༆ ℂ𝕒𝕡𝕚𝕥𝕦́𝕝𝕠 𝕏𝕀
— Dilan, me responda! Você está...
— Calada! — Com toda a força ele bateu as mãos na mesa, assustando Nanda que estava sentada na cadeira. — Você não sabe de nada sua tola, fique na sua e não me atrapalhe! Ou você será a primeira a morrer, está me entendendo?
— Então eu morrerei tentando impedir você e seu plano. — Nanda o olhou, sem medo.
— Você é tão insolente...
— Eu? Insolente? Se ponha no seu lugar, Dilan. Eu posso estar fraca agora, mas continuo sendo a guardiã e governanta desse lugar e ainda tenho poder suficiente para acabar com você. — Estalando os dedos, uma lufada de vento joga Dilan contra a parede o fazendo bater as costas e cair no chão. Se levantando da cadeira e indo em direção ao homem, ela estala os dedos mais uma vez o fazendo flutuar e o jogando do outro lado da sala o fazendo cair desacordado no chão.
— Eu não irei permitir isso, ah! — ela cai no chão, se sentindo tonta e fraca. Os braços formigavam, e o corpo estava dolorido, seus esforços estavam sendo inúteis e ela só está se matando cada vez mais. Ele a enfraqueceu, e muito. Não conseguiria impedir Dilan e seu plano, e quando ele acordasse, seria seu fim.
— Madame Nanda! — Felipe apareceu e escancarou a porta, totalmente exasperado e nervoso. Olhava do homem para a mulher, mas não tinha tempo para perguntar o que tinha acontecido, algo pior estava acontecendo.
— O que foi? O que aconteceu? — Nanda se apoiou no garoto e se levantou.
— A Dona Marta ela... — ele desviava o olhar, sentia todo o corpo tremer.
— O que aconteceu com a Senhorita Marta? — Nanda agora sentia o ar faltar em seus pulmões. O olhava assustada.
— Ela está...
— Fale logo!
— Ela está morrendo.
***
Leonardo estava parado na frente da casa de Elena fazia exatos cinco minutos, estava tomando coragem para apertar a campainha.
— Leonardo pelo amor dos estalos! Aperta logo esse botão! — Dalila sussurrava nas sombras. Depois de muita insistência do garoto para ela o acompanhar de longe, ela resolveu enfim ir. Escondida numa moita com seu disfarce de bigode e uma capa de chuva, ela estava começando a perder a paciência com ele.
— Dalila! Isso dói! — ela tinha o puxado pela orelha até a moita que estava.
— Presta atenção, já são exatamente sete e seis da noite, você está atrasado. E atrasos é um sinal horrível de irresponsabilidade! — Ela falava exasperada. Nem parecia que a mesma era o exemplo perfeito de gente atrasada.
— Mas eu estou nervoso! Não é você que vai ter que passar horas num local cheio de adolescentes bêbados tentando não gaguejar do lado da garota que ama! — Ele começou a rodar no mesmo lugar.
— Não é momento de entrar em pânico Leonardo. — Ela o parou e virou ele para si. — Respira fundo, isso. Agora, aperte aquele botão que faz barulho e vai com ela. Anda! — Empurrando ele para fora, o garoto dá uma última olhada para a Dalila.
— Você vai ficar perto de mim lá? — ele pergunta.
— Não tão perto, mas vou sim.
— Apenas um estalo de distância? — ele ri ao lembrar do que ela tinha falado quando aceitou ir para festa para dar auxílio.
— Com certeza. — ela sorri.
Então, o ruivo respirou fundo e apertou a campainha finalmente. Pondo as mãos nas costas logo em seguida, como tinha ensaiado anteriormente. Não demorou muito para Elena abrir a porta e se deparar com um Leonardo a olhando encantada.
Ela usava uma saia xadrez colada ao corpo que marcava suas coxas torneadas, uma blusa social branca de botões e um Jordan. Com seus belos cabelos presos em um coque com alguns fios soltos e seus olhos reluzindo a luz da lua, era apenas isso que ele conseguia enxergar, a beleza em seu olhar.
— Ãh... Vamos? — ela fecha a porta atrás de si e Leonardo acorda de seu transe e ambos foram caminhando lentamente até a casa da Vanessa que ficava a apenas três quadras dali. No caminho, eles ficaram jogando conversa fora enquanto planejavam participar da competição de tiro ao alvo que teria mais tarde. O caminho inteiro ele tentou evitar gaguejar, por mais que às vezes sua voz saísse tremida e Elena ria achando aquilo fofo. Mas parecia que a mente dela estava em outro lugar.
Dalila por sua vez, se esgueirando nas sombras, acompanhava os dois na penumbra. De qualquer forma ela, Elena, não poderia ver ela, apenas Leonardo. Mas mesmo assim ela preferia evitar futuros imprevistos e se mantinha sorrateira.
Ao chegarem na festa, Dalila ficou do lado de fora observando por uma janela aberta todo o movimento. Os outros dois entraram e foram recebidos calorosamente. Caio foi logo abraçando o amigo e o apresentando algumas pessoas, e aquele barulho de som alto e várias pessoas falando começou a perturbar a mente calma do garoto, que estava se mantendo firme e segurando a vontade de ir embora.
— Vai uma "birita" aí Leozão? — Caio ofereceu e o garoto negou. Já estava observando que o amigo não estava mais tão sóbrio como de costume.
— Vem Léo, vamos para um lugar mais calmo. — Elena puxou ele pelo braço e o levou para a cozinha onde só tinha umas duas pessoas e o barulho estava um pouco abafado.
— Obrigado por me tirar daquele lugar barulhento. — sorrindo fraco, ele pega uma garrafinha de água que tinha sobre o balcão.
— Também odeio esses barulhos, mas se eu não viesse, Vanessa provavelmente me mataria. — os dois riram ao pensar nessa situação. Tentando seguir o conselho que Dalila lhe deu, tomou a coragem que não tinha para chamar ela pra dançar.
— Gostaria comigo dançar? — ele falou rápido olhando pra baixo.
— O que você disse? — confusa, ela tenta entender o que ele falou.
— Ãh... você...
— Eai Leozão! — O bêbado Caio interrompeu Leonardo e isso fez o garoto se sentir frustrado. — Agora que você e a Elena estão juntos, podemos sair nós quatro. Eu e a Vanessa e vocês dois. — Caio falava enquanto virava mais um copo de bebida. Ainda não eram nem oito da noite e ele já estava em um estado deplorável.
Elena tirou os olhos mais uma vez do celular e olhou incrédula para o bêbado à sua frente. Leonardo corou ligeiramente e lhe faltou palavras para explicar.
— Nós não estamos juntos, Caio. — ela o olhou com uma certa raiva. — Somos apenas amigos. — Pegando no braço de Leo, eles saíram daquele lugar.
Amigos. Essa palavra rodava na cabeça do pobre ruivo. Uma facada doeria menos. Ele sentia seu coração apertar, então quer dizer que nada do que estava fazendo funcionou? Não, ele não podia desistir. Só estava tentando há uma semana, tudo sairia bem no final.
Dalila entrou na festa e acabou vendo Elena arrastando Leonardo para algum lugar, ele que olhou para trás e a viu, não conseguiu retribuir o sorriso radiante que Dalila esbanjava. E ela não entendia o porquê daquela cara triste no rosto dele.
***
— Por Liliana! — Nanda ficou horrorizada ao ver Marta naquele estado. Se Dalila souber de algo assim, é capaz de ter um troço.
Marta estava deitada na cama coberta até o peito com um lençol fino. Seu rosto antes radiante estava pesado e desolado, olheiras fundas e marcas pretas em seu corpo começaram a surgir na sua pele.
— Eu não tenho muito tempo. — Marta tossia, mal conseguia falar.
— Eu irei dar um jeito nisso, irei salvar a todos nós. — Passando a mão nos cabelos, Nanda se senta ao lado da cama. Suas madeixas, antes bem presas em um coque, agora estavam desgrenhadas.
— Mas pode ser tarde demais. Nanda, tem algum problema com a árvore, não é? — Marta sorria fraco.
— O que está acontecendo com a árvore gloriosa, Nanda? — Felipe enfim proferiu alguma palavra desde que chegou, ainda estava em choque com tudo que estava acontecendo.
— Não tenho mais como esconder. — Nanda suspirou. — A árvore está morrendo, algo está matando ela. E... eu preciso impedir isso, algo horrível está acontecendo e nosso mundo irá morrer.
— E por que? Quem está fazendo isso? — Felipe pôs as mãos atrás das costas enquanto andava de um lado para o outro.
Marta apenas escutava calmamente.
— O Dilan. — Felipe parou de andar na hora. Estava em choque, como assim o homem que o treinou está fazendo isso? — Ele quer vingança contra os humanos, e ele vai sacrificar qualquer um para isso. Ele está cego de ódio! — Pondo o rosto contra as mãos, Nanda segura a enorme vontade de chorar. É como se tudo que construiu estivesse caindo como uma avalanche. Ela é capaz mesmo? Foi a decisão certa? Ela poderia ter fugido quando pôde, e, no fundo, é o que ela queria ter feito no momento que aceitou esse chamado.
