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3. Elise

Eu estava de volta ao espaço escuro, sentada no balanço, meus olhos transbordavam em um choro silencioso e incontível a região do meu peito doía. Como pode a tristeza causar dor física? E por que no peito? Todas as emoções que sentimos vem de hormônios liberados no cérebro. Fica tudo lá, naquela massa aquosa, então por que eu choro e sinto dor?

“São muitas perguntas difíceis de uma só vez, você quer respostas metafóricas ou científicas?” Era a Morte novamente, sua voz fria me deixou ainda mais triste. 

“Eram perguntas retóricas, eu acho” digo sem muito ânimo.

“Particularmente não gosto de retóricas se você não quer uma resposta não faça a pergunta.” A Morte fala como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Faz sentido, mas em contrapartida eu não fiz as perguntas só pensei nelas. Se você não ficasse ouvindo meus pensamentos você não teria se deparado com as suas odiosas retóricas.” 

“Não vou discutir sobre isso. Vejo que arrumou um balanço.” Diz a morte para mudar de assunto.

“Ele só apareceu.” Minha voz sai monótona.

“Aqui na fronteira nada só aparece, de fato as coisa por aqui são mais simples, mas nada é por acaso” Fico quieta, não entendo muito bem as coisas que ela fala. “ Estou vendo que você não está para conversa.” Suspiro. 

“Acaso ou não, não faz diferença. Estou presa aqui é não tenho ideia de como sair. E adivinha?! Você não está ajudando!” Digo ranzinza, quer dizer, meu pai morreu atropelado, tenho direito de ficar triste.

“Não se sinta assim pelo seu pai, ele não iria gostar.” Diz ela.

“Você fala como se soubesse mais sobre ele do que eu.” Eu fungava.

“Eu sei que ele sempre soube que eu chegaria e mesmo assim ele não me temia, foi por isso que ele passou direto pela fronteira." 

“Você se lembra mesmo dele?! Já tem mais de dez anos que ele morreu, isso no Mundo dos Vivo.” Disse cética.

“Eu me lembro de tudo, e suas memórias despertaram as minhas, agora é como se tivesse sido ontem que o busquei.”

"Você se lembra de todas as pessoas que passaram por aqui?!" Pergunto ainda incrédula.

"Eu me lembro de cada minuto da minha existência, de cada ser vivo que fiz a transição. Mas não tenho tempo para o passado meu foco é sempre o presente, meu trabalho nunca tem pausa." Sua voz me soa melancólica e distante como se falasse consigo mesma. "Vou te contar agora algo que foge ao regulamento, antes de seu pai entrar no Mundo dos Mortos ele me confessou que gostaria de ter se despedido de você e de sua mãe.” 

Nesse momento sequei as lágrimas do meu rosto,  a única lembrança que tinha era a que eu acabei de presenciar, não me lembro do meu pai nem de nada de antes ou depois do acidente, portanto, não sei nada sobre ele, não tem porque ficar chorando tanto. Essas emoções são de uma Elise distante, não minhas. Tento me convencer dessa mentira. 

“Como é lá? No mundo dos mortos, quero dizer.” Perguntei sem olhar diretamente para Morte.

"Bem, Quando uma alma chega no mundo dos mortos é como se ela entrasse em um pequeno paraíso particular moldado à sua vontade e gosto, e lá ficam até estarem preparadas para reencarnar.”

“Eu posso me encontrar com ele agora?” Perguntei insegura, já esperando um não como resposta.

“Apenas se você decidir ficar.” 

“Eu ainda não sei.”

“Não precisa se preocupar você acabou de chegar, leva um tempo para descobrir o que tem na outra ponta da corrente.” 

“Eu não posso simplesmente puxá-la?”

“Para você é impossível.”

“Isso quer dizer que você pode?” Arqueio uma sobrancelha.

“Sim e não. Eu tenho  para a capacidade para mostrar em que você está presa, mas não posso.”

