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Drivers License | George Russell

Algumas pessoas ficam marcadas para sempre, ainda que não haja uma fórmula exata que nos permita saber com antecedência quem serão elas. Pode ser alguém que conhecemos uma vida toda ou há apenas meia hora. Alguém com quem fizemos amizade na infância ou por quem nos apaixonamos perdidamente durante a adolescência. Alguém anônimo ou conhecido nos quatro cantos do mundo.

O fato é que essas pessoas se entranham sob a nossa pele sem pedir permissão, sem bater na porta, sem se anunciar. Elas chegam e se instalam no nosso coração, nos nossos pensamentos, na nossa alma. Com o tempo, algumas ficam adormecidas, dando a falsa sensação de que finalmente conseguimos aquela parte nossa de volta. Mas basta um piscar de olhos, um estalar de dedos, e lá estão elas novamente, rastejando para fora do nosso subconsciente e se fazendo presente nos nossos dias — mesmo que muitas vezes não estejam realmente presentes.

Algumas pessoas ficam marcadas para sempre, e Ember Bennett sabia que, para ela, essa pessoa era George Russell.

Quando destrancou o carro dos pais naquele sábado, a última coisa que a inglesa imaginava era que, uma hora depois, estaria parada em frente à tão familiar casa branca, com o rosto molhado por todas as lágrimas que havia segurado por tanto tempo.

Encarando o jardim que antecedia a entrada da casa, era impossível não pensar no piloto. Não pensar em todas as noites que ficaram deitados sobre a grama baixa enquanto contavam estrelas e entrelaçavam seus dedos despretensiosamente. Ou em todas as tardes em que a menina aceitara a difícil missão de ensiná-lo algumas manobras no skate e vira o rapaz se espatifar incontáveis vezes no chão.

Assim como era impossível não pensar nele, também era impossível não sentir como se o seu coração estivesse sendo comprimido aos poucos dentro do peito, em uma tortura lenta que não dava sinais de que acabaria tão cedo.

Segurando o volante com força — tanta que os nós dos seus dedos ficaram instantaneamente esbranquiçados —, a menina encostou a testa sobre as próprias mãos e fechou os olhos, cansada de lutar contra todas aquelas lembranças.

E então elas vieram com tudo, como uma tsunami inesperada que a devastaria por inteiro.


O clima na cidade de Wisbech era ameno naquele fim de tarde de verão. Depois de um hora e meia que eles sequer viram passar entre milkshakes e conversas, George e Ember deixaram o fast-food sob a luz alaranjada do pôr do sol.

Diferente do que costumava fazer, o britânico foi até o lado do passageiro quando chegaram no carro dele. Ember franziu o cenho, confusa.

— O que você está fazendo?

— Te ensinando a dirigir — ele sorriu, já abrindo a porta e se acomodando no banco.

— George, o que tinha no seu milkshake que não tinha no meu? — a menina também abriu a porta, mas ao invés de entrar apenas se abaixou para encará-lo com uma sobrancelha arqueada. — Eu não vou dirigir pela primeira vez no estacionamento de um fast-food! E além do mais, você sabe que eu... — ela fechou os olhos por alguns segundos, pigarreando. — Sabe que eu não gosto.

— Ash... — George murmurou o apelido com doçura e se virou no banco, estendendo o braço esquerdo para ela. — Entra.

Suspirando, a morena obedeceu, incapaz de resistir ao carinho nos olhos claros do namorado, como sempre acontecia desde que haviam se conhecido na Wisbech Grammar School, alguns anos antes — principalmente quando o rapaz a chamava pelo apelido que ela passara a amar.

Quando estudavam juntos, antes de perceberem que estavam perdidamente apaixonados um pelo outro, George e Ember eram bons amigos, mas sustentavam uma amizade baseada em pequenas provocações e alfinetadas durante o dia, só porque era divertido irritar o outro.

Em uma manhã de epifania, George se deu conta de que tanto o nome de Ember quanto a palavra "ash" significava "cinzas", e a partir de então aquele passou a ser o apelido oficial pelo qual o britânico chamava a garota — especialmente porque ela odiou assim que o ouviu pela primeira vez.

Entretanto, com o tempo, ainda que se recusasse a admitir, Ember se acostumou a ser chamada de Ash, percebendo que, mais do que gostar de como a palavra soava na voz do rapaz, gostava do fato de aquilo ser algo só deles, como uma piada interna que não fazia sentido para mais ninguém.

E foi exatamente a partir dessa realização aparentemente inocente que a menina começou a questionar os seus sentimentos por George, se dando conta de que sempre havia gostado dele muito mais do que só como amigo.

