Capítulo Vinte e nove (Final)
Drake Timberg:
Soltei um suspiro ao avistar a nova agência, que se erguia majestosamente fora da cidade, mas ao invés de um prédio, era um sítio amplo e acolhedor. A placa de entrada exibia as siglas "Dh.A", deixando claro que havíamos chegado ao nosso destino. A paisagem que se estendia diante de nós parecia saída de um sonho, pontilhada por construções que lembravam uma pequena vila. Cada edifício parecia novo em folha, suas colunas brilhando sob os raios do sol.
Enquanto observamos a cena, pudemos ver algumas pessoas praticando atividades diversas. Alguns se dedicavam ao arco e flecha, mirando com precisão em alvos distantes, enquanto outros cavalgavam pela trilha arborizada, disparando armas de tecnologia avançada. Na extremidade do local, duas pessoas estavam sentadas frente a frente em uma mesa de carteado, com Isabela apoiada no gradil da varanda da casa do sítio ao lado deles.
Nós, juntamente com Dawn, Nicky e os outros agentes que nunca haviam conhecido o novo chefe da Dhoops, nos aproximamos cautelosamente. O homem de frente para mim tinha uma expressão séria, cabelos brancos e estava vestido com um elegante terno preto. À sua frente, estava um homem de terno marrom com uma barba bem aparada. Instantaneamente, reconheci Edson Alves, o dono da agência e suas instalações internacionais.
— Gente, aquele... — Nicky começou, apontando para o homem de terno marrom.
— Santiago. — exclamei, minha voz cheia de surpresa.
Meu mentor virou-se e sorriu para mim, seus olhos brilhando com um traço travesso, um traço que eu lembrava de nossos treinamentos intensivos.
Com cautela, me aproximei. Durante os últimos seis meses, não tive notícias de Santiago, e vê-lo ali naquele momento era um alívio. Parecia que ele estava se recuperando bem.
— Ah, ótimo, pessoal — disse ele com entusiasmo. — Agora que todos estão aqui, Edson tem um anúncio a fazer.
— Por que Gisele sempre me envia para essas coisas? — Edson resmungou, claramente impaciente. — Mas, como detesto enrolação... — Ele apontou para Isabel e Santiago. — Esses dois serão os novos diretores desta instalação.
Olhei para Santiago, que parecia satisfeito com a notícia, enquanto Isabel deu de ombros com indiferença.
— Agora, vamos mostrar o local aos agentes. — Edson anunciou, e Isabel sorriu antes de pular da varanda para o lado de Santiago.
— Sempre otimista, Edson. — Ela comentou com um sorriso. — Pessoal, vocês podem nos seguir.
Depois de assimilar o fato de que meu mentor agora seria o chefe da Dhoops, fizemos um passeio agradável pelo local. Dawn aproveitou a oportunidade para bombardear Santiago com perguntas sobre sua estadia em Londres.
Enquanto observava atentamente o ambiente, virei-me para olhar a casa do sítio atrás de mim. Surpreendentemente, era muito maior do que eu imaginava, com quatro andares, pintada de azul-céu e acabamentos em branco, parecendo um hotel de veraneio de primeira classe à beira-mar.
— Vamos lá, Drake — Isabel me chamou, agora com um tom despreocupado. — Há muito mais para ver.
Seguimos adiante, explorando cada canto do local. Em um espaço separado, avistamos uma sala de treinamento considerável, toda branca, com um quadro no centro e duas duplas competindo ferozmente. O quadro exibia pontuações em constante mudança.
— Esta será a sala de treinamento, a partir de agora vocês lutarão em duplas. — Santiago explicou.
Dawn parecia empolgada.
— Lutas? — perguntou ela com ansiedade. — Posso ir lá agora?
Santiago assentiu, sorrindo.
— Também teremos desafios entre espiões e coisas do tipo — acrescentou ele. — Não costumam ser letais, Dawn. Normalmente. Ah, e há também o refeitório.
Ele apontou para um pavilhão ao ar livre, emoldurado por colunas brancas, situado em uma colina com vista para o mar. Dúzias de mesas de piquenique de pedra estavam dispostas ali, sem telhado ou paredes.
— E quando chove? — perguntei, pensando na logística.
Isabel pegou um controle e acionou as colunas, que se ergueram para cobrir o local.
— Pensamos em tudo quando construímos essas instalações. Espere até ver os dormitórios. — Isabel comentou animada enquanto nos convidava para entrar na casa. Havia apenas um elevador no interior, mas era mais do que suficiente para nossas necessidades.
Ela apertou um botão e o elevador começou a descer, levando-nos para o subsolo. O que nos esperava ali era uma revelação que nos deixaria ainda mais maravilhados.
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Quando as portas do elevador se abriram, revelando uma série de instalações que mais pareciam quartos, minha curiosidade aumentou ainda mais. Havia trinta quartos alinhados ao longo de um amplo corredor. Sem perder tempo, todos nós saímos disparados em direção aos quartos.
— Pensamos que seria melhor para os agentes ficarem aqui, caso algo aconteça a vocês ou a suas famílias. — Isabel explicou enquanto seguíamos explorando. — Basta escolher um quarto e inserir seu código de acesso no computador que identificará que ele é seu.
Cada agente escolheu seu quarto, e eu me aproximei dos meus chefes.
— E quanto à organização anti-Alves? — Perguntei, preocupado. — Eles ainda não capturaram a Lilli?
Isabel respondeu em tom baixo, apenas para que eu pudesse ouvir.
— Ainda não sabemos por quê, mas o Pedro perdeu o rastro da Lilli naquela operação! Ouvi dizer que ele estava estranhamente apressado naquele dia, o que é completamente fora de seu estilo meticuloso e sério.
— Então, eles ainda não conseguiram pegar a Lilli? — Insisti.
— Achamos que não. — Santiago confirmou.
— Meu Deus! Então, você está dizendo que essa mulher completamente insana ainda está à solta?! — Exclamei, minha voz transbordando dramaticidade. — Mas pelo menos ela não tem a joia, então não tem ninguém ao seu lado.
— Bem, ela já conseguiu recrutar outros soldados, cuja localização ainda não sabemos. — Isabel explicou. — Temos você, e se conseguirmos rastrear aqueles que ela recrutou ao longo do tempo, podemos nivelar as coisas.
— Vai ficar tudo bem. Tudo pode mudar, e ela não vai nos vencer, nem por um minuto. — Santiago tranquilizou.
Minha mente estava uma confusão, como um fio solto prestes a se emaranhar completamente. Era evidente que Lilli estava tramando algo, mas eu não conseguia ver o quadro completo.
— Você está certo. Vai ficar tudo bem. — Tentei parecer calmo, embora estivesse prestes a surtar. — Por precaução, mantenham um olho em meus pais e meu namorado.
— Vamos cuidar disso. Só se acalme. — Isabel colocou a mão em meu ombro e me empurrou em direção aos quartos.
Segui suas instruções e digitei o código do meu quarto. À medida que fazia mais perguntas, as respostas de Santiago e Isabel se tornavam cada vez mais concisas e ambíguas.
— Está quase na hora do meu turno. — Santiago comentou após nos mostrar todo o local. — Sinto muito. Nos vemos depois.
— É uma pena. Já fazia muito tempo que não te víamos. — Dawn disse com desapontamento. — E você já está querendo fugir de nós.
— Concordo. Já faz tempo, e é uma pena terminar assim. — Santiago falou enquanto bagunçava o cabelo de Dawn e se afastava com Isabel ao seu lado.
Nicky e Dawn passaram os braços pelos meus ombros, sorrindo de cada lado.
— Talvez possamos ir à sala de treinamento e lutar? — Dawn sugeriu com esperança. — Pensaremos em outras coisas depois, agora só quero lutar.
Ali, estávamos unidos, e a ideia de me concentrar em algo diferente era tentadora.
— Vamos treinar. — Concordei, e caminhamos em direção à sala de treinamento. — Vamos relaxar um pouco.
— Isso aí. — Dawn exclamou, correndo à frente e puxando Nicky e eu pelas mãos. — Quero lutar agora.
Na sala de treinamento, a atmosfera estava eletrizante. As paredes brancas refletiam a luz suave, e o chão estava coberto por um material macio que absorveria qualquer impacto. No centro da sala, havia um quadro que marcava os pontos das lutas em andamento. A adrenalina corria solta em nossas veias enquanto nos preparamos para uma boa e saudável sessão de treinamento.
Dawn estava cheia de energia, seus olhos brilhando de entusiasmo.
— Vamos nessa! — ela exclamou, ansiosa para começar. — Quero dar o meu melhor.
Nicky e eu assentimos, prontos para o desafio. Formamos uma roda no centro da sala, nossos olhos se encontrando, compartilhando uma conexão instantânea que se desenvolveu durante nossa jornada como agentes. Sabíamos que podíamos confiar uns nos outros, não importa o que acontecesse.
Dawn ficou no meio da roda, pronta para enfrentar qualquer um de nós. Ela era rápida e ágil, seus movimentos eram fluidos como água. Nicky e eu trocamos um olhar cúmplice e começamos a nos aproximar dela, cada passo calculado, cada movimento estratégico. Era um treinamento amigável, mas levávamos a sério.
Os golpes começaram a voar, e o som de socos e chutes preenchia a sala. Nicky mostrou suas habilidades com um chute giratório, enquanto eu me concentrei em técnicas de defesa. Dawn, por outro lado, era uma adversária formidável, esquivando-se habilmente de nossos ataques e lançando contra-ataques precisos.
Horas se passaram enquanto treinávamos sem parar. O suor escorria de nossos rostos, e nossas roupas estavam encharcadas, mas nenhum de nós queria parar. A adrenalina nos impulsionava, e a sensação de estar no controle de nossos corpos era revigorante.
Finalmente, após um treino intenso, paramos para descansar, ofegantes e sorrindo. Dawn estava exultante.
— Isso foi incrível! — ela exclamou. — Estou me sentindo revigorada.
Nicky concordou, seu rosto iluminado.
— Foi bom voltar a treinar juntos. Nosso entrosamento está melhor do que nunca.
Eu estava exausto, mas satisfeito. Sabia que, no ambiente imprevisível em que vivíamos como agentes, cada minuto de treinamento valia a pena.
— Concordo. Agora, acho que merecemos um bom descanso. — Sugeri, olhando para os quartos que tínhamos escolhido mais cedo.
Nicky e Dawn assentiram, e juntos nos dirigimos aos nossos quartos, prontos para relaxar e recarregar as energias. Enquanto fechava a porta do meu quarto, senti uma sensação de gratidão por estar em um lugar onde podia contar com a minha equipe para enfrentar os desafios que estavam por vir.
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Fim.
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