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Capítulo 16


Me sinto vazio. Opaco.

Não estou sentindo um buraco no peito. Mas como um buraco na história da minha vida. Como se agora eu visse tudo em um ângulo novo.

Thomas conheceu Marcelo Túlio como um bêbado e abusador.

Eu o conheci como um fanático religioso.

Realmente, as pessoas tem a capacidade de mudar mesmo.

Nem sempre para melhor.

Thomas segue atrás de mim, em silêncio. Um pouco antes de chegarmos onde Rafael e Lilian nos esperavam, eu me viro e o paro.

- Me desculpa. –Digo, com a mesma voz firme e cheia de certeza com o que vim fazer.

- Desculpado. –Thomas responde. Não há uma expressão de "eu te avisei" em seu rosto como achei que estaria. Está apenas pensativo.

- Você estava certo. Sobre tudo.

Ele assente, porém não diz nada.

- Mas não me arrependo do que fiz. Acho que era necessário para eu enxergar algo que me negava a um tempo.

- O quê?

- Eu sempre afirmava para mim que eu tinha um pai, pelo menos. E isso não é mentira. Eu tenho. Mas não é aquele homem que está atrás das grades.

Thomas me olha e sei que ele vai chorar, porque seus olhos estão cheios de lágrimas e então ele me abraça, e eu o aperto ainda mais forte.

- Você sempre foi um pai para mim, Tom. Eu me recusei a enxergar porque sempre quis te ver como um irmão, um amigo. –Falei com a voz abafada em sua camisa. Eu também comecei a chorar.

- Eu sempre vou ser tudo isso, Ty. –A voz dele está tão embargada e cheia de carinho que agora sim, há um buraco em meu peito.

- Eu sei, mas... –Pauso por um momento, tentando recuperar o ar com as narinas já entupidas. –Eu, vendo você como um irmão, via alguém para irritar, encher o saco, sabe? Ser um pé no saco, mesmo. Coisa de irmão. Mas nunca, nunca te dei o valor que você merece. O valor de quem dedicou a vida para ser um pai. Você deu tudo de si para mim, Tom, e eu, e-e-eu, zombei disso. Me perdoa.

Comecei a gaguejar demais e as lágrimas vieram à tona.

- Ty, eu fiz tudo isso por amor! E faria de novo. Não há o que perdoar. Eu te amo. Te amo mais que tudo nesse mundo. Eu desceria ao inferno por você com um sorriso no rosto.

- E voltaria com o diabo te devendo um favor ainda por cima.

Ele riu e nós dois nos afastamos, limpando as lágrimas.

- Então, estamos bem? –Perguntei com medo. Não aguentava mais aquela guerra fria em casa.

- Estamos. –Meu irmão respondeu, por fim, sorrindo e voltamos para encontrar Lily e Rafa, que esperavam ansiosos por nós dois.

Quando chegamos até a recepção ninguém perguntou nada. Lily abraçou Thomas, e Rafael me abraçou, como se tivéssemos ficado longe deles dias a fora. Me deixei encostar no ombro do meu melhor amigo e exalar seu cheiro e conforto. Ele estar ali, era tudo o que eu precisava. Tudo o que eu precisava estava bem aqui. Minha família.

***

- Devíamos pedir pizza, sabe? Tá um clima meio pesado. Não é como se Tyler e eu tivéssemos morrido e voltado. –Thomas disse, alegre, como se o humor dele pela manhã nem houvesse existido.

Lilian o encarou com um cara fofa e confusa. Rafael também. Eu apenas sorri.

- Eu acho uma ideia incrível. Você pode ficar lá em casa hoje, né Rafa? –Olho para ele com expectativa.

- Claro. –Ele sorri, em cumplicidade. –Vou mandar uma mensagem para minha mãe.

Lilian sorriu, aliviada.

- Graças a Deus, vocês dois se resolveram. Estava sufocada com meus dois meninos brigados. –Lily disse isso como uma mãezona e isso esquentou meu coração.

Ela se inclinou para trocar de música no som.

Os acordes de The Hype, do Twenty One Pilots, preencheram o carro e eu sorri. Tudo fazia sentido agora.

Nice to know my kind will be on my side

I don't believe the hype

***

Enquanto comíamos pizza, começamos a conversar um pouco sobre o dia de hoje. Acabei comentando uma coisa que me incomodava em relação ao Marcelo Túlio.

- Ele virou um fanático religioso. Disse que tem lido bíblia e "livros teológicos". –Falei, zombeteiro, enquanto escorria catupiry pelo meu queixo. –Até parece que lê alguma coisa.

Lily pareceu interessada.

- Que tipo de livros devem ter por lá?

- Os piores, provavelmente. É uma presídio. –Rafa comenta.

- Ah, não é possível que só tenha livro religioso lá. Deve ter outras opções. Mas nós sabemos que aquele cara lá não leria nada além. –Thomas comentou.

"Aquele cara lá."

- Sei lá. Me sinto meio mal. Eles já estão presos. –Lilian, falava, pensativa. –O tipo de conteúdo que eles consomem lá dentro, influencia de alguma forma, para o bem, ou para o pior.

Ficamos em silêncio. O pior.

- Não que a bíblia seja ruim, mas pode ser tão distorcida. Precisa haver mais pontos de vista!

- Onde você está querendo chegar? –Pergunto, confuso, enquanto pegava mais um pedaço de pizza.

- Acho que vou doar alguns livros meus. Em grande maioria para o presídio, depois para a biblioteca pública. –Thomas sorri, enquanto olha para ela com orgulho. -Não faz mais sentido ter eles.

- Todos eles?

- Não todos. Alguns. De que adianta conhecimento, se não vou compartilhá-lo e só deixar emoldurado numa estante?

- Ok. Você evoluiu. –Thomas disse. –Lembro que quando nos conhecemos você morria só de ver dobras nas páginas.

- Cansei de ser materialista. O consumismo vai deixar a gente louco. Não quero ser feliz por ter algo. Quero ser feliz por saber sobre algo e ser algo.

- Acho que devemos vender nossas casas e ir morar numa floresta depois disso. –Rafael comenta, e faz todos na mesa rirem.

- Estilo Na Natureza Selvagem! –Thomas grita, erguendo o punho.

- Ou Capitão Fantástico. –Lily rebate, bebericando sua coca-cola. –O final é melhor, convenhamos.

Thomas concorda. Rafa e eu nos entreolhamos, em cumplicidade, porque nunca havíamos assistido nenhum dos dois filmes.

Depois de comermos, Lily cismou que queria ver um filme, após a nossa conversa, ela queria um bem específico, que me incomodou logo de cara quando ouvi sua escolha.

Era Me Chame Pelo Seu Nome.

Me incomodei porque sabia sobre o que era a história. O básico, ao menos. Romance LGBT. 

Olhei feio para a Lily, pensando que ela havia tramado isso, de alguma forma, para me fazer sair do armário com Rafael, mas ela nem me olhava. Estava muito atenta pesquisando o filme para alugar.

-Por que esse, Lily? –Pergunto, e espero não soar receoso. –Não estava muito afim de ver filme. Acho que vou jogar videogame. –Olhei para Rafa e ele concorda, tranquilo.

Lily não responde, ela está com os olhos fixos na televisão.

- É porque ganhou um Oscar há uns anos atrás. Melhor Roteiro Adaptado. –Thomas responde, desviando os olhos do celular por um minuto.

Talvez seja impressão minha. Paranoia mesmo. É só um filme, como qualquer outro. Não é sobre mim. Nem tudo é sobre mim.

- Ah, ok. Eu e Rafa estamos no meu quarto, jogando.

Thomas ergue uma sobrancelha, quase que imperceptível. Mas eu conheço aquela expressão.

- Ok.

Vou para o meu quarto. Rafa já está na porta. Ouço Lily falar um "Achei!" e vejo a pôster de dois caras encostados um no outro em um fundo azul celeste. Meu peito se contrai.

Eu realmente queria assistir.

Mas não hoje.

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