Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 14


Estamos na sala de espera do consultório da minha psiquiatra. E ter que estar preso com Thomas nesse cubículo estava sendo torturante.

Porque era silêncio.

Apenas silêncio.

Ele nem trouxera o violão, não ouvia música em seus fones, nem cantarolava nada. Era como se uma parte da alma de Tom tivesse sido levada.

Na noite anterior e hoje falamos apenas o estritamente necessário um com o outro e eu nunca me senti tão distante dele. Havia barreiras que agora pareciam inquebráveis.

Ele não estava sendo frio comigo, ou raivoso, mas estava longe de carinhoso.

Apático, completa apatia. Era assim que Thomas estava. E aquilo mexeu comigo porque me lembrava o Thomas de 17 anos sofrendo na mão do nosso pai, escondendo todas as suas emoções e fingindo não se importar com nada enquanto carregava o mundo por mim.

A culpa me corria inteiro. Era como se algum animal exótico estivesse em meu estômago e me devorava de dentro para fora, até eu me desfazer por inteiro em pungimento.

Dr. Lúcia me chamou e eu e Thomas adentramos em sua sala. Nos sentamos nas cadeiras e ela ficou olhando para Thomas e para mim, como se esperasse que alguém falasse algo, ou explicasse porque meu irmão estava junto comigo.

Thomas não falaria um "a". Ele estava ali apenas como a imagem do responsável. Sabia que tinha que ser eu.

A noite passada, não dormida, me perguntei um zilhão de vezes se eu realmente queria isso, e não estaria fazendo apenas por alguma birra. Cheguei a conclusão que queria, ou ao menos que, o leite já estava derramado e não dava para voltar atrás.

- Quero visitar o meu pai.

Dr. Lúcia ergueu as sobrancelhas, da mesma forma que Tom fizera ao ouvir as mesmas palavras.

- O porquê do desejo repentino, Tyler?

Respirei fundo.

- Porque eu tenho um pai. Um pai que não vejo há seis anos. Um pai que não conheço realmente.

Ela me encarou com aqueles olhos azuis gélidos, esperando por mais.

- Talvez eu precise de uma finalização. Talvez ele tenha mudado, ou não. Mas preciso saber quem ele é. Porque ele não tem ninguém além de mim. –Não cito Thomas. Marcelo Túlio já havia perdido esse filho anos atrás. –E acho que posso tirar alguma lição disso. Talvez meus pesadelos parem. Com sorte, posso até parar de tomar os remédios.

Minha psiquiatra, respira fundo e se encosta na cadeira. Sua expressão é de dúvida e receio.

- E se não parar? E se toda a sua condição piorar, Tyler?

Eu encaro Thomas. Ele está emburrado. Será que era assim que eu ficava quando estava bravo também?

- Bem, eu já teria que voltar aqui semana que vem mesmo.

Ela solta um riso fraco. Deu certo. Pensei.

Olho para o meu irmão e vejo, novamente, o maxilar contraído, mas não de raiva. Ele segurava um sorriso. Isso me aliviou por um momento.

- E o que você acha disso, Thomas?

Eu o encaro com expectativa.

- Não quero que ele vá lá.

- Ele vai precisar da sua autorização. E também que você o acompanhe, caso algo aconteça.

- Acredito que, Tyler, já está bem grandinho para fazer as próprias escolhas. Eu autorizo, mas a contragosto. Ele pode lidar com as consequências de suas ações.

Dr. Lúcia para por um momento pensativa e reveza o seu olhar em nós dois por um momento.

- Eu já contei para vocês, que eu tenho uma filha maravilhosa?

Eu e Thomas nos entreolhamos confusos, a primeira coisa harmoniosa do meu dia.

Ela nunca falava da vida pessoal. Mal se falava dela mesma. Nossa sessão era exclusivamente sobre mim jorrando as palavras, e ela ouvindo.

- O nome dela é Skyler. Tem nove anos. O aniversário de dez anos está chegando...

- Skyler? –Perguntei, já adorando o nome.

- Sim, sim. Bom, todos a chamam de Sky, mas é. Minha avó era australiana e tinha esse nome. Eu sempre gostei... –Ela suspirou, como se recordando de antigamente.

- Eu adorei. –Comentei.

- Obrigada. –Ela sorri em cumplicidade. –A questão é que Sky está crescendo e eu não faço a menor ideia de como dizer para ela que o pai não vai voltar para a casa para o seu aniversário.

Franzo a testa. Por que ela está contanto isso para a gente? Me pergunto internamente, mas não a interrompo. Nem Thomas.

- Sei o que os dois devem estar pensando. "Ela é uma psiquiatra, como ela não consegue lidar com isso?" Mas é. Eu não sei. É fácil encarar os dilemas dos outros, mas é impossível olhar nos olhos da minha garotinha e dizer que o pai dela está com outra mulher, outros filhos, em outra casa, outra família.

Estou um pouco em choque porque isso está sendo demais para um dia só. No entanto, deixo ela continuar. Sinto que ela precisa disso.

Estou até um pouco aliviado, porque agora ela parece um ser humano com lágrimas nos olhos, não alguém que tem todas as respostas do mundo para mim. Quero abraçá-la, mas não sei se deveria.

- Tyler e Thomas, -Dr. Lúcia respira fundo, para se recompor, e seca as lágrimas. –Já peço desculpas por isso. Essa sessão é por minha conta.

- O quê? Não precisa... –Thomas finalmente se pronunciava.

- Não. Deixa eu terminar. Eu quero isso. Tyler, eu te acompanho desde os seus 10 anos. Eu vi você crescer, e o que você quer fazer agora, é muito, muito arriscado. –Por um segundo penso que ela não vai me deixar ir até o meu pai, e sinto certo alívio. –Porém, é muito corajoso também. –Ela se estica e segura a minha mão. E eu a aperto. –Eu preciso que vocês dois saibam, que não estou autorizando o Tyler ir porque acho que é o melhor para ele. Eu, como profissional, sei que talvez não seja. Mas minha vida está um caos agora, então eu vou deixar me guiar pelo âmbito pessoal.

- Isso é um sim? –Pergunto receoso.

Ela solta minha mão, se inclina em sua poltrona e dá um sorriso carinhoso que faz aparecer ruguinhas nos cantos dos olhos. Minha psiquiatra parece muito mais jovem do que realmente é. Eu não faço ideia de sua idade, mesmo depois de todo esse tempo. Ela poderia ter 30 ou 50. Devia ser algo entre isso.

- Sim. Seja cuidadoso, se prepare para o pior, e lembre-se, ele não importa. Você sim. E eu e Thomas estaremos ao seu lado, sempre. Respire fundo, tome os remédios e até semana que vem!

Olho para Thomas ao meu lado. Ele dá um quase sorriso, quase. Mas ele assente para mim e por hoje, eu sei que é mais do que mereço.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro