༆ ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦́𝕝𝕠 𝕏𝕀𝕀
Mais uma semana de setembro se passou recheada de preparativos e expectativas. Depois daquela noite trágica, Dalila teve muita dificuldade em fazer Leonardo se recompor daquela palavra que saltou da boca de Elena.
— Mas você sabe que de uma amizade sempre surge um amor, né? — ela citava um trecho de um livro que tinha lido fazia um tempo. Bem clichê, afinal.
O garoto apenas concordou e seguiu fazendo sua atividade de matemática naquela tarde de terça feira. Quando ele enfim se recompôs daquele baque, já era quinta feira e ele e Dalila estavam traçando novas táticas infalíveis para conquistar Elena de vez.
— Você precisa voltar a conversar com ela, faz três dias que tu a evita! — Lila falava enquanto degustava uma goiaba.
— Realmente, e relaxa Lila, eu já peguei a manha de manter uma conversa sólida. — O ruivo falava confiante enquanto segurava o cachecol do pescoço. — E também estou tranquilo, vamos ver o desenrolar da história.
— Fico feliz em ver que estais tão confiante, meu caro. — Dalila falava orgulhosa, tanto de si quanto de Leonardo.
— Isso tudo graças a você. — eles trocaram um olhar singelo mas cheio de significado, mas ambos não conseguiam decifrar o que era aquela sensação percorrendo o corpo dos dois.
— Eu sei que eu sou uma ótima professora, nem precisa agradecer. — Ela terminava de comer a goiaba enquanto se deitava confortavelmente na cama.
— Você é tão convencida, Dalila. — Leonardo negava com a cabeça enquanto terminava umas anotações dos seus estudos para a prova de história que teria na segunda. — Você já ouviu falar da cidade de Denville? — Ele indagou sem tirar o olhar do caderno de anotações.
— Denville? — Franzindo o cenho, Dalila se sentou na cama novamente. — Esse nome me é familiar, provavelmente eu aprendi em uma das aulas de história que eu fui obrigada a participar. — ela dá de ombros.
— Parece que é uma cidade perdida, e tem umas histórias bem peculiares sobre. Claro, essas informações eu tirei de um fórum na internet, são teorias muito loucas sobre.
— O que você sabe sobre isso? — a curiosidade de Dalila aguçou ainda mais sobre isso. — Parece ser bem interessante.
— Parece que foi uma cidade distinta das de CohenVille, e a teoria diz que ela é uma cidade cheia de magia, paradoxos e tudo. — Leonardo explica enquanto fechava o caderno lotado de anotações sobre os diversos presidentes que o país já teve. Ela escutava atentamente. Na sua mente lembrava do que Nanda tinha falado sobre Denville, uma lembrança bem distante de uma floresta perdida onde os seres brilhavam à luz do dia e se camuflavam na escuridão. — Bom, CohenVille já foi um reinado e quando o rei morreu e sua família foi dizimada de uma forma misteriosa, o país foi dividido em quatro cidades e Denville foi esquecida por algum motivo. As pessoas desse fórum que tentam encontrar a cidade, dizem que seus seres entraram em conflito com CohenVille. Aparentemente o rei escravizava os seres místicos, e ninguém sabe como essa guerra foi parada. — O olhar de Leonardo parecia brilhar de emoção, amava teorias e isso para ele era incrível.
— Uou, eu não sabia dessa informação. Será que tem alguma ligação com o meu mundo?
Leonardo deu de ombros.
— Não sei, vai quê.
— Mas, o que aconteceu com a família do rei? — A mente de Dalila não parava de trabalhar, ela estava se lembrando de alguma coisa.
— Não se sabe, como eu disse, a sua família foi dizimada. De suas quatro filhas, o único corpo que não foi achado, foi o da mais nova.
— E qual era o seu nome?
— Liliana.
***
Os dias passaram normalmente, sem muitas agitações ou tédios sem fim. Em uma tarde de domingo ensolarada, Dalila e Gardênia se encontravam relaxando no jardim. As duas estavam sentadas debaixo de uma árvore tomando um chá gelado, Leonardo tinha saído com Caio mais cedo para uma atividade na escola, então a menina resolveu ficar fazendo companhia para a Gardênia. Ela tinha enviado um relatório sobre esses dias para o Vale e estava esperando um retorno sobre o seu posto integral, com certeza uma carta chegaria em breve.
— Sério que a Alice deu em cima do seu Roberto? — Dalila perguntava surpresa enquanto ouvia a história que a mulher contava.
— E descaradamente! E adivinha? Os dois são casados e ficam se engraçando.
— Não creio.
— E nem te conto a pior. — Gardênia se ajeitou no chão dando mais um gole no chá, e Dalila bebendo de canudinho, prestava atenção atenta em tudo que a mulher falava. — A mulher dele descobriu. — Dalila parou de tomar o chá e entreabriu a boca levemente, estava em choque.
— Mentira!
— Pois é Lilazinha, só você vendo o barraco que foi naquele escritório sábado.
E elas passaram o resto da tarde assim, atualizando as brigas terríveis que aconteciam na contadora onde Gardênia trabalhava. Dalila adorava ouvir essas histórias, e Leonardo sempre reclamava com elas sobre essa mania de ficarem fofocando.
Mas ele mesmo fingia que não dava atenção enquanto escutava atentamente as atualizações das fofocas diariamente. Elas riram com o desfecho final da fofoca, no fim o seu Roberto acabou tendo seu cabelo arrancado pela sua esposa, ou melhor dizendo, seu aplique sendo arrancado.
Dalila já tinha se tornado parte da família, ela sempre jantava na casa e era uma diversão só. E às vezes ela se pegava pensando o quão doloroso seria deixar tudo isso para trás depois. Ela estava divagando em seus pensamentos enquanto observava aquele jardim repleto de vida e beleza, com árvores frutíferas lindas, uma grama verde e bela, flores de todos os tipos... era um sonho. E isso fez ela sentir uma saudade de casa, a fazendo se perguntar como todos estavam e se Winnie estava bem.
— Leonardo chegou. — Gardênia falava enquanto se levantava. — Vamos entrar, fiz uma torta de goiabada mais cedo.
— Ai você me conquista, Nênia. — Dalila falava enquanto corria apressada para dentro da casa.
***
— Então você passou o dia com ela? — a garota perguntava enquanto comia seu sexto pedaço de torta.
— Exatamente, e não faltou assunto hoje. — Leonardo falava radiante enquanto pintava mais um quadro inspirador. A pintura de Dalila tinha sido posta na parede, e ela sempre olhava orgulhosa para sua obra de arte, que continha sua assinatura com uma pequena goiaba desenhada de uma forma torta.
— Estamos evoluindo muito bem, parabéns garoto!
— Acho que irei dar de presente pra ela a pintura que eu fiz dela, darei quando a chamar para o baile daqui a duas semanas. — ele falava confiante e Dalila parou de comer o olhando surpresa. Nem parecia o mesmo Leonardo de algumas semanas atrás, ele se sentia mais confiante em relação a tudo, e isso o deixava muito orgulhoso de si mesmo.
— Quem é você e o que você fez com o Leonardo? — batendo palmas reverentes, ela começou a rir. Ela sentia uma mescla de dever cumprido e orgulho. — Fico tão feliz de ver a sua evolução, nem parece o mesmo garoto amedrontado.
— Mas não ache que eu não estou com medo de fazer isso, eu estou morrendo de medo. — Ele tremeu da cabeça aos pés só de imaginar algo dando errado.
— Ai minha santa Árvore Gloriosa. — Dalila voltou a comer enquanto negava com a cabeça, seu olhar mostrava uma reprimenda.
— Olha o julgamento Dalila! Não é você que tem o risco de receber um não bem dado na cara. — Ele põe a mão na cintura e olha para ela, totalmente ultrajado.
— Quando eu penso que estamos evoluindo... — Ela murmura enquanto coçava levemente a cabeça. — Ei! Devolve minha torta Leonardo!
— Só se você admitir que eu estou me saindo muito bem. — ele a olhava perspicaz.
— Não. — Disse curta e grossa. Ela estalou os dedos e o prato de torta voltou para as suas mãos .— Seu besta. — Ela estira a língua enquanto se diverte com a derrota de Leonardo.
— Isso não vale. — Ele fala emburrado voltando a pintar seu quadro.
***
Naquela noite de domingo, Dalila enfim recebeu sua carta de confirmação. Leonardo já estava no seu quinto sono e ela estava prestes a entrar num sono profundo quando um raio esverdeado disparou para dentro de sua barraca.
Era uma carta de Felipe e ela logo se apressou a abrir.
Querida menina goiaba,
Desculpe a demora para mandar essa carta de confirmação, mas recebi o seu relatório três dias atrás. Mas sim, está tudo bem por aqui e Nanda confirmou sua missão integral e está tudo certo.
Fico feliz em saber que está se saindo muito bem, mas continue tomando cuidado Lila, humanos podem ser perigosos.
Mas sei que você sabe se cuidar, e já estou com saudade de ir para o bosque com você às tardes.
Volta logo!
Ah, e sim, Marta está muito bem e Winnie também. Eu alimento ela todos os dias como você pediu, não se preocupe.
Esperando que esteja bem,
Felipe.
"Ele nunca vai parar de me chamar disso?" Revirando os olhos, Dalila começou a escrever uma resposta.
Felipe,
Primeiramente, pare de me chamar assim garoto! Eu em!
Estou muito feliz por essa confirmação e fique tranquilo, em breve voltarei. Se tudo der certo, voltarei a tempo da colheita de primavera.
Mande abraços a Dona Marta por mim e pare com essa preocupação tola! Os humanos não são tão horríveis quanto você pensa, e acalme o coração.
Ah, já estou sentindo saudades antecipadas daqui. Só de pensar que nunca mais comerei a torta de goiabada de Gardênia... que dor!
Mas enfim, também estou com saudade de casa.
Mas em breve estarei de volta.
Dalila.
Enquanto Dalila seguia com suas saudades tanto de casa quanto de seu novo lar, os dias seguiam com suas evoluções naturais. E nesse exato momento, Leonardo estava com Elena mais uma vez.
— Leonardo? Você está me ouvindo? — a voz de Elena invadia os ouvidos do garoto mas ele parecia estar em outro lugar, sua mente divagava no além de sua imaginação.
— Mil perdões, eu estava distraído. O que você estava falando? — os dois estavam sentados no refeitório mais uma vez, eles estavam debatendo sobre a decoração do baile de primavera que iria acontecer na primeira semana de outubro.
— Você está tão distraído hoje, aconteceu alguma coisa? — ela perguntava sem tirar os olhos do celular, e as vezes que tirava, observava os lugares, como se esperasse alguém chegar.
— Não, nada aconteceu. — sorrindo fraco, Leonardo voltou a conversar sobre essa decoração. As conversas com a sua então crush dos sonhos, não estava passando de meras formalidades sobre assuntos específicos.
Estavam na penúltima semana de setembro e nesse tempo todo que estava tentando algo com Elena, nada se passou de uma amizade instável até agora. Aos poucos Leonardo sentia todo o ardor no peito esfriar em relação a Elena, a garota parecia muito diferente do que ele achava que era.
Ela estava se tornando uma patricinha qualquer e isso o deixava exasperado, mas mesmo assim, não conseguia deixar de sentir umas borboletas no estômago quando olhava para ela e sua beleza. Mas todos esses momentos que ele passava com ela, não mudava nada e ele se sentia frustrado. Ele quer desistir disso tudo, mas algo o está impedindo de parar, ou melhor dizendo, alguém.
— Mais conversa sobre decoração? Você nem está à frente disso! — Dalila falava enquanto folheava um livro de poemas que achou na estante de Leonardo, sentada em estilo índio no chão, ela ficava a pá de todo o desenrolar da história.
— Pois é, está tão tedioso. — o garoto estava deitado na cama enquanto brincava distraidamente com o seu cachecol.
— Talvez tudo isso mude no dia do baile. Já pensou? Você acaba dando um beijão nela? — Dalila olhou por cima do livro para Leonardo, com um sorriso malicioso nos lábios.
— Para com isso Dalila! — Ele riu sem jeito, sentindo suas bochechas arderem levemente — Só de pensar nisso meu coração acelera. — Ele põe a mão no peito, como se pudesse sentir seu coração correr mil maratonas.
— Você tem que chamar ela semana que vem, o baile já está chegando e você tem que ir com ela. Caso de vida ou morte... — Ela dizia distraidamente. Algo em seu âmago lhe alertava que ela estava falando besteira, mas ela não deu atenção.
— Você está lendo Poemas de um Lunático? É o meu livro favorito.— Leonardo escorregou da cama e foi se sentar perto de Dalila tomando o livro gentilmente da mão dela.
— Sim, o meu poema favorito é As vibrações das cores, acho que é um dos poucos que tem título. Ele é tão intenso e cheio de detalhes, é de tirar o fôlego. — ela dizia enquanto colocava a mão no coração de uma forma apaixonante.
— O meu favorito é A calmaria, também é um dos poucos com título. — Você leria para mim? — ela pede enquanto relaxa suas costas na estante.
— Pois bem... — Ele pigarreou antes de começar. — Seria os momentos concretos que eu já passei?
Ou as lembranças corriqueiras da vida?
Não sei ao certo em que momento eu senti essa calmaria em meu peito
Mas eu lembro de todos os teus jeitos
Teu olhar vibrante
Seu jeito eletrizante
Seria você a calmaria mais bela que eu estava procurando?
Ah, com certeza
Mas em que momento eu percebi isso?
Sou louco em dizer que foi no primeiro momento em que te vi?
Pena que foi tarde demais e tive que te deixar partir
Tu foi a calmaria dos meus dias
Foi a inspiração dos meus suspiros
Você foi o sonho realizado
O sonho que eu amo sonhar acordado
Leonardo lia cada estrofe com emoção, cada palavra afetava seu coração de uma forma melancólica, e a cada parte ele olhava de relance para Dalila que em nenhum momento parava de observar o garoto. Ao finalizar a leitura, eles trocaram mais um olhar significativo. As palavras ditas pairavam no ar como um coro de lindos anjos, a menina sentia as mãos suando e o coração acelerado.
Por que estava assim? Ela se fazia essa pergunta enquanto tentava tirar os olhos do garoto a sua frente, mas ela não conseguia. Leonardo fechava o livro lentamente, sentindo todo o seu corpo tremer sobre aquele olhar penetrante de Dalila. Ele conseguia sentir seu olhar vibrar ao observar aquela feição surpresa, e ambos sentiam borboletas sambarem por todo o seu corpo.
— Você de fato é muito meloso. — Dalila quebrou o encanto expulsando toda aquela sensação que ela desconhecia. — Olha forma que você leu...
— E você é muito chata, como não consegue sentir o peso romântico desses versos? — Ele ri fraco e se levanta. Os dois se recompõem e antes de proferirem mais alguma coisa, Gardênia chama os dois para jantarem.
— Como foi os estudos? — Gardênia perguntou enquanto servia a macarronada que Dalila tanto amava.
— Não aguento mais ouvir os nomes dos presidentes rodando na minha cabeça. — Dalila falava enquanto enfiava uma garfada de macarrão goela abaixo.
— E eu não quero mais ouvir a palavra cálculo na minha vida.
Leonardo de fato tinha estudado antes de toda essa bola de sensações acontecer. E ele dizia que estava dando reforço para Dalila, já que tecnicamente, ela veio de outro lugar. E era a desculpa perfeita para o disfarce de Dalila se manter. E o jantar ocorreu bem, e no final, Dalila fingiu que foi embora para casa e deu a volta na casa entrando pela janela do quarto de Leonardo.
— Agora, vamos ensaiar como você vai convidar ela. — Dalila falou autoritária enquanto se sentava na cama.
— Senhorita, bela e formosa Elena, aceitaria ir para o baile comigo? — ele falava fazendo referências horrorosas e exageradas.
— Você vai pedir ela em casamento por acaso? Com certeza esse seu aparelho falante faria melhor. — Dalila debochou enquanto apontava para o celular na mão do garoto.
— Eu achei que assim ficaria mais bonito. — se sentando no chão, Leonardo prestou atenção em Dalila que se sentou na sua frente.
— Eu estou a quase um mês contigo e não consegui tirar esse lado exagerado seu... — balançando a cabeça ela tenta se controlar. Lembrava do dia em que quase jogou ele pela janela por não parar de cantarolar uma música romântica que estava pretendendo cantar para Elena. Graças aos estalos ela tirou essa ideia da cabeça dele, ele é muito desafinado. — Você vai entregar o quadro para ela, certo?
— Sim.
— Então pronto, você vai fazer o seguinte...
***
Lá estava Leonardo com a pintura de Elena em mãos, suas mãos soavam enquanto ele esperava Elena chegar no pátio, lugar onde ele tinha marcado de encontrar ela. As palavras que Dalila lhe disse para proferir nesse momento tão decisivo, rodavam a sua cabeça, sem contar o sol escaldante de sexta-feira que estava o deixando louco. A última semana de setembro estava o deixando desesperado.
— Léo! O que é isso? — Finalmente ela chegou no lugar marcado. Parou na frente de Leonardo e olhava o quadro embrulhado nas mãos dele e ele apenas a entregou sem falar nada. Ela sem entender, pegou o embrulho e tirou o papel e ficou em choque ao ver aquela pintura tão realista dela mesma.
