Capítulo 11
Thomas me expulsou do quarto. Sem mais nem menos.
Me empurrou porta afora, e falou um ameaçador "mais tarde a gente conversa" que me fez arrepiar de medo e arrependimento.
Eu não sei porque ele ficou tão irado. Meus avós insistiam haviam anos para irmos lá, pois, para eles, era mais difícil vir para o Brasil, já que estavam mais velhos, tendo até uma cuidadora que ficavam com eles na casa. No entanto, estavam dispostas a pagar nossas passagens para a Califórnia e arcar com as despesas. Contudo, Thomas sempre fora orgulhoso demais. Então eu tive que tomar essa medida desesperada, afinal, era uma oportunidade que eu não poderia desperdiçar. Eu e Rafa cursando a High School juntos. Não tinha erro.
Mas para Tom tinha. Tinha até demais.
- Vou ligar para eles agora! Tyler, você não vai para os Estados Unidos, ainda mais apenas por causa do Rafael. Nem adianta discutir!
- Eu não entendo! Eu não vou gastar nada! Vai ser uma experiência única! Por que você guarda tanto rancor da vovó e do vovô?
- O quê? Eu não guardo rancor deles! São meus avós, eu os amo. Mas faz muito tempo que não os vemos, e quando a mamãe morreu eles se ausentaram da nossa vida completamente!
- Isso se chama rancor, Thomas. E essa história não cola mais. Foi o papai que afastou eles da gente. Nem tenta.
Thomas estava exasperado, para dizer o mínimo.
- Você não vai. Não vai ficar mimado com eles bancando tudo para você. Você é minha responsabilidade. Eu cuidei de você esse tempo todo. Não eles. Eu cuido de você. Eu crio você.
- Eu não sou um objeto seu! Eu tenho direito de escolha!
- Não tem não! Eu sou o adulto nessa casa e sou seu responsável legal e se você FALAR MAIS UM "A" SOBRE ESSE ASSUNTO, -Ele levanta a voz quando percebe que estou prestes a refutar. -VOCÊ NÃO VAI VER O RAFAEL NEM PINTADO DE OURO FORA DA ESCOLA.
Eu calo minha boca num instante. Quero chorar, gritar, quebrar as coisas e bater em alguém. Bater em Thomas. Nesse momento, eu odeio Thomas como nunca odiei. Vou em direção ao meu quarto e bato a porta com força.
Mais tarde, quando já havia dormido em meio ao meu ódio e lágrimas, ouço Thomas ao telefone, conversando em inglês e português ao mesmo tempo. Tampo os ouvidos com o travesseiro porque não quero ouvir o meu fracasso.
Desisto de tentar abafar as vozes porque está calor demais. Coloco os fones e aperto o play na música The Kids Don't Wanna Come Home do Declan McKenna, e é tudo o que eu sinto.
Mando uma mensagem para Rafa.
"Game Over."
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