“Por que não pode?” insisto.

“Porque as regras do meu trabalho me proíbem.”

“Se você está dizendo, quem sou eu para dizer o contrário.” Faço uma pausa e mudo de assunto. “Como deve ser o paraíso do meu pai?”

“Ele com certeza está com sua família e amigos.” 

“Em outras palavras ele está feliz.” 

“Muito provavelmente.” Saber disso faz com que eu me sinta menos triste, ao menos um de nós está feliz. Imagino como seria meu paraíso e o que eu encontraria nele, de repente algo me vem à mente.

“O Mundo dos Mortos é como o paraíso, mas e se for a alma de uma pessoa má?" Pergunto curiosa.

"Não faz parte de meu trabalho julgar as almas que carrego."

"Então bandidos também vão para o paraíso?"

"Não exatamente. Almas corrompidas perdem o direito da reencarnação, de formas que ela passam a eternidade aqui no Mundo dos Mortos."

"Mas se o mundo dos mortos é o paraíso eles vivem de certa forma felizes e sem se arrependerem de seus atos ruins."

"Na verdade não, almas corrompidas costumam ter paraísos corrompidos e com toda a eternidade pela frente, mais cedo ou mais tarde,  elas se cansam e acaba se tornado o inferno."

"Então elas mesmas se dão o castigo por seus atos?" A ironia nisso me traz certa satisfação. não pude conter um sorrisinho perverso.

"É, pode se interpretar assim." A Morte dá de ombros.

“Poxa isso tudo é muito complexo.” Comentei.

“De fato é.” Ela faz uma pausa e suspirou. “Eu tenho mais trabalho à fazer, e você uma coisa para descobrir então até outra hora.”

E mais uma vez ela desaparece na penumbra me deixando sozinha com meu balanço. Suspiro, ela some tão de repente quanto aparece me deixando com mais perguntas do que respostas. Observando o suposto céu de Lugar Algum, lá no alto, apareceu mais cinco luzes/estrelas, elas estão se multiplicando como se uma chamasse as outras. Novamente estico o braço e eu tento alcançá-las e novamente sou abduzida pela claridade ofuscante de uma nova lembrança.

***

O espaço vai tomando forma aos poucos exatamente como da ultima vez, porém agora eu estava em em um lugar fechado, estava com muita pouca luz, só havia uma única lâmpada acesa, sob essa, um balcão no qual havia uma mulher com uma camiseta roxa de mangas e colarinho azul com “Pista de patinação: Patins de Ouro” escrito na região do peito com o desenho de patins dourados. No outro hemisfério sentada em cima do balcão uma criança, era eu de novo com seis anos talvez, ela balançava as pernas no ar com um olhar fixo no chão em pleno devaneio. A mulher chama, mas a menina parece não ter ouvido, a mulher chama de novo mais alto e a menina levanta a cabeça num sobressalto.

“Você parece triste, Elise. Em que está pensando?”

“No papai,” a menina responde melancólica, “estou com saudade dele.”

“Sabe eu também sinto a falta dele, mas ele não gostaria que eu ficasse triste então eu me esforço ao máximo para não ficar deprimida.”

“Não sei o que é isso.” Protestou a menina.

“Deprimida significa triste, do mesmo jeito que você está agora.” Explica a mulher. “E como eu disse ele não gostaria de nos ver tristes então que tal colocarmos isso?” Ela mostra um par de patins infantis.

“Tia, eu não sei andar nisso.” Queixa-se a menina. A tia olha para ela com um sorriso maroto.

“Nem eu, mas não deve ser tão difícil. Vem vamos!” Diz ela colocando a criança no chão e pegando mais um par de patins. 

A mulher anda até uma das pilastras perto do balcão e abre, o que me parece, um quadro de luz e com um estalo as luzes da pista de patinação se acendem. Ela pega na mão da menina e a guia até um banco próximo a entrada da pista de gelo, a tia coloca os patins na criança e os seus próprio, ela se levanta e bambeia em cima das lâminas, pega na mão da menina e a ajuda a ficar de pé, as duas andam lentamente até a entrada onde Elise se agarra à mureta.

“Vamos?!” Diz a tia mas a menina balança a cabeça em negativa. “Então eu vou na frente.” 

A mulher dá impulso para frente, sem estabilidade quase cai, mas consegue se manter de pé. Com um novo impulso vai um pouco mais longe porém antes de ter tempo para saborear a conquista perde totalmente o equilíbrio e cai sentada. A tia olha para a sobrinha que ria observando a cena cômica. 

“Ei! Eu vi isso! Não vale rir se você não tentar também.” diz a tia para a menina que ainda não havia soltado a mureta. 

“Mas eu vou cair também.” choraminga a eu criança ainda com um leve sorriso no rosto.

“E daí?!” Indaga a tia, “essa que é a melhor parte." Elise hesita no mesmo lugar. "Vem, é divertido.” insiste sua tia com gentilezas na voz.

A menina tomou coragem e se soltou da mureta ela dá um impulso cauteloso e suave que mal a tira do lugar, ela respira fundo e tenta de novo, dessa vez, ela desliza sobre o gelo balançando os braços aberto buscando equilíbrio. A tia ainda sentada no chão branco e gelado aplaude e faz um comentário sobre a menina levar jeito para a coisa, porém assim que terminou a frase Elise caiu para a frente e com os braços escondendo o rosto, ela tremia. A mulher assustada engatinhou o mais depressa que sua condição permitia rumo a sobrinha, ao chegar mais perto da criança ela notou que a mesma tremia não por choro, mas sim por rir. A tia aliviada, e agora também sorrindo, toca a pequena que se vira de barriga para cima sorrindo.

Me dou conta de que essa é a melhor parte de ser criança, a menina que estava triste a menos de dez minutos agora ri como se a tristeza nunca pudesse alcançá-la, essa é uma dádiva dada à todas as crianças e que as fazem sorrir mesmo que toda as circunstâncias as incentivando a chorar. Eu ainda gostaria de ter essa dádiva, mas infelizmente para mim ela já se foi a muito tempo.

"Você está certa," disse a menina "isso é divertido. Quero tentar de novo, mas sem cair."

A tia se levanta em prontidão o que a fez perder o equilíbrio e cair novamente. Ela bufa zangada e tira os próprios patins ficando descalça, ela estende a mão para a criança e a põe de pé.

"Não sei onde estava com a cabeça quando pensei que eu poderia usar isso.” Ela balança a cabeça. “Sabe, eu nunca fui uma pessoa com equilíbrio, desde de pequena eu vivia tropeçando em minhas próprias pernas, seu pai sempre ria de mim e fazia de tudo para eu tropeçar." A tia ainda segurando a mão da menina anda pela pista de patinação deslizando a menina por sobre o gelo. "Ele era realmente um pestinha naquela idade."

"Tia me conta como era o papai?" disse a menina sem olhar diretamente para a mulher. "Acho que estou me esquecendo dele, e eu não quero me esquecer." A criança volta a ficar melancólica com os olhos já marejados.

"Ei não chora. Já se esqueceu do que eu disse? De que seu pai nunca que iria gostar de ver-la chorando desse jeito?" Elise nega com a cabeça fungando.

“A culpa é dele se não quisesse que eu chorasse não teria ido embora.” Ela tenta secar as lágrima com a mão livre. 

"Não fale assim, não é como se ele tivesse escolhido morrer.” Diz a tia com tom severo. 

“Mas foi isso que aconteceu,” balbucia a menina, “era para ser eu.” A mulher para e olha estupefata para a menina.

“Nunca mais diga isso de novo, tá entendendo?!” Ela abaixa e abraça Elise. “Você não teve culpa de nada, foi uma fatalidade. Aconteceu do jeito que tinha que acontecer.” 

“Mas se eu…”

“Para! Não tem ‘se’ nessa história, o que aconteceu, aconteceu. Nem com todos os ‘ses’ do mundo você vai conseguir mudar isso.”

“Mas não é justo.”

“É, Eu sei. Mas a vida é como patinar você não pode desistir na primeira queda, tem que levantar e tentar de novo e de novo até finalmente estar deslizando no gelo sem perder o equilíbrio.” 

"Mas você já desistiu de patinar." diz a menina já com um sorriso sapeca no rosto.

"Você é muito espertinha pro meu gosto viu." Falou a mulher depois de abrir e fechar a boca sem resposta.

A mulher volta a puxar Elise pelo gelo descontraída, a menina pegou o jeito depressa e logo já estava deslizando sem o auxílio da tia, bombeava um pouco nas curvas mas ela já não se importava em cair. 

“Vou te contar uma história de como seu pai via o mundo:" começou a tia.

"Você já deve ter ouvido que desde muito pequenos nós moramos com nosso tio Benjamin, ele era uma pessoa maravilhosa e sempre muito bondoso conosco, mas em compensação sua mulher era horrível parecia uma bruxa de tão má. Mas Júlio sempre dizia que o mundo funcionava como uma moeda, que tudo tinha dois lado e que cabia a você escolher por qual deles olhava. E ele sempre escolhia o lado bom. Lembro-me de ter ficado brava com ele por não concordar de que nossa tia era uma bruxa, sempre que eu tocava no assunto ele dizia: 'Não é ela que é ruim e sim nosso tio que é muito bom.' Isso me deixava muito brava mas eu sabia que ele não fazia por mal. Porque esse era o jeito que ele escolheu ver o mundo e viver feliz nele.” 

“O papai nunca ficava triste?” perguntou a menina.

“Sim, ficava, mas nunca por muito tempo.” A tia sorriu. “Certa vez ele ganhou uma moeda do nosso tio, e naquela época uma moeda era muito dinheiro, ainda mais para uma criança, mas ele acabou perdendo esse dinheiro enquanto corria pelo quintal e quando ele foi procurar a moeda para se exibir para os amigos ele notou que a tinha perdido, ele entrou em desespero procurou em todos os bolsos que tinha na roupa e pelo chão ao seu redor, mas claro que ele não achou, mas logo em seguida ele declarou uma caça ao tesouro e quem achasse a moeda ficaria com ela.”

“Quem foi que achou a moeda?” A mulher pensou um pouco.

“Eu não lembro direito mas acho que ninguém  achou, mas foi muito divertido procurar por ela. E por isso seu pai não ficou triste porque ele tirou proveito de seu azar e fez algo divertido dele.” A menina sorri radiante. 

“ O papai era incrível, não era?” 

“Era sim, e é por isso que você não vai se esquecer dele, porque ninguém se esquece de pessoas incríveis.” A tia reconforta a menina, “infelizmente é hora de irmos Elise, ou sua mãe vai ficar brava.” 

“Eu posso ficar aqui amanhã, depois da escola?” 

“Pode, se sua mãe deixar.”

“A mamãe está estranha, agora ela está sempre tomando remédios e falando coisa estranhas. Acho que ela está... depi... Deprimida. Eu vou dizer pra ela tudo o que você me disse sobre o papai e que ele não quer que a gente fique deprimida. Aí talvez ela pare de tomar tantos remédios e volta ao normal, né?” 

A mulher dá um olhar triste para a criança e força um sorriso.

 “Claro, talvez ela melhore.” 

Não tinha firmeza nenhuma em suas palavra, elas soavam como uma mentira apenas para que a criança se sentisse melhor. Mas eu não sou uma criança sei que isso é apenas ilusões. Eu estou com um mau pressentimento quanto a isso. A mulher foi até o balcão tirou o patins da criança, pegou a bolça, apagou as luzes e saiu com a menina. No momento em que elas desapareceram pela porta eu também desapareci.

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