— Leonardo, que coisa mais linda! Eu simplesmente amei... — Ela o abraçou e ele retribuiu surpreso. As borboletas sambavam em seu estômago.
— Você baile que ir comigo? — ele falou rápido sem desviar o olhar dela.
— O que você disse? — perguntou ela confusa. Leonardo puxou o ar que não tinha e a calmaria que também não tinha, e proferiu sua frase.
— Você aceita ir ao baile comigo? — As mãos atrás das costas, o coração dando cambalhotas em seu peito. Ele sentia um pingo de suor escorrendo pelas suas costas nesse exato momento.
Elena parecia surpresa, abrindo um sorriso tímido, ela observa o celular por um minuto e olha o aparelho decepcionada. Guardando ele de volta no bolso, ela olha para Leonardo.
— Claro que sim! — Ela responde com entusiasmo.
Leonardo por exatos dez segundos ficou extasiado. Ele não percebeu que já tinha chegado na sala e já estava tendo a primeira aula. Ele enfim conseguiu, e estava animadíssimo para contar a novidade a Dalila.
***
— Eu não falei que ia dar certo? — ela falava enquanto fazia uma dancinha da vitória pelo quarto.
Já era segunda à noite quando ele enfim teve a felicidade de contar esse babado para a Dalila. Nesse fim de semana ele quase não parou em casa, acabou se tornando um dos voluntários na organização do baile junto com Elena. Na sexta à noite ele acabou chegando tarde em casa, e foi direto dormir.
Sem antes receber uma bronca de Dalila e Gardênia, que só faltaram engolir ele. E todo o salão já estava pronto para o baile que aconteceria no dia seguinte às sete da noite.
— E amanhã será o grande dia, e eu só queria agradecer por toda a sua ajuda. — Ele ria orgulhoso. O garoto sentia as bochechas arderem de tanta felicidade que irradiava dele. Mas Dalila sabia que era mérito próprio dele, não dela em si.
— Enfim, você vai dançar com ela amanhã. E pelos estalos, não pise no pé dela. — Dalila riu ao imaginar essa cena. E se deliciou com a sensação de que está cumprindo a sua missão muito bem.
— Então... — Leonardo parecia envergonhado.
— O que foi dessa vez? — Ela o olhou arqueando uma de suas sobrancelhas, o encarando desconfiada.
— Eu não sei dançar... — Ele falou baixo enquanto coçava a nuca.
— Não me diga uma coisa dessas faltando um dia pro grande baile. Leonardo, diga que isso é mentira. — Dalila se levantou apressada da cama e começou a balançar os ombros de Leonardo. — Isso é mentira, né?
— Eu queria que fosse. E para de me balançar, credo. — ele se solta das garras de uma Dalila revoltada e a olha desanimado. Mas logo uma ideia surge em sua mente. — Você pode me ensinar a dançar!
— Como é que é? — Dalila parou de andar pro lado e pro outro e olhou para ele incrédula. — De jeito nenhum, eu não!
— E por que não? — ele cruzou os braços e ergueu uma de suas sobrancelhas.
— Porque eu não gosto de dançar. — Ela também cruza os braços e o olha decidida.
— É mesmo? — ele começou a andar na direção dela de forma ameaçadora e ela foi dando passos para trás até bater com as costas na parede, seus rostos próximos um do outro. — Ou é por que você também não sabe dançar? — ele a provocou.
Dalila estalou os dedos e o jogou para o outro lado do quarto.
— Minha... coluna. — Puxando o ar com força, ele tentava voltar a respirar.
— Ai meus estalos! Me desculpa eu...
— agiu sem pensar. — ele se levantou do chão enquanto massageava as costas. Essa queda o fez lembrar de quando provocou Dalila escondendo seus chinelos em cima da árvore. Ela pegou os chinelos e colocou Leonardo lá em cima, e só o tirou quando terminou de ler quinhentas páginas do livro de contos de terror.
— Você está bem? — ela perguntou preocupada, analisando ele todo.
— Dalila! Você está preocupada comigo? — A garota fechou a cara instantaneamente e parou de olhar o garoto e cruzou os braços novamente.
— Não enche o saco Leonardo... e respondendo a sua pergunta, eu também não sei dançar. — ela admitiu por fim sem olhar para ele.
— Estamos no mesmo barco então, minha cara. — ele a abraçou de lado e olhou o horizonte do quarto de uma forma heroica.
— Leonardo, desgruda!
+1 capzinho pra vuxes! Espero que gostem Hehehe
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro