Capítulo 28
Estávamos na reta final de Agosto, o mês que dura para sempre havia passado voando. Não entendi.
Catarina havia feito aniversário no dia 22, e Lily no dia 23. Porém só dia 24 que elas comemoraram juntas, quando Thomas me obrigou a ir num barzinho com alguns de seus amigos.
Fiquei puto por ele me arrastar para um lugar desses. E logo quando cheguei percebi que não era a única pessoa infeliz. Lily estava com os braços cruzados sobre o peito e muito séria. Coitado do Thomas.
Os dois logo começaram a discutir, entretanto, Lilian não quis render e se sentou ao meu lado. Resolvi sair do Free Fire e dar atenção a ela. Apesar de já ter a parabenizado anteontem.
- Como vai, Lily?
Ela me olhou como se fosse lançar lasers de seus olhos castanhos-chocolate.
- Animadíssima.
- De quem foi a ideia de vir aqui?
- Catarina.
- Jesus. Achei que odiasse sentar em bar para beber e ouvir sertanejo.
- Eu odeio. As coisas que fazemos por amor...
- Você devia fazer algo que você gosta.
- Ah, fomos no cinema na quarta. Lembra? Foi uma boa comemoração.
- É, mas se você não se sente confortável no ambiente...
- ... deveria sair dele. Ai Tyler, quando ficou tão sábio? – Ela me abraçou e sinto seu humor mudar.
- A dor da distância. –Falo brincando, mas sai mais melancólico do que eu queria.
Ela me abraça ainda mais, de forma mais carinhosa e eu agradeço porque o frio do inverno era cortante que nem meu moletom me aquecia. Minhas mãos já estavam congelando quando encostei na lata de coca-cola.
Lá estavam, Catarina, que conversa animadamente com Bruna, Laís e mais duas garotas que eu não conhecia. Thomas conversava com Fruta , Gustavo e alguns outros meninos. Essa galera que eu não identifiquei, provavelmente era da faculdade deles, ou trabalho, sei lá.
Lara, namorada de Cat, sentara agora perto da gente e começamos a conversar sobre nossos canais. Agora já não era segredo, pelo menos não para eles. Fiz Anna Raylla jurar não compartilhar com o resto da escola, pelo motivo de eu achar vídeos de ASMR íntimos demais para divulgar além dos meus amigos.
Lara discordava.
- Ty, para você ter um bom engajamento, precisa divulgar na sua escola. Ainda mais que são pessoas que você conhece.
- Se tirarem sarro de você é só ignorar. Ter um canal no youtube é uma constante de deixar a dignidade de lado. –Lily comentou sorrindo.
Não falei o que achava daquilo tudo.
Que assim que eu divulgasse meu canal, estaria estampado que eu era gay na minha testa. Não é nenhum problema, mas não quero lidar com isso no ensino médio. Sei que não seria nenhuma bomba, provável que nem aparecesse no Insta Secrets da escola, mas eu não queria esse tipo de atenção.
"O garoto gay que sussurra em vídeos no youtube."
Ok. É uma péssima linha de pensamento e sem sentido. Sei que não seria exatamente assim. Por isso guardo para mim e não comento nada.
Abro o celular para fugir da conversa, e vou stalkear o Instagram de Rafael.
Ele vinha postando constantemente sobre sua vida agora que estava em Los Angeles, mesmo nem tendo começado as aulas ainda. E ele crescia a cada dia. Já estava quase chegando ao número de seguidores de Tom e Lily, que já eram altos devido ao canal; e suas fotos tinha comentários incontáveis.
Eu evitava lê-los.
Confesso que fiquei meio enciumado e invejoso com toda a atenção que ele recebia. Mas o que eu poderia fazer? Eram só números numa tela.
Tá ai, uma boa resposta.
- Lara, são só números numa tela.
- Como?
- O canal. Visualizações são apenas números. Não ligo para números. Gosto de fazer os vídeos. Tá tudo bem poucas pessoas me assistirem.
- Você está certo, Ty. Só estou dizendo que se um dia quiser viver disso, tem que investir, sabe? Como seu irmão e Lily estão fazendo.
- Eu sei. Mas como estou começando, acho que só estou fazendo como algum hobby mesmo. Para ocupar o tempo... – Que o Rafa preenchia, porém não digo isso em voz alta.
- Ok. Se precisar de ajuda, já sabe.
- Peço auxílio da melhor publicitária que eu conheço.
- Isso ai.
- Ei! – Bruna de repente se intromete. – Por que ela é a melhor publicitária e não eu?
A garota de longos cabelos, com ondas negras, chega perto de mim e fingi sussurrar.
- Eu posso dar um up na sua carreira muuuuito melhor que essa ai, viu?
- Isso tá mais com cara de vender sua alma e fazer pacto com o diabo. –Lara disse.
- Olha, se for o capeta de O Mundo Sombrio de Sabrina eu até topo. –Brinquei. - Às vezes esqueço que fizeram faculdade juntas.
- Tecnicamente, eu me formei antes, então sou um pouquinho mais experiente que a Lara.
Lara joga uma batata frita em Bruna.
- Só um pouquinho.
- Eu ajudo o João com os eventos dele. Nós fazemos shows, muitos deles com seu irmão, festas, resenhas. Porém queremos fazer algo grande juntos. Crescer mais, sabe?
- O João é o Fruta, né? –Bruna sorri e assente. – Ah tá. Acho que entendo. Tipo fazer um desses grandes shows que muitos DJs e vários cantores como atração.
- Sim! Nossa, deve ser um máximo. Tipo, já é super cansativo o que fazemos, então nem imagino. Porém quando você vê toda aquela galera se divertindo a sensação de satisfação é ótima.
- É ótimo fazer o que gosta.
- É. Agora só falta trazer a Lilian para algum show nosso. Ou ela e o Thomas juntos, já que agora são um casal musical famoso na internet.
Eu rio.
- Acho que pode ser um pouco difícil. Sei lá.
Olho para Lily, que agora tinha se afastado da roda de conversa e mexia no celular com cara amarrada.
- Ela se soltou mais depois do canal, não?
- Sim, ela melhorou muito a questão de lidar com o público... – Avisto Thomas, indo conversar com ela. Lily largara o celular e agora estava de braços cruzados. Ambos permaneceram sérios. –Mas acho que esse não é o maior problema agora. –Digo, num sussurro, mais para mim mesmo, do que para Bruna.
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