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contagious | alex albon

As tardes de sexta-feira costumavam ser sempre de pouco movimento na Blossoms Library Coffee Shop, um dos estabelecimentos de maior tranquilidade e sossego no movimentado e sempre acordado distrito de Monte Carlo, em Mônaco - se não o mais tranquilo. E justamente por ser tão pacata, silenciosa e aconchegante, a Blossoms se tornara o local favorito de Alexander Albon para resfolegar e recarregar as energias após mais um demasiado intenso final de semana de corrida.

Acelerar em um carro a mais de 300km/h era definitivamente a coisa que Alex mais gostava de fazer na vida. No entanto, havia outras coisas das quais ele gostava tanto quanto, como por exemplo, passar algum tempo ocioso na companhia de seus pets ou ler um bom livro acompanhado de um perfumado e saboroso cappuccino ou um macchiato. E para a sorte do anglo-tailandês, a loja de Fiorella Marchetti oferecia as duas coisas. Portanto, após tantas visitas incessantes, o lugar tornou-se inevitavelmente o refúgio do piloto da Red Bull Racing para espairecer, em uma cidade onde era praticamente impossível passar despercebido.

Fiorella, por sua vez, sentia-se no paraíso dentro da loja herdada pelos seus pais por seus avós. Tinha crescido no meio de estantes abarrotadas de livros, dos mais diversos gêneros, cores, tamanhos e nacionalidades. Era apaixonada por livros e considerava a leitura tão vital em sua vida quanto o involuntário ato de respirar. E assim sendo, quando soube que a loja e todos os seus bens passariam a ser seu patrimônio, a italiana não pensou duas vezes antes de abandonar a faculdade de arquitetura para se dedicar integralmente a cuidar daquilo que era mais do que uma herança, era um legado que já perdurava na família Di Santis Marchetti por mais de sete décadas.

As horas estavam se arrastando tão lentamente naquele dia que antes mesmo do Sol se pôr, Fiorella já tinha limpado e reorganizado todas as estantes de literatura clássica e também a sessão de revistas, o que permitiu que Ella dispensasse mais cedo todos os seus funcionários, já que naquela altura do campeonato, as primeiras luzes da noite começavam a se acender e eram os Pubs e Casinos que viravam as principais atrações da região.

E para ser bem sincera consigo mesma, se não fosse o fato de ser tão sistemática e perfeccionista com o fechamento dos caixas e a garantia de que todos os clientes sairiam satisfeitos de seu estabelecimento, Fiorella certamente estaria se preparando para algum programa noturno com suas amigas. Entretanto, mesmo com as portas fechadas e o expediente teoricamente encerrado, um único, fixo e inesperado cliente sentado em uma das mesas de madeira maciça próximas às grandes janelas do segundo piso da loja, mantiveram Ella entretida em um livro recém adquirido da Espanha por pouco mais de quarenta minutos, até a italiana se cansar e decidir intervir na leitura do seu cliente.

- Com licença, tudo bem? Eu vim ver se você precisa de mais alguma coisa - Fiorella indagou, sorrindo desconcertada quando ganhou a atenção do homem que não aparentava ter mais do que seus vinte e cinco anos. Ele usava um boné preto na cabeça e parecia tão concentrado na própria leitura que sequer notou quando a italiana se aproximou, abaixando o livro e encarando-a afoito.

- Eu estou ótimo, obrigado - o homem agradeceu, sorrindo cordial. - A propósito, que horas vocês fecham mesmo?

Fiorella riu. Não um riso contido, como deveria ser. Um riso de verdade, quase uma gargalhada. Ela sabia quem Alexander Albon era, é claro que sim. Aquilo ali era Mônaco. Pilotos de Fórmula 1 estavam por toda parte, ostentando carros chiques, motos de última geração e suas namoradas perfeitas que pareciam ter saído de uma revista de moda o tempo inteiro. Ella só achava inusitado - e fofo - ter um piloto da principal categoria de automobilismo dentro de sua loja em plena noite de sexta-feira.

- Na verdade, nós já fechamos - Marchetti anunciou, por fim, colocando uma mecha de seus cabelos cor de fogo atrás da orelha e sorrindo. Ela estava falando sério, apesar de tudo. - Há mais ou menos quarenta minutos.

A expressão que tomou conta do semblante de Alex ao tomar ciência do horário no relógio em seu pulso beirava o cômico. Já estava ali há mais de três horas, mas estava tão imerso na leitura de A Metamorfose que sequer viu o tempo passar.

- É sério? - Albon quis saber, completamente tomado pela vergonha, vendo a ruiva assentir em concordância, deixando escapar um risinho. - Por quê você não me avisou? Eu teria saído.

Fiorella deu de ombros. Queria estar aproveitando a noite de sexta-feira como qualquer outra pessoa normal faria, é verdade. Mas também não se importava de ficar até mais tarde na loja. De qualquer maneira, não é como se fosse a primeira vez que aquela situação acontecia. E tampouco seria a última. A italiana já tinha se cansado de ver grupos de jovens pedir para ela estender o horário por quinze ou vinte minutos para terminar uma leitura ou um trabalho, sempre alegando que não tinham para onde ir. Ou que lugar nenhum era tão tranquilo quanto a Blossoms - o que não deixava de ser verdade. De todo jeito, Ella se sentia orgulhosa de poder ajudar, à sua maneira, fosse estendendo o horário ou simplesmente não interrompendo uma pessoa desfrutando de uma boa leitura - como era o caso naquele dia. Marchetti tinha observado bem quando Alexander tinha passado pelas enormes portas de madeira da Blossoms, fazendo o mesmo pedindo de sempre no balcão e se acomodando no lugar mais afastado que o horário de movimento moderado permitiu.

- Eu não quis atrapalhar. Você parecia estar desfrutando da leitura.

- Até demais, eu diria - foi a vez de Alexander rir, ainda constrangido pelo episódio. - Eu sinto muito por te prender aqui em plena sexta-feira à noite. Tem algo que eu possa fazer para me redimir? - Albon indagou, se levantando do lugar que ocupava, a fim de sair dali o mais rápido possível. Já tinha incomodado o bastante por um dia.

Por outro lado, o piloto não pôde deixar de notar o quão bonita Fiorella era de perto. Usando apenas um vestido preto curto que realçava cada curva de seu corpo, a jovem - que ele deduzia ser a dona do estabelecimento - estava sempre com um sorriso leve nos lábios e era impossível não saber o seu nome, visto que ela estava o tempo todo andando de um lado para o outro garantindo que seus clientes estavam satisfeitos e buscando oferecer o que ela tinha de melhor. Estava dando certo, afinal. Ella tinha uma desenvoltura e cordialidade tão grande que fazia parecer que era amiga íntima de todos os frequentadores mais assíduos do local - ou pelo menos quase todos. E embora Albon sempre fosse até a Blossoms com o objetivo de ler, ver pessoas e pelo menos por um instante, passar despercebido pela multidão, é óbvio que ele já tinha notado a presença marcante da mulher antes. Era impossível não notar. Ela tinha uma luz tão forte, que era como se ela mesma fosse seu próprio holofote. Despertava a curiosidade. Não só dele, mas de muitos ali.

- Está tudo bem, de verdade. Eu consegui terminar de ler um livro, foi um tempo bem investido - Ella comentou, despretensiosamente, caminhando em direção às escadas ao lado de Alex.

- O que você estava lendo?

- En los zapatos de Valeria. É um livro espanhol que inspirou uma série da Netflix, Valéria - explicou.

- Você fala espanhol?

- Uhum - confirmou, com um aceno positivo de cabeça. - Eu tenho família em Madrid, então fiz um intercâmbio de seis meses no último verão para estudar - contou, arrependendo-se instantaneamente de compartilhar mais do que lhe fora perguntado com um rosto conhecido, mas que para ela, era um completo desconhecido. Era um problema que Fiorella carregava desde sempre: era uma comunicadora nata, e assim como os livros, Ella também gostava de contar histórias, não importava o quão insignificantes fossem. O que ela não sabia, entretanto, é que nada do que ela falasse pareceria banal. Pelo menos não para Albon. - E eu estou falando demais, não estou? - Concluiu, por conta própria, parando subitamente quando se aproximou da porta da loja.

Fiorella Marchetti não era alguém que ficava envergonhada com facilidade, mas de alguma maneira, o olhar intenso de Alexander Albon sobre si a deixou encabulada a ponto de perder as palavras e fazê-la sentir suas bochechas queimarem. O piloto, por sua vez, apenas lançou um sorriso em sua direção, tateando os bolsos de seus jeans à procura de sua carteira. Quando Ella se deu conta do que ele estava fazendo, se apressou em dizer:

- É por conta da casa.

- O quê? Não! Eu preciso pagar pelo que eu consumi - Alex devolveu, inconformado.

- Você é um cliente frequente, eu insisto - Fiorella reiterou, determinada.

- Eu também insisto, e agora? - O anglo-tailandês retrucou sorrindo, levantando os olhos castanhos para encará-la e empurrando uma nota de 50 euros na direção da mulher.

- Você enlouqueceu?! Isso é muito mais do que você consumiu. Eu não posso aceitar - rebateu, firme. Para ser bem sincera consigo mesma, Ella não tinha ideia do quanto Albon tinha consumido naquele dia, mas também não se importava.

- Pelo incidente com o horário. Por favor - o piloto persistiu, com um sorriso tão dócil nos lábios que quase convenceu Fiorella. Alexander Albon não se parecia em nada com os outros pilotos que Ella conhecera, direta ou indiretamente, desde que se mudara permanentemente para Mônaco. Ele era educado sem parecer galanteador, estava sempre com uma expressão cordial e tratava com muita simpatia todos os clientes que o reconheciam e pediam por uma foto ou um autógrafo.

- Eu não posso aceitar, mesmo. Mas já que você insiste, você pode pagar na próxima vez que vier aqui, hum? - Sugeriu, completamente irredutível. Ela não aceitaria nem na próxima vez, mas ele não precisava saber disso. Não agora.

Fiorella sabia que ele voltaria, afinal, ele sempre voltava. Mas mais do que isso, dessa vez ela queria que ele voltasse. E mesmo a contragosto, Alexander decidiu concordar. É claro que ele voltaria.

- Você venceu. Por ora - Albon anunciou, dando ênfase na última parte, o piloto passou pela porta de madeira e se voltou para trás novamente, apenas para garantir que estava sendo seguido pela ruiva. Fiorella apagou todas as luzes e ativou o alarme, pegando sua bolsa no mancebo e trancando a porta atrás de si. - Quer uma carona? - Ofereceu, ignorando completamente o fato de que poderia parecer estranho oferecer carona para alguém que acabara de conhecer.

- Não, obrigada. Eu moro aqui perto. Vou aproveitar a brisa noturna - agradeceu, com sinceridade. - Boa noite, Alex Albon - Fiorella desejou, acenando uma última vez, com um sorriso polido nos lábios, antes de dar as costas. Pôde ouvir ainda um murmúrio de boa noite por parte do piloto, que estava em transe, perdido em seus próprios devaneios.

Ela sabia o seu nome.

E enquanto caminhava no sentido oposto, em direção ao seu carro, Alexander sorriu sozinho. Fiorella Marchetti o intrigava e ele nem sabia dizer o porquê.

Na manhã de sábado, Fiorella quase se arrependeu de ter saído de seu apartamento tão cedo para abrir a Blossoms. O dia estava bonito. Ensolarado. E ainda que a brisa fria do meio de setembro já estivesse dando o ar da graça, a vista das montanhas verdes em contraste com o azul do céu e do mar - sempre tomado pelas mais luxuosas embarcações - era algo que Ella jamais se cansaria. E apesar de Monte Carlo estar longe de ser um distrito pacato, ainda oferecia as duas coisas que a italiana mais prezava em uma cidade: dias bonitos e noites badaladas. E enquanto tivesse tudo isso a seu dispor, Fiorella se sentiria em casa em Mônaco por um bom tempo.

Era um dia diferente do usual, tão silencioso e apático que causou certo estranhamento em Fiorella. Se perguntou se estava tendo algum evento na cidade da qual não ficara sabendo. Pesquisou na internet e nada encontrou. Talvez as pessoas só não quisessem tomar café ou ler e comprar livros naquele dia, pensou consigo mesma.

E assim seguiu durante toda a manhã, onde os segundos pareciam se arrastar tão lentamente que a italiana tivera tempo para organizar todas as pendências em sua planilha e se permitiu passar algum tempo ocioso apenas navegando nas redes sociais.

Fiorella nunca fora uma pessoa muito ligada a esportes. Praticava yoga por prazer e ia à academia algumas vezes por semana apenas para manter o corpo em forma, mas nada além disso. E mesmo morando em Mônaco, um principado que parecia ser movido pelo automobilismo - não só por receber um Grand Prix, mas especialmente por ser moradia de inúmeros pilotos de diversas categorias -, ainda assim o esporte nunca, de fato, despertara o interesse da italiana, que seguia em seu perfil apenas dois pilotos: Lewis Hamilton e Daniel Ricciardo. O primeiro, porque além de ser um gênio nas pistas, tinha várias pautas importantes fora delas - inclusive tinha um estilo excêntrico que Ella adorava - e o segundo, ela não ia mentir, seguia porque o achava um gato. Ricciardo tinha o sorriso mais bonito que Fiorella já tivera o prazer de ver na vida. Uma única vez. Em um estacionamento em Monte Carlo. Era motivo o suficiente para segui-lo nas redes sociais, ela pensava.

No entanto, no instante em que flagrou a si mesma bisbilhotando o perfil de Alexander Albon no Instagram, sentiu quase como se estivesse fazendo algo ilegal. Era estranho pensar que alguém com mais de meio milhão de seguidores era um cliente assíduo de sua loja. E mais do que isso, não se parecia em nada com os pilotos de categorias de base que Ella tivera o prazer de encontrar em estabelecimentos de Monte Carlo, sempre com os queixos erguidos e narizes empinados, utilizando de sua "fama", assim mesmo, entre aspas, já que os pirralhos sequer tinham idade para serem tão arrogantes.

Certo. Fiorella admitia: a imagem que ela tinha criado dos pilotos passava bem longe de ser boa. Mas aquilo não se aplicava ao piloto anglo-tailandês da Red Bull. Embora a rede social do mesmo não permitisse que Ella descobrisse o que quer que estivesse interessada. Albon era extremamente reservado e sua conta só possuía postagens periódicas acerca de momentos importantes, como por exemplo, o seu primeiro pódio na Fórmula 1. Deveria ter sido um dia muito especial para ele, já que até mesmo Ella sendo a mais desinformada das pessoas, ficara sabendo do ocorrido.

- Chefe? Tem um cliente lá fora querendo falar com você - Michaela, uma funcionária da Blossoms anunciou, colocando apenas parte do corpo para dentro do estoque, onde Ella costumava se esconder quando queria dar um tempo, exatamente como estava fazendo agora.

- Eu já estou indo. Obrigada, Micha - Fiorella agradeceu, sorrindo cordial para a funcionária baixinha de cabelos na altura dos ombros e óculos de armação grande demais para seu rosto pequeno e delicado.

A italiana se levantou do puff onde estava deitada descansando, batendo no avental cor-de-rosa para desamassá-lo e arrumando os cabelos cor de fogo com as pontas dos dedos. Trabalhar com público implicava em manter uma aparência sempre agradável e era o que ela estava tentando fazer. O choque, no entanto, veio quando Fiorella saiu de dentro do estoque e deu de cara com Alexander Albon parado no caixa da Blossoms. Aquilo não era possível, era?

Alex estava sorridente como sempre, rindo de alguma coisa com Michaela, o que fez com que um arrepio estranho percorresse toda a espinha da italiana, eriçando cada microporo de sua pele.

- Alexander, oi - Fiorella cumprimentou, aproximando-se do balcão onde ficava a caixa registradora. Michaela, por sua vez, mal esperou a aproximação de sua chefe e já se afastou, acenando com a mão para o piloto, que acenou de volta em resposta, agradecendo o que quer que ela tinha feito.

- Você me disse que eu poderia pagar o que devo na próxima vez que viesse aqui, então, aqui estou eu - Albon disse, sorrindo levemente presunçoso.

Mentira.

Ele apenas queria vê-la outra vez e encontrou a desculpa perfeita para fazê-lo.

Fiorella riu. Ele não podia estar falando sério.

- É sério? Você veio aqui só pra isso? - Marchetti quis saber. Alex assentiu.

- É sério! Eu não consegui parar de pensar nisso a noite toda.

Outra mentira.

Ele não conseguia parar de pensar nela. Em sua beleza estonteante e sua contagiante risada.

- Você sabe que não precisava, não é? Mesmo.

- Nós podemos resolver isso de outra maneira, se você quiser - o piloto sugeriu, olhando ao seu redor e notando o quão fraco o movimento parecia naquele sábado.

- Como? - A italiana quis saber, com o cenho franzido em curiosidade.

- Aceita almoçar comigo? - Alexander indagou, sem rodeios. A reação instantânea de Fiorella foi olhar ao redor para ver se alguém poderia ter escutado o convite do piloto. Por sorte, não parecia ter ninguém por perto.

Por outro lado, a italiana não tinha certeza se deveria aceitar o convite. Quer dizer, eles se conheciam há menos de 24h. Aquilo tudo parecia irreal demais para ela.

- Eu adoraria, mas preciso fechar a loja, você sabe - Ella lamentou, apontando com a cabeça para um casal sentado distante de onde eles estavam.

- Você não pode fechar mais cedo? Ou deixar algum funcionário fechar?

- Hum, eu não sei - ponderou, vendo de longe Michaela e Patrick, seus únicos funcionários em atividade naquele dia conversando do outro lado da loja. O movimento realmente estava fraco. Ella já tinha arrumado tudo o que precisava e faltava pouco tempo para encerrar o expediente. - Micha, por favor - Marchetti chamou, ganhando a atenção da mulher que rapidamente se deslocou até ela. - Nós só temos esse casal de clientes?

- Sim, só eles - Michaela assentiu em concordância.

- Você pode fechar a loja para mim hoje? - Fiorella indagou, incerta se estava fazendo bem em deixar aquela responsabilidade na mão de uma funcionária. Mas não é como se fosse a primeira vez, de qualquer maneira.

- Posso, sim - a monegasca rebateu com prontidão e Ella poderia jurar tê-la visto piscar para Albon. Seria aquilo parte de um plano dos dois? Não, ela provavelmente estava vendo coisa onde não existia.

- Tem certeza que não vai ser um problema?

- Pode ficar tranquila, chefinha, eu já fiz isso antes. Esqueceu?

É verdade, ela tinha um ponto. Além do mais, Patrick ainda estava ali e poderia ajudá-la no que quer que ela precisasse.

- Se o casal for embora antes do fim do expediente, você pode fechar a loja assim que eles saírem. Senão, sintam-se à vontade para avisá-los que vamos fechar - Fiorella instruiu, evitando o olhar de Albon que ela sabia que queimava sobre si. Ela não tinha feito o mesmo com ele na noite passada. Pelo contrário, deixara passar muito além do horário.

- Eu te aviso quando fecharmos - Michaela garantiu e dessa vez realmente piscou.

- Obrigada, Micha - agradeceu, dessa vez se virando para o piloto que assistia a cena entre patroa e funcionária com um sorriso cálido nos lábios. - Só um minuto, eu já volto.

- À vontade.

Fiorella sequer esperou Alex terminar de falar, voltando para o estoque de onde acabara de sair e entrando em sua sala, que ficava acoplada nos fundos. Não era uma sala grande, mas era o suficiente para comportar tudo o que ela precisava - inclusive lembranças dos seus avós. Tirou o avental, pendurando-o em um gancho na parede e encarou o próprio reflexo no espelho. Os cabelos naturalmente ruivos que pouco passavam da altura dos ombros, estavam soltos e naturais - como sempre - e ela estava sem maquiagem. Era naturalmente bonita e se sentia bem assim, mas de qualquer maneira, acabara decidindo passar rímel e um gloss nos lábios, sorrindo satisfeita para o próprio reflexo, Ella pegou sua bolsa em cima da mesa e voltou para a frente da loja.

- Tudo pronto. Vamos? - Fiorella chamou, ganhando a atenção do piloto que estava compenetrado em seu celular.

Alex levantou os olhos e sorriu para a figura em sua frente.

- Vamos - concordou, caminhando em direção à porta.

Fiorella ainda se virou uma última vez e encarou Michaela.

- Qualquer coisa me liga - instruiu, seguindo o piloto, por fim.

- Você é sempre tão preocupada assim? - Alex quis saber, encarando o perfil da ruiva que caminhava ao seu lado.

Ella riu envergonhada, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e encarando Albon.

- Na verdade, não. Eu costumo ser bem tranquila no geral, mas a loja é um legado da família, por isso tanta preocupação - explicou. Se sentia tão orgulhosa da Blossoms que não se importaria de parecer paranóica por ela.

- Entendi. Tem algum restaurante específico que você goste de ir? - O piloto indagou, abrindo a porta do passageiro de seu Honda para Fiorella, que se surpreendeu. Primeiramente, com o fato dele não estar com um Aston Martin daqueles que custam mais do que o apartamento dela e também pelo cavalheirismo do rapaz. Ella definitivamente não estava acostumada com isso com os caras com quem costumava sair.

- Obrigada - agradeceu, entrando no veículo. - E não, eu não tenho preferência. Apenas me surpreenda, Alex Albon - conclui, sorrindo perspicaz.

E o piloto, de fato, o fez.

O percurso até o restaurante pareceu infinito, dando a Fiorella e Alex a oportunidade de conhecerem um pouco mais a respeito da vida um do outro. Albon parecia muito mais interessado em saber tudo sobre a vida da italiana do que em falar sobre si mesmo, alegando o tempo inteiro que sua vida não era tão interessante quanto parecia e que boa parte dela estava no google, o que, de certa forma, não deixava de ser uma verdade. No entanto, a vista paradisíaca do porto de Mônaco que o restaurante proporcionava fazia valer a pena cada segundo dentro daquele carro que parecia pequeno demais e os deixava próximos demais.

Não que Fiorella não estivesse gostando. Não, longe disso. Tanto a companhia quanto a conversa estavam extremamente agradáveis. Por outro lado, o piloto fazia a italiana algo que ela não costumava sentir com muita frequência: intimidação. Alexander Albon não se parecia em nada com os caras com quem Ella saía e isso era o que mais a deixava atraída.

- Você está me dizendo que mora aqui há dez anos e nunca esteve em um GP? - Albon indagou, parecendo verdadeiramente chocado com a constatação de Ella.

- Eu nunca me interessei muito por esportes, especialmente um de elite como o seu - a ruiva admitiu, com sinceridade. Essa era uma de suas principais virtudes. E Albon gostava disso nela. Era uma das coisas que o piloto mais sentia falta do anonimato: que as pessoas gostassem e se interessassem por ele, puramente por quem ele era, e não pela sua profissão e pelo luxo que as pessoas fantasiavam que existia acerca dela. Não era bem assim que as coisas funcionavam na vida real. O automobilismo era incrível e apaixonante, mas que também poderia ser bem cruel às vezes.

- Eu não tiro a sua razão.

- Você não tem medo? - Ella quis saber.

- Nem um pouco - Alex respondeu, sorrindo. - Acho que é diferente para quem está do outro lado. A maioria de nós cresceu fazendo isso.

- Corajosos, Alex Albon, é isso o que vocês pilotos são - Fiorella comentou, sorrindo divertida.

O almoço acabou se estendendo por longas horas, porque a conversa estava tão boa que sequer viram o tempo passar. Quanto ao cardápio, não havia o que contestar, era um restaurante renomado, com duas estrelas michelin e um cardápio de comer com os olhos. Alexander Albon tinha realmente feito um bom trabalho para impressionar Fiorella, ainda que não precisasse de muito para tal. A simples companhia agradável do anglo-tailandês bastava para a italiana.

Por outro lado, quanto mais Alex sabia sobre Ella, mais ele desejava desvendar todas as camadas que se escondiam por trás do sorriso leve que ela carregava e do avental cor de rosa que ela costumava usar na Blossoms. Estava completamente embevecido pela garota. Pela forma como seus olhos castanhos brilhantes se fechavam quando ela ria, destacando as sardinhas que cobriam seu nariz e se espalhavam por todo o seu rosto. Ficava em êxtase com a melodia de sua risada, tão espontânea, tão contagiante, que o fazia sorrir. Encantado. Integralmente fascinado pela figura ruiva que caminhava ao seu lado na areia da praia, onde eles resolveram dar uma volta após o almoço.

- O que foi? - Fiorella indagou, com um sorriso tênue brincando em seus lábios. Levemente encabulada pela forma penetrante como Alex a encarava.

- Nada - Alex rebateu com prontidão, segurando a mão de Fiorella com as suas. - É só que você é muito bonita - soprou, comprimindo os lábios para conter um sorriso e se aproximando ainda mais da italiana, que se manteve firme onde estava. Quando Alex estava perto o suficiente para que ela pudesse sentir o hálito fresco dele contra o seu rosto, Ella fechou os olhos, se permitindo sentir a brisa que o mar trazia, ela suspirou, sorrindo consciente do que viria a seguir. E no instante em que a mão do piloto encontrou sua cintura, trazendo-a ainda mais para perto, foi Fiorella quem acabou com a distância entre seus lábios, impaciente demais para esperar, Ella sorriu no meio do beijo, se sentindo vitoriosa por constatar o que já imaginava: era um beijo deleitante, comedido, certeiro. O toque de Albon era sutil, afável e consistente. E se não fosse pelo ar que se fez rarefeito, teriam permanecido ali por muito mais. Desfrutando o bastante para quererem tornar aquele momento, que por si só já era único, memorável.

Estenderam o encontro durante toda a tarde, presos em um mundo onde nada mais importava além deles mesmos. Assistiram o pôr do Sol juntos e lamentavelmente, chegaram ao momento em que tiveram que se despedir.

- Obrigado pela companhia hoje, Fiorella Marchetti - o piloto sibilou e Ella quase se perdeu em seus próprios pensamentos, encantada pela forma como seu nome soava bem no sotaque inglês demasiado acentuado de Alexander.

- Eu que agradeço, Alex Albon, foi muito melhor do que eu imaginava - a italiana murmurou, beijando a bochecha do piloto. Por pouco não encostara no canto dos lábios dele. Sorrindo ardilosa, Ella se afastou. - Tchau - se despediu, descendo do veículo em frente ao prédio em que morava e acenando para o anglo-tailandês que arrancou com o carro, buzinando enquanto partia.

***

Na segunda-feira pela manhã, quando chegou na Blossoms antes de todos os funcionários para abrir o caixa e fazer o levantamento do mês, Fiorella encontrou ao lado da caixa registradora o livro que começara a ler na semana anterior aberto em uma página que ela não se lembrava de ter lido ainda.

No entanto, o que realmente chamou sua atenção, era o bilhete manuscrito que marcava a página e dizia o seguinte:

Hey, eu sei que nós acabamos de nos conhecer,
mas baseado no seu gosto por literatura,
acho que seríamos grandes amigos.
Topa sair comigo de novo?
A.A23


FINALMENTE!

Quem segue o perfil do mundinho no Twitter ( @ mundinhof1) sabe a mobilização que esse conto causou por conta de uma enquete - indo parar inclusive no fandom gringo do Alex, que ajudou ele a vencer a disputa. E aqui está Contagious!

Quero dedicar esse conto para a nossa leitora Arabel, a maior fã do Albon que eu conheço. Espero que tenha gostado 🧡

Aliás, espero que todas gostem! Foi feito com muito carinho e foi uma delícia escrever um conto tão levinho e adocicado quanto esse.

Eu não devo aparecer mais aqui esse ano, mas em meu nome e em nome do mundinho inteiro, deixo aqui o meu Feliz 2021 a todas vocês que nos acompanham. Que seja um ano próspero, cheio de luz, boas energias e amor!

Nos vemos no ano que vem!

Com amor, Jen

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