— E acho que já começou a fazer isso. Seu Cláudio viu dois humanos perambulando com Dilan no vale das gardênias mais cedo, ele estava indo te contar o ocorrido e quando passamos pela casa de Dona Marta, vimos a situação dela. — Felipe parou de andar e se sentou. — Ele foi atrás de você mas ele estava demorando muito para voltar, então eu mesmo fui.
— Mas eu não vi o Cláudio hoje. — Nanda olhou para Felipe.
— Então o Dilan...
— Desgraçado! — Madame Nanda se levanta. — Ele está com aqueles humanos em algum lugar, mas onde?
— Ele está enfraquecendo o mundo, está o expondo! Preciso avisar a Dalila.
— Não! — Nanda interrompe o garoto. — Não meta ela nisso. — "Não quero mais ninguém inocente metido nesse buraco" É o que ela pensava, se pudesse, evitaria ao máximo que mais pessoas entrassem nesse caos.
— Mas Dalila é poderosa Nanda, ela pode nos ajudar. Você está acabada e o nosso mundo está morrendo, precisamos impedir o Dilan!
— Eu sei que Dalila tem poderes incríveis que não usa, mas não envolveremos mais ninguém. Temos que encontrar algo para impedir ele, não devemos permitir essa escravização!
— Humanos... por que sempre sobre eles? Se eles nunca tivessem ousado nos tocar, nada disso estaria acontecendo! — Felipe fala exasperado enquanto voltava a caminhar em círculos. Ele parecia irritado com toda essa situação.
— Liliana... — a voz de Marta saia fraca. — Vocês sabem sobre ela, não é?
— O que você quer dizer com isso? — Nanda indagou. Algo na voz de Marta a fez se recordar de suas lembranças de outrora.
Felipe observava a mulher, a olhando nos olhos, atento para o que ela iria proferir.
— Você sabe, ela que alimenta a árvore e faz com que tudo isso exista. Para tudo isso estar acontecendo de uma forma tão rápida, não é só uma exposição à toa, estão drenando a Liliana, ou pior, tiraram ela do mundo dos sonhos. — Marta falava olhando diretamente para Felipe.
Nanda escutava tudo isso atentamente, ela sabia exatamente do que ela estava falando. Agora tudo se encaixava perfeitamente, o que ela estava tentando se lembrar de Liliana, o que ela achava importante para desvendar tudo isso, a chave era essa garota.
— Isso significa, que o Dilan — Marta dá ênfase ao nome do homem. — Quer os poderes da fonte da árvore, ele quer ser poderoso o suficiente para dominar as fadas, e os humanos. — Felipe e Marta se encaravam como nunca, uma conexão tinha ali. E ele estava entendendo tudo. — E nós temos que impedir ele, custe o que custar. Temos que devolver Liliana para o mundo dos sonhos, de onde ela foi retirada.
— Mas onde ela está? — Nanda pergunta mais para si do que para Marta. — Onde ele deve ter escondido?
— Ela está na...
Um barulho forte pôde ser ouvido ao longe, gritos e correria para todos os lados. A casa se apagou e tudo ficou escuro. Os gritos de medo estavam se aproximando cada vez mais, e uma voz sombria sussurrou no escuro.
— Ela está aqui... — a pessoa ri apontando para ela mesma.
***
Leonardo passou metade da festa indo pro lado e pro outro com Elena, com certeza ele já tinha conhecido a casa inteira de Vanessa e não entendia toda essa inquietação da menina.
— Elena, você está bem? — ele para ela enquanto passava mais uma vez pela sala.
— Desculpa Leo, é que aconteceu uma coisa e eu estou irritada por isso. Espero não ter descontado em você. — Ela falou desviando o olhar do celular mais uma vez.
"O que ela tanto olha nesse celular?" ele se perguntou. "Credo, estou pegando a alma curiosa de Dalila."
— Pode ficar tranquila Elena, você quer ir pra casa? Vejo que você não está muito bem. — Ele pergunta gentilmente enquanto começa a andar.
Ela parecia pensativa mas aceitou, sabia que o que queria encontrar aqui não veio. Então não faria sentido continuar. Ela então concordou e eles seguiram para fora da festa. Já eram nove e meia e eles estavam caminhando pela ruazinha deserta da rua dos oceanos.
Dalila foi atrás deles mais uma vez em completo cuidado, e o silêncio prevalecia entre os dois. Mas não um silêncio constrangedor, apenas algo confortável pairava sobre Elena e Leonardo. O garoto a deixou na porta de casa, se despediu e seguiu caminho para a sua moradia. Ele com as mãos nos bolsos, olhava a lua cheia que pairava no céu, com lindas estrelas brilhantes que iluminava o vasto horizonte negro.
Estava tão distraído, que nem reparou Dalila engatando o seu braço no dele.
— Deu ruim? — ela perguntou calmamente.
— Ela me chamou de amigo. — olhou calmamente para Dalila enquanto falava. A menina não falou mais nada, apenas seguiu o caminho com ele até a rua dos Andes.
Dalila olhou Leonardo se deitar na cama de roupa e tudo, o pobre coração do menino estava magoado. Ele podia ser muito romântico e meloso, mas é racional e sabe diferenciar uma causa perdida de uma ganha. O garoto sentia a áurea do seu quarto tão gélida quanto uma noite de inverno, e seu coração apreensivo sentindo uma leve tristeza.
— Você não pode desistir ainda. — Dalila dizia enquanto invocava uma barraca ao canto do quarto. Ainda estava esperando a confirmação de Nanda sobre seu posto integral, mas ela continuaria aqui. Então, já estava se acomodando. — Para conquistar alguém requer tempo, Léo! — O garoto afundou ainda mais seu rosto no travesseiro.
— Mas eu não sei mais o que fazer...
Dalila apenas observava aquilo e pensava o quão uma missão de coach amoroso era difícil, e bobo.
"Amor... que palavra e sentimento mais tolo!" Ela pensou enquanto se agachava para entrar em sua barraca mágica.
— Relaxa Leo, você vai ver, até a primavera você vai conquistar a Elena. Eu prometo a você. — Ela dizia sorrindo e confiante, mas Leonardo não viu. Ele já tinha caído no sono, estava exausto de tanto andar hoje.
— Boa noite. — ela estalou os dedos fazendo a coberta cobrir o garoto, e entrou em sua barraca onde seu interior parecia uma enorme casa. E em poucos minutos, adormeceu.
***
Dor. Vazio. Medo. Era tudo o que o homem deitado no chão sentia. As lágrimas que escorriam pelo seu rosto mostravam sua fraqueza e perda iminente, a raiva se consumia com tudo. Dilan não sabia em que momento se perdeu, mas sabia que precisava continuar. Era uma causa maior, que se estendia além de seus próprios medos. Enquanto se levantava do chão e seguia seu caminho para terminar o que começou, lembranças invadiam sua mente, desde o começo até o momento em que encontra.
— Sabes que isso é perigoso, não é, Dilan? — A jovem Nanda o olhou com medo.
—Nanda, é só um barranco de nada, nós não iremos morrer por causa disso. — Sentindo Nanda segurar firme em sua cintura, ele deu impulso e o pedaço de madeira plana que ambos estavam, começou a deslizar barranco abaixo. Os dois gritavam, ele de adrenalina e ela de puro medo e terror. Ao chegar perto do fim da descida, eles escorregam da madeira e ambos se chocam contra o chão.
— Eu falei que isso não ia dar certo. — Nanda choramingava enquanto com sua própria magia, fechava o machucado aberto em sua testa.
— Você é muito mole, Nanda. — rindo, Dilan vai até Nanda a ajudando a levantar. — Vamos voltar, certeza que a professora está louca procurando por nós.
— Nunca mais topo essas suas loucuras!
— Você que deu a ideia de fugir da aula sem ninguém ver...
— Eu não lembro disso não...
— Ei! Volte aqui, Nanda! — E ele começou a correr atrás da meliante fujona.
Em outro momento, Dilan gostaria de voltar para esses dias lúdicos. Os dias em que ele não precisava saber da verdade. Mas agora, as mentiras estavam o sufocando até o pescoço, saber de tudo o fez perder a noção. O fez ver o que não precisava e isso o possuiu, e agora, estava agindo de acordo com esse novo instinto, e esse instinto o usava e o vigiava. A partir do momento em que foi mostrado as verdadeiras intenções, ele soube que não poderia mais escapar desse ninho de mentiras.
Agora ele se encontrava na casa de uma senhora, aquela que soube demais e que pode colocar tudo a perder. Só pedia que um dia todos o perdoassem, o que ele faz agora é para algo maior e para se ver livre de tudo isso.
Ele via Nanda lá dentro, ele não tinha mais tempo a perder. Acabaria logo com isso.
Mais um cap pra vcs hehe
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