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loved you first | oscar piastri

            because
i've been waiting
all this time to finally say it
but now i see your heart's been taken
and nothing could be worst
baby, i loved you first

            Oscar não sabia como havia se metido naquela confusão. Se tinha algo que ele odiava, era ter de lidar com situações desagradáveis e, sendo sincero, havia um bom tempo que tudo o que ele fazia era lidar com aquele tipo de problema que envolvia silêncios demais, olhares raivosos e a vontade desenfreada de pular de uma janela a ter de encarar a pessoa que depositava todo o ódio do mundo sobre ele. Acontecia sempre quando passava pelas instalações da Alpine durante os finais de semana.

Tremeu no lugar. Muita gente estava decepcionada com o garoto e, certo, ele gostaria de dizer que sentia muito, mas não sentia.

Não era bem culpa dele, não só dele pelo menos. Todo o drama do ano anterior entre McLaren e Alpine o perseguia para todo lado como se fosse um ímã, mas aquela história era indiferente se comparado ao que Savannah e os sentimentos irritantes que sentia por ela haviam causado a ele desde o Ano Novo.

Droga. O Ano Novo. Aquele momento desagradável quando Oscar disse a coisa errada e fez a coisa errada. Nunca fez parte da estratégia dele contar para a melhor amiga que estava apaixonado. Conhecia Sav desde... caramba, muito tempo mesmo. Na cabeça dele, não fazia o menor sentido ter sentimentos românticos por ela, conhecia aquela garota como conhecia a própria família porque ela era parte da família. Deveria ser esquisito, ele dizia, mas não era esquisito e quando percebeu aquele fato, entrou em parafuso. Ele estava apaixonado por Savannah. Não queria dizer que deveria falar em voz alta sobre aquela descoberta. Nem que deveria falar em voz alta sobre aquilo exatamente para ela. Mas foi o que ele fez.

Era aquele momento dos fogos, todo mundo ficava meio sentimental demais, a promessa de uma nova vida em um ano novo parecia render frutos, as pessoas se abraçavam, os casais se beijavam e Savannah estava triste de dar dó por coisas que nem mesmo Oscar conseguia entender, mas tudo que passava pela mente dele era que, não importasse o quê, ele gostaria de ser a pessoa que faria um sorriso surgir no rosto dela. O garoto a abraçou pelos ombros, beijando a têmpora dela. Sav enrolou um dos braços na cintura dele e sorriu, o tipo de sorriso que faria o coração do garoto dar cambalhotas.

Você sabe que é importante para mim, não sabe? — foi o que disse. Sav concordou, beijando a bochecha de Piastri. — Deixa eu te fazer feliz, Savy. Não sei o que aconteceu, mas odeio te ver desse jeito.

Ele não sabia bem do que estava falando exatamente. Mas surtiu o efeito contrário, claramente. Ela suspirou pesadamente e se desprendeu dele, a sombra de felicidade se dispersando para longe. Savannah apertou as mãos e se afastou, recostando o corpo no parapeito da sacada do apartamento que vivia. No horizonte, as luzes da cidade espanhola pintavam o céu escuro. Barcelona era linda durante o dia, Savy obrigou Oscar a visitar cada ponto turístico do lugar, contando a ele todas as histórias que apenas um local poderia conhecer e o piloto adorou cada segundo. Todos os momentos com aquela garota eram incríveis, até mesmo quando ela o colocava em problemas, o que acontecia com muita frequência quando os dois eram apenas crianças.

Contudo, a noite catalã era um espetáculo à parte.

Ele observou a menina, a necessidade absurda de entendê-la o arrebatou, misturada aos sentimentos conflitantes que haviam feito morada no peito de Piastri. Ele não era expert em relacionamentos, nem em sentimentos e muito menos em declarações, mas era muito bom deixando claro o que queria ou não. Nunca contar para Savannah sobre o que sentia não era uma opção, ele soube no instante em que descobriu o que todas aquelas sensações físicas e aquele aperto descomunal no peito significavam. Paixão. Amor. Savannah em seu estado mais puro.

Sav...

Desculpa, tô sendo uma péssima companhia pra você...

Ei, nada a ver — ele exclamou, se aproximando dela. Levou o rosto da garota para encarar o dele, suavizou o olhar e deu um sorriso cúmplice. — Já tivemos momentos piores, Savy. Sei lidar com seu mau humor.

Ela riu, desferindo um leve tapa sobre o braço dele. Com quase treze anos de amizade, não tinha como Oscar e Savannah não terem passado por todo tipo de encrenca. De brigas e de picuinhas, de choro e de alegria, das vitórias de Oscar no automobilismo e o dia em que Sav entrou para a faculdade que desejava. Tudo estava marcado no livro da vida deles, cheio de momentos marcantes.

Oscar deslizou o polegar pela bochecha da menina, preso no brilho dos olhos castanhos dela. Eram dois pequenos globos claros, amendoados e sensíveis. Ele adorava como eram tão diferentes; Savy era apaixonada, romântica, uma heroína de livros de romance como os de Jane Austen e de filmes que Oscar não entendia, mas assistia mesmo assim porque Sav gostava. Em contrapartida, Oscar era obstinado, pé no chão, tinha desejo de vitória e pouco se importava com a opinião alheia. O esporte havia o ensinado a ser forte e corajoso, a ter os próprios objetivos bem definidos e nunca, em hipótese alguma, pensar nas consequências.

Opostos se atraiam ou eles eram uma exceção à regra, quem se importava? Contudo, funcionavam muito bem juntos. Ela era calma, ele era tempestade; ela era fantasia, ele era realidade; ela fazia o mundo de Oscar se iluminar, ele a confortava como um lar, um lar de verdade.

Savy, o que quer que tenha acontecido, você pode contar comigo — ele começou, sussurrando um segredo que todos conheciam. — Odeio te ver desse jeito, odeio não poder tirar essas ruguinhas entre as suas sobrancelhas e nem mudar esse olhar. Me deixa... apavorado — ele testou a palavra na ponta da língua, franzindo o cenho. — não saber como te confortar.

A garota o fitou, com mais atenção do que antes. Sentiu as mãos dela afagarem os braços, um sorriso confuso surgiu e Piastri beijou a testa da melhor amiga. Ela o abraçou. Poderia viver ali para sempre, poderia se acostumar a mantê-la naquele abraço, poderia muitas coisas se soubesse que Savy também poderia sentir o mesmo que ele.

Tive a sorte grande de te encontrar, não tive? — Savy indagou, se afastando para poder encará-lo novamente. — Você é o tipo de menino que toda garota deveria ter.

Você também? — ele questionou, sem pensar muito no que estava dizendo. Se fosse sincero, quase nunca pensava muito quando estava com a garota. Ela o instigava a ser corajoso, muito mais corajoso do que era dentro de um carro de corrida.

Sav mordiscou o lábio, deitando um pouco a cabeça para poder inspecioná-lo. Estavam presos ainda no toque um do outro, perdidos no momento em que finalmente parecia que algumas peças estavam se encaixando.

Oscar...

É sério, Savy. Você... Você é a garota mais incrível que eu já conheci. Conheço você como me conheço, sei tudo que preciso saber... Você me conhece melhor do que ninguém. Você... Caramba, penso em você todos os segundos do meu dia e não consigo entender porque tudo precisa ser tão intenso assim, mas... Aconteceu.

Oscar, você não...

Estou apaixonado, Savy. Por você. Não deveria ter acontecido... Talvez. Mas aconteceu. E... E... — Ele apertou os lábios e balançou a cabeça, sentindo dentro de si um terremoto destruir todas as barreiras que tentou construir desde que descobriu que estava perdida e completamente apaixonado pela melhor amiga. — E não sei o que fazer. Porque tudo fica pior e tenho certeza de que você não sente o mesmo, mas não consigo fingir. Não consigo fingir que não preciso de você, que quero te beijar o tempo todo e quero que você me ame dessa forma também, mas acho que não vai acontecer. Só que eu precisava falar antes que... Tudo isso me consumisse.

Ele puxou o ar para os pulmões, sentindo a garganta seca pelo discurso atropelado e a confusão de pensamentos que pularam na mente dele. Oscar, definitivamente, não era bom nessa coisa de se declarar.

Savy o encarou, como se estivesse vendo-o só naquele instante. Um milhão de anos passariam e Oscar nunca descobriria o que se passou na mente dela naquele instante, quando, por um segundo, os olhos de Sav caíram para os lábios dele e uma das mãos no braço do piloto o apertou, como se todo o desespero dele tivesse passado para ela. Oscar piscou os olhos e arrastou a mão que estava sobre a bochecha de Savy até a nuca dela, engolindo uma enxurrada de pedidos de desculpas que se prenderam na ponta da língua. Foi um erro que o perseguiu diariamente, mas era um erro que ele se orgulhava de ter cometido sempre que lembrava como foi ter os lábios de Savannah sobre os dele.

Era o tipo de beijo que colocava tudo o que Oscar conhecia de cabeça para baixo. Savannah Martinez deveria ser apenas sua melhor amiga, mas era muito mais. E enquanto ela o puxava para mais perto e o piloto sentia o próprio coração querer escapar do peito pela proximidade sufocante, soube que gostava da bagunça, de como nada era linear, de como a confusão também era seu momento preferido em todos os dias que passou ao lado daquela garota.

Até que o toque se foi e a magia desapareceu. Savy soltou Oscar e se afastou, definitivamente daquela vez, os olhos que sempre buscavam os dele se afastaram para um lugar que ele não conhecia, as mãos dela largaram os braços dele e se agarraram uma na outra, os dedos lutando uma briga que o piloto não poderia interferir nem se desejasse.

Savannah olhou para cima, mas não para ele. Abriu a boca, fechou, riu sem jeito e mordeu o lábio inferior. Piastri observou tudo sabendo que nada de bom estava se aproximando. Normalmente ele sempre tinha noção de quando tudo iria por água abaixo. Aquele era o momento.

Oscar, eu sinto muito... — ela murmurou, dando um passo para trás. Ele engoliu todas as palavras que havia dito a ela, sentindo a garganta queimar. Sempre sabia quando deveria se arrepender e sentia aquela sensação desgostosa enchendo o coração. — Sam me pediu em namoro. Gosto dele de verdade, Oscar. E... E acho que quero dizer sim. Eu sinto muito, eu...

Corações partidos? Rá. Ele estava conquistando o primeiro naquela noite. Sempre gostou de vencer, mas não estava achando nem um pouco divertido ter aquela conquista na prateleira. Savannah disse mais algumas coisas naquela noite, ele não conseguia lembrar muito bem, só conseguia pensar que havia descoberto que era apaixonado pela melhor amiga, havia dito a ela, havia beijado a garota e adorado cada segundo daquele instante, mas ela não gostava dele, nem um pouco, na verdade, ela gostava de outra pessoa e Oscar até tinha uma ideia do porquê, mas não importava, porque, caramba, corações partidos doíam. Ele não tinha ideia de como era possível se sentir física e mentalmente acabado depois de sofrer uma decepção amorosa, mas podia ter certeza de que era ainda pior quando a garota a partir o seu coração era a única pessoa que você sabia que não deveria.

Idiota. Ele era um baita de um idiota.

O grunhido rouco surgiu pela garganta do piloto assim que ele tirou o óculos de sol e encarou Lando Norris jogado sobre um dos sofás do hospitality da McLaren. O inglês levantou o olhar, o verde opaco dos olhos desbravaram toda a postura defensiva do australiano e um sorriso impertinente surgiu. Contrariando todas as expectativas, Norris e Piastri eram uma baita dupla. O britânico o importunava, Piastri revidava com uma piadinha seca e, bum, perfeitos um para o outro. Lando fazia o tipo extravagante, do tipo que gostava de ser espalhafatoso e todo miss simpatia para lá e para cá, Oscar detestava quando caia nas graças do garoto, mas era divertido vê-lo dar uma de irmão mais velho, cheio de conselhos e "ei, escute o que estou te de dizendo, quando cheguei aqui, ninguém me avisou que era assim", "ei, Oscar, vem cá, vou te apresentar fulano-de-tal e você vai adorar".

Mas nada se comparava ao humor ácido de Norris. Ele era detestavelmente divertido e Oscar apreciava porque odiava bajulação e toda a falsidade irritante dentro daquele esporte.

Oh-oh — Norris cantarolou, largou o celular para poder encará-lo melhor. — Deixa eu adivinhar: alguém te perguntou sobre a Alpine de novo? Não, não... Estão dizendo que você é meu irmão gêmeo e Nossa-Olha-Como-Eles-Parecem-Irmãozinho-E-Irmãozão como fizeram em Melbourne e você não pôde rosnar na cara da pessoa...

Oscar bufou uma risada. Jogou o corpo no sofá ao lado de Lando e fechou os olhos, massageando as têmporas.

— Espera — a voz de Lando dançou pela mente de Oscar, daquele jeito sarcástico que costumava irritar todo mundo, mas ele suportava porque o colega de equipe era a pessoa menos detestável que estava encontrando naquele dia. —, nós estamos em Barcelona, o que significa que... Ela está aqui, não está?

— Claro que está — murmurou desanimado. — Não tinha como não estar.

— Pobre, Piastri — o inglês zombou, apertando o ombro do colega. — Decepções amorosas são mesmo uma verdadeira fatalidade.

Riu.

— Encontrei com os pais da Savannah na garagem. Foi desconcertante pra não dizer o óbvio.

— E ela?

Oscar deu de ombros. Talvez não devesse ter contado para Lando sobre a melhor amiga e todo o drama do Ano Novo, mas desde aquele dia, a relação com Savy havia se deteriorado e Norris era o cara que passava o tempo todo com ele agora. O piloto era um excelente ouvinte, mas um péssimo conselheiro. Talvez porque não conseguisse resolver a própria vida amorosa e não desse a mínima para relacionamentos ou talvez porque o problema de Piastri era grande demais.

— Provavelmente fugindo de mim.

— Ou se divertindo pelo paddock.

— É, pode ser.

— E o namorado?

Piastri abriu os olhos, fitando Lando com atenção. Com certeza não deveria ter contado toda a história para Norris. Não demorou muito para Oscar começar a se sentir amargo pelo relacionamento da melhor amiga. Na verdade, com a primeira postagem nas redes sociais, entendeu que detestava Samuel e detestava saber que não era o cara a fazer Savy feliz. O que ele tinha afinal de contas? Oscar nunca teve problemas de autoestima nem nada do tipo, confiava muito em si mesmo, mas o cara com quem Savy estava saindo era um daqueles idiotas de cabelos loiros e olhos azuis, com sotaque espanhol ridículo que mantinham multidões de garotas aos pés. Ele definitivamente detestava esse tipo de cara, ou só detestava Samuel porque Samuel era o cara que recebia o amor de Savy e ele era o cara que havia levado um fora. Não era ciúmes, não sempre, mas era aquele tipo de coisa que Lando chamava de "um santo não bate com o outro". Poderia ser infantil, mas ele não dava a mínima também.

— Não sei. Não tô a fim de saber também. Savy e eu não conversamos há uns dois meses, cara — ele confessou. — Pensei que pudesse lidar com a ideia de estar apaixonado e ter levado um fora, mas não tenho sangue de barata. Na verdade, tenho um coração e ele é um filho da mãe. Tudo sobre ela me magoa.

— Então você não fala mais com a sua melhor amiga? Que merda, mano.

É, era uma merda. Oscar estava odiando cada segundo daquela vida sem Savannah, mas não sabia o que fazer para mudar.

— Estraguei tudo com ela. Nunca mais vamos voltar a ser o que éramos.

— Você tem razão.

O australiano encarou o colega.

— Valeu aí pela parte que me toca.

Lando riu.

— É a verdade, mano! Mas escuta só, o que vai fazer agora?

— Fugir.

— Cara...

— Não, é sério. Sem chances de eu ver Savy. Vai piorar minha situação. Quero esquecer esses sentimentos e não piorá-los. Tô na reabilitação, sacou?

— Você é adulto, Oscar, sabe disso, não sabe? — Lando brincou, ficando de pé e alongando o corpo. Ainda tinha que ir até a uma press conference e dar o ar da graça em algumas entrevistas. Já estava cansado e nem tinha colocado os pés pra fora. — Ela é sua amiga acima de tudo. Do fora e do seu ressentimento. — O inglês apertou as sobrancelhas e arrumou o cabelo bagunçado. — O que pode acontecer de tão ruim?

❤️‍🩹

            — Um sorriso seria bom, sabia?

Piastri levantou a cabeça para Laurel, recostando o corpo na parede oposta a ela. A garota ergueu a câmera e esperou. Oscar, porém, manteve a expressão fechada enquanto abria o macacão e amarrava as mangas na cintura. O corpo zunia com adrenalina e esquentava junto ao calor espanhol, mas nem por um segundo um sorriso tremeu no rosto dele. — É sério, Oscar, preciso que você sorria para as fotos que vão pro Twitter.

— Não tenho motivos pra sorrir.

— Qual é, gatinho, ouvi dizer que sua paixonite tá aqui e, é, uma merda e blá, blá, blá, mas esse é meu emprego e sorrir um pouquinho é o seu. Nós combinamos isso, lembra?

Laurel não sabia que era possível uma expressão se fechar ainda mais, mas lá estava a carranca completa do australiano. Normalmente, contrariando a expectativa de boa parte dos fanáticos por Fórmula 1, Oscar era um garoto divertido. Tão divertido quanto Norris conseguia ser nos dias bons. Ele tinha um senso de humor inteligente que surgia em momentos inoportunos, com o jogo de cintura e a escolha de palavras certas, ele conseguia fazer uma mesa inteira de figurões caírem na gargalhada, sem muita comoção e quase nada de marra. Mas Laurel sabia que ele era marrento. Todo piloto de Fórmula 1 era. Alguns só sabiam usar aquele estado de espírito de forma disciplinada.

— Quanto Lando te contou? — Oscar apontou um dos indicadores para ela, semicerrando os olhos.

Laurel deu de ombros, tirando uma foto da careta contrariada dele.

— Tudo.

— Que otário.

— Ah, vamos lá, lindinho, quem você acha que pensou nos conselhos dele? Claramente não foi o Norris. Ele não pensa com muita frequência.

— Achei que ele tivesse uma namorada.

— Por sorte do destino, é, mas antes dela aceitar o cargo, tentou matar o garoto algumas vezes. De todo modo, isso não vem ao caso. Me conta sobre a menina. E dê um sorriso.

Ele não sorriu. E nem contou sobre Savannah. Se afastou de Laurel ouvindo as reclamações da fotógrafa atrás dele, mas não tinha nenhuma intenção de respondê-la. A classificação tinha chegado ao fim e o óbvio tinha acontecido; Ferrari e RedBull eram as forças condutoras daquela etapa e as apostas iriam para cima da disputa entre Leclerc e Verstappen para a vitória do dia seguinte. Apesar de um desempenho promissor da equipe inglesa, a McLaren ainda não estava pronta para brincar com as crianças mais velhas. Era questão de tempo, mas não aconteceria em 2023.

Deveria estar preocupado com a falação exacerbada sobre o desempenho um pouco aquém naquele final de semana, mas já havia se acostumado com as críticas desde o primeiro dia. Era claro que, pela situação inconveniente do ano anterior, alguns se achavam no direito de desmerecer a temporada de Piastri. Mas, se pudesse ser sincero, não dava a mínima. Não era ouvindo tudo que tinham a dizer sobre ele que as coisas melhorariam.

— Lando disse que você tá fugindo dela — Laurel comentou no encalço do piloto. Piastri bufou outra risada. — Não ri! Eu sei como é não ser correspondido e ainda ter de conviver com a pessoa.

— Ah, não me diga.

— É sério, Oscar! Quando eu estava na faculdade, me apaixonei pelo meu colega de mesa da turma de...

— Ah, meu Deus, Laurel... — Oscar resmungou, pinicando a ponte do nariz enquanto olhava incrédulo para a fotógrafa. — Eu não quero saber. Não quero falar sobre isso. Meu Deus...

A garota fez cara feia para ele e mostrou a língua, recebendo a risada mal-humorada do piloto em troca.

— Chato! Tô tentando te ajudar...

— Eu juro — disse ele, aproximando-se da garota e colocando as mãos sobre os ombros dela. —, não preciso de ajuda. Preciso que parem de falar sobre isso. E me deixem em paz.

— Mas, Oscar... — Laurel não teve tempo de pensar em uma resposta. A atenção foi roubada para o círculo de repórteres que entrevistavam pilotos de equipes diversas. Max Verstappen estava acompanhado pela press-officer, assim como Lando era acompanhado por Malina, ao lado deles Drugovich, o piloto brasileiro reserva da Aston Martin e Carlos Sainz com uma das garotas da Ferrari. Mas nenhum deles pareceu ser o interesse imediato da fotógrafa. Oscar seguiu o olhar dela e encontrou o Campeão Mundial de 2022 sorrindo matreiro enquanto abria o macacão vermelho. Charles Leclerc não era o mesmo de alguns anos atrás, quando Oscar o viu pela primeira vez, competindo nas categorias de base para a PREMA, agora, ele tinha um campeonato na bagagem e estava lutando ferozmente pelo segundo assim como Max Verstappen. — Que droga.

— Sabe, eu também já me senti atraído por alguém e fiquei negando... — Piastri cutucou a garota, recebendo o olhar mortal dela. — Quem tem teto de vidro etc, etc, etc... Tchau, Laurel.

Ele se afastou, gargalhando quando ouviu o xingamento baixo da irlandesa assim que Charles Leclerc a encontrou. Ele parecia ter um sentido aranha para detectar sempre que a irlandesa estava por perto. Foi imediato. Em um momento ele estava flertando com a repórter, no outro estava vidrado na garota. Laurel ainda tentou pedir por ajuda, mas o piloto monegasco já estava dando adeus para a entrevistadora e caminhando em direção a ela.

— Thompson, que surpresa — Piastri ouviu Leclerc cantarolar e abrir um sorriso ardiloso para Laurel, deu as costas para os dois e comemorou mentalmente a angústia da fotógrafa por ter sido deixada para trás com o cara que, supostamente, ela detestava.

Deveria agradecer o ferrarista por livrá-lo do inquérito da garota, mas faria isso em outro momento. Naquele instante, precisava responder outras perguntas e nenhuma delas envolvia a menina que partira seu coração.

❤️‍🩹

           Oscar tinha certeza de que a culpa era de Lando. O que pode acontecer de tão ruim? Maldita boca grande. Parecia que tudo que aquele cara dizia se concretizava.

A primeira reação de Piastri ao ver Savannah no elevador do hotel em que a equipe da McLaren estava hospedada foi piscar os olhos. Só para ter a certeza de que estava vendo certo, não era uma ilusão da mente sonolenta do garoto pela noite mal dormida. Savannah estava ali. Vestida com a droga de uma camiseta da equipe papaya e com aqueles olhos amendoados suaves de sempre que comprimiam o coração de Oscar como uma latinha esquecida.

— Oi — ela sussurrou, recostada na parede oposta. As portas se fecharam nas costas do piloto, trancando-o ali junto da única pessoa que gostaria de não ver naquele instante. Próxima demais, Oscar conseguia sentir o cheiro do perfume dela e o calor se alastrar pelo próprio corpo.

O piloto demorou para assimilar o que ela estava falando. Na verdade, ainda tinha dúvidas de que não era mesmo uma alucinação. Ficou parado por um instante, absorvendo todos os detalhes da menina antes de passar a mão entre os cabelos e dar um passo para trás. Causticante demais até mesmo para ele.

— Ahn... Oi... — Engoliu o bolo que se formou na garganta. — O que... Como você chegou até aqui...?

— Lando — ela explicou de imediato. — E Laurel.

Uma risada fina escapou de Oscar.

— Óbvio.

Todos os problemas atuais de Piastri tinham o dedo de Lando e Laurel. A garota havia chegado na equipe junto com Oscar, era a nova fotógrafa deles e, bem, foi amor à primeira vista pelo piloto britânico. Eles eram como unha e carne, viviam atormentando juntos qualquer desavisado que passava por eles, nesse caso, Oscar.

— Acho que você não tá muito feliz em me ver — Savy apontou, abrindo um sorriso lateral que era marca registrada dela. O piloto gostaria de enterrar a cabeça no chão como um avestruz e não lidar com aquilo, mas se obrigou a não demonstrar reação alguma.

— É, talvez. Foi mal, Savannah. Não esperava te encontrar aqui. Agora. — Ele notou como ela se retraiu ao dizer o nome completo e não o apelido de sempre, mas, mais uma vez, se obrigou a não externar o que estava gritando dentro de si. — O que você... — Ele clareou a voz. — O que você quer?

— Quero conversar com você. Nós precisamos conversar.

Ele assentiu. Porque entendia completamente o que ela estava dizendo. Oscar estava sendo um péssimo amigo, mas não podia se arrepender de fugir de Savy. Se queria que todos aqueles sentimentos fossem embora e que as coisas parassem de ser estranhas porque não conseguia superar o que havia acontecido no Ano Novo, precisava manter distância. Mas também sabia que a distância criava empecilhos no próprio plano. Longe de Savannah, estava longe da melhor amiga e, droga, sentia muita falta dela.

Oscar não conseguia se lembrar de um momento desde que conheceu a menina que não tivesse ela junto a si. Era um constante. E agora... Eles não eram mais os mesmos.

— Tem razão.

Ele se recostou no lado contrário, observando a melhor amiga com atenção. Ela era a mesma de sempre, mas não era a mesma garota para ele desde que descobriu os sentimentos. Era muito mais. E ter noção disso causava todo tipo de reação no piloto australiano.

Droga, se soubesse que teria tanta dor de cabeça assim, teria ignorado tudo.

Savannah não era diferente. Sentia falta do melhor amigo. Somente aquilo poderia ter enlouquecido a garota nos últimos meses. Estava acostumava a viver distante de Oscar, o tempo que ficou longe dele durante os anos em que viveu em Barcelona e Oscar competiu ao redor do mundo já foram difíceis, mas aqueles meses sem nenhum sinal do piloto foi uma provação avassaladora.

Nada fazia sentido para a garota sem ele. Nada era tão divertido, nada era tão bonito, nada era tão... importante. Tudo na vida de Savy mudou longe de Oscar. As prioridades principalmente. O Ano Novo foi um ponto de virada para ela. Tinha descoberto que gostava de Samuel mais do que deveria, mas também tinha descoberto os sentimentos de Oscar. Tinha ficado feliz com o pedido de namoro de Sam para logo em seguida beijar o melhor amigo e gostar com mais intensidade do que havia gostado de qualquer outra coisa na vida.

Tinha ficado apavorada.

Oscar era seu melhor amigo. Não o garoto por quem ela estava apaixonada. Então tudo pareceu perder a cor porque o toque dele sobre a bochecha dela e os lábios sobre os dela eram um arco-íris de possibilidades.

Mas ainda estava apavorada.

E foi assim que quebrou o coração do único garoto que a fazia completa de todas as formas. O menino que a ensinou a andar de bicicleta e cuidou do joelho machucado quando caiu, do garoto que costumava abraçá-la pelo ombro enquanto iam juntos para escola e beijava a sua têmpora sempre que sentia que ela estava nervosa. Que parava tudo que estava fazendo para ajudá-la a ensaiar para as peças de teatro no ensino médio e que comprava todos os livros que ela desejava. Oscar era perfeito, ela sempre soube disso, mas nunca conseguiu acreditar que podia ser perfeita para ele. Não para aquele garoto que merecia tudo.

Sempre imaginou que um dia ele encontraria a menina que o faria feliz e esqueceria dela. Que um dia haveria alguém que seria feita para ele. E então faria de tudo para fazê-la feliz, exatamente como fazia com ela. Nunca imaginou que um dia Oscar diria para que estava apaixonado por ela.

Talvez tivesse amado tudo que ele dissera, mas era horrível confessar aquilo porque Samuel também a amava. E se ela estragasse tudo o que tinha com Oscar, ele nunca a perdoaria.

Um erro descomunal. Magoar Oscar foi o maior pecado de Savannah Martinez.

— Papai disse que você fez um tour com ele na garagem da McLaren — Savannah começou, batucando as unhas pintadas de laranja sobre a coxa. Oscar se permitiu sorrir, observando a garota. Mesmo que tivessem ficado tanto tempo longe um do outro, ela ainda estava o apoiando e aquilo significava muito para ele. — O que foi?

Ele acenou com o queixo.

— McLaren da cabeça aos pés. Você combina com laranja, Savy.

Ficou momentaneamente perdida entre o sorriso indisciplinado que Oscar vivia distribuindo a ela e o olhar acolhedor que resplandeceu nele. Eram parte do que costumavam ser, era o Oscar que ela conhecia e idolatrava desde sempre. Savannah sentiu o rosto esquentar e mordiscou o sorriso sem jeito.

— Poderia ser laranja como a torcida do Verstappen...

Ele riu.

— Eu sei que não é. Inclusive, deveria te agradecer pelo apoio. É importante pra mim.

— Sempre vou te apoiar. Tô muito feliz por essa etapa nova da sua carreira, você sabe disso.

— É, eu sei. — Ele balançou a cabeça positivamente e a fitou, buscando pelas palavras que ela estava enrolando para dizer. Ele suspirou. — Savannah...

— Queria te pedir desculpas — foi mais rápida, se aproximando dele. — Por ter te beijado e depois dito o que eu disse. Por ter te afastado também e por ter te magoado. Fiquei tão... assustada com o que fizemos naquele dia. Não sei o que me deu. Não deveria ter te beijado sabendo que...

— Savy, por favor, você não pode fazer eu me sentir como um idiota de novo — ele retrucou, parecia cansado e decepcionado como naquele dia. Droga, ela estava dizendo a coisa errada de novo. — Já foi ruim o suficiente ter levado um fora, não preciso viver a mesma cena o tempo todo. Eu entendi, você gosta de outro cara e, é, talvez eu tenha dito a coisa errada no momento errado, mas não posso me arrepender e nem mudar meus sentimentos porque...

— Samuel e eu terminamos — ela disse de supetão, fincando os olhos sobre ele. Viu a expressão de Oscar ir de resignada para surpresa e logo em seguida desconfiada. — Fiz a escolha errada porque achei que aceitar meus sentimentos verdadeiros por você só iria nos atrapalhar. Eu gostava de Sam, mas gostava mais de você e... Tentei fazer a coisa certa e acabei estragando tudo, Oscar. Me afastar de você quebrou meu coração, sei que a culpa é minha, mas nunca senti esse tipo de tristeza na vida. É dilacerante. Me fez perceber muitas coisas também e... Sinto sua falta, tipo, sinto sua falta o tempo todo. Porque, acima de tudo, você é meu melhor amigo e eu preciso de você.

Não era o que ele esperava ouvir em um domingo pela manhã, mas era o que aceitaria de bom grado. Não passava de uma desculpa e Oscar não tiraria o mérito de Savy, mas ainda era bom ouvir o que ela tinha a dizer. Sentia falta da melhor amiga com fervor, como se tivesse perdido um pedaço de si desde que tudo ficou estranho.

Ele arrastou a mão pelo cabelo, mexendo nos fios espessos lentamente.

— Senti falta da minha melhor amiga todos os dias, Savy. E eu te amo, acima de qualquer coisa, mas... tudo ficou complicado, linda. Eu preciso... De tempo para superar todos esses... sentimentos esquisitos. Não sei se consigo lidar com isso agora.

A porta do elevador abriu para o hall de entrada do hotel. Oscar olhou por cima do ombro e virou a atenção para a amiga novamente.

— Desculpa, Savannah, eu preciso ir. Talvez a gente possa conversar depois.

Oscar não queria conversar. Havia algo de torturante em ficar cara a cara com a pessoa que ama e não poder demonstrar. Ele deveria saber que um dia toda aquela bola de neve acabaria o alcançando, mas, pela primeira vez em muito tempo, não se sentia corajoso o suficiente para poder enfrentar. Enfrentar Savy era uma guerra perdida para ele.

Piastri deu as costas para a melhor amiga e foi em direção ao restaurante. Não deu dez passos antes de ouvir a garota o chamar.

— Oscar! Espera!

Ele deu a volta, encarando a menina correr até ele.

— Você não pode... Não pode ir embora assim. Eu sei que foi o que eu fiz com você, mas não é justo. Não é justo com a gente — brigou, tocando o peito dele com o indicador. Savy não era tão mais baixa que ele e costumava ser mandona desde a infância. Ele arqueou as sobrancelhas e não conseguiu impedir o sorriso chocado de surgir. — Preciso que me escute porque, caramba, não aguento mais essa situação. É infantil e desnecessária.

— Savannah...

— Para de me chamar de Savannah! — Mais um cutucão e as sobrancelhas dela estavam tão franzidas que pareciam unidas. — Sabe, eu descobri que foi uma perda de tempo tentar aceitar o amor que o Sam me oferecia enquanto eu não oferecia nada em troca para ele, porque só conseguia ter você na minha mente. Foi tão cruel você me dizer que estava apaixonado, me beijar e escapar das minhas mãos no dia seguinte. E tudo bem, a culpa é minha, mas você não tentou me provar o contrário, de que poderíamos ficar juntos e que daria certo. E depois... Depois eu acreditei que era melhor assim, mas não era, Oscar. Claro que não era.

— Savy...

— Me deixa falar, tá legal? — ela gaguejou de leve, fungando. Os olhos de Sav subiram até os de Oscar, repletos de emoção que ele desejou guardar para sempre. — Senti sua falta, fui uma escrota com Samuel e terminei com ele porque estava apaixonada pelo meu melhor amigo desde... sempre, caramba. Desde quando nós éramos adolescentes, desde que você venceu a Fórmula 3 e me abraçou como se só eu existisse, quando me levou para o baile de formatura e quando dedicou uma das suas corridas para mim, quando eu passei na faculdade e quando você dormiu abraçado comigo. Quando você me viu chorar e quando eu te vi precisar de apoio, quando estávamos juntos e sozinhos e quando uma multidão inteira estava ao nosso redor. Que droga, Oscar, eu te amo há muito tempo e isso me deixa louca porque estraguei tudo, nós dois estragamos, e agora eu preciso me declarar na frente de todas essas pessoas e...

Ela engoliu as palavras quando o sorriso do australiano surgiu e as emoções que tinha dentro do peito pareceram transbordar. Piastri segurou o rosto de Savannah e se abaixou na altura dela, sem nunca quebrar o contato visual.

— Eu deveria agradecer Lando e Laurel — ele sussurrou, umedecendo os lábios.

— O quê?

O piloto sorriu e beijou a ruguinha entre as sobrancelhas de Savannah, ouvindo o suspiro da garota como se fosse música.

— Amo você, Savy.

Ela choramingou, apertando as mãos na cintura do piloto. No Ano Novo, quando Piastri disse a ela que estava apaixonado, tudo dentro de Sav pareceu fazer sentido. Por que não? Eles se conheciam melhor do que ninguém, eram parceiros, amigos, confidentes, amantes... Eram perfeitos um para o outro e Savannah entendia muito bem o que Oscar sentia. Porque sentia o mesmo. Deveria ter dito a ele, deveria ter sido corajosa, mas entre os dois, Oscar sempre foi o mais corajoso. Agora estava sendo. Porque os dois mereciam.

— Você é um idiota. É melhor me beijar agora.

Oscar riu, mas obedeceu a melhor amiga. Que se dane, pensou, já tinha problemas suficientes, mas Savannah Martinez apaixonada por ele não era um deles. Ao redor da dupla, uma salva de palmas subiu quando os dois tocaram os lábios. Savy riu entre o beijo, mas não se afastou do melhor amigo. Nunca mais se afastaria. 

f1 fans, estamos de volta!

a temporada de contos com pilotos de fórmula 1 chegou e o felizardo da vez é o novato da mclaren, oscar piastri! com um friends to lovers meio sofrido meio fofo, o nosso novo querido estreou em apex. e ele é o primeiro de muitos!

alguns dos personagens que apareceram por aqui são figurinhas repetidas de potion, o conto do charles postado aqui nesse livro, se quiserem saber mais sobre laurel, malina, maxy, lando e charles, leiam potion 🫶🏻

enfim, galera, o mundinho semi-aposentado ainda tem seus momentos de glória então não se esqueçam de nos seguir nas outras redes sociais (mesmo user do wattpad no twitter, no ig e no tiktok) e leiam as outras histórias! saíram muitos continhos novos em gol de placa nesse tempo pós-copa, aproveitem ❤️‍🩹

e se quiserem fazer pedido de conto, por favor, deixem aqui nos comentários que tentaremos atender todo mundo.

enfim, até a próxima <3

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