Naquela tarde de 2018, anos depois, o apelido ainda causava as mesmas reações em Ember, fazendo os cantos dos seus lábios se levantarem em um sorriso tímido e deixando um rastro de calor por todo o seu peito.

Entrando no carro e fechando a porta, a morena segurou a mão que o namorado estendia para ela e juntou as sobrancelhas em apreensão.

— Isso não vai dar certo, amor — sussurrou, sem conseguir desviar o olhar do dele.

— É claro que vai. Eu estou do seu lado, tudo bem? Em todos os sentidos possíveis — George sorriu, levando a mão livre até o rosto de Ember e acariciando delicadamente sua bochecha. — São só alguns sonhos ruins, Ash. Não é a realidade. Você não precisa ter medo.

Acenando timidamente em concordância, ela beijou os nós dos dedos do rapaz antes de soltar suas mãos e respirar fundo, se ajeitando no banco do motorista.

E então, pelos minutos que se seguiram, Ember escutou com atenção todas as instruções dadas pelo namorado, dando algumas voltas com o carro pelo estacionamento praticamente vazio e a cada vez ganhando mais confiança no que estava fazendo, enquanto seu corpo lentamente parava de tremer conforme ela sentia os dedos de George sobre o seu ombro, braço e coxa, em um lembrete de que ele estava ali por ela.

Desde pequena, depois de ouvir os pais conversando sobre um casal de amigos que havia se envolvido em um acidente, a menina passara a ter sonhos constantes com aquilo, o que, com o tempo, acabou se transformando em um medo irracional de dirigir e se colocar na posição de poder ser responsável por, mais do que machucar a si própria, machucar também outras pessoas.

Naquele sábado, entretanto, George conseguiu quebrar, aos poucos, pelo menos a primeira camada de resistência que envolvia a namorada, a fazendo dar aquele primeiro passo que podia até parecer pequeno para quem olhasse de fora, mas que para ela significava o mundo.

Quando Ember finalmente desligou o carro e soltou o cinto de segurança para trocar de lugar com o rapaz, ela lhe direcionou um meio sorriso doce que acompanhava seus olhos levemente marejados.

— Obrigada. Eu amo você.

Também sorrindo, George se inclinou para frente e selou seus lábios em um beijo delicado.

— Eu te amo e tenho muito orgulho de você, Ash. E vou ter mais ainda quando você for me buscar em casa para um encontro depois que tirar a sua habilitação — brincou, piscando para ela e beijando a pontinha do seu nariz.

Rindo junto com o namorado, Ember estreitou os olhos.

— Então tudo isso não passou de um plano para ter carona ilimitada, George Russell? Que coisa feia.

— Cada um usa as armas que tem — ele deu de ombros, divertido.

Mas, no fim das contas, apesar de ter superado o seu medo e tirado a sua carteira de motorista não muito tempo depois, a britânica nunca teve a chance de realmente buscar George em casa para um encontro.


No final daquele ano, logo depois do anúncio de que o rapaz subiria para a Fórmula 1 como um dos pilotos da Williams na temporada seguinte, o relacionamento dos dois pareceu fazer o caminho inverso, até que não houvesse outra saída senão terminar o namoro antes que até mesmo a amizade e o carinho que nutriam um pelo outro se perdesse em meio às brigas cada vez mais constantes.

Mesmo que já mantivessem um relacionamento à distância desde que o piloto se mudara para Milton Keynes, Ember sabia que, ingressando na Fórmula 1, a presença física de George se tornaria ainda menos frequente. Com o tempo, a menina acabou aceitando que de uma forma ou de outra aquele acabaria sendo o destino inevitável dos dois.

Ainda assim, essa consciência de nada adiantava para diminuir a dor e a tristeza que sentia sempre que pensava nele. Mesmo mais de um ano depois, Ember ainda não era capaz de passar por todos os lugares onde costumavam ir sem que uma sensação agridoce tomasse todos os seus sentidos. Ainda não era capaz de dirigir sem se lembrar de George ao seu lado naquele estacionamento vazio, a apoiando e encorajando. Ainda conseguia escutar a risada do rapaz enquanto ele rodava pela cidade, com ela no banco do carona teatralmente entoando as músicas que tocavam no rádio.

Apesar de fazer de tudo para não demonstrar o quanto tudo aquilo a afetara, a morena já tinha escutado os amigos conversando sobre ela quando acharam que Ember não estava ouvindo, alguns com pena e outros pura e simplesmente cansados de toda aquela situação que parecia não melhorar. Ainda que na época aquilo a tenha magoado ainda mais, a menina não podia culpá-los por não entender. Eles não conheciam George como ela, não tinham dividido tantos momentos e coisas importantes com ele, não o amavam como ela amava.

