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Capítulo Vinte e Quatro

Drake Timberg:

Abri os olhos, ainda me sentindo um pouco desnorteado e incerto sobre onde estava e o que havia acontecido. As memórias do sequestro por dois super soldados vieram à tona, e meu corpo se encheu de tensão. Suspirei e me esforcei para recobrar os sentidos. Uma sensação de sal e queimado encheu o ar à minha volta.

Ao explorar o quarto, notei que uma pequena janela no canto permitia que uma tênue luz do sol adentrasse, criando uma atmosfera sombria. O sol estava começando a nascer, iluminando uma cama no centro do cômodo.

Decidi não perder mais tempo e examinei meu cativeiro. Para minha surpresa, percebi que os captores não haviam me amarrado, apenas me algemado nos pés e mãos.

— Sério, algemas? — Resmunguei, tentando inutilmente rompê-las. Era evidente que eram antigas e poderiam ser quebradas com um impacto suficientemente forte.

Busquei ao redor do quarto por algo que pudesse me ajudar a quebrar as algemas, mas não encontrei nada. Nesse momento, ouvi a porta se abrir ao lado e me virei rapidamente para ver o homem que me capturara trazendo uma bandeja de comida, seguido por mais dois indivíduos.

— Vejo que acordou... — Ele começou a dizer, mas não permiti que terminasse e avancei em sua direção.

Lutar era instintivo para mim, uma habilidade que tinha sido desenvolvida através da força, da aptidão natural e da prática constante. No entanto, esses homens tinham sido enviados por alguém que entendia isso muito bem, e não economizaram na quantidade de soldados necessários para subjugar um espião do meu calibre.

O homem jogou a bandeja para o alto e avançou em minha direção. Lutei bravamente, mas a superioridade numérica era avassaladora. Logo me vi dominado, com os braços retorcidos nas costas, algemado nos pulsos e tornozelos, e uma espada de Eléctron pressionada contra minha garganta.

Naquele momento, ingenuamente, esperava ser morto, mas fui surpreendido ao ser espancado e amarrado. Quando tentei me libertar, causei uma quantidade satisfatória de dano a eles, mesmo sem armas.

— Tirem-no daqui — ordenou o soldado de antes, enquanto limpava uma linha de sangue de sua têmpora com as costas da mão. — A chefe deseja que ele permaneça intacto.

Fui arremessado em uma cela, minha mente em turbilhão, incapaz de compreender completamente o que estava acontecendo.

— O que Lili Alves quer comigo? — Questionei, enquanto os soldados me olhavam surpresos. — Está óbvio que Malorne e Élio Duran não são os líderes do grupo anti-Alves.

Todos me encararam com perplexidade, e então ouvi palmas vindo de um canto distante, onde Santiago, vestido de preto, observava.

— Devo admitir que você sabe como analisar as situações, Drake — disse Santiago, aproximando-se da cela e fixando seu olhar em mim. — Como descobriu que Lili estava por trás disso tudo?

— As informações não batiam. Malorne estava preso, e Élio, mesmo que desejasse, não teria como contatar todos os inimigos da agência. — Expliquei, aproximando-me das barras da cela e sentindo a eletricidade fluindo de seu corpo em direção a um ponto em seu pescoço. — Suspeitei que algo estava errado, e o que li nos arquivos sobre Malorne e Élio não condizia com a paciência e o planejamento dessa operação.

Os soldados se aproximaram da cela, formando uma corrente de eletricidade que me ameaçava.

Concentrei-me e moldei a eletricidade, direcionando-a para as barras da cela e, em seguida, contra os soldados. Um zunido cresceu, e a eletricidade se tornou mais intensa. No entanto, a resistência deles era formidável, e a sala se encheu de gritos de agonia.

Com determinação, dei tudo de mim, ouvindo um estalo e vendo um lampejo de luz. Santiago começou a convulsionar, afastando-se das barras enquanto os outros soldados desabavam no chão frio.

Me sentei, ofegante, percebendo que a eletricidade estava finalmente me obedecendo. Comecei a compreender o que estava acontecendo e afastei esses pensamentos de minha mente. Lutei para me levantar, minha respiração precária, e esperei que a tontura passasse.

Quando a cela foi aberta, Santiago se ajoelhou diante de mim, um ombro coberto de sangue e preocupação evidente em sua expressão.

— Drake... — Ele começou, examinando cada parte do meu rosto e braço com urgência. — Fale comigo. Você está bem?

Assenti, minha voz soando áspera e minha garganta queimando como se tivesse gargarejado com lâminas.

— É bom tê-lo de volta — murmurei, mas notei que a expressão de Santiago estava carregada de culpa.

— Eu sei o que fiz... Traí a agência, traí minha mãe. — Santiago confessou, lágrimas escorrendo por seu rosto.

Interrompi sua fala com um tapa e o encarei com firmeza.

— Você estava sendo controlado, e todos nós sabemos disso. Ninguém o culpa pelo que aconteceu. — Afirmei, e ele me ajudou a ficar de pé. — Agora, precisamos sair daqui e resgatar os outros.

Ele concordou, e saímos daquele lugar o mais rápido possível, antes que os soldados se recuperassem.

**************

Juntos, eu e Santiago nos movemos silenciosamente pelos corredores sombrios da instalação, mantendo nossos sentidos aguçados em busca de qualquer ameaça iminente. A eletricidade controlada por mim zumbia como uma promessa de proteção, pronta para ser usada se necessário.

Na verdade, Santiago agarrou meu braço com firmeza e me arrastou pelo corredor, com olhos cheios de urgência, enquanto sussurrava que havia descoberto o paradeiro das armas e dos prisioneiros que ainda não haviam sido ligados à joia. Cada passo que dávamos aumentava a tensão no ar, como uma sinfonia de suspense.

Mordi meu lábio nervosamente naquele momento, pois tudo estava se encaixando em minha mente como peças de um quebra-cabeça intrincado. A espada de Eléctron repousava silenciosamente em minha mochila, pulsando com a eletricidade que sentia emanar de qualquer dispositivo eletrônico nas proximidades.

Descemos várias escadas escuras e úmidas, nossos passos ecoando pelos corredores sombrios e sinistros. Para minha surpresa, os corredores estavam estranhamente calmos, como se o mundo tivesse se aquietado em antecipação ao confronto iminente.

Finalmente, viramos em um corredor que levava diretamente à sala de armas. Adentramos o local silenciosamente e começamos a nos preparar para o embate iminente.

— Vamos, precisamos nos separar aqui! — Exclamei, olhando para Santiago com determinação. Ele arqueou as sobrancelhas, claramente surpreso com minha sugestão.

— E para onde você vai? — Ele perguntou enquanto ajeitava as armas em sua cintura.

— Vou atrás da joia. Se a destruirmos sem alertar mais nenhum soldado e conseguirmos atrasar os planos da Lili de criar um novo exército, teremos uma chance real de sucesso. — Minhas palavras foram carregadas de confiança, embora eu própria sentisse o peso da missão em meus ombros. — Sei que sou a única pessoa que pode fazer isso, por isso, você deve confiar em mim.

Ele me olhou em silêncio por um momento, relutância nos olhos, mas finalmente assentiu.

— Vá em frente, mas tome muito cuidado. — Santiago falou com uma voz preocupada, e eu o abracei rapidamente.

— Você também, meu amigo. Não podemos nos dar ao luxo de perder o melhor professor que já tive nesta vida. — Sussurrei, um sorriso se formando em meus lábios. — A agência está contando com você.

Ele não respondeu, apenas me observou sair da sala, depois de me explicar onde exatamente a joia estava guardada. Cada segundo que passava era valioso, e o destino de todos nós dependia do sucesso de nossa missão arriscada.

Com um último olhar trocado com Santiago, eu segui o caminho que ele me indicara. Cada passo que eu dava parecia ecoar no silêncio opressivo do corredor. Minha mente estava concentrada na tarefa à frente, mas meu coração estava cheio de preocupação pelo meu amigo e pela perigosa missão que ele tinha pela frente.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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