Capítulo 41
Tivemos de carregar Akin até um lugar em que era possível ter um pouco mais de calma e com sorte localizar um ponto de ônibus para irmos para casa.
- MAS EU AMO ELA SABE! –Ele chorava bêbado enquanto Rafa e Chul o carregavam e eu tentava ver onde estávamos no Google Maps.
- A gente já entendeu, Akin! –Grito, sem paciência. Já estava estressado porque havíamos andado muito.
- Mas vocês acham que eu tenho uma chance? –Akin continuou, ignorando todos os meus protestos.
- Sim! –Disse Chul.
- Não. –Falou Rafael.
- Se você não estiver bêbado da próxima vez, quem sabe? E chamar ela para um encontro como uma pessoa normal. –Falo.
- As pessoas ainda vão em encontros? –Rafael zomba.
- Vai dar certo, Akin. Mas você precisa ficar bem primeiro. –Chul exala sensatez.
- Aposto que ela tá ficando com um monte de gente...
- Amigo, você também. Supera! Pronto, aqui. –Chegamos no ponto de ônibus, finalmente. Quatro adolescentes sem camisa, esfomeados, exaustos e sujos.
Quais as chances do busão parar para a gente?
Poucas. Muito poucas.
Ficamos uma hora esperando. O que deu tempo de sobra para Akin e Rafael fazer amizade com metade da galera, Chul vigiava os dois e eu fiquei emburrado em um canto. Só queria um banho e tirar aquele maldito tênis suado...
***
Já dentro do ônibus, morri de medo de nos expulsarem e nos largarem no meio do nada. Akin com toda a sua destreza começou a se dependurar nas barras e entoar Evidências aos berros.
Por sorte, os passageiros também começaram a cantar e Akin foi atração daquela linha. E acabamos puxando couro de outras músicas também.
Lembro da gritaria e risada porque começamos a imitar alguns memes da internet, e ninguém podia falar um "A" que Akin berrava um "TÔ NEM AÍ!".
Quando estávamos mais perto de casa, conseguimos assentos. Akin se despediu dos amigos e desmontou em cima de Chul. Rafa se sentou do meu lado. Próximo demais. E de repente comecei a me preocupar com bafo, fedor e suor. Lembrei que eu havia beijado ele. E então?
Sinto sua mão em minha perna e quase salto do banco.
- Calma, Ty. Chegamos. Descemos no próximo, né?
Concordei e puxamos Akin, enquanto ele se despedia dos seus amigos de carnaval.
Meu amigo pisa em falso na hora de descer da escada e cai de cara na calçada.
Ai.
Acho que se antes ele não estava sóbrio, agora está.
Fizemos nosso caminho até a casa de Akin e pedimos pizza.
Sua sala era espaçosa, e nos acomodamos no tapete, já que era imensurável se sentar no sofá daquele jeito, sendo que nossas bundas sentaram nos piores lugares hoje. Por incrível que pareça, sem duplo sentido.
Enquanto Akin tomava um banho, e cuidava do joelho ralado com o auxílio de Chul, eu e Rafa mexíamos no celular e esperávamos a pizza.
- Preciso de um banho. –Comento.
- Preciso de comida. -Rafa se levanta e vai até a cozinha e rouba um iogurte da geladeira.
Tento manter meu foco no celular, porém eu espiava Rafa brincar com a língua dentro do pote de bebida láctea sabor morango, já que ele não pegara uma colher, como uma pessoa normal faria.
Meu intestino se parte ao meio e fico todo tenso.
Sei que ele sabe que estou olhando. Ele brinca com isso. Brinca com meu tormento, fazendo movimentos cada vez mais sacanas com a língua.
Droga.
- Tá sorrindo assim para o celular, por que Ty? -Rafa pergunta com a voz cheia de malícia.
- Não é para o celular que eu estou sorrindo. -Jogo o meu melhor sorriso de galã sedutor para Rafa, mas ele olha a tela do meu aparelho.
- Caramba, Ty! Quase 100 mil inscritos no seu canal já! Tá famoso.
- Ah, é. -A decepção na minha voz é perceptível. Achei que ia ter um momento com ele. -Não tanto quanto você no insta.
- Eu não tenho 100 mil seguidores. -Ele fingi que não se importa, mas sei que sim.
- Mas é quase uma celebridade, vai. Tá bem famosinho. Postando várias fotinhas na Califórnia.
Ele apenas sorri, fingindo negação, recostando a cabeça no sofá. Quase como se esperasse que a minha bajulação continuasse.
Você vai me destruir, Rafael. O Jão tava certo.
- Vamos fazer um pacto.
Ele franze a testa e ri.
- Que não seja com o diabo. Grato.
Nego com a cabeça, também rindo.
- Não seremos babacas.
- Mas nós não somos. Eu acho.
- Estou falando em relação ao meu canal no Youtube e o seu perfil no Instagram. Mesmo crescendo, não vamos deixar isso subir a cabeça, ok?
- Tudo bem. Não seremos babacas. Nem idiotas. Não deixaremos a fama subir à nossa cabeça.
- E se um dia deixarmos temos permissão para intervir, certo?
- Como se daria essa intervenção?
- Com um belo de um soco, que tal?
Nós gargalhamos, porque era ridícula a ideia.
- Perfeito. -Rafael aperta minha mão, como se selando o nosso acordo.
- Espero que não tenham roubado nada da geladeira. -O loiro esconde ligeiro o pote vazio de iogurte quando vê Akin. - Rafael.
- O quê? -Sua voz aumenta dois decibéis, mostrando como mente bem.
- A pizza já chegou? -Chul aparece logo atrás também já tomado banho.
Eu abri a boca para responder mas ouvimos a buzina da moto e nós quatro corremos lá para fora.
***
No segundo pedaço de pizza, e o quarto copo de refri, tivemos forças para iniciar alguma conversa.
- Mas você não contou muito para gente de como tá sendo em L.A., Rafael. -Akin diz, enquanto ensopa sua fatia de pizza com ketchup. - Já teve algum terremoto enquanto você estava lá?
Rafa não rende muito o assunto quando é sua vida fora do Brasil. Não sei o porquê. Quando ele viajava para lá voltava cheio de histórias e não parava de matracar. Agora ele simplesmente ficava quieto. O que não era muito usual de Rafael.
- Já.
- E?? -Chul indaga.
- Ah, foi normal. A galera é acostumada com os tremores, e quando eu viajei para lá também já tinha, então nada novo sob o sol.
Ele continua a comer sua fatia sem olhar para a gente, e por fim, pega o celular para ignorar nossas perguntas por completo.
- Akin preciso de um banho. E uma tolha. E roupas.
- Pode ir. Tem toalha na parte de cima do guarda-roupa dos meus pais. Pode usar o banheiro do corredor ou do quarto deles. Vou deixar a roupa em cima da cama para você.
- Ok. Valeu.
Vou até o quarto, pego uma toalha e opto pelo banheiro do corredor, porque usar o banheiro dos pais de Akin parecia íntimo demais. Não sei.
Deixo a água fria varrer o mormaço e a imundice da rua. Me esfrego inteiro, umas duas vezes. Só para ter certeza de que estou limpo. Porém sei que nem toda água e sabonete do mundo vão tirar essas toneladas de glitter.
Enrolo a toalha na minha cintura e me dirijo até o quarto dos pais de Akin, onde ele havia deixado roupas limpas para mim.
Assim que entro lá, me deparo com Rafael saindo da suíte, só de toalha também. Ele me encara.
- Vai fechar a porta ou não?
Que timing perfeito.
Fecho a porta, no entanto, não saio do quarto.
Quando me viro vejo a bunda de Rafael.
Puta que pariu.
Ela era branca, avermelhada, redonda e parecia suculenta, como dois...pêssegos.
Sim, eu tinha assistido Me Chame Pelo Seu Nome mais vezes do que eu gostaria de admitir depois que Rafael foi embora. Dá um desconto.
- Sua toalha caiu. -É tudo o que eu consigo dizer, ainda encostado a porta.
O quarto era aconchegante, tinha uma luz amarela fraca que me relaxava.
- Eu sei. -Ele se vira de frente e eu morro.
Ele quer exibir, não é possível.
Mas ele vai ver. Ah se vai.
Ele pode não estar duro ainda, porque sim, eu posso estar encarando seu membro por mais tempo do que eu deveria, ou melhor, eu nem deveria estar olhando. Ok. Ele não está excitado. AINDA.
Mas eu estou.
E sei que a toalha não esconde isso.
- Não vai colocar uma roupa?
- Não. -Ele caminha em minha direção, cada vez mais perto.
- Não vai pedir desculpas por hoje? -Porque sim, nesse momento que eu lembro da língua dele em Anna hoje, e ontem em Chul.
- Não.
Agora estamos cara a cara.
Seus dedos sobem até meu cabelo e brincam com meus fios, eu deixo. É quase terno. Às vezes esqueço que ele é alguns centímetros mais alto que eu.
Sua mão desce até minha bochecha, e lá eu me encosto, enquanto ele acaricia. Sem pressa alguma.
As pontas do seus dedos desenham o contorno de meus lábios, que se abrem quase automaticamente para engoli-los. Porém ele está sereno, quer ir devagar, e respeito isso. Aos poucos, depois de passear o dedo indicador e médio por lá, ele procura minha língua, e eu chupo.
Sua feição é impassível, entretanto ele está tendo um ereção, porque sinto seus pênis roçando minhas coxas, cada vez mais próximo.
Até que a minha toalha cai.
Ele olha para baixo, e tira seus dedos da minha boca sem pressa. Segura minha cintura e beija meu peito, meu tórax, minha barriga, meu ventre, todo o meu abdômen, com um carinho e lentidão inexplicável. Se eu não explodisse de tesão, que seja de amor.
Ele beija lá embaixo também. Respiro fundo e tomo o cuidado para não gozar rápido. Quero aproveitar. Curtir.
Fecho os olhos, relaxo e só sinto ele lá embaixo. Carinhoso, despreocupado, manso.
Seguro o seu cabelo e puxo, tentando ser cruel da mesma forma que ele foi comigo no banheiro daquela maldita resenha.
Pedindo que ele vá mais rápido, mas ele se contrapõe. Vai devagar. Tranquilo. Ele ama me provocar. Ele ama.
Quando meu corpo é tomado por aquela sensação de alívio e prazer, que me faz formigar dos pés a cabeça, e sem querer sussurro seu nome, ele se levanta, e sorri para mim satisfeito, e me dá um selinho.
- Me desculpa por não ter te contado o que fizemos na resenha. Eu sei que eu deveria. -Suas mãos estão descansando na minha bunda. Ainda estamos de pé e nus.
- Tudo bem. -Deixo me levar pelo momento. Não me importo mais em saber o porquê. Só quero que ele me foda, porque seus dedos estão brincando demais lá atrás e isso tá me matando. - Já passou.
Ele assente e me beija de novo, dessa vez, com força, mas sem botar a língua, apenas pressão, o suficiente para ele me jogar na cama.
De primeira, ele quer me virar de costas de uma vez. Mas eu o forço a ficar de frente para mim, me olhar os olhos, me beijar com vontade. Ele resiste um pouco, porém já estamos entrelaçados.
Amo seu sabor. Amo rolar na cama com ele como se estivéssemos em guerra. Amo sentir seu corpo contra o meu, o encaixe perfeito, que eu sonhei por tantos anos.
Ele tinha gosto de sol, praia e mar. E nós dois juntos era como uma tempestade de verão. É quente, abafado, pura ventania, umidade, e há muitos raios e trovões. Barulhentos. Raios e trovões barulhentos e estrondosos. Caóticos e frenéticos. Obsessivos. Como uma melodia que você estranha no começo, e depois é viciante.
É assim que me sinto quando ele me penetra, tirando um preservativo de sei lá da onde. Eu vejo Rafael colocar a camisinha, nos protegendo, e só então depois de muito o namorar, permito que ele tome o controle.
Pego o travesseiro e enfio meu rosto lá, porque dói, dói para caralho e sinto as lágrimas rolarem silenciosas. Ele tenta falar comigo, pergunta se é para parar.
Por favor. Não para. Nunca.
Continua assim. É esquisito, mas ele me abraça, beija minhas costas, afaga, se inclina e apoia em mim quando chega ao ápice do prazer, e sei que jamais vou poder ficar sem isso de novo.
Vício.
Desejo que sussurre meu nome, assim como eu o fiz. Mas ele não diz nada. Ele só sai com delicadeza, e se joga ao meu lado na cama.
Continuo estático para tentar processar o que aconteceu.
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