindo e de um piloto da Red Bull Racing se agarrando a uma garota. Meu estômago embrulha enquanto vejo fotos de Schumacher com a mesma menina com quem dizem que ele casou e de como eles parecem se divertir juntos.
Meus olhos miram o casal atrás deles, abraçados enquanto se beijam. Consigo reconhecer o corpo de Charles e meu cabelo, minhas roupas e tudo o que estávamos fazendo ontem.
A última foto ainda está focada em Mick e a menina, mas atrás deles meu rosto e o de Charles parecem perdidos demais no tesão do momento para sequer perceber que havia um fotógrafo dentro da festa privada de nossa equipe.
— Ah, Jesus — choraminguei.
Lando pegou o celular da minha mão.
— Eu vou te defender para a equipe, eu juro pela minha vida — ele responde. — Sofia não viu sua roupa ontem e a claridade do flash deixa seu rosto meio escondido, mas as pessoas estão falando na Internet. Eles acham que é alguma influencer americana ou sei lá, Leclerc é famoso por isso. Se ninguém falar, eles não vão perceber. E todo mundo tá ocupado com a fofoca do Mick agora...
O celular de Lando apita e ele se interrompe, capturando o que quer que esteja na tela do aparelho. Olho para ele e depois para Malina que parece prestes a vomitar enquanto vaga pelo próprio celular. Ela levanta a cabeça até mim e sinto o pavor em seus olhos. Tudo vai passando lentamente ao meu redor. Lando parece receber a mesma coisa que os demais quando levanta a cabeça para mim e sua expressão cai drasticamente.
— Sinto muito, Thomps — ele parece mesmo sentir.
Então vejo todas as fotos recentes, de alguns momentos atrás. Todas com a porra da minha cara e não a de uma influencer famosa e americana. Lá estava, Charles e eu no estacionamento do hotel em que estávamos hospedados e a ideia de que o que estamos fazendo dentro do carro ser muito mais do que realmente é.
— Laurel — Sofia me chama. Todo o sangue do meu corpo se esvai e me sinto fria como um pedaço de gelo. Escuto o barulho de seus passos antes de sequer ter coragem de olhar para ela.
Quando o faço, fico apavorada. Lando se aproxima mais de mim de forma protetora, mas não consigo dizer a ele que é melhor que não se meta. Não tenho nem um ano dentro desse emprego e consegui foder tudo por causa de um rapaz que era imprevisível demais, que poderia me trocar a qualquer momento por uma garota melhor, que tinha fama e seguidores ou que faça um par melhor ao lado dele nesses eventos badalados da categoria. Sofia e sua carranca fria me fazem acreditar em todos aqueles pensamentos, eu sei o que ela vai dizer para mim. Você jogou sua melhor oportunidade fora por causa de um piloto. Você foi imatura demais, Laurel Thompson. Você está demitida. Vá viver sua vida medíocre longe daqui.
Aí, meu Deus! Eu tô tão fodida agora.
Então Lando solta um arquejo surpreso e seu corpo vira para trás. Apesar de Sofia me fazer querer manter a atenção nela, não consigo me impedir de seguir o olhar do piloto britânico. Escuto o farfalhar de sola de sapato batendo no piso espelhado do saguão e a respiração sôfrega de alguém que parece desesperado para chegar sabe-se Deus onde.
Quando me viro, tenho certeza de que meus olhos se enchem de lágrimas. Charles para no meio do caminho e as sobrancelhas caídas dele me dão a certeza de que também viu tudo, de que ele sabe o que minha cabeça está dizendo agora e o que vai acontecer. E mesmo assim aqui está ele, com um semblante que me diz que sente muito por tudo, mas não pode me deixar sozinha só porque não somos nada um do outro.
Acho que sou muita coisa para ele agora. Consigo sentir nas batidas do meu coração que ele também é muita coisa para mim. Mesmo que não tenhamos um nome para isso.
Ele volta a se movimentar entre o silêncio sepulcral que nos envolve e eu o imito. Sofia diz alguma coisa, mas eu não a escuto com clareza quando a voz de Lando soa ácida para ela. Charles abre os braços no instante em que trombo com ele e me aperta como se nunca mais me quisesse deixar desaparecer. Suas mãos me apertam nas minhas costas e em meus cabelos, não digo nada enquanto ele parece tentar me confortar de alguma forma.
— Sinto muito, linda — ele suspira e parece se culpar por estar tendo que dizer aquilo. — Eu deveria saber que estariam atrás dos pilotos depois de ontem a noite. Carlos me disse que tinha gente no hotel atrás do Mick e da garota. E até Max teve problemas com paparazzi. Dá pra acreditar? Ele não gostou muito disso. Acho que por isso não os vi quando cheguei lá. — Charles riu baixo e segurou meu rosto em suas mãos, me senti totalmente protegida daquela forma. Meu nariz coçava e meu olho ardia, mas eu não queria chorar. — Sinto muito mesmo, Laurel. Droga, não era pra isso acontecer com você.
— Não é só sua culpa. Eu fiz isso porque quis — digo embolado e o indicador de Charles sobe pela minha bochecha. — Estou fodida, não estou?
Charles olha para cima e franze um pouco o nariz.
— Ela parece bem puta daqui.
Choramingo e o faço se aproximar mais de mim.
— Vou ser demitida. Acabou pra mim.
— Não diz isso-
— É a verdade. Vou ficar sem emprego e voltar para casa famosa por ter aparecido em uma fofoca com um piloto de Fórmula 1, seus fãs vão me odiar e espalhar boatos sobre mim e quanto todo mundo esquecer de mim, vou viver arrependida em uma casa solitária com cinco gatos e vizinhos de meia idade que brigam constantemente enquanto você vai casar com uma super modelo e ter cinco filhos que são a sua cara.
Charles gargalha, mas sei que ele não quer rir de mim. Ele está rindo do meu desespero e não sei o que é pior. Ele me faz encará-lo e sinto toda a seriedade do momento em seus olhos hipnotizantes.
— Não vou deixar isso acontecer com você, Laurel. Nem que eu precise falar com Zak Brown e implorar pelo seu emprego. E não vou deixar ninguém te odiar ou te tratar mal, você é a minha garota e eles vão precisar passar por cima de mim para fazer isso.
Eu engasgo e me perco naquelas palavras. Charles não perde a pose ofensiva e nem o vinco irritado entre suas sobrancelhas. Tento deixar para lá tudo o que ele me diz enquanto penso que só pode ser conversa fiada, mas sei que não é. Me ergo nas pontas dos pés e o beijo. Já estou ferrada mesmo, não me importo de cavar um buraco e me enterrar se ele continuar me abraçando daquela forma. É o estopim para Sofia provavelmente, mas pela primeira vez em muito tempo não me importo com o que estou fazendo de verdade.
— Você confia em mim? — Charles sussurra entre o beijo.
— Confio — digo a verdade.
Ele sorri. É bonito como da primeira vez que o vi sorrir em minha frente. É muito melhor do que daquela vez. Porque agora o sorriso era meu e apenas meu.
— Então estamos bem. — Ele abre um sorriso malandro. — Acho que finalmente vou ter uma briga com a McLaren.
Tento não rir da piada idiota dele, mas não consigo.
— Acho que finalmente estou torcendo para você vencer.
Leclerc arqueia uma sobrancelha de forma esnobe.
— Você vai se acostumar a me ver vencer, linda. — Seus lábios tocam minha testa e ele me balança de um lado ao outro. — E a me ver ao seu lado. Vem, vamos embora daqui.
Não reprimo quando ele se afasta e me leva para longe do saguão.
— Para onde vamos? — questiono quando o burburinho atrás de nós começa e sei que Sofia está assinando minha rescisão de contrato.
Leclerc me lança uma piscadinha e dá de ombros.
— Para todos os lugares, baby.
tá feliz mundinho?
fui obrigada a escrever um conto com potion da moreninha por essas ruindade e ainda inventar uma fofoca chocante com o mick schumi pq elas me odeiam e é tudo eu nessa casa (se quiserem descobrir a fofoca completa em breve vem aí)
não tô acostumada a escrever esse tipo de conto, mas espero que vocês tenham gostado dele <3
recadinho: a mabel e o lando fazem parte da fanfic babylon, disponível na conta lwtranger!
aproveitem que vai sair vários contos do charles sendo bad boy aqui pq esse grupo é o maior apoiador de charles leclerc sem vergonha
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro