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6.Elise

“E essa agora?!” diz a Morte tirando-me do  meu devaneio.

Eu estava patinando e me sentia incrivelmente bem. Embora minha mente não se lembre, meu corpo sabe perfeitamente o que fazer em cima desse patins, eu deslizava com uma precisão de dar medo. Não sei exatamente quando foi mas depois que eu voltei da última memória a pista simplesmente apareceu como o balanço. Lembro-me de que a Morte não gosta de perguntas retóricas então me apresso a responder.

“Apareceu depois que voltei de mais uma memória desagradável. patinar faz parte de quem eu sou. É a única coisa feliz até agora.” Solto um suspiro. “Não quer se juntar a mim?” pergunto.

Num instante mais um par de patins aparecem ao lado da pista. sorrio. “É mais uma uma questão de desejar” foi o que a Morte tinha me dito um tempo atrás. É assim que a fronteira funciona, eu só preciso querer.

“Bem, por que não.” É o que ela me responde e logo em seguida calçou os patins. 

A Morte patina com exímia habilidade, como se tivesse feito isso a vida toda. Reparo que sua roupa, agora, está mais parecida com um vestido que com um manto. Patinamos em silêncio por um tempo, eu ainda admirada com a naturalidade de meus movimentos e com os da Morte que mal mexia os pés, era quase como se estivesse sendo puxada por uma força magnética pelo gelo; era um pouco medonho e belo ao mesmo tempo. Deslizar pela pista branca de fato me faz raciocinar melhor. 

“Nessa última memória que vi foi diferente eu meio que incorporei na Elise da memória, nos fundimos e eu me sentia como uma mera consciência distante sem controle sobre meus atos ou pensamentos. Isso seria normal?" a Morte reflete antes de responder.

"Cada alma é única, e cada experiência e unicamente dela. Então se você estiver bem com isso não há problema algum em incorporar as memórias." assinto com a cabeça. 

"Na lembrança, fomos cruelmente desiludidas, e de quebra descobrir que vou a um psicólogo” digo só para poder desabafar. “Isso não quer dizer que sou necessariamente louca, mas ainda assim  é um pouco perturbador.”

“Mas pelo menos te fez ter alguma ideia de como sair daqui?” A Morte pergunta.

“Nem sombra de uma, até agora só me apareceu desgraça. Na verdade acho que se tivesse que decidir agora, eu escolheria morrer, porém, ao mesmo tempo estou curiosa o bastante para descobrir o que me é importante o suficiente para não me deixar morrer apesar de toda essa infelicidade que cerca minha existência.”

“Compartilho da mesma curiosidade.” Então algo inédito aconteceu: A Morte sorriu!

Tenho certeza quase absoluta de que é a primeira vez que eu a vejo sorrir, quer dizer eu teria notado algo assim. Fico imaginando o que isso significa. Mas o sorriso logo desaparece, o que me faz duvidar se era realmente um sorriso.

“Eu não deveria te contar, mas sempre sei o porquê de as pessoas estarem presas a esse lugar. Sei o que aconteceu com elas, como já disse,  tenho todas as suas lembranças e sei de imediato do que não querem se desapegar. Porém, no seu caso eu não sei porque está aqui. Eu só tenhos as memórias que você tem agora, as que você lembrou aqui.” ela me olha com complacência. “É um mistério. É por isso que venho aqui com tanta freqüência, só para saber por que você está em Lugar Algum.”

“Bem vinda ao meu mundo.” Digo meio irônica. 

“Pela primeira vez, em toda a eternidade de minha existência, eu sei o que é estar no seu lugar.”

Agora tenho certeza era um sorriso, um sorriso meio angustiado mas ainda assim um sorriso. Um sorriso para mim. É irônico mas o sorriso da morte me deixou feliz. Feliz por existir. Não sei explicar mas, me enchi de um sentimento que me fez querer ir em frente, de acabar logo com isso, por mim e por ela. Mas por hora vamos só patinar.

Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali mas me pareceu horas, por vez e outra dizíamos algo porém o silêncio predominava. A Morte se foi sem que eu percebesse e patinando sozinha me agarrei a essa sensação apaziguante para enfrentar mais uma memória.

***


Inalo o ar gelado de uma sala de espera, as paredes brancas e os quadros abstrato não me ajudam a descobrir onde estou ou porque estou aqui. Elise e sua tia estão sentadas lado a lado mas não falam uma com a outra, Elise parece chateada com alguma coisa, brava eu diria. Me aproximo dela hesitante, quero saber o que se passa em sua cabeça, ter mais detalhes do que está acontecendo, não tenho muita certeza de que vai funcionar como da ultima vez, mas ao tocá-la nos fundimos e nos tornamos um.

°°°

Estou com uma cara emburrada de quem comeu e não gostou, sei disso porque na porta a minha frente tem uma placa laminada refletindo meu rosto. Quer saber o motivo? É bem simples, eu não queria estar aqui! 

Já tem mais de um ano que minha tia está tentando me convencer a vir em um psicólogo, ela acha que eu preciso de ajuda para “entender e aceitar” minha vida. Mas na verdade o que realmente preciso é de outra vida, porque essa que estou vivendo não tem mais concerto, é como dizem: pau que nasce torto, morre torto. E minha vida se entorta cada vez mais em direção ao chão. Contudo, depois de tantos pedidos e chantagens emocionais tia Beatriz conseguiu me vencer pelo cansaço me fazendo aceitar fazer consultas com um profissional, me arrependo agora de não ter incluso a condição de que se eu não gostasse não precisaria vir novamente.

Chegamos ao consultório da Dra. Fernanda com quase meia hora de antecedência (minha tia não queria se atrasar, ela diz que é sempre melhor sobrar do que faltar) o que nos faz ter de esperar a consulta atual terminar. Tia Beatriz esfrega, aperta e contorce as mãos ansiosa com a não passagem do tempo, e se eu fosse uma adolescente, ao menos um pouco, mais normal estaria mexendo com o celular, mas eu não tenhos amigos com quem trocar mensagem, não me interesso muito por redes sociais e não estou afim de jogar meus joguinhos bobos do celular, fazendo com que minha única opção seja escutar música, algo que se tornou um bem vindo refúgio em minha vida conturbada. 

A porta a minha frente se abre com um estalo da fechadura, de dentro sai uma garota pouco mais velha que eu, que se despede da médica e sai sem nem mesmo lançar um olhar direto para mim ou minha tia. A Dra. Fernanda vem até nós.

“Boa tarde, sou a Dra. Fernanda sejam bem vindas.” Ela diz estendendo a mão para minha tia e depois para mim. “Você deve ser Elise.” Tiro os fones de ouvido e confirmo com a cabeça. “Vamos começar?” disse ela indicado a porta.

“Como se eu tivesse escolha.” Balbucio baixo enquanto me levanto da cadeira, a médica não me ouviu, ou fingiu que não.

Entramos no consultório, ele não é muito espaçoso, há estantes nas paredes repletas de livros e objetos de decoração. No centro tem duas poltronas de cor vinho escuro quase marrom, estavam posicionadas em um ângulo em que não ficavam diretamente uma de frente para outra mas que ainda assim era possível ver a expressão  das pessoas sentadas nelas. Entre as poltronas havia uma mesa redonda com uma caderneta de anotações e uma caixa de lenços de papel, provavelmente para o caso de o paciente começar a chorar. A doutora me indica a poltrona da direita e se senta na da esquerda, ela pega a caderneta com a caneta e limpa a garganta.

“Então conte-me por quê está aqui?” Sua expressão é impassível. 

Solto o ar pesadamente e respondo:

“Você sabe por quê. Minha tia já te contou.” Digo rispidamente.

“Sim, mas quero saber por suas palavras. Diga-me, como se sente?” Repete ela ainda imperturbável.

“Meu pai morreu atropelado no meu lugar bem na minha frente quando eu só tinha cinco anos. Minha mãe ficou louca e dependente de remédios e claramente me culpa pela morte do meu pai. E quando começou a ter qualquer sinal de lucidez virou alcoólatra e se casou de novo com um sujeito nojento e como se não bastasse tudo isso esse homem vive se insinuando para cima de mim. Então como você acha que eu me sinto?!” Indaguei sarcástica.

Ela escreve algo curto provavelmente apenas uma palavra. Seu rosto ainda inexpressivo

“Considerando a possibilidade de pedofilia, que como você deve saber é um crime hediondo, o que quer dizer com 'insinuar'?”

Não consigo deixar de lembrar da ocasião mais recente. Eu tinha acabado de chegar da escola e estava indo para meu quarto, mas no alto da escada topo com ele, fecho a cara no mesmo momento em que ele abre um sorriso malicioso e pervertido. 

“Olha só se não é a vadia ingrata da minha enteada,” noto seu olhar em meus busto, ignoro-o e tento passar mas ele me barra com o braço estendido. “Estava pensando, já que sou eu que te sustenta e pago a porra toda nessa casa” (ele tem mais palavrões em seu vocabulário do que palavras de verdade) “você deveria ao menos me agradecer em vez de ficar o dia inteiro na droga do seu quarto... Mas pelo menos você tem esse caralho de rosto bonitinho.” 

Ele leva a mão ao meu rosto e eu a afastei com um tapa. Sua face se transforma em ódio. Com um movimento rápido ele segura meu maxilar com força e se aproxima até ficar a centímetros do meu rosto, posso sentir seu mau hálito de cigarro e álcool quando fala. Sinto repulsa e náuseas. 

“Escuta aqui sua puta do caralho é melhor você começar a me respeitar, se não eu vou ter que te dar a parra da surra e o cassete da educação que o maldito do teu pai não teve tempo de te dar!” 

Seu olhos ardiam sádicos enquanto os meus marejavam, ele me joga para o lado me tirando do caminho, se não fosse eu me agarrar ao corrimão teria caído escada abaixo, ele desce a escadaria ruidosamente sempre fazendo questão que sua presença fosse notada. Corro para meu quarto. Me sentia imunda, deixei a mochila no chão, peguei uma toalha e fui para o banheiro, de frente para meu quarto, onde abri o chuveiro ao máximo e me esfreguei até a pele ficar vermelha enquanto chorava de raiva, repulsa, indignação e luto. Ele não tem o direito de se referir a meu pai! Não tem direito de querer mandar na casa que meu pai nos deixou. Maldita hora que minha mãe o trouxe para casa!

Volto ao presente.

“Nunca chegou a esse ponto. Corto meus pulsos se isso acontecer.” respondo a pergunta da Dra. Fernanda.

“Não hesite em dizer caso aconteça.” Não posso evitar revirar os olhos, ela faz anotações e olha para mim daquele jeito de quem quer ver dentro de sua alma. “Elise, com que frequência você pensa em suicídio?”

“O quê?! Quem disse que penso em suicídio?” Ela arqueia uma sobrancelha.

“Você mesma quando disse ‘corto meus pulsos…’, então responda-me. É importante que você seja sincera.”

Disse isso por força de expressão não por realmente querer cortar os pulsos e sangrar até a morte, mas começo a pensar no assunto.

“Penso tanto quanto qualquer pessoa, todo mundo já pensou em se suicidar pelo menos uma vez na vida, e se não pensou provavelmente vai pensar, eventualmente." Pronúncio a conclusão de meu devaneio. "Mas não se preocupe, eu ainda tenho ligações com este mundo, então suicídio ainda não é uma opção.” 

“Ainda?! Isso faz de você uma suicida em potencial?” 

Suicida em potencial... Nunca pensei em suicídio como uma realidade, nunca o encarei como uma opção de fato. Li em um livro que somos ligados por fios à pessoas, objetos e objetivos, quase como marionetes. Imagino meus poucos fios, os que já tinham se partido e os que ainda me sustentavam, são tão poucos, o que aconteceria se todos se partissem. O que seria de mim? Uma marionete sem movimentos esquecida de lado? Uma casca vazia vagando sem rumo? 

Suicídio!

“Sim, sou uma suicida em potencial." concluo. "Sei que faz parte do seu trabalho me dissuadir desses pensamentos, mas como eu disse, não é uma opção e caso venha ser, não me leve a mal mas você não poderá me fazer mudar de ideias.”  

"Gostaria que parasse de pensar assim, eu quero e posso te ajudar, mas para isso você tem que se permitir ser ajudada."

Olho para ela em silêncio imaginando se ela realmente quer ficar ouvindo um monte de gente problemática falando de seus traumas e suas vidas desajustadas, ou se foi uma profissão escolhida por falsas ilusões. Seja qual for a opção tenho pena dela, acho que mais cedo ou mais trate ela vai perder a sanidade por problemas que nem mesmo lhe pertence.

"Sua ajuda não vai me fazer voltar no tempo e impedir o momento onde minha vida começou a desandar como um efeito dominó de infortúnios que parece não ter fim." Disparo o que vem rondando minha cabeça desde o momento em que aceitei me consultar com a psicóloga. 

"Acredito que por hoje basta, encerraremos essa sessão por aqui, mas te espero semana que vem." 

Queria dizer que não havia chances de eu voltar, mas se bem conheço minha tia terei que aturar muito mais disso pelos próximos meses.

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