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Nice to meet ya | Callum Ilott

Era um dia pavorosamente quente em Mônaco, e Callum sentia sua pele ferver. Estava garimpando a sala de estar atrás do molho de chaves. Não as achava em lugar nenhum, provavelmente, culpa de Marcus que sempre as perdia.

— Credo cara, você precisa de um copo de água . — o australiano brinca, incomodado pela condição do melhor amigo.

— Marcus, sério, onde vocês colocou nossas chaves? — responde, já estressado com a situação.

Armstrong franze a testa confuso, vendo que o inglês está mais emburrado do que costuma estar, mesmo depois de todas as vezes que perdia as chaves nunca o via tão irritado.

— Sei lá, procurou no aparador?

O piloto bufou, tirando as mãos do bolso da bermuda de sarja escura, e as achou bem no centro do móvel. Se sentiu ainda mais furioso, estavam na sua maldita cara o tempo inteiro!

— Vou levar a Poppy para a consulta. — informou, e sentiu um arrepio horripilante caminhar pelo seu corpo, o mesmo de todas as vezes que tinha que levá-la à clínica.

Uma coisa tão simples e que o afetava de forma astronômica, como se esfregasse na sua cara o quanto é lerdo e, talvez, um pouco covarde.

Armstrong lhe lança sua expressão que Ilott mais odeia. O australiano movimenta as sobrancelhas, e sorri como um gato. Callum se afasta, sabendo o que viria em seguida, toda vez.

— Hoje vai falar com ela, né? — indaga, com um misto de curiosidade e empolgação.

— Não sei do que está falando. — afirma, mesmo sabendo exatamente a que seu melhor amigo se referia. Sua fascinação pela assistente da veterinária de Poppy, desde a primeira vez que a encontrou sentiu um incômodo que crescia das pontas dos pés a cada fio claro em sua cabeça. E se julgava mentalmente toda vez que falhava miseravelmente em chamá-la pra sair.

— A você sabe. — cantarola, entusiasmado. — Quer saber? Vou com você para garantir que hoje seja O DIA!! Nem que precise eu mesmo chamá-la para sair com você. — insiste e Callum o encara espantado, já calculando como escaparia de lá, e onde acharia uma nova veterinária para Poppy. Seria uma pena já que a cadela gostava da clínica tanto quanto ele, foi bom enquanto durou - pensou com si.

Sem deixar nenhuma brecha para que o britânico planejasse sua fuga, Armstrong envolve a guia da pequena buldogue francês em suas mãos calejadas, e puxa o amigo pela outra. Callum sua frio pelo trajeto até a clínica, odeia perder o controle das situações, pode ser por isso que não acumule coragem o suficiente para chamá-la para sair. Estaria totalmente fora da sua zona de conforto, e se acabasse gostando dela mais ainda? Meu Deus, seria pavoroso! Um horror.

Um sino anuncia a chegada da dupla, ele já consegue vê-la da porta de vidro. Ela sorri para um dos clientes, está incrível, como sempre, e só isso já é o suficiente para atacá-lo o coração, disparando mais rápido que suas próprias largadas dentro do carro.

— Vai escorregar na própria baba.— Marcus provoca, fazendo o Inglês se forçar para fora de seu próprio transe.

— Cala a boca, isso é uma péssima ideia aliás. — nota, mas o australiano o ignora e segue o caminho até o balcão. Às vezes, Ilott invejava a facilidade do amigo se se comunicar, ele fazia parecer fácil, enquanto ele mesmo achava um dos maiores desafios para si.

Ártemis rodopiou em seu próprio eixo antes de encará-los, o britânico se sentiu ainda mais intimidado uma vez que os olhos verdes, quase cristalinos, da garota estavam sob ele. Callum gostava de reparar a forma que ela parecia sorrir com eles.

— Oie, veio trazer a Poppy? — questionou, energizada como sempre.

O piloto congelou, deixando um silêncio estranho no lugar. Felizmente, tinha Armstrong a seu lado.

— Sim! Chegamos muito cedo, né? — Marcus tomou a vez, respondendo com a mesma animação que a garota.

— Não, tudo bem. — garantiu, dobrando os lábios carnudos em um sorriso. — Onde está minha garota? — questionou, voltando a encarar o britânico. Por algum motivo ela adorava encará-lo.

— Aqui. — pontuou, tirando a guia das mãos do australiano.

A estudante mostrou os dentes em um sorriso confiante, deu a volta no balcão e se ajoelhou para encarar sua paciente. Poppy, contra todas as chances e estatísticas, amava ir ao veterinário, o que apenas deixava Callum mais apreensivo, se até sua melhor amiga gostava de lá...

— Parece que está muito bem, hein garota? — conversava com a cadela de cor caramelo, que consequentemente abanava o rabo entusiasmada. Marcus cutucou o amigo para que ele olhasse a cena, e os dois travaram uma pequena discussão com palavras sussurradas. — Vou levar a Poppy para a sala de espera, a Doutora ainda está em consulta mas em alguns instantes ela pode atender, ok?

— Tudo bem. — concordou, mesmo que o canto de seus lábios tremessem depois de uma cotovelada do australiano.

Ártemis saiu do páreo da dupla, Callum sentia a onda de calor o afetar, as mãos suando, o peito zunindo em seu ouvido. Bastava os olhos deles se encontrarem que seus joelhos se transformavam em gelatina.

— Cara, você precisa aprender a relaxar. — o australiano soprou no ouvido do melhor amigo.

— Cala a boca, você acha que eu não sei? — retrucou.

A partir daí, ficaram em silêncio. O britânico acompanhava a jovem com o olhar, tentando desvendar o que a garota teria que o atraíra tanto, concluiu em pouco tempo que tudo.

Ártemis era o conjunto da obra, o jeito que ela pronunciava as palavras, os olhos verdes e a pele marrom alaranjada contrastando com perfeição. Além disso tudo, os tênis rabiscados, e o nome. Ártemis... quem tinha um nome tão singular como aquele? O deixava curioso para desvendar até mesmo isso.

— Você realmente deveria chamar ela pra sair. — afirmou, vendo a forma que Ilott parecia hipnotizado pela estudante.

— Eu deveria se quisesse estragar tudo. — Marcus o olhou confuso, com direito a testa enrugada e sobrancelhas juntas. — Se ela disser não, eu nunca mais poderia voltar aqui, a Poppy ama esse lugar. — se explicou e o australiano gargalhou.

— Sério, Callum? A Poppy ama esse lugar é a sua desculpa? — ironizou, fazendo o outro bufar impaciente. O britânico não gostava o rumo que a conversa tomava, a qualquer instante falariam de seus sentimentos, cujo assunto costumava evitar, muito drama!

— Não é desculpa, eu tenho que pensar nela. — insistiu e antes que Armstrong pudesse protestar, Ártemis voltou a sala de espera, largou outro sorriso branco a dupla e os chamou para o sala de consultas.

A morena estava em seu quarto semestre na faculdade de Medicina Veterinária, escolhera a profissão quando mal sabia colocar um pé a frente do outro. Sabia que a clínica não era nada mal para um estágio, mas alguns pacientes em especial a faziam amar aquele emprego. Como Poppy.

— Pode subir menina. — animou a buldogue que içou um pulo, mas pelas patas curtas falhou em pousar na maca de metal. Em reflexo, Ártemis impulsionara a cadela, mas com o mesmo pensamento Callum também o fez, o que causou um encontro esquisito de mãos, seguido por um cruzamento de olhares intensos.

— Err desculpa... — o piloto balbuciou.

— Sem problemas .— tranquilizou, dando de ombros, exalando confiança pelos poros, o inglês recuou intimidado.

A morena ajeitou o uniforme com pequenas patas coloridas estampadas, e voltou a fitá-lo pelo canto de seus olhos. Ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas Poppy, e sua respiração pesada devido ao calor demasiado, tornavam o momento, um pouco menos, constrangedor.

— Muito bem, o que temos aqui?

A doutora J. adentrou a sala subitamente, fazendo Callum pular em seu lugar, e Ártemis deixar uma risada estridente escapar - julgou que era impossível não rir do piloto assustado. O australiano, por outro lado, bufou frustrado, seu plano não estava indo como planejado.

— Somente a consulta de rotina da Poppy, doutora. — explicou, brincando com a prancheta em suas mãos.

A mais velha encarou desconfiada Ártemis, e o jeito nervoso em que ela mexia a caneta, mas prosseguiu com a consulta normalmente. Assim que concluiu que estava tudo bem com a cadela, a liberou para o banho quinzenal a deixando nas mãos da mais nova.

— Não deve demorar muito para terminar o banho, podem esperar aqui se quiserem. — contou, um pouco esperançosa. Os pilotos se entreolharam, Marcus com um sorriso fino no rosto.

— Claro, vamos esperar. — Callum tomou a dianteira, fazendo a estudante sorrir antes de sumir nas instalações internas da clínica.

— É disso que eu tô falando. — vibrou, fingindo disparar socos no braço do britânico. — Finalmente, nem tremeu dessa vez.

— Cara, você é tão inconveniente. — afirmou, mas Armstrong bufou irônico.

Se sentaram em frente a enorme vitrine de vidro reluzente, que separava os cachorros em seu banho de qualquer um que se interessasse em assisti-los. Callum remexia os pés em nervosismo, enquanto o australiano dava atenção ao seu celular. Em algum tempo, Ártemis surgiu em seu radar, e mesmo com os cabelos negros presos, e um avental sem graça, ela parecia mais interessante do que qualquer garota que o britânico já conhecera.

— Callum, você precisa mesmo falar com ela, ou eu não vou permitir que você saia daqui. — advertiu.

— Marcus, você precisa descobrir como cuidar da sua vida. — retrucou, já cheio dos ultimatos.

— Tá bom, tá bom. — levantou os braços em rendição.

Durante o banho de Poppy, Ártemis não se conteve, trocava olhares estranhos e desconfiados com Callum. Ambos não sabiam muito bem como se comportar ali, a monegasca nunca fora tímida, principalmente em relações amorosas. Mas o piloto a encurralava com os olhos claros todas as vezes, e nunca dizia uma palavra sequer, o que a deixava em dúvida, se enfim, ele realmente queria dizer algo com a intensidade de seu olhar.

A jovem estava tão presa em seus pensamentos relutantes que não notara o que fazia. A pequena buldogue tampava o ralo com sua pata dianteira, o que fez com que a água se acumulasse no tanque, e agora vazava em seus pés. Quis gritar consigo por se distrair a esse ponto. Mas só resmungou e agarrou Poppy.

— Ei, tá tudo bem? — questionou o piloto, entrando na sala de supetão. Ártemis tropeçou com o vibrato repentino de sua voz e fora ao chão enquanto Poppy latia. Callum arregalou os olhos, se apressando para acudi-la, a situação na realidade era hilária com toda aquela espuma e água no chão, mas ele não arriscou rir ali. Apenas ofereceu sua mão com uma expressão preocupada.

— Agora está. — respondeu, se levantando com a ajuda do piloto. — Tudo bem, eu sei que você quer rir. — garantiu, rindo de si mesma.

Ilott não se conteve e se juntou a estudante, os dois gargalharam a pleno pulmões, a melodia mais pura que já ouviram.

— Desculpe ter te... não sei, assustado? — pediu, acariciando Poppy que pairava seus pés.

— Ah, tudo bem, precisa de muito mais que isso pra me assustar, Callum. — garantiu, a confiança estava de volta e o fez corar com a forma que ela pronunciava seu nome.

— Tudo bem, então vou indo... — acenou sem graça, dando de costas a jovem que já se preparava para uma lufada de ar desapontada sair de si. — Na verdade... — interrompeu-se, do lado de fora Marcus vibrava enquanto Callum dava a meia volta. Era agora, teria que ser, uma onda de confiança repentina o invadiu. — Que horas você termina seu turno?

A menina conteve a animação no canto dos lábios, o que deixava o britânico ainda mais apreensivo.

— Às 18:00. — respondeu, levantando as sobrancelhas escuras de forma instigante.

— Certo, o que acha de um jantar depois? Ártemis — perguntou, sentindo o calor se espalhar pelo seu rosto, estava ainda pior do que antes. Já quase não ouvia o mundo ao seu redor, sua atenção focava única e exclusivamente nos lábios carnudos da estudante.

— Pensei que você nunca perguntaria.

Aa estava muito ansiosa pra contribuir com esse projeto incrível!! Espero que vocês tenham gostado do Callum e da Ártemis e que eles tenham trazido um pouquinho de luz pra esse dia com essa corrida maluca, quero saber o que acharam do meu primeiro conto então comentem bastante 🥰

Até breve, Giu.

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