Porque, se fosse sincera e parasse de tentar se enganar, aquela era a única coisa da qual tinha completa certeza: ainda o amava. Intensa e irreversivelmente. Desconfiava que, de uma forma ou de outra, sempre o amaria.

Entretanto, pelo pouco que se permitia acompanhar da carreira do britânico, sabia que aquele sentimento se tornara algo só dela. Dolorosamente unilateral. Marcando o seu nome na maior categoria de automobilismo do mundo, George parecia estar melhor do que nunca em todos os aspectos — inclusive no amoroso, segundo todas as manchetes e especulações sobre uma "loira misteriosa" que aparentemente não saía do lado do rapaz.

Limpando as lágrimas com as costas das mãos, Ember se endireitou de volta no banco estofado e respirou fundo, decidida a mais uma vez tentar deixar tudo aquilo para trás. No fundo, se sentia boba e patética por ser a única que ainda se importava quando o piloto claramente já havia seguido com a sua vida — mesmo que ela não entendesse como ele tinha sido capaz de fazer aquilo com tanta facilidade.

No fim das contas, o que George dissera para ela naquele fim de tarde no estacionamento vazio já não era mais verdade. Ele não estava ao seu lado, em nenhum dos muitos sentidos que um dia estivera.

Balançando a cabeça para espantar algumas lágrimas teimosas que ainda insistiam em marejar seus olhos, Ember girou a chave na ignição e mais uma vez deu a partida, pronta para voltar para casa e, pelo pelos pelo resto daquele dia, parar de pateticamente sentir tanta pena de si mesma.

E seria exatamente isso que ela teria feito caso alguém não tivesse decidido simplesmente se jogar na frente do carro no exato momento em que ela começava a pisar no acelerador, a fazendo arregalar os olhos e mais do que depressa frear com o susto.

Com o coração palpitando descontroladamente dentro do peito e um suor frio começando a brotar na sua nuca, Ember demorou algum tempo para entender que não estava delirando. Para entender que as íris claras que a encaravam de volta eram reais.

Para entender que a pessoa parada na frente do seu carro com as duas mãos esticadas para frente em um pedido silencioso para que ela não fosse embora era George Russell.

Com as mãos tremendo, a morena desafivelou o cinto e abriu a porta, levantando do banco ainda com uma expressão de pura surpresa no rosto.

— George? — sussurrou, só para garantir.

— Oi, Ash — o britânico sussurrou de volta, lutando para controlar a respiração ofegante por ter corrido até ali antes que ela arrancasse de vez com o carro.

Finalmente aceitando que aquilo não era fruto da sua cabeça, Ember contornou o automóvel e se aproximou, encarando George por longos segundos antes de explodir e começar a bater as mãos em punho sobre o peito dele.

— Você ficou maluco? — a menina voltou a arregalar os olhos, aumentando o tom de voz. — Eu podia ter te atropelado!

— Ash...

— Meu Deus, George, você não pensa? — ela sequer parou para escutá-lo, continuando a golpeá-lo inutilmente. — Você quase me matou de susto, seu idiota! Se eu tivesse te machucado, meu Deus, eu nem sei o que... — Ember fechou os olhos com força, respirando fundo e finalmente deixando os braços caírem ao lado do próprio corpo enquanto balançava a cabeça em negação.

Aproveitando a deixa, o rapaz a puxou para perto e a aconchegou contra o seu peito em um abraço.

— Ei, está tudo bem. Eu estou bem — murmurou baixinho, acariciando o cabelo dela. — Eu te chamei, mas acho que você não me escutou por causa das janelas fechadas, então eu... — ele suspirou, a apertando um pouco mais entre os braços. — Me desculpa. Eu não queria te assustar desse jeito.

Apertando os lábios um no outro para conter o choro que ameaçava voltar com tudo, Ember envolveu a cintura de George e inspirou fundo, pega de surpresa pela sensação de alívio que a atingiu no mesmo segundo. Nem ela sabia o quanto sentia falta e precisava daquilo. De algo tão simples como um abraço do garoto que amava.

— Você sabia que eu estava na cidade? — ele perguntou depois de algum tempo. — Por que ia embora sem nem sair do carro, Ash? Por que ia embora sem falar comigo?

Balançando a cabeça em negação, a menina finalmente se afastou, levantando o olhar para encará-lo.

— Eu não sabia que você estava em Wisbech. Eu nem sei como cheguei aqui, para ser sincera. Peguei o carro para dar uma volta e comprar algumas coisas para a minha mãe e quando percebi... — ela deu de ombros, sem jeito. — Sinto muito pelo incômodo. Não quero que você pense que eu sou uma stalker ou coisa do tipo.

— Você fala como se eu não te conhecesse há anos — George deixou um riso baixo escapar. — Eu sei que você não é uma stalker, e te encontrar parada em frente à minha casa está longe de ser um incômodo. Para ser sincero, acho que não ficava tão feliz assim há muito tempo.

Puxando o ar pela boca enquanto tentava assimilar aquela confissão inesperada, Ember fez o que fazia de melhor sempre que não sabia como lidar com uma situação: tentou fugir.

— Eu... preciso ir. Ainda tenho que... comprar as coisas... para a minha mãe — balbuciou sem jeito enquanto gesticulava na direção do carro, o pânico presente no seu tom de voz.

— Eu estava indo para a sua casa — a voz do rapaz soou assim que ela se virou, a fazendo parar repentinamente no lugar. — Eu estava indo para a sua casa quando te vi.

Mais uma vez girando nos calcanhares, a britânica voltou a fitá-lo, dessa vez com uma ruguinha de confusão entre as sobrancelhas. George se aproximou.

— Eu estou cansado, Ash — ele continuou, timidamente segurando a mão dela. — Estou cansado de ficar longe da garota que eu amo e da minha melhor amiga. Estou cansado de fingir que não sinto a sua falta todos os dias. Estou cansado de não poder te ligar no fim do dia para contar sobre todas as coisas incríveis que têm acontecido comigo nos últimos meses, de não poder compartilhar a minha felicidade com você. Com quem importa. Eu estou cansado de não te ter mais na minha vida, Ash, porque dói. Porque faz falta. Porque eu ainda te amo. Muito.

— George, eu... — Ember começou, mas se fosse sincera não fazia ideia do que dizer. Não depois daquilo. No fundo, se sentia exatamente como o piloto, mas também estava com medo. Medo de tentar de novo e o fim ser o mesmo. Medo de reabrir aquela ferida que ainda estava tão recente e doía como o inferno.

— Eu sei que nós não fomos e nunca vamos ser perfeitos juntos, mas eu nunca quis perfeição e ainda não quero. A única coisa que eu quero é você, porque eu sei que nunca vou me sentir assim por nenhuma outra pessoa. É você, Ash. Sempre foi, sempre vai ser. E eu estava indo até a sua casa para te perguntar se eu ainda sou essa pessoa para você também. Porque se eu for, então eu quero saber por que diabos nós estamos perdendo tanto tempo longe um do outro — George juntou as sobrancelhas em algo muito próximo de uma expressão de dor, segurando o rosto da menina com a mão livre assim como fizera no dia em que ela havia dirigido pela primeira vez.

Incapaz de desviar o olhar das íris azul-esverdeadas que nunca falhavam em hipnotizá-la, Ember soube que estava perdida. Ela nunca conseguiria dizer não para ele. Não quando também sentia o mesmo de forma tão crua e intensa.

— Como poderia ser outra pessoa, George? Como eu poderia amar alguém depois de você?

Assim que assimilou as palavras, ele abriu o sorriso mais largo que a morena já tinha visto, a levantando no ar pela cintura e depositando incontáveis beijos por todo o seu rosto enquanto ela ria com a cosquinha e em uma mistura indescritível de felicidade e alívio. Quando George a colocou no chão novamente e juntou seus lábios de verdade, foi como se Ember tivesse voltado para casa. Porque era isso que o rapaz representava para ela. Lar, aconchego, completude.

— Você veio dirigindo — ele sussurrou quando se separaram, o nariz ainda carinhosamente encostado no dela.

— Para onde você quer ir? — Ember sorriu. — Eu ainda estou te devendo um encontro.

— Qualquer lugar, minha Ash. Eu estou com você, essa é a única coisa que importa.

✦✦✦

Espero que eu não tenha assustado muito vocês com a música que escolhi pra esse conto 😬

Eu queria escrever alguma coisa com o George há muito tempo, então quando as meninas gentilmente me sortearam pra ser a próxima a postar em Apex eu nem precisei pensar muito.

Me contem o que vocês acharam do George, da Ember (ou seria Ash?) e de DL, que felizmente teve um final mais feliz do que a música 🥰

Obrigada pelo apoio de sempre e continuem acompanhando os projetos do Mundinho que ainda tem muita coisa bacana vindo no futuro.

A gente se vê numa próxima 🧡

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